Sabin para médicos Archives | Blog Sabin https://blog.sabin.com.br/categoria/medicos/ Conhecimento aliado ao bem-estar Wed, 25 Jun 2025 21:20:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://blog.sabin.com.br/wp-content/uploads/2021/03/favicons.png Sabin para médicos Archives | Blog Sabin https://blog.sabin.com.br/categoria/medicos/ 32 32 Diagnóstico molecular de anemias hemolíticas https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-molecular-de-anemias-hemoliticas/ https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-molecular-de-anemias-hemoliticas/#respond Fri, 04 Jul 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4558 As anemias hemolíticas resultam da destruição acelerada de eritrócitos, manifestando-se por icterícia, fadiga e, às vezes, esplenomegalia. As causas são múltiplas, podendo ser hereditárias — como nas talassemias, deficiência de G6PD ou esferocitose — ou adquiridas, como nos casos autoimunes. O avanço das ferramentas genéticas têm apoiado a abordagem diagnóstica das anemias hemolíticas, em especial […]

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As anemias hemolíticas resultam da destruição acelerada de eritrócitos, manifestando-se por icterícia, fadiga e, às vezes, esplenomegalia. As causas são múltiplas, podendo ser hereditárias — como nas talassemias, deficiência de G6PD ou esferocitose — ou adquiridas, como nos casos autoimunes.

O avanço das ferramentas genéticas têm apoiado a abordagem diagnóstica das anemias hemolíticas, em especial as formas hereditárias, uma vez que o uso de técnicas moleculares permite detectar variantes genéticas com maior precisão, contribuindo para o diagnóstico definitivo de condições como esferocitose hereditária, alfatalassemias e betatalassemias, deficiência de G6PD, eliptocitose e hemoglobinas variantes não identificadas por métodos convencionais.

Além de confirmar etiologias incertas, o diagnóstico molecular favorece a estratificação de risco e orienta condutas terapêuticas individualizadas, sobretudo em contextos clínicos complexos ou quando os exames hematológicos tradicionais não são conclusivos. Continue a leitura para se atualizar no tema!

Complexidade diagnóstica nas anemias hemolíticas hereditárias

As anemias hemolíticas hereditárias englobam distúrbios geneticamente determinados, com mecanismos distintos e manifestações clínicas sobrepostas, o que dificulta o diagnóstico apenas com base em exames clínico-laboratoriais.

Talassemias (alfa e beta)

Resultam de mutações nos genes da globina (HBA1, HBA2 e HBB), que comprometem a produção de hemoglobina. O desequilíbrio na síntese das cadeias alfa ou beta leva à destruição eritrocitária e hemólise crônica.

A análise molecular diferencia formas silenciosas das mais graves, podendo auxiliar no aconselhamento genético e em orientações terapêuticas.

Esferocitose hereditária

Causada por mutações em genes das proteínas da membrana eritrocitária, como espectrina, anquirina, banda 3 (SLC4A1) e banda 4.2 (EPB42). As hemácias têm forma de esferócitos, com menor deformabilidade e consequente destruição esplênica precoce.

A análise genética diferencia subtipos e pode subsidiar decisões sobre a esplenectomia.

Eliptocitose hereditária

Associada a alterações em proteínas estruturais como espectrina alfa/beta e proteína 4.1 (EPB41), gerando eritrócitos elípticos. A expressividade variável exige confirmação molecular, principalmente em quadros atípicos.

Deficiência de G6PD

Enzimopatia ligada ao cromossomo X, que compromete a via das pentoses fosfato. A G6PD é determinante para a produção de NADPH, fundamental à manutenção da glutationa reduzida, que protege os eritrócitos do estresse oxidativo. A deficiência predispõe à hemólise aguda após exposição a oxidantes, infecções ou favas.

A análise molecular pode definir o grau de deficiência e orientar a prescrição segura, além de possibilitar triagem em heterozigotas.

Hemoglobinas variantes

Formas raras e instáveis podem não ser detectadas por eletroforese capilar ou HPLC, particularmente em triagens neonatais com migrantes sobrepostos. O sequenciamento identifica essas variantes e evita subdiagnósticos.

Limitações dos exames convencionais

Os testes laboratoriais básicos, como hemograma, bilirrubina, haptoglobina e reticulócitos, são úteis na detecção da hemólise, mas insuficientes para identificar a etiologia. Métodos complementares — como eletroforese de hemoglobina, testes de fragilidade osmótica e dosagem enzimática de G6PD — têm sensibilidade variável e podem falhar na detecção de heterozigotos, especialmente em mulheres portadoras de G6PD.

Pacientes transfundidos ou neonatos com icterícia também podem apresentar resultados inconclusivos. Nesses casos, o diagnóstico molecular é essencial à elucidação da condição subjacente, com destaque para recém-nascidos com triagem alterada ou casos com múltiplas mutações.

Diagnóstico molecular na personalização no manejo clínico

O uso de técnicas como PCR e Sequenciamento de Nova Geração (NGS) possibilita a identificação direta de variantes em genes como G6PD, HBB, HBA1/2, ANK1 e SLCA1, SLC4A1, EPB41, entre outros. Essas informações ampliam a capacidade de estratificação de risco e personalização terapêutica.

Na alfatalassemia, o diagnóstico molecular apoia a diferenciação das formas silenciosas daquelas associadas à maior gravidade, como na deleção completa dos quatro genes alfa e evolução para hidropsia fetal. O sequenciamento permite identificar com precisão o número e o tipo de deleções envolvidas, o que é crucial para a estratificação de risco, o aconselhamento genético e o planejamento reprodutivo.

Nas hemoglobinas variantes, notadamente aquelas raras ou instáveis, o sequenciamento genético oportuniza a detecção de mutações que não são identificadas por eletroforese ou cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Essa ferramenta contribui para um diagnóstico etiológico mais exato e direciona condutas clínicas de forma individualizada.

Na esferocitose hereditária, o diagnóstico genético permite confirmar a doença e distinguir entre subtipos, também sendo útil para a decisão sobre esplenectomia, abordagem familiar e aconselhamento genético.

Para a deficiência de G6PD, a identificação da variante genética possibilita a previsão de complicações em cenários infecciosos ou vacinais, além de contribuir para decisões cirúrgicas, como a indicação de esplenectomia em casos com sobreposição de outras doenças hereditárias.

Por fim, a genotipagem tem importância ainda maior em mulheres heterozigotas, que, muitas vezes, apresentam resultados enzimáticos dentro da normalidade, entretanto, permanecem em risco clínico relevante.

De modo geral, o diagnóstico molecular representa um avanço significativo na abordagem das anemias hemolíticas hereditárias. Ele complementa as limitações dos testes convencionais, aumenta a capacidade de estratificação de risco e oferece intervenções clínicas mais seguras e personalizadas.

Para que esses benefícios se concretizem na prática, é necessário facilitar o acesso às ferramentas genéticas e investir na capacitação dos profissionais de saúde. Por isso, convidamos você para continuar se atualizando e aprofundar seus conhecimentos sobre o papel do diagnóstico molecular na prática clínica, no conteúdo: Estudo molecular da deficiência de G6PD.

Referências:
Alam MS, Kibria MG, Jahan N, et al. Field evaluation of quantitative point of care diagnostics to measure glucose-6-phosphate dehydrogenase activity. PLoS One. 2018;13(11):e0206331. Published 2018 Nov 2. doi:10.1371/journal.pone.0206331

Agarwal, Archana M et al. “Clinical utility of next-generation sequencing in the diagnosis of hereditary haemolytic anaemias.” British journal of haematology vol. 174,5 (2016): 806-14. doi:10.1111/bjh.14131

Boonyuen U, Chamchoy K, Swangsri T, et al. A trade off between catalytic activity and protein stability determines the clinical manifestations of glucose-6-phosphate dehydrogenase (G6PD) deficiency. Int J Biol Macromol. 2017;104(Pt A):145-156. doi:10.1016/j.ijbiomac.2017.06.002

Souissi M, Bera E, Boutet C, et al. Glucose-6-phosphate dehydrogenase deficiency detection using fluorocytometric assay: Evaluation after 1 year of clinical implementation. Cytometry B Clin Cytom. 2025;108(2):161-171. doi:10.1002/cyto.b.22207

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Aplicações da citometria de fluxo no diagnóstico médico https://blog.sabin.com.br/medicos/citometria-de-fluxo-no-diagnostico-medico/ https://blog.sabin.com.br/medicos/citometria-de-fluxo-no-diagnostico-medico/#respond Fri, 30 May 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4454 A citometria de fluxo é uma técnica laboratorial avançada que permite a análise detalhada de células em suspensão com alta precisão e rapidez. Sua aplicação é importante para a caracterização celular em diversas áreas da medicina, sendo amplamente utilizada no diagnóstico e acompanhamento de doenças hematológicas e imunológicas.  O método combina a utilização de um […]

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A citometria de fluxo é uma técnica laboratorial avançada que permite a análise detalhada de células em suspensão com alta precisão e rapidez. Sua aplicação é importante para a caracterização celular em diversas áreas da medicina, sendo amplamente utilizada no diagnóstico e acompanhamento de doenças hematológicas e imunológicas. 

O método combina a utilização de um sistema fluídico, lasers e detectores ópticos para avaliar parâmetros celulares em alta velocidade, possibilitando a identificação de subpopulações celulares com base na expressão de antígenos específicos. 

Dessa maneira, o impacto no diagnóstico médico é significativo, pois proporciona maior assertividade na detecção de doenças e na tomada de decisões terapêuticas. No conteúdo de hoje, trouxemos atualizações sobre essa relevante ferramenta diagnóstica. Acompanhe para saber mais!

Princípios da citometria de fluxo

A citometria de fluxo funciona a partir da passagem individualizada de células por um feixe de laser, onde suas características são analisadas com base na dispersão da luz e na emissão de fluorescência. Para garantir uma identificação precisa, são utilizados anticorpos monoclonais conjugados a fluorocromos, que permitem a detecção de marcadores celulares específicos e viabilizam uma análise multiparamétrica detalhada. 

Essa abordagem é fundamental para a imunofenotipagem, um dos principais usos da técnica, em relação à classificação de células do sistema imunológico e hematopoiético, sendo amplamente empregada no diagnóstico de neoplasias hematológicas e de imunodeficiências.

A precisão dos resultados depende do conceito de hidrodinâmica, que organiza as células dentro do sistema fluídico antes de sua passagem pelo feixe de laser. Tal alinhamento evita a sobreposição, garantindo que cada célula seja analisada de forma individualizada. Assim, a estruturação correta do fluxo celular preserva a acurácia dos dados coletados, proporcionando a identificação de variações sutis na expressão de antígenos e outras características celulares que podem ser determinantes para o diagnóstico.

Tipos de amostras utilizadas

A citometria de fluxo pode ser aplicada a diferentes tipos de amostras biológicas, de acordo com o objetivo da análise. Acompanhe abaixo:

  • O sangue periférico é a matriz comumente utilizada para investigações hematológicas e imunológicas;
  • A medula óssea é outra amostra frequentemente analisada, especialmente em pacientes com suspeita de doenças mieloides e linfoides; 
  • Tecidos dissociados e fluidos corporais, como líquido cefalorraquidiano e líquido pleural, podem ser utilizados para avaliar a presença de células malignas ou alterações imunológicas.

Um ponto a se destacar é que a preparação das amostras é um passo crítico para garantir a confiabilidade dos resultados. As células devem ser corretamente processadas para evitar agregações, que podem interferir na análise. O uso de anticoagulantes adequados (EDTA ou heparina sódica), técnicas de lise eritrocitária e protocolos padronizados para a marcação de anticorpos são medidas essenciais para a obtenção de dados precisos e reprodutíveis.

Aplicações da citometria de fluxo no diagnóstico hematológico

A citometria de fluxo é amplamente utilizada na hematologia para o diagnóstico e acompanhamento de leucemias e linfomas. A técnica permite a subtipagem das neoplasias hematológicas por meio da imunofenotipagem, analisando a expressão de antígenos específicos em células malignas. Essa abordagem é determinante para diferenciar leucemias linfoides de mieloides, além de identificar variantes de linfomas e leucemias agudas.

O monitoramento da resposta ao tratamento também se beneficia da tecnologia. A detecção de Doença Residual Mínima (DRM) por citometria de fluxo possibilita a identificação de pequenas populações de células malignas remanescentes após a terapia, contribuindo para ajustes no manejo clínico e prognóstico do paciente. Essa abordagem tem sido incorporada como um critério para a estratificação de risco em diversas doenças hematológicas.

Aplicações da citometria de fluxo no diagnóstico e seguimento imunológico

Na imunologia, a citometria de fluxo pode ser um recurso no diagnóstico e acompanhamento de imunodeficiências e doenças autoimunes. A contagem de linfócitos T CD4+ é um dos exames mais utilizados para o monitoramento de pacientes com HIV, permitindo avaliar a progressão da doença e a eficácia da terapia antirretroviral.

O estudo de doenças autoimunes também se beneficia da técnica, uma vez que permite a análise do perfil imunológico dos pacientes, identificando alterações na proporção de linfócitos B, T e células NK. Adicionalmente, a citometria de fluxo é uma ferramenta no acompanhamento de pacientes submetidos a terapias imunológicas, como o tratamento com células CAR-T, no qual a detecção e a quantificação no organismo são cruciais para avaliar a eficácia do procedimento.

Vantagens da citometria de fluxo

Quando comparamos com os métodos tradicionais, como a microscopia e a imuno-histoquímica, a citometria de fluxo oferece maior rapidez, precisão e sensibilidade. Sua capacidade de analisar múltiplos marcadores celulares simultaneamente a torna indispensável para diagnósticos complexos, assegurando resultados mais assertivos em menos tempo.

A especificidade da técnica reduz a incidência de falso-negativos, permitindo uma identificação mais confiável de células malignas e alterações imunológicas. Além disso, a possibilidade de detecção de DRM amplia as chances de sucesso terapêutico, contribuindo para um manejo clínico mais eficiente e personalizado.

Impacto no manejo terapêutico

A rapidez na obtenção dos resultados da citometria de fluxo oportuniza intervenções terapêuticas mais precoces e direcionadas. Em doenças hematológicas, a estratificação de risco baseada na detecção de DRM tem um impacto direto na escolha do regime terapêutico, influenciando a decisão sobre transplantes e ajustes no tratamento quimioterápico.

Nos casos de imunodeficiências e imunoterapias, a citometria de fluxo auxilia na adequação das doses de medicamentos imunossupressores e na avaliação da resposta ao tratamento. A técnica também pode contribuir para a redução do tempo de internação hospitalar, tendo em vista fornecer resultados rápidos e precisos, possibilitando um manejo mais eficiente dos pacientes.

Limitações e desafios da citometria de fluxo

Apesar de suas inúmeras vantagens, a citometria de fluxo apresenta algumas limitações. O custo do exame pode ser um fator limitante em determinados contextos clínicos, sobretudo em regiões com menor disponibilidade de recursos laboratoriais. 

A necessidade de equipamentos sofisticados e profissionais altamente treinados para análise e interpretação dos dados também pode representar um desafio para a sua ampla implementação. 

A interpretação dos resultados exige experiência, já que a análise multiparamétrica pode gerar dados complexos. A integração da citometria de fluxo com outras técnicas diagnósticas, como sequenciamento genético e biologia molecular, pode ser uma estratégia para potencializar a assertividade dos diagnósticos e superar algumas limitações da metodologia.

De modo geral, a citometria de fluxo é uma boa ferramenta no diagnóstico médico moderno, com um impacto positivo na hematologia e na imunologia. O avanço contínuo e a integração com novas tecnologias possibilitam diagnósticos mais assertivos e um manejo terapêutico cada vez mais eficaz. 

Para continuar se atualizando e saber mais sobre testes imuno-hematológicos e seu impacto na prática clínica, leia o conteúdo: Como aplicar os testes imuno-hematológicos.

Referências:

Robinson JP, Ostafe R, Iyengar SN, Rajwa B, Fischer R. Flow Cytometry: The Next Revolution. Cells. 2023;12(14):1875. Published 2023 Jul 17. doi:10.3390/cells12141875

CLEVELAND CLINIC. Flow Cytometry: Test, Uses, & Results. 2025. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diagnostics/22086-flow-cytometry#test-details.

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Quando quantificar subpopulações de linfócitos? https://blog.sabin.com.br/medicos/subpopulacoes-de-linfocitos-quando-solicitar-o-exame/ https://blog.sabin.com.br/medicos/subpopulacoes-de-linfocitos-quando-solicitar-o-exame/#respond Fri, 16 May 2025 16:45:48 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4438 A análise das subpopulações de linfócitos, por meio da citometria de fluxo, representa uma das mais importantes ferramentas da imunologia diagnóstica atual. A técnica permite caracterizar com precisão as células do sistema imunológico, que desempenham funções essenciais na imunidade celular e humoral. Em especial, linfócitos T (CD3⁺, CD4⁺, CD8⁺), linfócitos B (CD19⁺) e células natural […]

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A análise das subpopulações de linfócitos, por meio da citometria de fluxo, representa uma das mais importantes ferramentas da imunologia diagnóstica atual. A técnica permite caracterizar com precisão as células do sistema imunológico, que desempenham funções essenciais na imunidade celular e humoral. Em especial, linfócitos T (CD3⁺, CD4⁺, CD8⁺), linfócitos B (CD19⁺) e células natural killers (NK – CD16⁺/CD56⁺) são monitorados por sua relevância clínica em diversos contextos, como infecções recorrentes, doenças autoimunes e imunodeficiências primárias.

A citometria de fluxo revolucionou a imunofenotipagem celular, oferecendo alta especificidade e sensibilidade, tanto na diferenciação quanto na quantificação dessas células, além de permitir análises de maturação e ativação imunológica. Com o avanço tecnológico, tornou-se possível utilizar a metodologia para diagnóstico precoce e monitoramento terapêutico, sobretudo em pacientes imunocomprometidos.

Neste conteúdo, vamos explorar as principais indicações clínicas para esse exame, os testes oferecidos pelo Sabin, a interpretação de cada população celular e os fatores que influenciam os resultados laboratoriais.

Quando solicitar a quantificação de subpopulações de linfócitos?

A quantificação das subpopulações de linfócitos é indicada sempre que há suspeita de alterações qualitativas ou quantitativas no sistema imune. Entre os principais cenários clínicos, estão as imunodeficiências primárias, como imunodeficiência combinada grave (SCID), agamaglobulinemia ligada ao X e imunodeficiência comum variável (CVID). Esses distúrbios afetam diretamente a quantidade e/ou funcionalidade dos linfócitos, comprometendo a resposta imune.

Outro grupo que se destaca são os pacientes com infecções de repetição, especialmente oportunistas ou graves, que indicam possível disfunção imune. A avaliação também é fundamental no monitoramento de pacientes em uso de imunossupressores, como aqueles em tratamento com agentes biológicos para doenças autoimunes (lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide e esclerose múltipla), além de pacientes transplantados.

Nas doenças linfoproliferativas e hematológicas, como leucemias e linfomas, a quantificação de linfócitos também auxilia na diferenciação celular, no estadiamento e na avaliação de resposta ao tratamento. A citometria permite, ainda, o acompanhamento longitudinal do perfil imunológico em pacientes imunocomprometidos. Dessa forma, colabora tanto no plano terapêutico como no estabelecimento de um prognóstico. 

Quais exames compõem a avaliação de subpopulações de linfócitos?

O portfólio do Sabin oferece uma gama de exames realizados por citometria de fluxo, para fins de análise detalhada das subpopulações linfocitárias:

Subpopulação de linfócitos (CD3, CD4, CD8, CD19 e CD56)

Exame básico que permite a distinção entre linfócitos T auxiliares (CD4⁺), citotóxicos (CD8⁺), linfócitos B (CD19⁺) e células NK (CD16⁺/CD56⁺).

Imunofet

Exame para avaliar o perfil de maturação dos linfócitos T (CD4 e CD8), desde os estágios naïve (imaturo) até células de memória central e memória efetora. É indicado na investigação de imunodeficiências celulares, como na suspeita de SCID ou em crianças com infecções recorrentes por fungos, micobactérias ou HIV.

Imunofeb

Avalia a maturação dos linfócitos B, desde a forma naïve (imatura) até os linfócitos de memória com switch de classe. É útil na avaliação de pacientes com suspeita de imunodeficiências humorais, isto é, pacientes com alteração na produção ou função de anticorpos circulantes, mesmo com número absoluto de células B aparentemente normal.

Esses exames complementam a análise imune, principalmente em pacientes pediátricos ou em situações de imunodeficiências congênitas ou adquiridas, fornecendo dados mais detalhados do que a simples quantificação celular.

Como interpretar a quantificação das subpopulações de linfócitos?

A interpretação da imunofenotipagem deve considerar o contexto clínico e as variáveis fisiológicas do paciente, como idade, uso de medicações e presença de infecções. A seguir, listamos os principais achados por tipo celular.

Linfócitos T (CD3⁺, CD4⁺, CD8⁺)

A redução dos linfócitos CD3⁺ pode sugerir SCID, síndrome de DiGeorge ou infecções crônicas. A ausência completa dessa subpopulação em crianças pequenas é altamente sugestiva de SCID clássico, requerendo avaliação genética imediata.

Valores reduzidos de CD4⁺ são observados em infecção pelo HIV, imunodeficiências combinadas e uso crônico de imunossupressores. Já a depleção de CD8⁺ pode ser vista em infecções virais crônicas ou deficiências imunológicas específicas. A inversão da razão CD4/CD8, em particular quando associada à ativação crônica do sistema imune, deve ser monitorada em doenças autoimunes e infecções persistentes.

Linfócitos B (CD19⁺)

A ausência ou redução significativa de CD19⁺ é indicativa de agamaglobulinemia ligada ao X. Quando o número de CD19⁺ está preservado, mas há falha na produção de anticorpos, deve-se pensar em imunodeficiência comum variável (CVID). Em doenças autoimunes, como o lúpus, observa-se frequentemente um aumento de linfócitos B ativados.

Pacientes sem células B funcionais requerem terapia de reposição de imunoglobulina humana, para prevenir infecções graves e garantir proteção imunológica mínima.

Células NK (CD16⁺/CD56⁺)

A redução numérica dessas células pode estar associada a infecções virais recorrentes, notavelmente herpesvírus. Para avaliar a funcionalidade (atividade citotóxica), exames adicionais são necessários.

Rendimento diagnóstico

Embora a citometria de fluxo ofereça uma visão detalhada do sistema imune, sua interpretação isolada não é suficiente. Por isso, é importante que os resultados sejam analisados em conjunto com dados clínicos, histórico do paciente e outros exames laboratoriais e genéticos.

Algumas variáveis podem interferir nos resultados, como o uso de corticosteroides e imunossupressores, que alteram a contagem linfocitária. Infecções agudas, especificamente as virais, também podem modular temporariamente a distribuição das subpopulações. Variações fisiológicas relacionadas à idade devem ser consideradas, especialmente na infância e senescência.

De modo geral, a precisão diagnóstica da metodologia é inquestionável, sendo considerada padrão-ouro na imunofenotipagem. Com a citometria de fluxo, é possível não apenas quantificar, mas também compreender o perfil de maturação e ativação das principais células do sistema imunológico. No entanto, o uso deve ser estratégico, dentro de uma investigação clínica robusta e multidisciplinar.

Para aprofundar seu conhecimento sobre imunologia laboratorial, recomendamos a leitura do conteúdo: Como aplicar testes imunohematológicos

Referências:

Freeman T, Johnstone P, Hibbs SP, et al. Immunophenotyping for the Assessment of Asymptomatic Lymphocytosis: A Retrospective Analysis and National Survey. Eur J Haematol. 2025;114(2):303-309. doi:10.1111/ejh.14336

Barbosa RR, Oliveira JB. Erros inatos da imunidade: como pensar, quando suspeitar e o que investigar. J Pediatr (Rio J). 2022;98(Supl 1):S3–S13. doi:10.1016/j.jped.2021.10.006.

Condino-Neto A, Berrón-Ruiz L, Oleastro M, Bezrodnik L, Espinosa-Rosales F, King A, et al. Primary immunodeficiency diseases in Latin America: The regional impact of the IUIS IEI committee and LASID collaboration. J Allergy Clin Immunol Pract. 2024. doi:10.1016/j.jaip.2024.03.017

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Atualizações e implicações clínicas sobre o microbioma intestinal https://blog.sabin.com.br/medicos/atualizacoes-sobre-o-microbioma-intestinal/ https://blog.sabin.com.br/medicos/atualizacoes-sobre-o-microbioma-intestinal/#respond Fri, 02 May 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4407 O microbioma intestinal é um ecossistema complexo, composto por trilhões de microrganismos que desempenham funções essenciais para a homeostase do organismo. Seu papel na regulação de processos metabólicos, imunológicos e inflamatórios tem sido cada vez mais explorado na literatura científica, evidenciando relações diretas entre a diversidade microbiana e diversas condições patológicas. Avanços recentes destacam a […]

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O microbioma intestinal é um ecossistema complexo, composto por trilhões de microrganismos que desempenham funções essenciais para a homeostase do organismo. Seu papel na regulação de processos metabólicos, imunológicos e inflamatórios tem sido cada vez mais explorado na literatura científica, evidenciando relações diretas entre a diversidade microbiana e diversas condições patológicas.

Avanços recentes destacam a influência do microbioma na saúde metabólica, associando suas alterações a doenças como obesidade, diabetes tipo 2, doenças inflamatórias intestinais e câncer colorretal. Adicionalmente, novas metodologias diagnósticas vêm sendo desenvolvidas para avaliar com mais precisão a composição e a funcionalidade da microbiota, permitindo abordagens mais personalizadas.

Acompanhe as atualizações sobre o microbioma intestinal e suas implicações clínicas.

Composição e funcionalidade do microbioma intestinal

O microbioma intestinal é constituído principalmente por bactérias, mas também inclui vírus, fungos e arqueias que coexistem de forma simbiótica no trato gastrointestinal. Essa comunidade microbiana exerce influência direta sobre a digestão, a absorção de nutrientes, a modulação da resposta imunológica e a integridade da barreira intestinal.

A diversidade microbiana é um fator crítico para a manutenção da homeostase. Estudos demonstram que a composição do microbioma varia significativamente entre populações de diferentes regiões do mundo, refletindo a influência de fatores ambientais, dietéticos e culturais. Populações ocidentalizadas, por exemplo, apresentam maior predominância de Bacteroides, enquanto em populações não ocidentalizadas, há uma maior prevalência de Prevotella. 

Essas diferenças sugerem que padrões dietéticos distintos impactam diretamente a composição e a funcionalidade da microbiota intestinal.

Vias metabólicas associadas ao microbioma intestinal

A interação entre o microbioma intestinal e o metabolismo humano ocorre por meio da produção de metabólitos essenciais que influenciam diversas funções fisiológicas. Entre as vias metabólicas mais relevantes, destaca-se a degradação de ribonucleosídeos de purina e o metabolismo anaeróbico de energia, processos diretamente relacionados à saúde metabólica.

Além disso, metabólitos como ácidos graxos de cadeia curta, ácidos biliares e compostos fenólicos desempenham ações fundamentais na regulação inflamatória e na modulação do metabolismo energético. Pesquisas também apontam os endocanabinoides como agentes que influenciam a resposta imune e a homeostase metabólica, demonstrando a complexidade da relação entre a microbiota intestinal e o organismo humano.

Fatores que influenciam o microbioma intestinal

A composição do microbioma intestinal sofre influência de diversos fatores, sendo a dieta e o estilo de vida os mais determinantes.

Indivíduos que seguem dietas ocidentalizadas, caracterizadas pelo alto consumo de gorduras saturadas e carboidratos refinados, tendem a apresentar uma redução na diversidade microbiana e um aumento de microrganismos associados a processos inflamatórios. Em contrapartida, dietas ricas em fibras e prebióticos favorecem a proliferação de bactérias benéficas e a produção de metabólitos protetores. Mudanças transitórias no estilo de vida, como viagens e transições urbanas, também podem impactar a microbiota, reduzindo sua capacidade fermentativa.

Fatores como idade e gênero também influenciam a microbiota intestinal. Crianças apresentam menor diversidade microbiana quando comparadas a adultos, refletindo o processo de maturação do sistema gastrointestinal. Já entre homens e mulheres, estudos sugerem que diferenças na composição microbiana podem estar relacionadas a variações hormonais e metabólicas, impactando a suscetibilidade a determinadas doenças.

Patologias associadas ao microbioma intestinal

A disbiose intestinal é um fator de risco para diversas condições clínicas, estando associada a alterações metabólicas, inflamatórias e imunológicas.

Na obesidade, o desequilíbrio da microbiota pode aumentar a eficiência na extração de energia dos alimentos e favorecer o acúmulo de gordura corporal. No diabetes tipo 2, a disbiose contribui para a inflamação crônica de baixo grau, exacerbando a resistência à insulina. Na doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), alterações no microbioma estão associadas à inflamação hepática e ao acúmulo de gordura no fígado.

Doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohn, também apresentam forte relação com o microbioma, uma vez que a resposta imunológica desregulada nesses pacientes pode estar associada à composição microbiana alterada. Estudos indicam que mudanças no microbioma intestinal podem influenciar a carcinogênese colorretal, tendo em vista que algumas bactérias são capazes de produzir metabólitos pró-inflamatórios que estimulam o crescimento tumoral.

Avanços laboratoriais na análise do microbioma intestinal

O avanço da medicina laboratorial tem permitido análises mais detalhadas do microbioma intestinal, viabilizando diagnósticos mais precisos e intervenções terapêuticas mais direcionadas. A seguir, apontamos alguns desses avanços.

Técnicas de análise do microbioma

O sequenciamento do gene 16S rRNA é uma das ferramentas utilizadas para caracterizar a composição microbiana, permitindo a identificação de microrganismos clinicamente relevantes. A técnica de qPCR vem sendo empregada para a quantificação de microrganismos centrais na microbiota. Métodos alternativos, como a coleta de swabs retais, também têm se mostrado viáveis para a análise do microbioma intestinal em contextos clínicos.

Testes laboratoriais para diagnóstico clínico

Exames como GA-map Dysbiosis Test vêm sendo utilizados para a análise de disbiose intestinal em pacientes com síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias intestinais. A perfilagem microbiana tem sido aplicada para correlacionar a composição da microbiota com distúrbios metabólicos, como diabetes e obesidade.

Avanço na metagenômica

Estudos demonstram que testes metagenômicos para doenças inflamatórias intestinais apresentam alta precisão, com áreas sob a curva (AUC) superiores a 0,90, superando biomarcadores tradicionais, como a calprotectina fecal.

Implicações clínicas do microbioma intestinal

A crescente compreensão do microbioma intestinal tem impulsionado o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, abrangendo a nutrição de precisão e o uso de probióticos direcionados. No entanto, há desafios a serem superados, como a falta de padronização de diretrizes clínicas para a interpretação de exames microbiológicos e a definição de um microbioma “saudável” como referência. 

O que sabemos é que a abordagem multidisciplinar é crucial para garantir a personalização dos tratamentos e a otimização da saúde dos pacientes.

Com os avanços na pesquisa e na análise laboratorial, torna-se ainda mais evidente a necessidade de integrar esse conhecimento à prática clínica. Aprofunde seu conhecimento sobre biomarcadores intestinais e suas aplicações diagnósticas, leia nosso conteúdo sobre a calprotectina fecal: Aplicação diagnóstica da calprotectina fecal.

Referências:

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Exames laboratoriais no diagnóstico de hemocromatose https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-laboratorial-de-hemocromatose/ https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-laboratorial-de-hemocromatose/#respond Fri, 25 Apr 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4380 A hemocromatose hereditária (HH) é uma doença genética caracterizada pelo acúmulo progressivo de ferro no organismo. Sem diagnóstico e tratamento adequados, essa sobrecarga pode levar a complicações graves, como cirrose hepática, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca. A detecção precoce é a abordagem central para prevenir danos irreversíveis aos órgãos e garantir um prognóstico favorável. O […]

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A hemocromatose hereditária (HH) é uma doença genética caracterizada pelo acúmulo progressivo de ferro no organismo. Sem diagnóstico e tratamento adequados, essa sobrecarga pode levar a complicações graves, como cirrose hepática, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca. A detecção precoce é a abordagem central para prevenir danos irreversíveis aos órgãos e garantir um prognóstico favorável.

O diagnóstico envolve uma combinação de exames laboratoriais, testes genéticos e exames de imagem para confirmar a sobrecarga de ferro e descartar outras condições com manifestações clínicas semelhantes. Nos casos em que há comprometimento hepático, exames de imagem também podem ser indicados para mensurar o acúmulo de ferro nos órgãos.

No conteúdo de hoje, apresentamos as principais atualizações sobre as abordagens laboratoriais que auxiliam no diagnóstico da hemocromatose. Acompanhe a leitura e fique por dentro!

Exames laboratoriais para a triagem da hemocromatose

A investigação inicial da hemocromatose baseia-se em exames laboratoriais que avaliam a homeostase do ferro. Os testes mais utilizados para a triagem incluem a saturação de transferrina (TS) e a ferritina sérica (SF), ambos essenciais para a identificação da sobrecarga de ferro e a definição da necessidade de investigação complementar.

Saturação de transferrina (TS)

A saturação de transferrina (TS) é o marcador mais sensível para o rastreamento da hemocromatose, sendo indicado como teste inicial na avaliação da condição. Valores acima de 45% são sugestivos da doença, especialmente em pacientes homozigotos para a mutação C282Y do gene HFE. Como a TS pode apresentar variações fisiológicas, é recomendada a repetição do exame em diferentes momentos, para maior confiabilidade na interpretação dos resultados.

Ferritina sérica (SF)

A ferritina sérica (SF) reflete os estoques de ferro no organismo e encontra-se elevada na maioria dos pacientes com hemocromatose hereditária. São indicativos de acúmulo férrico: em homens, valores superiores a 300 ng/mL; em mulheres, acima de 200 ng/mL. No entanto, a ferritina também pode estar elevada em processos inflamatórios, doenças hepáticas ou neoplasias, o que exige correlação com outros exames laboratoriais para evitar falso-positivos.

Outros exames laboratoriais complementares

Além da TS e da ferritina sérica, outros exames complementares contribuem para a avaliação da hemocromatose. A capacidade total de ligação ao ferro (TIBC) pode estar reduzida na HH, refletindo a saturação elevada de transferrina. As enzimas hepáticas (ALT e AST) devem ser monitoradas para identificar eventual acometimento hepático secundário à sobrecarga de ferro. Já a avaliação glicêmica, incluindo glicemia de jejum e hemoglobina glicada (HbA1c), é fundamental para detectar o impacto do acúmulo férrico na função pancreática, dado que a hemocromatose está associada a um risco aumentado de diabetes mellitus.

Testes genéticos no diagnóstico de hemocromatose hereditária

A análise genética do gene HFE representa um passo importante para confirmar o diagnóstico da hemocromatose hereditária. A identificação das mutações permite diferenciar a HH de outras causas de sobrecarga de ferro e auxilia na estratificação do risco para familiares assintomáticos.

Identificação de mutações do gene HFE

A mutação C282Y em homozigose é a alteração mais usualmente associada à HH, sendo responsável pela maioria dos casos clínicos. Pacientes heterozigotos compostos para C282Y/H63D podem apresentar sobrecarga de ferro, embora com menor penetrância. Outras variantes, como H63D/H63D e S65C, têm impacto clínico reduzido e raramente resultam em manifestações graves da doença.

Quando solicitar o teste genético?

O teste molecular do gene HFE é indicado em casos de: saturação de transferrina persistentemente elevada (>45%); ferritina elevada sem outra explicação aparente; história familiar positiva de hemocromatose; diagnóstico diferencial de hepatopatias crônicas. A triagem genética também pode ser útil na identificação de indivíduos assintomáticos em famílias com casos confirmados de HH.

Investigação de hemocromatose não relacionada ao gene HFE

Quando não são detectadas mutações no gene HFE, outras causas genéticas podem ser investigadas. O Painel Molecular para Hemocromatose Hereditária (PAINHH), disponível no Sabin, possibilita a análise de genes como TFR2, SLC40A1, HJV e HAMP, associados a formas raras da doença. Esse painel é realizado por Sequenciamento de Nova Geração (NGS), a partir de uma amostra de sangue, permitindo maior precisão diagnóstica e diferenciando os subtipos genéticos da hemocromatose.

Em alguns casos, a avaliação complementar da sobrecarga de ferro nos órgãos pode ser realizada com exames de imagem (sobretudo em casos avançados), a exemplo da ressonância magnética.

Populações de risco e complicações da hemocromatose

A hemocromatose hereditária é uma condição que requer monitoramento criterioso de populações específicas com maior predisposição à doença. Sabemos que indivíduos de ascendência do norte europeu, particularmente irlandeses e escandinavos, podem apresentar maior prevalência da mutação C282Y do gene HFE, principal causa da HH tipo 1. A condição é mais comum em homens, uma vez que as mulheres perdem ferro regularmente durante a menstruação, o que reduz a carga férrica ao longo da vida.

Pacientes com história familiar positiva para hemocromatose devem ser rastreados precocemente, considerando que a progressão da doença pode ser silenciosa e assintomática até o desenvolvimento de complicações. Para esses casos, recomenda-se a triagem genética de irmãos e filhos dos indivíduos diagnosticados, pois a identificação de portadores assintomáticos facilita o monitoramento antes da instalação da sobrecarga de ferro.

Além da investigação genética, exames laboratoriais periódicos, como a saturação de transferrina e a ferritina sérica, conseguem auxiliar na detecção precoce da doença em parentes de primeiro grau. Um ponto de alerta é que o tratamento inadequado pode levar a complicações sistêmicas devido ao depósito progressivo de ferro nos tecidos e órgãos. 

As manifestações clínicas variam conforme a gravidade da sobrecarga férrica e o tempo de exposição ao ferro em excesso. A seguir, apresentamos uma revisão das principais complicações associadas à sobrecarga de ferro.

Principais complicações associadas à sobrecarga de ferro

As complicações hepáticas representam uma das maiores consequências da hemocromatose. A cirrose hepática é frequente em pacientes com ferritina superior a 1.000 ng/mL, aumentando significativamente o risco de carcinoma hepatocelular. O monitoramento da função hepática e a realização de exames de imagem são determinantes para a detecção precoce dessas complicações.

O diabetes mellitus é outra manifestação relevante, resultante da deposição de ferro nas células beta pancreáticas, levando à disfunção da secreção de insulina. Essa condição está presente em uma parcela substancial dos pacientes com hemocromatose não tratada e pode agravar o quadro metabólico geral.

As complicações articulares também são frequentes, com a artropatia ferro-induzida podendo levar à osteoartrite prematura, principalmente em articulações metacarpofalângicas. Muitas vezes, essa manifestação articular pode ser um dos primeiros sinais clínicos da doença e deve ser investigada quando associada a alterações nos níveis de ferro.

A cardiomiopatia associada à sobrecarga férrica pode levar à insuficiência cardíaca progressiva, sendo uma complicação grave e potencialmente fatal da hemocromatose. O depósito de ferro no miocárdio afeta a função cardíaca, podendo resultar em arritmias e falência cardíaca congestiva.

O hipogonadismo pode ocorrer em virtude da deposição de ferro na hipófise, resultando em disfunção testicular nos homens ou ovariana nas mulheres. Isso pode levar a sintomas como impotência, amenorreia e infertilidade.

Manejo da hemocromatose para prevenir complicações

O manejo da hemocromatose tem como objetivo primordial prevenir complicações graves, como cirrose hepática, diabetes e alterações osteoarticulares, por meio do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. A redução dos níveis de ferro no organismo evita a progressão da doença e minimiza os impactos da sobrecarga férrica nos órgãos-alvo, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

A flebotomia é o tratamento padrão para a remoção do ferro excedente. O procedimento consiste na retirada de aproximadamente 500 mL de sangue, inicialmente em sessões semanais, até que a ferritina atinja valores próximos a 50 ng/mL. Após essa fase, as flebotomias passam a ser feitas de maneira periódica e individualizada, conforme a necessidade do paciente, garantindo o controle dos estoques de ferro no decorrer do tempo.

O monitoramento regular da ferritina sérica e da saturação de transferrina é crucial para ajustar a frequência das flebotomias e evitar recargas de ferro. Adicionalmente, a triagem familiar e o aconselhamento genético são indicados para parentes de primeiro grau de indivíduos diagnosticados com hemocromatose, permitindo o acompanhamento precoce e a prevenção de complicações antes do desenvolvimento de manifestações clínicas.

Paralelamente ao tratamento com flebotomias, o consumo de bebidas alcoólicas deve ser reduzido, especialmente em pacientes com acometimento hepático, tendo em vista que o álcool pode agravar o estresse oxidativo e acelerar a progressão da doença hepática. 

Com o manejo adequado da hemocromatose, é possível reduzir os riscos associados à sobrecarga de ferro e melhorar o prognóstico dos pacientes. A combinação de exames laboratoriais, testes genéticos e exames de imagem propicia a intervenção antes do desenvolvimento de manifestações clínicas irreversíveis.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre exames laboratoriais e interpretação diagnóstica, leia o conteúdo “Interpretação do hemograma na prática médica”.

Referências:

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Avaliação da saúde óssea e risco de fraturas no diabetes https://blog.sabin.com.br/medicos/avaliacao-da-saude-ossea-no-diabetes/ https://blog.sabin.com.br/medicos/avaliacao-da-saude-ossea-no-diabetes/#respond Fri, 18 Apr 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4361 O diabetes mellitus (DM) é uma condição metabólica crônica que afeta cerca de 20 milhões de brasileiros, cujas complicações vão além do controle glicêmico. Entre as manifestações menos reconhecidas, mas de alta relevância clínica, está a fragilidade óssea. Tanto no diabetes tipo 1 quanto no tipo 2, o risco de fraturas é significativamente elevado, evidenciando […]

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O diabetes mellitus (DM) é uma condição metabólica crônica que afeta cerca de 20 milhões de brasileiros, cujas complicações vão além do controle glicêmico. Entre as manifestações menos reconhecidas, mas de alta relevância clínica, está a fragilidade óssea. Tanto no diabetes tipo 1 quanto no tipo 2, o risco de fraturas é significativamente elevado, evidenciando alterações que não se limitam à densidade mineral óssea (DMO), como também envolvem a qualidade estrutural do tecido ósseo.

Os mecanismos que conectam o diabetes à saúde óssea incluem hiperglicemia crônica, formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs) e resistência insulínica, que prejudicam a renovação e a resistência óssea. Complicações como neuropatia periférica e microangiopatia, além do impacto de algumas terapias antidiabéticas, intensificam o risco de quedas e comprometem a regeneração óssea, aumentando as chances de fraturas graves.

Para aprofundar sua compreensão sobre como o diabetes afeta a saúde óssea e entender melhores estratégias para avaliação e manejo clínico, continue a leitura deste conteúdo.

Diabetes mellitus (tipos 1 e 2) e fragilidade óssea: mecanismos fisiopatológicos

As alterações ósseas relacionadas ao diabetes consistem em uma combinação de fatores metabólicos, hormonais e inflamatórios que afetam a estrutura e a qualidade do tecido ósseo. Enquanto pacientes com diabetes tipo 2 frequentemente apresentam DMO normal ou até aumentada, a microarquitetura óssea é prejudicada, tornando os ossos mais suscetíveis a fraturas. Já no diabetes tipo 1, a ausência de insulina impacta diretamente a formação óssea, resultando em DMO reduzida.

Dados epidemiológicos reforçam o impacto relevante do diabetes no risco de fraturas. Esses pacientes têm maior incidência de fraturas de quadril e vértebras, com estudos indicando um aumento relativo de risco (RR) que varia entre 1,3 e 2,1, especialmente em indivíduos com controle glicêmico inadequado e complicações vasculares associadas.

Mecanismos subjacentes à fragilidade óssea

A hiperglicemia crônica é um dos principais fatores contribuintes para a fragilidade óssea no diabetes. A formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs) compromete a qualidade do colágeno tipo 1, essencial para a resistência óssea, e reduz a mineralização. Adicionalmente, a resistência insulínica interfere na remodelação óssea ao prejudicar o equilíbrio entre formação e reabsorção, intensificando o processo de fragilidade.

A microangiopatia, uma complicação comum do diabetes, reduz o fluxo sanguíneo ao tecido ósseo, comprometendo sua regeneração e homeostase. Paralelamente, a inflamação crônica de baixo grau típica do diabetes tipo 2 estimula os osteoclastos, resultando em reabsorção óssea excessiva e desequilíbrio estrutural.

Impacto das complicações do diabetes e do uso de medicamentos

As complicações do diabetes e o uso de algumas medicações desempenham um papel crucial no aumento do risco de fraturas, agravando a fragilidade óssea característica dessa condição.

  • Complicações vasculares: a neuropatia periférica, comumente presente em pacientes com diabetes, diminui a sensibilidade nos membros inferiores, favorecendo o risco de quedas. A retinopatia, por sua vez, compromete a visão e contribui para acidentes. A microangiopatia prejudica a vascularização do tecido ósseo, impactando negativamente sua regeneração e seu reparo.
  • Medicações: algumas terapias antidiabéticas também influenciam a saúde óssea. A insulina, fundamental no controle do diabetes tipo 1 e avançado, está associada ao risco de quedas devido a episódios de hipoglicemia. Já as tiazolidinedionas, ao promoverem a conversão de células-tronco mesenquimais em adipócitos, prejudicam a formação óssea, aumentando a fragilidade estrutural.
  • Risco de hipoglicemia: a hipoglicemia frequente, comum em pacientes em uso de insulina ou sulfonilureias, representa um fator adicional que eleva o risco de quedas e, consequentemente, de fraturas graves, sobretudo em idosos.

Avaliação da saúde óssea em pacientes com diabetes

Dada a complexidade das alterações ósseas no diabetes, a avaliação da saúde óssea deve ser abrangente, combinando exames laboratoriais, métodos de imagem avançados e ferramentas de risco adaptadas.

Indicadores laboratoriais a serem monitorados

Os marcadores laboratoriais são ferramentas necessárias para o acompanhamento da saúde óssea. A hemoglobina glicada (HbA1c) é um indicador importante não apenas do controle glicêmico, mas também do risco de fragilidade óssea. Níveis insuficientes de vitamina D são continuamente observados em pacientes diabéticos, contribuindo para complicações ósseas e necessitando de correção adequada. Além disso, marcadores como fosfatase alcalina óssea (indicativo de formação óssea) e telopeptídeos (indicadores de reabsorção) podem fornecer uma visão detalhada do metabolismo ósseo.

Métodos de imagem recomendados

A densitometria óssea (DXA) é o exame considerado padrão para a avaliação da DMO, embora apresente limitações ao subestimar o risco de fraturas em pacientes com diabetes tipo 2. O Trabecular Bone Score (TBS), quando combinado à DXA, oferece informações adicionais sobre a qualidade trabecular, sendo uma ferramenta útil nesse contexto. Para uma avaliação mais precisa da microarquitetura óssea, a tomografia quantitativa de alta resolução (HR-pQCT) é uma alternativa promissora, possibilitando identificar alterações estruturais sutis e porosidade cortical.

Ferramentas de risco

O escore FRAX, amplamente utilizado para estimar o risco de fraturas, deve ser ajustado para refletir melhor as condições específicas de pacientes diabéticos. Alguns ajustes, como adicionar anos à idade cronológica ou modificar o T-score, podem melhorar a precisão na estimativa do risco.

Manejo da saúde óssea em pacientes com diabetes mellitus (tipos 1 ou 2)

O manejo da saúde óssea em pacientes com diabetes deve ir além das intervenções farmacológicas, abrangendo também estratégias não farmacológicas e uma abordagem multidisciplinar. A redução da variabilidade glicêmica é determinante para minimizar a formação de AGEs e proteger a qualidade óssea. 

Episódios frequentes de hipoglicemia, particularmente em pacientes em uso de insulina, devem ser evitados para reduzir o risco de quedas e fraturas. A suplementação de vitamina D e cálcio, ajustada às necessidades individuais, atua de maneira central na manutenção da saúde óssea.

Entre os medicamentos osteoprotetores, os bisfosfonatos são largamente utilizados para prevenir fraturas, enquanto a teriparatida é indicada para casos de fragilidade óssea grave. O denosumabe, uma opção eficaz para pacientes com insuficiência renal, oferece benefícios importantes na prevenção de complicações. 

As intervenções não farmacológicas incluem programas de exercícios físicos focados no fortalecimento muscular e no equilíbrio, imprescindíveis para prevenir quedas. Avaliar e manejar fatores de risco individuais, como neuropatia periférica e baixa acuidade visual, é igualmente relevante para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes. 

Em suma, o diabetes mellitus apresenta desafios únicos para a saúde óssea e exige uma abordagem preventiva e personalizada. A integração de avaliações laboratoriais, métodos de imagem avançados e intervenções farmacológicas e não farmacológicas é fundamental para reduzir o risco de fraturas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O manejo multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, reumatologistas e fisioterapeutas, é indispensável para alcançar esses objetivos.

Quer saber mais sobre como o manejo correto do diabetes pode melhorar a saúde geral e reduzir complicações como a fragilidade óssea? Acesse “Diabetes: avaliação laboratorial diagnóstica e seguimento”.

Referências:

Elamir Y, Gianakos AL, Lane JM, Sharma A, Grist WP, Liporace FA, Yoon RS. The Effects of Diabetes and Diabetic Medications on Bone Health. J Orthop Trauma. 2020 Mar;34(3):e102-e108. doi: 10.1097/BOT.0000000000001635. 

Kasperk C, Georgescu C, Nawroth P. Diabetes Mellitus and Bone Metabolism. Exp Clin Endocrinol Diabetes. 2017 Apr;125(4):213-217. doi: 10.1055/s-0042-123036. 

Sheu, A., White, C.P. & Center, J.R. Bone metabolism in diabetes: a clinician’s guide to understanding the bone–glucose interplay. Diabetologia 67, 1493–1506 (2024). https://doi.org/10.1007/s00125-024-06172-x

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O papel dos exames genéticos no diagnóstico de arritmias hereditárias https://blog.sabin.com.br/medicos/exames-geneticos-no-diagnostico-de-arritmias-hereditarias/ https://blog.sabin.com.br/medicos/exames-geneticos-no-diagnostico-de-arritmias-hereditarias/#respond Fri, 11 Apr 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4355 As arritmias hereditárias são condições genéticas raras, mas de grande impacto clínico, pois afetam diretamente a condução elétrica do coração. Essas alterações aumentam significativamente o risco de eventos graves, como síncope, taquicardia ventricular e, em casos extremos, morte súbita.  Apesar de frequentemente silenciosas nos estágios iniciais, essas condições podem ser identificadas precocemente com o uso […]

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As arritmias hereditárias são condições genéticas raras, mas de grande impacto clínico, pois afetam diretamente a condução elétrica do coração. Essas alterações aumentam significativamente o risco de eventos graves, como síncope, taquicardia ventricular e, em casos extremos, morte súbita. 

Apesar de frequentemente silenciosas nos estágios iniciais, essas condições podem ser identificadas precocemente com o uso de ferramentas diagnósticas avançadas. Entre elas, estão os exames genéticos, que permitem a detecção de mutações específicas associadas a cada tipo de arritmia hereditária — síndromes de Brugada, do QT longo e do QT curto, além da taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica.

A precisão no diagnóstico não apenas confirma suspeitas clínicas, como também possibilita estratégias de prevenção e triagem familiar, essenciais para evitar eventos fatais. Continue lendo este conteúdo e entenda a importância dos exames genéticos no diagnóstico e manejo das arritmias hereditárias.

Quais são os principais tipos de arritmias hereditárias?

As arritmias hereditárias incluem condições genéticas raras e potencialmente fatais, que compartilham características como herança familiar e risco aumentado de morte súbita em corações estruturalmente normais. A seguir, veremos as quatro principais:

Síndrome de Brugada

A síndrome de Brugada (SB) é uma condição rara, com prevalência global estimada entre cinco e 20 casos em cada 10 mil indivíduos, acometendo predominantemente homens jovens. A SB é responsável por 12% a 20% das mortes súbitas em corações normais, sendo comumente desencadeada durante o repouso ou sono.

A condição é causada por mutações autossômicas dominantes, principalmente no gene SCN5A, que codifica os canais de sódio cardíacos. Outras mutações associadas incluem CACNA1C e CACNB2, relacionadas a canais de cálcio. Essas alterações comprometem a condução elétrica ventricular, predispondo a arritmias fatais.

O diagnóstico é baseado no ECG, com o padrão tipo 1 (supradesnivelamento do segmento ST ≥ 2 mm em V1-V3) sendo o mais específico. Testes farmacológicos com bloqueadores de canais de sódio podem induzir o padrão típico em casos duvidosos, e os exames genéticos confirmam a presença de mutações.

Síndrome do QT longo

A síndrome do QT longo (LQTS) é uma das canalopatias mais estudadas, caracterizada pelo prolongamento do intervalo QT no ECG, predispondo a episódios de Torsades de Pointes (TdP) e síncope.

As mutações em KCNQ1, KCNH2 e SCN5A afetam canais iônicos responsáveis pela repolarização ventricular, resultando em instabilidade elétrica. Cerca de 50% dos portadores são assintomáticos, tornando os testes genéticos fundamentais para o diagnóstico.

O escore de Schwartz auxilia na avaliação clínica e no ECG, enquanto os testes genéticos identificam variantes patogênicas que confirmam a condição, sendo indispensáveis para triagem familiar.

Síndrome do QT curto

A síndrome do QT curto (SQTS) é uma canalopatia genética rara, com prevalência estimada de 0,1%. Caracteriza-se pelo encurtamento do intervalo QT (< 340 ms) e risco elevado de fibrilação atrial e ventricular. Mutações em KCNH2, KCNQ1 e KCNJ2 aumentam a função dos canais de potássio, acelerando a repolarização ventricular. A história clínica e o ECG são complementados pelos exames genéticos, que identificam variantes causais e possibilitam um diagnóstico definitivo.

Taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica

A taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica (TVPC) é caracterizada por taquicardia ventricular bidirecional ou polimórfica, desencadeada por estresse ou exercício e afeta especialmente crianças e adolescentes. Mutações em RYR2 (autossômico dominante) e CASQ2 (autossômico recessivo) desregulam o manejo intracelular de cálcio, predispondo a arritmias fatais.

O ECG de esforço é a principal ferramenta para identificar arritmias ventriculares em resposta ao estresse. A genotipagem confirma o diagnóstico e permite a triagem de familiares assintomáticos.

O papel dos exames genéticos no diagnóstico de arritmias hereditárias

Os exames genéticos transformaram o diagnóstico das arritmias hereditárias, proporcionando a detecção de mutações em genes associados a cada uma dessas condições.

Painéis abrangentes, como os oferecidos por laboratórios especializados, incluem genes-chave como SCN5A, KCNQ1, RYR2 e outros, o que oportuniza um diagnóstico rápido e preciso.

As diretrizes da ACMG (American College of Medical Genetics) garantem a padronização na interpretação das variantes genéticas, classificando-as como patogênicas, provavelmente patogênicas ou de significado incerto (VUS).

O cascade testing (ou triagem genética em cascata) identifica familiares em risco, promovendo intervenções precoces e prevenindo eventos fatais.

Integração entre exames genéticos, ECG e anamnese

A combinação de exames genéticos, ECG e histórico clínico é elementar para o diagnóstico preciso das arritmias hereditárias. Por exemplo:

  • pacientes com síncope e padrão ECG de Brugada podem ter o diagnóstico confirmado por testes genéticos que identificam mutações no gene SCN5A;
  • jovens com síncope induzida por exercício podem ser diagnosticados com TVPC ao associar arritmias detectadas no ECG de esforço à presença de variantes em RYR2.

Prevenção de eventos fatais com diagnóstico precoce

Os exames genéticos desempenham um papel central no monitoramento de portadores assintomáticos, uma vez que permitem identificar mutações patogênicas antes do surgimento de eventos graves. Essa abordagem possibilita o acompanhamento especializado e contínuo, crucial para avaliar riscos e implementar estratégias preventivas. 

Monitoramentos regulares, como ECG, testes de esforço e análises genéticas complementares, asseguram a detecção precoce de alterações e a redução do risco de complicações fatais, como síncope e morte súbita.

Intervenções preventivas, como o uso de betabloqueadores, são amplamente recomendadas em condições como a síndrome do QT longo (LQTS) e a taquicardia ventricular polimórfica catecolaminérgica (TVPC), devido à sua eficácia na prevenção de arritmias induzidas por estímulos adrenérgicos. 

Para pacientes em risco elevado, dispositivos como os cardiodesfibriladores implantáveis (ICD) são indicados como proteção adicional contra arritmias fatais. Em casos refratários ao tratamento medicamentoso ou com contraindicações ao uso de betabloqueadores, terapias avançadas, como a desnervação simpática cardíaca esquerda (LCSD), oferecem alternativas eficazes. 

Além disso, modificações no estilo de vida são importantes para reduzir estímulos adrenérgicos. Pacientes com CPVT, por exemplo, devem evitar esportes intensos e situações de estresse emocional, fatores que podem desencadear eventos graves.

O avanço dos exames genéticos transformou o diagnóstico e o manejo de arritmias hereditárias, revolucionando a prática clínica. Esses testes permitem detectar mutações específicas, confirmar diagnósticos e direcionar intervenções precoces e personalizadas, prevenindo complicações fatais e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Você quer entender melhor sobre painéis genéticos e como eles podem transformar o diagnóstico para o manejo de doenças cardíacas? Acesse o conteúdo que selecionamos para você. Boa leitura!

Referências:

Abbas M, Miles C, Behr E. Catecholaminergic Polymorphic Ventricular Tachycardia. Arrhythm Electrophysiol Rev. 2022 Apr;11:e20. doi: 10.15420/aer.2022.09. PMID: 36644199; PMCID: PMC9820193.

Krahn AD, Behr ER, Hamilton R, Probst V, Laksman Z, Han HC. Brugada Syndrome. JACC Clin Electrophysiol. 2022 Mar;8(3):386-405. doi: 10.1016/j.jacep.2021.12.001. PMID: 35331438. 

Louis C, Calamaro E, Vinocur JM. Hereditary arrhythmias and cardiomyopathies: decision-making about genetic testing. Curr Opin Cardiol. 2018 Jan;33(1):78-86. doi: 10.1097/HCO.0000000000000477. PMID: 29059074.

Ramalho D, Freitas J. Drug-induced life-threatening arrhythmias and sudden cardiac death: A clinical perspective of long QT, short QT and Brugada syndromes. Rev Port Cardiol (Engl Ed). 2018 May;37(5):435-446. English, Portuguese. doi: 10.1016/j.repc.2017.07.010. Epub 2018 Apr 7. PMID: 29636202.

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Craniossinostoses: entenda como é feito o diagnóstico https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-de-craniossinostoses/ https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-de-craniossinostoses/#respond Fri, 04 Apr 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4349 As craniossinostoses são condições raras, caracterizadas pelo fechamento prematuro de uma ou mais suturas cranianas, impactando o crescimento normal do crânio. Além disso, são capazes de causar deformidades craniofaciais e, em casos graves, complicações neurológicas, como aumento da pressão intracraniana e atraso no desenvolvimento. Essa condição afeta cerca de um em cada 2.500 nascidos vivos, […]

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As craniossinostoses são condições raras, caracterizadas pelo fechamento prematuro de uma ou mais suturas cranianas, impactando o crescimento normal do crânio. Além disso, são capazes de causar deformidades craniofaciais e, em casos graves, complicações neurológicas, como aumento da pressão intracraniana e atraso no desenvolvimento.

Essa condição afeta cerca de um em cada 2.500 nascidos vivos, tornando-se um grande desafio médico que exige diagnóstico precoce e intervenção multidisciplinar para minimizar complicações e melhorar os resultados clínicos. 

Importante destacar que qualquer sutura craniana (sagital, coronal, lambdoide e metópica) pode sofrer fusão precoce, sendo a sagital a mais acometida. A craniossinostose pode envolver uma ou múltiplas suturas, gerando diferentes padrões cranianos. A fusão da sutura sagital leva à escafocefalia (cabeça alongada), enquanto a fusão unilateral da sutura coronal resulta em plagiocefalia (assimetria craniana). Essas alterações ocorrem tanto em formas sindrômicas quanto não sindrômicas.

Nos últimos anos, avanços em diagnósticos por imagem e testes genéticos têm ampliado a capacidade dos profissionais de saúde para identificar e tratar essa condição. Continue lendo este conteúdo e descubra mais informações acerca do manejo clínico e terapêutico de craniossinostoses.

Craniossinostoses: primária e secundária

A craniossinostose pode ser classificada como primária e secundária: 

  • A craniossinostose primária ocorre devido ao fechamento prematuro das suturas cranianas por um fator intrínseco do osso, geralmente de origem genética, podendo estar presente tanto em formas sindrômicas quanto não sindrômicas; 
  • A craniossinostose secundária resulta de um crescimento cerebral reduzido, o que impede o estímulo necessário para a manutenção das suturas abertas, levando à sua fusão precoce. Nesse caso, a intervenção cirúrgica costuma não ser necessária, pois não há aumento da pressão intracraniana nem assimetria craniana significativa.

Principais diferenças entre craniossinostoses sindrômicas e não sindrômicas

As craniossinostoses também podem ser classificadas em dois grupos principais: não sindrômicas e sindrômicas. A seguir, explicaremos as diferenças entre os dois grupos.

  1. Não sindrômicas: representam cerca de 92% dos casos e ocorrem de forma isolada, sem ligação a outras anomalias ou síndromes genéticas. Embora a maioria dos casos não tenha uma causa genética identificável, algumas formas podem estar relacionadas a mutações em genes específicos, como o TCF12;
  2. Sindrômicas: são mais raras (em torno de 8% dos casos) e associadas a mutações genéticas específicas, como nos genes FGFR2, FGFR3, TWIST1 e EFNB1. Além do fechamento das suturas, podem envolver deformidades faciais, alterações neurológicas e problemas sistêmicos. Exemplos incluem as síndromes de Apert, Crouzon e Pfeiffer. Dada a sua complexidade, essas formas requerem um manejo interdisciplinar, envolvendo exames genéticos e planejamento terapêutico detalhado.

A distinção entre esses tipos é essencial para definir o tratamento mais adequado, variando de cirurgias simples a abordagens mais complexas em casos graves.

O papel dos exames de imagem no diagnóstico das craniossinostoses

Os exames de imagem desempenham um papel fundamental na detecção e caracterização das craniossinostoses. Cada método tem vantagens específicas, sendo frequentemente usado de forma complementar.

Vantagens do ultrassom no diagnóstico inicial

O ultrassom é a ferramenta de triagem inicial para bebês com fontanelas abertas. É um método seguro, não invasivo, livre de radiação e eficaz para:

  • detectar a fusão precoce das suturas cranianas, especialmente nos primeiros seis meses de vida;
  • diferenciar entre craniossinostoses e deformidades posicionais, como a plagiocefalia postural;
  • avaliar a patência das suturas e identificar deformidades associadas.

Apesar disso, apresenta limitações em casos de múltiplas fusões ou suturas de difícil acesso, exigindo complementação com outros métodos.

Tomografia computadorizada 3D

A TC-3D é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico e planejamento cirúrgico, oferecendo:

  • detalhamento anatômico preciso das suturas cranianas;
  • identificação de múltiplas sinostoses e complicações associadas;
  • planejamento cirúrgico, sobretudo em casos sindrômicos;
  • tecnologias avançadas que reduzem a dose de radiação e o tempo de aquisição de imagens, muitas vezes dispensando a necessidade de sedação.

Radiografia e ressonância magnética

Menos utilizadas, a radiografia e a ressonância magnética atuam de maneira complementar em cenários específicos, como na avaliação de complicações associadas ao aumento da pressão intracraniana e no suporte diagnóstico de casos mais complexos nos quais a combinação de diferentes métodos pode ser necessária para uma análise mais abrangente.

Exames genéticos

A importância dos exames genéticos no manejo das craniossinostoses, principalmente das formas sindrômicas, é indiscutível. Mutações genéticas em genes como FGFR2, FGFR3 e TWIST1 estão associadas a diversas síndromes que incluem a craniossinostose como característica marcante. 

Adicionalmente, a avaliação genética contribui para o entendimento da patologia do paciente e auxilia no aconselhamento genético da família, tanto nas formas sindrômicas como não sindrômicas.

Sequenciamento de Nova Geração (NGS)

Os painéis genéticos que utilizam a técnica de NGS permitem a análise simultânea de dezenas de genes relacionados. Veja abaixo tudo o que eles podem oferecer.

  • Diagnóstico diferencial: identificam formas sindrômicas em relação a não sindrômicas;
  • Planejamento terapêutico personalizado: preveem complicações associadas e orientam intervenções;
  • Aconselhamento genético: orientam famílias sobre o risco de recorrência em futuras gestações.

Vale ressaltar que os avanços na genômica têm ampliado nossa compreensão sobre as interações entre fatores genéticos e ambientais, abrindo portas para terapias mais direcionadas.

Manejo clínico das craniossinostoses

O manejo das craniossinostoses vai além de diagnósticos precisos e exige uma abordagem clínica ampla e integrada. A complexidade da condição, com repercussões que abrangem múltiplos sistemas do corpo, reforça a necessidade de um cuidado interdisciplinar coordenado, em que especialistas atuem de forma colaborativa para alcançar os melhores resultados.

A integração de profissionais como cirurgiões craniofaciais, neurocirurgiões, geneticistas, anestesiologistas, fonoaudiólogos e psicólogos é determinante para um acompanhamento amplo e eficaz. Os cirurgiões, por exemplo, são responsáveis por planejar intervenções que aliviam a pressão intracraniana, corrijam deformidades craniofaciais e otimizem o desenvolvimento cerebral. 

Já os geneticistas atuam na identificação de mutações associadas, no diagnóstico diferencial entre formas sindrômicas e não sindrômicas, além de fornecerem aconselhamento genético que orienta as famílias sobre o risco de recorrência e outras implicações.

Outros especialistas, como fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, contribuem para o desenvolvimento funcional das crianças, em particular os casos que envolvem atrasos cognitivos ou motores. Psicólogos e assistentes sociais, por sua vez, garantem suporte emocional e social às famílias, que enfrentam, muitas vezes, o impacto psicológico e financeiro associado ao tratamento prolongado da condição. 

Essa abordagem multidisciplinar é indispensável para promover uma reabilitação integral, na qual não apenas a condição médica é tratada, mas também a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias é priorizada.

Desafios e inovações

Um dos maiores obstáculos é a falta de padronização em protocolos diagnósticos, que pode gerar inconsistências na triagem e no tratamento das craniossinostoses. Além disso, a integração de exames de imagem, testes genéticos e avaliação clínica ainda não é realizada uniformemente em muitos centros de saúde, dificultando uma abordagem holística e direcionada. 

Inovações tecnológicas têm sido cruciais para superar essas barreiras. Algoritmos baseados em inteligência artificial estão fazendo uma verdadeira transformação na análise de imagens, possibilitando a detecção precoce e precisa de fusões suturais. 

Outro ponto que merece destaque são os painéis genéticos mais abrangentes, que oferecem maior cobertura de mutações associadas, ampliando as possibilidades de diagnóstico diferencial e personalização do tratamento. A combinação de ultrassonografia, tomografia computadorizada 3D e testes genéticos continua sendo necessária para garantir diagnósticos precisos e planejamento terapêutico eficaz.

O acompanhamento das craniossinostoses exige não somente uma equipe multidisciplinar, como também uma constante atualização dos profissionais sobre avanços tecnológicos e práticas clínicas. Médicos especializados em pediatria, neurologia, genética e outras áreas têm enorme importância em assegurar que as famílias recebam o melhor cuidado possível. 

Portanto, o manejo clínico dessa condição consiste em um processo dinâmico e integrado, em que cada avanço contribui para melhorar os desfechos clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.

Quer saber como integrar exames genéticos e de imagem para obter diagnóstico e manejo clínico mais resolutivos? Confira este conteúdo exclusivo e amplie seu conhecimento sobre as melhores práticas na abordagem das craniossinostoses.

Referências:

Sawh-Martinez R, Steinbacher DM. Syndromic Craniosynostosis. Clin Plast Surg. 2019 Apr;46(2):141-155. doi: 10.1016/j.cps.2018.11.009. PMID: 30851747.

Stanton E, Urata M, Chen JF, Chai Y. The clinical manifestations, molecular mechanisms and treatment of craniosynostosis. Dis Model Mech. 2022 Apr 1;15(4):dmm049390. doi: 10.1242/dmm.049390. Epub 2022 Apr 22. PMID: 35451466; PMCID: PMC9044212.

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Detecção da nova cepa do mpox vírus: diagnóstico e manejo clínico https://blog.sabin.com.br/medicos/deteccao-nova-cepa-mpox/ https://blog.sabin.com.br/medicos/deteccao-nova-cepa-mpox/#respond Fri, 28 Mar 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4325 A mpox, anteriormente chamada de varíola dos macacos, é uma infecção zoonótica reemergente causada pelo mpox vírus (MPXV), pertencente ao gênero Orthopoxvirus. Desde sua descoberta em 1958, a doença manteve-se endêmica em regiões das Áfricas Ocidental e Central, mas ganhou relevância global com a disseminação em áreas não endêmicas durante o surto de 2022. A […]

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A mpox, anteriormente chamada de varíola dos macacos, é uma infecção zoonótica reemergente causada pelo mpox vírus (MPXV), pertencente ao gênero Orthopoxvirus. Desde sua descoberta em 1958, a doença manteve-se endêmica em regiões das Áfricas Ocidental e Central, mas ganhou relevância global com a disseminação em áreas não endêmicas durante o surto de 2022.

A mudança no nome da doença, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reflete um esforço global para reduzir o estigma associado ao termo “varíola dos macacos”. Para os médicos, essa atualização ressalta a importância de uma abordagem clínica mais abrangente e inclusiva, adaptada às realidades epidemiológicas atuais.

Em busca de ampliar soluções para diagnóstico e manejo eficazes da mpox, o Sabin Diagnóstico e Saúde desenvolveu um exame que combina PCR em tempo real com sequenciamento Sanger. 

Apresentação clínica da mpox e implicações da nova cepa

Em geral, a apresentação clínica da mpox inicia com sintomas prodrômicos, como febre, fadiga e linfadenopatia, seguidos pelo surgimento de erupções cutâneas típicas, que evoluem de máculas para vesículas e pústulas

Entretanto, o surto global de 2022 revelou manifestações atípicas e novas variações clínicas. Entre elas, destacaram-se lesões localizadas predominantemente em áreas anogenitais e mucosas, além de sintomas como dor anorretal, proctite, lesões orofaríngeas, amigdalite e lesões cutâneas em diferentes estágios de evolução. Essas características reforçam a necessidade de uma abordagem diagnóstica cuidadosa para diferenciar a doença de outras condições com apresentações semelhantes.

A nova cepa, classificada como clado IIb, demonstrou uma maior capacidade de transmissão, sendo considerada mais infecciosa em relação às variantes anteriores. Por outro lado, está frequentemente associada a manifestações clínicas mais leves e a uma taxa de mortalidade significativamente reduzida. Tal característica acaba diferenciando a clado llb de cepas previamente conhecidas, como as do clado I, que historicamente apresentaram maior gravidade clínica e letalidade.

Transmissão e patogênese da mpox

O vírus é transmitido pelo contato direto com lesões, comumente durante atividades sexuais, secreções respiratórias, superfícies contaminadas e, possivelmente, por via vertical. 

O período de incubação varia entre oito e 13 dias, a depender da via de transmissão. No organismo, o vírus se replica no citoplasma das células infectadas, gerando duas formas infecciosas: IMV (vírus maduro intracelular) e EEV (vírus envelopado extracelular). Esses mecanismos sustentam sua capacidade de evasão imunológica e disseminação.

Pacientes imunocomprometidos enfrentam um risco maior de evolução para quadros graves, o que exige cuidados especializados.

Diagnóstico da mpox: como e quando solicitar exames

O diagnóstico precoce da mpox é fundamental para interromper a cadeia de transmissão e prevenir complicações. Ele deve ser considerado em pacientes que apresentem lesões cutâneas características, especialmente quando há histórico de exposição ao vírus ou contato próximo com casos confirmados. A confirmação laboratorial é indispensável, sendo o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) amplamente reconhecido como o padrão-ouro para detecção do mpox vírus (MPXV) em amostras de lesões cutâneas.

As amostras provenientes de lesões cutâneas demonstram uma eficácia elevada, com taxas de positividade superiores a 90%. Além disso, a carga viral permanece estável por até 30 dias em swabs coletados dessas lesões, permitindo um diagnóstico confiável mesmo em fases mais avançadas da doença. Por isso, a coleta de material em múltiplos locais de lesões, como áreas cutâneas e mucosas, pode otimizar a sensibilidade diagnóstica.

Importante frisar que as manifestações clínicas da mpox podem sobressair-se a outras condições, como varicela, herpes simples e sífilis. Nesse contexto, a combinação de achados clínicos e testes laboratoriais é essencial para diferenciar a doença de outras infecções com apresentações similares.

O exame molecular oferecido pelo Sabin, que utiliza PCR em tempo real, é uma solução altamente sensível e específica para a detecção do MPXV. Esse método analisa amostras de lesões e fluidos corporais, proporcionando resultados confiáveis e rápidos, atuando como uma ferramenta relevante no manejo clínico e controle epidemiológico da mpox.

Detecção molecular do mpox vírus

A tecnologia do Sabin combina PCR em tempo real com sequenciamento Sanger, o que possibilita maior confiabilidade no diagnóstico. O exame identifica exclusivamente o DNA do MPXV, eliminando a possibilidade de resultados falso-positivos relacionados a outros vírus Orthopoxvirus, como o vírus da varíola humana. 

Adicionalmente, o teste detecta a nova cepa do clado 1b, enfatizando sua importância no atual cenário epidemiológico. A coleta deve ser realizada em lesões ativas ou secas, com o uso de swabs. Preparos simples, como evitar cremes nas 24 horas anteriores, tornam o exame acessível para diferentes perfis de pacientes.

Prevenção e controle de infecção na mpox

A contenção da mpox requer uma combinação de medidas preventivas e educativas. O isolamento de pacientes com suspeita ou confirmação da doença é imprescindível para reduzir o risco de transmissão em ambientes hospitalares e comunitários. Além disso, práticas rigorosas de higiene, como lavagem frequente das mãos e desinfecção de superfícies, devem ser incentivadas.

A conscientização sobre práticas sexuais seguras, incluindo o uso de preservativos, também é uma medida que merece atenção, visto que a transmissão por contato íntimo desempenhou um papel de destaque no surto global de 2022.

Vacinação:

A vacina JYNNEOS/IMVAMUNE® é uma opção segura para indivíduos de alto risco e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Sua administração pode prevenir casos graves e reforçar o controle epidemiológico.

Monitoramento e acompanhamento de casos de mpox

Pacientes diagnosticados com mpox devem ser acompanhados de perto, sobretudo aqueles com sintomas graves ou fatores de risco para complicações. O monitoramento regular, incluindo exames laboratoriais e avaliações clínicas, é crucial para avaliar a resposta ao tratamento e identificar sinais de progressão ou resolução da doença.

Em casos leves, o acompanhamento pode ser menos intensivo, mas ainda necessário para garantir que as lesões cicatrizam adequadamente e que não ocorram complicações. Nos casos mais graves, exames de imagem ou repetição de testes moleculares podem ser indicados para avaliar a evolução.

A constante evolução genética do MPXV demanda vigilância e atualização das estratégias de tratamento. O diagnóstico precoce e o manejo adequado são determinantes para conter surtos e proteger a saúde pública.

Quer descobrir mais informações sobre como a tecnologia molecular está presente no diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis? Leia o nosso artigo “Conheça a utilidade da investigação molecular no diagnóstico de ISTs”.

Referências:

Lim CK, Roberts J, Moso M, Liew KC, Taouk ML, Williams E, Tran T, Steinig E, Caly L, Williamson DA. Mpox diagnostics: Review of current and emerging technologies. J Med Virol. 2023 Jan;95(1):e28429. doi: 10.1002/jmv.28429. Erratum in: J Med Virol. 2023 Feb;95(2):e28581. doi: 10.1002/jmv.28581. PMID: 36571266; PMCID: PMC10108241.

Lu J, Xing H, Wang C, Tang M, Wu C, Ye F, Yin L, Yang Y, Tan W, Shen L. Mpox (formerly monkeypox): pathogenesis, prevention, and treatment. Signal Transduct Target Ther. 2023 Dec 27;8(1):458. doi: 10.1038/s41392-023-01675-2. PMID: 38148355; PMCID: PMC10751291.

Saguil A, Krebs L, Choe U. Mpox: Rapid Evidence Review. Am Fam Physician. 2023 Jul;108(1):78-83. PMID: 37440743.

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Doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica https://blog.sabin.com.br/medicos/doenca-hepatica-esteatotica-associada-a-disfuncao-metabolica/ https://blog.sabin.com.br/medicos/doenca-hepatica-esteatotica-associada-a-disfuncao-metabolica/#respond Fri, 21 Mar 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4319 A doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD) é uma condição que representa a manifestação hepática da síndrome metabólica. Essa nova nomenclatura substitui o termo anteriormente conhecido como doença hepática esteatótica não alcoólica (NAFLD), refletindo a relevância dos fatores metabólicos na fisiopatologia da doença.  Estima-se que cerca de 30% da população mundial apresenta algum […]

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A doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD) é uma condição que representa a manifestação hepática da síndrome metabólica. Essa nova nomenclatura substitui o termo anteriormente conhecido como doença hepática esteatótica não alcoólica (NAFLD), refletindo a relevância dos fatores metabólicos na fisiopatologia da doença. 

Estima-se que cerca de 30% da população mundial apresenta algum grau de MASLD, uma prevalência que cresce com a obesidade e outras condições metabólicas. O aumento da importância clínica da MASLD também está relacionado ao risco de progressão para formas mais graves, como esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH), fibrose avançada, cirrose e carcinoma hepatocelular.

Descubra as melhores estratégias para diagnóstico e manejo da MASLD, garantindo um cuidado mais completo aos seus pacientes. Continue a leitura!

Papel clínico da doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica

A doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD) é caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado acima de 5%, detectado por métodos de imagem ou biópsia, combinado a pelo menos um fator de risco cardiometabólico, como obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia ou hipertensão arterial. A introdução dessa nomenclatura busca não apenas alinhar-se aos avanços científicos, mas também eliminar estigmas associados aos antigos termos “não alcoólica” e “gordurosa”, promovendo uma compreensão mais precisa e respeitosa da condição entre pacientes e profissionais de saúde.

O médico clínico desempenha um papel central na identificação precoce e no manejo dos pacientes com MASLD. O primeiro passo é reconhecer e estratificar aqueles em risco. Indivíduos com obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial ou dislipidemia devem ser avaliados de forma sistemática, uma vez que esses fatores estão intimamente ligados à evolução da doença hepática. A estratificação de risco é importante para prevenir a progressão da condição, permitindo que o clínico direcione intervenções de forma assertiva e personalizada para cada caso.

A utilização de ferramentas diagnósticas não invasivas, como escores de fibrose e exames de imagem, torna o processo de estratificação mais eficiente e acessível. Essas ferramentas possibilitam que médicos de diversas especialidades identifiquem, com mais rapidez, os pacientes com maior risco de complicações, facilitando a tomada de decisão clínica e, quando necessário, o encaminhamento a especialistas para um manejo mais detalhado.

Diagnóstico da doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica

O diagnóstico da MASLD deve começar com uma avaliação clínica detalhada, considerando fatores de risco metabólicos e histórico médico completo. É recomendável excluir outras causas de esteatose hepática, como hepatites virais, doenças autoimunes ou uso de medicamentos hepatotóxicos. Exames laboratoriais, como TGO, TGP e GGT, são indicados para detectar alterações hepáticas iniciais. Complementarmente, a ultrassonografia abdominal é uma ferramenta acessível que pode ser usada para identificar a presença de esteatose.

Em casos mais complexos, a elastografia transitória, conhecida como FibroScan, é um método não invasivo que avalia a rigidez hepática, ajudando a determinar o grau de fibrose. Para uma análise mais exata da gordura hepática, a ressonância magnética pode ser utilizada, embora seja menos acessível. 

Ferramentas de estratificação de risco, como o escore FIB-4, auxiliam na identificação de fibrose avançada. Pacientes com escores baixos podem ser monitorados clinicamente, enquanto aqueles com risco intermediário ou alto devem ser submetidos a exames adicionais e, possivelmente, encaminhados para biópsia hepática em casos de incerteza diagnóstica.

Avaliação da fibrose hepática: estratificação de risco

A avaliação da fibrose hepática é um passo elementar na estratificação de risco da MASLD, uma vez que a fibrose é o principal marcador de progressão da doença. A combinação de escores, como o FIB-4 e o NAFLD Fibrosis Score, com métodos de imagem (a elastografia, por exemplo) fornece uma avaliação mais precisa e segura. Em situações de dúvida diagnóstica, a biópsia hepática pode ser solicitada para confirmar o estágio da fibrose.

Tratamento e manejo clínico da doença hepática esteatótica

O tratamento da MASLD é baseado em intervenções no estilo de vida, que desempenham um papel fundamental na prevenção da progressão da doença. A perda gradativa de peso, entre 7% e 10% do peso corporal, exerce impacto significativo na reversão da esteatose e melhora da fibrose. Uma dieta rica em vegetais, frutas, peixes e oleaginosas, aliada à prática de exercícios físicos regulares tem mostrado benefícios consistentes para a saúde hepática. Em alguns casos, as intervenções no estilo de vida podem ser complementadas com terapias farmacológicas. 

Exemplificando, a pioglitazona é indicada para pacientes com resistência à insulina, sendo eficaz na redução da esteatose e inflamação hepática, embora possa causar ganho de peso. Já a vitamina E também pode ser utilizada em pacientes sem diabetes, apresentando benefícios na inflamação hepática, mas com potencial para efeitos adversos que devem ser monitorados. Novos tratamentos, como agonistas de GLP-1 e inibidores de SGLT2, têm demonstrado resultados promissores, tanto no controle metabólico quanto na redução da gordura hepática.

As estatinas, amplamente utilizadas no manejo da dislipidemia, são seguras em pacientes com MASLD, mesmo na presença de cirrose compensada. O manejo eficaz das comorbidades metabólicas é essencial para reduzir o risco cardiovascular e melhorar os desfechos hepáticos.

Monitoramento e acompanhamento de pacientes

O acompanhamento contínuo dos pacientes com MASLD é necessário para monitorar a progressão da doença e ajustar as intervenções terapêuticas. Casos mais graves frequentemente exigem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo hepatologistas, endocrinologistas e nutricionistas, para garantir um manejo integrado e resolutivo. A colaboração entre diferentes especialidades é crucial para abordar as comorbidades metabólicas e otimizar os cuidados com os pacientes.

O papel do clínico na identificação precoce, estratificação de risco e implementação de intervenções baseadas em evidências é determinante para prevenir a progressão da MASLD e melhorar os desfechos dos pacientes. Além disso, o foco em mudanças no estilo de vida e no manejo adequado das comorbidades metabólicas permanece como a base do tratamento dessa condição de alta prevalência.

Amplie sua abordagem diagnóstica em doenças metabólicas, explorando o conteúdo sobre como diagnosticar o diabetes.

Referências:

Kanwal F, Shubrook JH, Adams LA, Pfotenhauer K, Wai-Sun Wong V, Wright E, Abdelmalek MF, Harrison SA, Loomba R, Mantzoros CS, Bugianesi E, Eckel RH, Kaplan LM, El-Serag HB, Cusi K. Clinical Care Pathway for the Risk Stratification and Management of Patients With Nonalcoholic Fatty Liver Disease. Gastroenterology. 2021 Nov;161(5):1657-1669. doi: 10.1053/j.gastro.2021.07.049

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Sanyal AJ, Chalasani N, Kowdley KV, McCullough A, Diehl AM, Bass NM, Neuschwander-Tetri BA, Lavine JE, Tonascia J, Unalp A, Van Natta M, Clark J, Brunt EM, Kleiner DE, Hoofnagle JH, Robuck PR; NASH CRN. Pioglitazone, vitamin E, or placebo for nonalcoholic steatohepatitis. N Engl J Med. 2010 May 6;362(18):1675-85. doi: 10.1056/NEJMoa0907929

Rinella, Maria E. 1 ; Lázaro, Jeffrey V. 2,3 ; Ratziu, Vlad 4 ; Francque, Sven M. 5,6 ; Sanyal, Arun J. 7 ; Kanwal, Fasiha 8,9 ; Romero, Diana 2 ; Abdelmalek, Manal F. 10 ; Anstee, Quentin M. 11,12 ; Árabe, Juan Pablo 13,14,15 ; Arrese, Marco 15,16 ; Bataller, Ramón 17 ; Beuers, Ulrich 18 ; Boursier, Jerônimo 19 ; Bugianesi, Elisabetta 20 ; Byrne, Christopher D. 21,22 ; Castro Narro, Graciela E. 16,23,24 ; Chowdhury, Abhijit 25,26 ; Cortez-Pinto, Helena 27 ; Cryer, Donna R. 28 ; Cusi, Kenneth 29 ; El-Kassas, Mohamed 30 ; Klein, Samuel 31 ; Eskridge, Wayne 32 ; Ventilador, Jiangao 33 ; Gawrieh, Samer 34 ; Cara, Cynthia D. 35 ; Harrison, Stephen A. 36 ; Kim, Seung Up 37 ; Koot, Bart G. 38 ; Korenjak, Marko 39 ; Kowdley, Kris V. 40 ; Lacaille, Florença 41 ; Loomba, Rohit 42 ; Mitchell-Thain, Robert 43 ; Morgan, Timothy R. 44,45 ; Powell, Elisabeth E. 46,47,48 ; Roden, Michael 49,50,51 ; Romero-Gómez, Manuel 52 ; Silva, Marcelo53 ; Singh, Shivaram Prasad 54 ; Sookoian, Silvia C. 15,55,56 ; Spearman, C. Wendy 57 ; Tiniakos, Dina 11,58 ; Valenti, Lucas 59,60 ; Vos, Miriam B. 61 ; Wong, Vincent Wai-Sun 62 ; Xanthakos, Stavra 63 ; Yilmaz, Yusuf 64 ; Younossi, Zobair 65,66,67 ; Hobbs, Ansley2 ; Villota-Rivas, Marcela 68 ; Newsome, Philip N. 69,70 ;  On behalf of the NAFLD Nomenclature Consensus Group. A multisociety Delphi consensus statement on new fatty liver disease nomenclature. Hepatology 78(6):p 1966-1986, 2023 Dec. | DOI: 10.1097/HEP.0000000000000520

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