Em 2024, presenciamos os estragos causados pelas fortes enchentes que assolaram a região sul do país. Milhares de pessoas foram forçadas a deixar suas casas, buscando auxílio em abrigos improvisados. Apesar dos fatos recentes, é importante salientar que tais catástrofes infelizmente não são novidade em nosso país.
Entre os anos de 2013 e 2022, desastres naturais, como tempestades, enchentes e alagamentos, atingiram mais de dois mil municípios brasileiros. Conforme estudo realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), esses desastres afetaram a vida de mais de quatro milhões de pessoas, danificando mais de dois milhões de residências.
Além das destruições causadas, durante e após uma enchente, é importante destacar que a população também fica exposta a várias doenças infectocontagiosas que podem ter graves consequências para a saúde. Conhecer essas doenças e suas formas de transmissão torna-se fundamental para adotar medidas preventivas eficazes.
Pensando nisso, elaboramos este conteúdo sobre as principais doenças causadas por enchentes, quais os riscos envolvidos e como elaborar estratégias para preveni-las. Acompanhe!
Quais as principais doenças causadas por enchentes?
A água contaminada, a falta de saneamento e o acúmulo de resíduos criam um ambiente propício para a disseminação de diversas doenças. Confira, a seguir, mais informações sobre algumas das principais doenças causadas por enchentes e seus impactos na saúde.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença bacteriana causada pela bactéria Leptospira, encontrada na urina de animais infectados, principalmente roedores. A infecção ocorre quando a pele, sobretudo se houver feridas ou cortes, entra em contato com água ou lama contaminada.
Os sintomas podem incluir:
- febre alta;
- dor de cabeça;
- dores musculares;
- vômitos;
- icterícia
- insuficiência renal e hemorragias, em casos severos.
O diagnóstico é feito mediante avaliação clínica e exames laboratoriais, como sorologia e PCR. Para prevenir a leptospirose, deve-se evitar contato com águas de enchente e utilizar equipamentos de proteção, como botas e luvas.
Hepatite A
A hepatite A é uma infecção viral que afeta o fígado, causada pelo vírus da hepatite A. A principal via de transmissão é o consumo de água ou alimentos contaminados, comum em áreas sem saneamento básico adequado.
Os sintomas podem incluir:
- febre;
- mal-estar;
- fadiga;
- náusea;
- dor abdominal;
- icterícia (pele e olhos amarelados).
O diagnóstico é feito por meio de testes sorológicos que identificam anticorpos específicos contra o vírus no sangue. A prevenção da hepatite A envolve práticas de higiene alimentar, saneamento básico e vacinação.
Doenças diarreicas agudas
Essas doenças podem ser causadas por uma variedade de patógenos, como bactérias, vírus e parasitas — entre eles, Escherichia coli, rotavírus e Giardia lamblia. A transmissão ocorre pela ingestão de água ou alimentos contaminados, situação comum após enchentes devido à contaminação generalizada.
Os sintomas podem incluir:
- diarreias;
- vômitos;
- dores abdominais;
- desidratação, que pode ser grave, especialmente em crianças e idosos.
O diagnóstico é feito através da análise das fezes, que identifica o patógeno causador da infecção. A prevenção consiste em consumir água potável, manter a higiene das mãos e dos alimentos.
Dengue
A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se prolifera em áreas com água parada. A transmissão ocorre através da picada do mosquito infectado pelo vírus da dengue.
Os sintomas podem incluir:
- febre alta;
- dores articulares e musculares intensas;
- dor atrás dos olhos;
- erupções cutâneas;
- em casos de dengue grave, pode evoluir para quadros hemorrágicos, causando sangramentos e choque.
O diagnóstico é realizado por meio de exames de sangue, como a pesquisa do antígeno NS1, que detecta a presença do vírus. A prevenção envolve o controle dos focos do mosquito e o uso de repelentes.
Tétano
O tétano é causado pela bactéria Clostridium tetani, presente no solo, que pode penetrar no corpo por meio de ferimentos profundos contaminados, como cortes e perfurações.
Os sintomas podem incluir:
- espasmos musculares dolorosos;
- rigidez muscular, especialmente no maxilar;
- dificuldade para engolir.
O diagnóstico é baseado na avaliação clínica dos sintomas e no histórico de ferimentos recentes. Para prevenir o tétano, são medidas importantes a vacinação e a limpeza adequada de feridas.
Outras doenças respiratórias e infecciosas
As enchentes também podem aumentar o risco de infecções respiratórias, como meningite, gripe e tuberculose, particularmente em locais de aglomeração. Para a prevenção dessas doenças, são eficazes as seguintes medidas: vacinação, práticas de higiene e evitar aglomerações sempre que possível.
Qual a prevenção e os cuidados para evitar doenças em enchentes?
Para prevenir doenças durante enchentes, é necessário evitar o contato direto com a água contaminada. Ao lidar com áreas alagadas, utilize equipamentos de proteção, como botas e luvas. Manter a higiene pessoal é crucial, lavando bem as mãos e desinfetando objetos que tiveram contato com a água da enchente.
Após o recuo das águas, recomenda-se realizar a limpeza e a desinfecção de áreas afetadas. Descarte adequadamente alimentos que tiveram contato com a enchente e trate a água para consumo, com cloro ou fervura. Monitorar e eliminar possíveis focos de mosquitos também é imprescindível para combater doenças como a dengue.
Seguir as orientações das autoridades de saúde pode prevenir muitas dessas doenças. Mantenha-se informado e preparado para agir durante e após enchentes, protegendo, assim, a sua saúde e a de outras pessoas. A conscientização e a adoção de medidas preventivas são as melhores formas de minimizar os impactos dessas catástrofes naturais na saúde pública.
Outro problema de saúde bastante presente no Brasil são as zoonoses, doenças transmitidas de animais para humanos. Para saber mais informações sobre as zoonoses, convidamos você para ler o conteúdo: Principais zoonoses que podem afetar a saúde humana. Boa leitura!
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
Ministério da Saúde. Enchentes. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/e/enchentes. Acesso em: 17/07/2024.
Portal Drauzio Varella. Doenças mais frequentes após o contato com a água de enchente. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/infectologia/doencas-mais-frequentes-apos-o-contato-com-a-agua-de-enchente/. Acesso em: 17/07/2024.
Secretaria do Estado de São Paulo. Enchentes aumentam risco de doenças infecto-contagiosas. Disponível em: https://www.saude.sp.gov.br/ses/noticias/2011/janeiro/enchentes-aumentam-risco-de-doencas-infecto-contagiosas. Acesso em: 17/07/2024.
Jornal da USP. Enchentes no RS trazem preocupação com o surgimento de doenças. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/enchentes-no-rs-trazem-preocupacao-com-o-surgimento-de-doencas/. Acesso em: 17/07/2024.