Sabin Por: Sabin
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A coqueluche é uma infecção respiratória aguda caracterizada por episódios de tosse intensa e prolongada, especialmente perigosa para crianças pequenas. É uma preocupação de saúde pública, sobretudo em razão da baixa cobertura vacinal e esquema de vacinação incompleto. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2018, ocorreram mais de 151 mil casos de coqueluche em todo o mundo. Dados nacionais de 2019 a 2024 mostram que as crianças menores de um ano representaram mais de 52% dos casos de coqueluche. Em seguida, estão as crianças entre um e quatro anos, com cerca de 22%. Doença de notificação compulsória, o Brasil registrou 3,1 mil casos em 2015. Após esse período, observou-se uma diminuição do número de casos confirmados, sendo que, em 2023, foram 214 casos e, até abril de 2024, foram 31.

O Ministério da Saúde (MS) tem alertado sobre a ocorrência de surtos de coqueluche em países da Ásia e Europa e recomenda a ampliação e intensificação da vacinação contra a doença, bem como o fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica em nosso país.

Continue a leitura deste conteúdo para entender mais sobre a coqueluche e como se proteger adequadamente.

O que é a coqueluche?

É uma doença infecciosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Altamente contagiosa, a coqueluche se espalha facilmente de pessoa para pessoa, principalmente por meio de gotículas respiratórias expelidas durante a tosse, espirros ou fala. 

A doença é mais arriscada em bebês e geralmente tem como causa a morte em menores de um ano de idade, mas podendo ocorrer em qualquer idade. Em poucos casos, pode ocorrer transmissão através de objetos contaminados com secreções de pessoas doentes. 

Pessoas com coqueluche são mais contagiosas até cerca de três semanas após o início da tosse, e muitas crianças que contraem a infecção têm crises de tosse que duram de quatro a oito semanas.

A doença é de notificação obrigatória devido ao seu potencial de causar surtos, particularmente entre as populações não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto. Pessoas que deixam de receber os reforços dos imunizantes vão perdendo a imunidade com o tempo, e aquelas que já tiveram contato com a bactéria não adquirem uma proteção permanente.

Quais são os sintomas da coqueluche?

Os primeiros sintomas, em geral, aparecem de sete a 10 dias após a infecção. Eles incluem febre leve, coriza e tosse — em casos típicos, gradualmente, desenvolve-se tosse seca seguida de coqueluche (daí o nome comum de coqueluche). Pneumonia é uma complicação relativamente comum, e convulsões e doenças cerebrais ocorrem raramente.

Os sintomas da coqueluche estão relacionados ao trato respiratório, podendo ser divididos em três fases distintas.

  1. Fase catarral: início com sintomas leves semelhantes aos de um resfriado comum, como coriza, febre baixa e espirros, seguidos por surtos de tosse que se intensificam com o tempo. Essa fase dura de uma a duas semanas.
  2. Fase paroxística: caracterizada por episódios de tosse intensa e prolongada, seguidos por um som agudo ao inspirar. Durante os acessos, o indivíduo pode ter dificuldade para respirar, apresentando protrusão da língua, congestão facial e cianose, uma coloração azulada nos lábios e extremidades, proveniente da falta de oxigenação do sangue. Essa fase dura de duas a seis semanas.
  3. Fase de convalescença: os episódios de tosse paroxística diminuem gradativamente. Entretanto, a tosse comum pode persistir por até três meses. Infecções respiratórias secundárias também podem reativar os sintomas.

Complicações da coqueluche

A coqueluche pode levar a complicações que variam de leves a graves, podendo ocorrer em qualquer faixa etária. As complicações são mais comuns em lactentes de mães não vacinadas, em adultos não vacinados e incompletamente imunizados ou com imunidade diminuída.

Entre as complicações leves, destaca-se a pneumonia secundária, que pode ocorrer em virtude da sobreposição de uma infecção bacteriana. Além disso, a perda de consciência pode acontecer pela falta de oxigênio durante os acessos de tosse.

Já as complicações graves incluem convulsões, que podem ocorrer devido à hipóxia cerebral (falta de oxigenação no cérebro) durante os acessos de tosse, e encefalopatia hipóxica-isquêmica, uma complicação rara, porém grave, que pode resultar em danos cerebrais permanentes. Outra complicação séria são quadros hemorrágicos, que ocorrem devido à pressão aumentada nos vasos sanguíneos durante os acessos de tosse. 

A apneia — distúrbio do sono que afeta a respiração — principalmente em lactentes, pode ocorrer em razão da obstrução das vias aéreas durante os acessos de tosse, e o pneumotórax, caracterizado pela ruptura de uma bolha de ar no pulmão, pode acontecer por conta da pressão interna elevada durante os acessos de tosse.

Como é feito o diagnóstico da coqueluche?

O diagnóstico da coqueluche é baseado na avaliação clínica, no histórico de sintomas e em exames laboratoriais. A seguir, são especificados os métodos diagnósticos.

  • Cultura bacteriológica: exame realizado por meio de uma amostra de secreção nasofaríngea coletada com um swab (cotonete) e cultivada em um meio especial para a bactéria. Possui alta especificidade para a confirmação da presença da bactéria, sendo considerado o padrão-ouro na detecção;
  • Reação em cadeia da polimerase (PCR): teste molecular que detecta o DNA da bactéria na secreção nasofaríngea. Possui alta sensibilidade e especificidade, com resultados rápidos.

A confirmação precoce do diagnóstico é fundamental para o tratamento adequado e controle da transmissão.

Como tratar a coqueluche?

O tratamento da coqueluche envolve o uso de antibióticos, como eritromicina e azitromicina, que ajudam a reduzir a severidade dos sintomas e a prevenir complicações. Cuidados de suporte, como hidratação e controle da febre, são igualmente importantes. 

Todo o tratamento deve sempre ser orientado por um médico, visando evitar complicações como pneumonia e broncopneumonia. É recomendado o isolamento do paciente durante o período de maior transmissibilidade (cerca de quatro semanas) para evitar a disseminação da doença, especialmente para indivíduos suscetíveis.

Como prevenir a coqueluche?

A principal forma de prevenção se dá por meio da vacinação, a qual faz parte do calendário vacinal infantil e também é recomendada para adolescentes, adultos e gestantes.

A vacina deve ser aplicada o mais precocemente possível, a partir dos dois meses de vida. Gestantes são vacinadas para dar proteção ao filho quando nascer, até que ele adquira seus próprios anticorpos e esteja protegido após o esquema básico aos dois, quatro e seis meses de idade, com doses de reforço entre 15 e 18 meses e entre quatro e seis anos. Entre nove e 11 anos, há outro reforço importante e, ao atingir a idade adulta, o esquema é mais complexo, devendo ser avaliadas situações anteriores. Conforme recomendações abaixo da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

  • se previamente vacinada, com pelo menos três doses de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dTpa a partir da vigésima semana de gestação;
  • se está com a vacinação incompleta, tendo recebido uma dose de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da vigésima semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas;
  • se em gestantes com vacinação incompleta, tendo recebido duas doses de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dTpa a partir da vigésima semana de gestação;
  • se em gestantes não vacinadas e/ou histórico vacinal desconhecido: duas doses de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da vigésima semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas.

Em pessoas não adequadamente vacinadas ou vacinadas há mais de cinco anos, a coqueluche, com frequência, não se apresenta sob a forma clássica, podendo manifestar-se sob formas atípicas, com tosse persistente, mas sem paroxismos, guincho característico ou vômito pós-tosse.

A vacina protege por cerca de 10 anos e, por isso, são necessários reforços na adolescência e idade adulta. A vacina para esse público está disponível apenas na rede particular. A rede pública disponibiliza a vacina para gestantes a partir da vigésima semana, com o objetivo de proteger o bebê, grupo de maior risco.

Ao ser vacinada, a gestante transfere ao feto anticorpos maternos através da placenta, protegendo a criança nos primeiros seis meses de vida, quando estimula seu sistema imune a obter seus próprios anticorpos. A vacina dTpa é a escolhida para a gestante e deve ser aplicada a cada gravidez. Isso evita que a bactéria Bordetella pertussis seja transmitida ao recém-nascido durante os cuidados e o período da amamentação.

Aquelas mulheres não vacinadas no período da gestação devem ser vacinadas no puerpério, uma vez que, no momento da amamentação, ainda podem transferir anticorpos através do leite materno. Na indisponibilidade da vacina dTpa, esta poderá ser substituída pela dTpa-VIP, desde que autorizado pelo médico.

Conhecida como tríplice bacteriana, a vacina contra a coqueluche está sempre combinada àquelas contra o tétano e a difteria. Também pode estar combinada a outras vacinas nas chamadas vacinas combinadas, como a tetra, a penta e a hexa. 

As possíveis apresentações da vacina tríplice bacteriana são:

  • Tríplice bacteriana de células inteiras (DTPw) pediátrica;
  • Tríplice bacteriana acelular (DTPa) pediátrica;
  • Tríplice bacteriana acelular (dTpa) adulto.

As vacinas combinadas apresentam-se da seguinte forma:

  • Tetra de células inteiras – DTPw + Hib;
  • Tetra acelular – DTPa + Hib;
  • Penta acelular – DTPa + Hib + Pólio Injetável;
  • Hexa acelular – DTPa + Hib + Pólio Injetável + Hepatite B.

Como surgiu a vacina da coqueluche

Na década de 1940, foi introduzida a vacina combinada em função dos benefícios da proteção contra mais de uma doença em uma única aplicação. É o caso da vacina DTP, que, além da coqueluche, protege contra a difteria e o tétano.

Conhecida como DTPw (o “w” vem do inglês “whole”, que significa “inteiro” na tradução para o português), a vacina contém a toxina diftérica, a toxina tetânica e as bactérias Bordetella pertussis inteiras (mortas). Em consequência disso, foram atribuídas reações adversas a essa vacina de células inteiras, passando a ser evitadas e até rejeitadas em meados da década de 1970. 

No entanto, os estudos prosseguiram, sendo desenvolvida uma técnica em que as vacinas acelulares são produzidas a partir de parte das células (fragmento) da bactéria, uma subunidade. A vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (acelular) (dTpa — tríplice bacteriana acelular tipo adulto) é uma composição combinada que acrescenta o componente pertussis (acelular) à vacina difteria e tétano (dT — dupla bacteriana adulto), prevenindo contra difteria, tétano e coqueluche, para minimizar as reações adversas.

Além da vacinação, medidas de higiene, como lavar as mãos regularmente e usar máscaras em caso de sintomas respiratórios, são importantes para reduzir a transmissão da bactéria. O isolamento de casos confirmados e cuidados com pessoas vulneráveis, como recém-nascidos e aqueles com imunidade comprometida, também são medidas recomendadas.

A coqueluche é uma doença séria que requer atenção constante em termos de prevenção e tratamento. A vacinação é a medida mais eficaz para controlar a disseminação da doença e proteger os grupos mais vulneráveis. Conscientizar a população sobre a importância da vacinação e a manutenção do esquema vacinal atualizado para todas as idades é primordial para evitar surtos e complicações graves.

Não deixe de seguir as recomendações de prevenção da coqueluche. Caso você ou alguém próximo apresente sintomas, procure a orientação de um profissional da saúde. Para aprofundar seus conhecimentos, leia também nosso conteúdo sobre as principais doenças respiratórias.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Ministério da Saúde. Coqueluche. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/coqueluche. Acesso em: 26/06/2024.

Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Surtos de coqueluche na Europa e na Ásia reforçam importância da vacinação no Brasil. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/surtos-de-coqueluche-na-europa-e-na-asia-reforcam-importancia-da-vacinacao-no-brasil/. Acesso em: 26/05/2024.

World Health Organization. Pertussis. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/pertussis#tab=tab_1. Acesso em: 26/06/2024.

CDC. Whooping Cough (Pertussis). Disponível em: https://www.cdc.gov/pertussis/about/index.html. Acesso em: 26/06/2024.

Mayo Clinic. Whooping cough. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/whooping-cough/symptoms-causes/syc-20378973. Acesso em: 26/06/2024.

Michael D Decker, Kathryn M Edwards, Pertussis (Whooping Cough), The Journal of Infectious Diseases, Volume 224, Issue Supplement_4, 1 October 2021, Pages S310–S320, https://doi.org/10.1093/infdis/jiaa469

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Coqueluche: como identificar, tratar e prevenir; A coqueluche é uma infecção respiratória aguda caracterizada por episódios de tosse intensa e prolongada, especialmente perigosa para crianças pequenas. É uma preocupação de saúde pública, sobretudo em razão da baixa cobertura vacinal e esquema de vacinação incompleto.  Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2018, ocorreram mais de 151 mil casos de coqueluche em todo o mundo. Dados nacionais de 2019 a 2024 mostram que as crianças menores de um ano representaram mais de 52% dos casos de coqueluche. Em seguida, estão as crianças entre um e quatro anos, com cerca de 22%. Doença de notificação compulsória, o Brasil registrou 3,1 mil casos em 2015. Após esse período, observou-se uma diminuição do número de casos confirmados, sendo que, em 2023, foram 214 casos e, até abril de 2024, foram 31. O Ministério da Saúde (MS) tem alertado sobre a ocorrência de surtos de coqueluche em países da Ásia e Europa e recomenda a ampliação e intensificação da vacinação contra a doença, bem como o fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica em nosso país. Continue a leitura deste conteúdo para entender mais sobre a coqueluche e como se proteger adequadamente. O que é a coqueluche? É uma doença infecciosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Altamente contagiosa, a coqueluche se espalha facilmente de pessoa para pessoa, principalmente por meio de gotículas respiratórias expelidas durante a tosse, espirros ou fala.  A doença é mais arriscada em bebês e geralmente tem como causa a morte em menores de um ano de idade, mas podendo ocorrer em qualquer idade. Em poucos casos, pode ocorrer transmissão através de objetos contaminados com secreções de pessoas doentes.  Pessoas com coqueluche são mais contagiosas até cerca de três semanas após o início da tosse, e muitas crianças que contraem a infecção têm crises de tosse que duram de quatro a oito semanas. A doença é de notificação obrigatória devido ao seu potencial de causar surtos, particularmente entre as populações não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto. Pessoas que deixam de receber os reforços dos imunizantes vão perdendo a imunidade com o tempo, e aquelas que já tiveram contato com a bactéria não adquirem uma proteção permanente. Quais são os sintomas da coqueluche? Os primeiros sintomas, em geral, aparecem de sete a 10 dias após a infecção. Eles incluem febre leve, coriza e tosse — em casos típicos, gradualmente, desenvolve-se tosse seca seguida de coqueluche (daí o nome comum de coqueluche). Pneumonia é uma complicação relativamente comum, e convulsões e doenças cerebrais ocorrem raramente. Os sintomas da coqueluche estão relacionados ao trato respiratório, podendo ser divididos em três fases distintas. Fase catarral: início com sintomas leves semelhantes aos de um resfriado comum, como coriza, febre baixa e espirros, seguidos por surtos de tosse que se intensificam com o tempo. Essa fase dura de uma a duas semanas. Fase paroxística: caracterizada por episódios de tosse intensa e prolongada, seguidos por um som agudo ao inspirar. Durante os acessos, o indivíduo pode ter dificuldade para respirar, apresentando protrusão da língua, congestão facial e cianose, uma coloração azulada nos lábios e extremidades, proveniente da falta de oxigenação do sangue. Essa fase dura de duas a seis semanas. Fase de convalescença: os episódios de tosse paroxística diminuem gradativamente. Entretanto, a tosse comum pode persistir por até três meses. Infecções respiratórias secundárias também podem reativar os sintomas. Complicações da coqueluche A coqueluche pode levar a complicações que variam de leves a graves, podendo ocorrer em qualquer faixa etária. As complicações são mais comuns em lactentes de mães não vacinadas, em adultos não vacinados e incompletamente imunizados ou com imunidade diminuída. Entre as complicações leves, destaca-se a pneumonia secundária, que pode ocorrer em virtude da sobreposição de uma infecção bacteriana. Além disso, a perda de consciência pode acontecer pela falta de oxigênio durante os acessos de tosse. Já as complicações graves incluem convulsões, que podem ocorrer devido à hipóxia cerebral (falta de oxigenação no cérebro) durante os acessos de tosse, e encefalopatia hipóxica-isquêmica, uma complicação rara, porém grave, que pode resultar em danos cerebrais permanentes. Outra complicação séria são quadros hemorrágicos, que ocorrem devido à pressão aumentada nos vasos sanguíneos durante os acessos de tosse.  A apneia — distúrbio do sono que afeta a respiração — principalmente em lactentes, pode ocorrer em razão da obstrução das vias aéreas durante os acessos de tosse, e o pneumotórax, caracterizado pela ruptura de uma bolha de ar no pulmão, pode acontecer por conta da pressão interna elevada durante os acessos de tosse. Como é feito o diagnóstico da coqueluche? O diagnóstico da coqueluche é baseado na avaliação clínica, no histórico de sintomas e em exames laboratoriais. A seguir, são especificados os métodos diagnósticos. Cultura bacteriológica: exame realizado por meio de uma amostra de secreção nasofaríngea coletada com um swab (cotonete) e cultivada em um meio especial para a bactéria. Possui alta especificidade para a confirmação da presença da bactéria, sendo considerado o padrão-ouro na detecção; Reação em cadeia da polimerase (PCR): teste molecular que detecta o DNA da bactéria na secreção nasofaríngea. Possui alta sensibilidade e especificidade, com resultados rápidos. A confirmação precoce do diagnóstico é fundamental para o tratamento adequado e controle da transmissão. Como tratar a coqueluche? O tratamento da coqueluche envolve o uso de antibióticos, como eritromicina e azitromicina, que ajudam a reduzir a severidade dos sintomas e a prevenir complicações. Cuidados de suporte, como hidratação e controle da febre, são igualmente importantes.  Todo o tratamento deve sempre ser orientado por um médico, visando evitar complicações como pneumonia e broncopneumonia. É recomendado o isolamento do paciente durante o período de maior transmissibilidade (cerca de quatro semanas) para evitar a disseminação da doença, especialmente para indivíduos suscetíveis. Como prevenir a coqueluche? A principal forma de prevenção se dá por meio da vacinação, a qual faz parte do calendário vacinal infantil e também é recomendada para adolescentes, adultos e gestantes. A vacina deve ser aplicada o mais precocemente possível, a partir dos dois meses de vida. Gestantes são vacinadas para dar proteção ao filho quando nascer, até que ele adquira seus próprios anticorpos e esteja protegido após o esquema básico aos dois, quatro e seis meses de idade, com doses de reforço entre 15 e 18 meses e entre quatro e seis anos. Entre nove e 11 anos, há outro reforço importante e, ao atingir a idade adulta, o esquema é mais complexo, devendo ser avaliadas situações anteriores. Conforme recomendações abaixo da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). se previamente vacinada, com pelo menos três doses de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dTpa a partir da vigésima semana de gestação; se está com a vacinação incompleta, tendo recebido uma dose de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da vigésima semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas; se em gestantes com vacinação incompleta, tendo recebido duas doses de vacina contendo o componente tetânico: uma dose de dTpa a partir da vigésima semana de gestação; se em gestantes não vacinadas e/ou histórico vacinal desconhecido: duas doses de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da vigésima semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas. Em pessoas não adequadamente vacinadas ou vacinadas há mais de cinco anos, a coqueluche, com frequência, não se apresenta sob a forma clássica, podendo manifestar-se sob formas atípicas, com tosse persistente, mas sem paroxismos, guincho característico ou vômito pós-tosse. A vacina protege por cerca de 10 anos e, por isso, são necessários reforços na adolescência e idade adulta. A vacina para esse público está disponível apenas na rede particular. A rede pública disponibiliza a vacina para gestantes a partir da vigésima semana, com o objetivo de proteger o bebê, grupo de maior risco. Ao ser vacinada, a gestante transfere ao feto anticorpos maternos através da placenta, protegendo a criança nos primeiros seis meses de vida, quando estimula seu sistema imune a obter seus próprios anticorpos. A vacina dTpa é a escolhida para a gestante e deve ser aplicada a cada gravidez. Isso evita que a bactéria Bordetella pertussis seja transmitida ao recém-nascido durante os cuidados e o período da amamentação. Aquelas mulheres não vacinadas no período da gestação devem ser vacinadas no puerpério, uma vez que, no momento da amamentação, ainda podem transferir anticorpos através do leite materno. Na indisponibilidade da vacina dTpa, esta poderá ser substituída pela dTpa-VIP, desde que autorizado pelo médico. Conhecida como tríplice bacteriana, a vacina contra a coqueluche está sempre combinada àquelas contra o tétano e a difteria. Também pode estar combinada a outras vacinas nas chamadas vacinas combinadas, como a tetra, a penta e a hexa.  As possíveis apresentações da vacina tríplice bacteriana são: Tríplice bacteriana de células inteiras (DTPw) pediátrica; Tríplice bacteriana acelular (DTPa) pediátrica; Tríplice bacteriana acelular (dTpa) adulto. As vacinas combinadas apresentam-se da seguinte forma: Tetra de células inteiras - DTPw + Hib; Tetra acelular - DTPa + Hib; Penta acelular – DTPa + Hib + Pólio Injetável; Hexa acelular – DTPa + Hib + Pólio Injetável + Hepatite B. Como surgiu a vacina da coqueluche Na década de 1940, foi introduzida a vacina combinada em função dos benefícios da proteção contra mais de uma doença em uma única aplicação. É o caso da vacina DTP, que, além da coqueluche, protege contra a difteria e o tétano. Conhecida como DTPw (o “w” vem do inglês “whole”, que significa “inteiro” na tradução para o português), a vacina contém a toxina diftérica, a toxina tetânica e as bactérias Bordetella pertussis inteiras (mortas). Em consequência disso, foram atribuídas reações adversas a essa vacina de células inteiras, passando a ser evitadas e até rejeitadas em meados da década de 1970.  No entanto, os estudos prosseguiram, sendo desenvolvida uma técnica em que as vacinas acelulares são produzidas a partir de parte das células (fragmento) da bactéria, uma subunidade. A vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (acelular) (dTpa — tríplice bacteriana acelular tipo adulto) é uma composição combinada que acrescenta o componente pertussis (acelular) à vacina difteria e tétano (dT — dupla bacteriana adulto), prevenindo contra difteria, tétano e coqueluche, para minimizar as reações adversas. Além da vacinação, medidas de higiene, como lavar as mãos regularmente e usar máscaras em caso de sintomas respiratórios, são importantes para reduzir a transmissão da bactéria. O isolamento de casos confirmados e cuidados com pessoas vulneráveis, como recém-nascidos e aqueles com imunidade comprometida, também são medidas recomendadas. A coqueluche é uma doença séria que requer atenção constante em termos de prevenção e tratamento. A vacinação é a medida mais eficaz para controlar a disseminação da doença e proteger os grupos mais vulneráveis. Conscientizar a população sobre a importância da vacinação e a manutenção do esquema vacinal atualizado para todas as idades é primordial para evitar surtos e complicações graves. Não deixe de seguir as recomendações de prevenção da coqueluche. Caso você ou alguém próximo apresente sintomas, procure a orientação de um profissional da saúde. Para aprofundar seus conhecimentos, leia também nosso conteúdo sobre as principais doenças respiratórias. Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: Ministério da Saúde. Coqueluche. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/coqueluche. Acesso em: 26/06/2024. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Surtos de coqueluche na Europa e na Ásia reforçam importância da vacinação no Brasil. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/surtos-de-coqueluche-na-europa-e-na-asia-reforcam-importancia-da-vacinacao-no-brasil/. Acesso em: 26/05/2024. World Health Organization. Pertussis. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/pertussis#tab=tab_1. Acesso em: 26/06/2024. CDC. Whooping Cough (Pertussis). Disponível em: https://www.cdc.gov/pertussis/about/index.html. Acesso em: 26/06/2024. Mayo Clinic. Whooping cough. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/whooping-cough/symptoms-causes/syc-20378973. Acesso em: 26/06/2024. Michael D Decker, Kathryn M Edwards, Pertussis (Whooping Cough), The Journal of Infectious Diseases, Volume 224, Issue Supplement_4, 1 October 2021, Pages S310–S320, https://doi.org/10.1093/infdis/jiaa469