Sabin Por: Sabin
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Cuidados com a saúde envolvem hábitos e comportamentos cotidianos que podem impactar a longevidade e a manutenção da saúde. Ter uma alimentação saudável, praticar exercícios com regularidade, manter um sono adequado e controlar o estresse são ações importantes para alcançar uma boa qualidade de vida. 

Entretanto, outros parâmetros também devem ser considerados quando o assunto é a saúde íntima feminina. As mulheres possuem diferentes características biológicas e hormonais, fato que exige cuidados específicos e que pode torná-las mais suscetíveis a alguns tipos de doenças, como a candidíase

Estima-se que 75% das mulheres terão, ao menos uma vez na vida, um episódio de candidíase. Assim, compreender a doença e adotar medidas preventivas é essencial para a manutenção da saúde feminina

Neste conteúdo, você encontrará informações muito importantes sobre as principais causas da candidíase, quais os tipos da doença e como realizar o tratamento e a prevenção. Acompanhe!

O que é a candidíase?

A candidíase é uma infecção fúngica que pode ocorrer devido a diferentes espécies da levedura Candida, principalmente a C. albicans. O gênero Candida engloba aproximadamente 150 espécies, sendo que muitas delas estão presentes no microbioma humano. Muitos desses microrganismos são considerados microrganismos comensais, ou seja, que habitam normalmente determinadas regiões do corpo, como a boca, a garganta, o intestino, a vagina e a pele, sem causar doenças.

A candidíase torna-se um problema caso as condições dentro da vagina sofram alterações que estimulem o crescimento desses microrganismos, ou devido a problemas no sistema imunológico, por exemplo, causando diversos sintomas, a depender da região afetada.

Quais os principais sintomas da candidíase?

Como mencionado, a sintomatologia pode variar de acordo com a região em que a doença está se manifestando. Pode ser divida em candidíase vaginal, oral, cutânea, sistêmica e peniana, conforme veremos a seguir.

Candidíase vaginal

Possui ocorrência frequente em mulheres em idade reprodutiva, mas também possui incidência após a menopausa, embora seja menos comum. Os sintomas mais característicos da candidíase vaginal são a coceira na região genital e ardência ou sensação de queimação na área ao redor da vulva, especialmente durante o período pré-menstrual ou durante a relação sexual.

Outro indicativo frequente é a presença de corrimento vaginal, embora sua ausência não exclua a possibilidade de candidíase. Quando presente, o corrimento costuma ser branco, inodoro e em pequena quantidade.

Os sintomas da candidíase assemelham-se bastante aos de outras formas de vaginite, como a vaginose bacteriana, porém as duas condições apresentam causas diferentes. Enquanto a candidíase é uma doença causada por fungos do tipo Candida, a vaginose é uma inflamação por bactérias, principalmente pela Gardnerella vaginalis. Uma das principais diferenças quanto aos sintomas é o mau odor, algo característico apenas na vaginose bacteriana.

Candidíase oral

Popularmente conhecida como “sapinho”, a candidíase oral está geralmente associada a algum comprometimento do sistema imunológico ou desequilíbrio na flora normal da boca. Essa condição se manifesta por meio de lesões brancas de aparência cremosa que podem aparecer na língua, parte interna das bochechas e no céu da boca (palato). 

Os pacientes podem relatar desconforto, perda de paladar e uma sensação de boca seca. Quando o esôfago é afetado, pode haver dificuldade e dor para engolir. É uma condição que pode ser bastante comum em crianças com menos de um ano, devido à imaturidade do sistema imunológico.

Candidíase cutânea

A candidíase cutânea é uma infecção fúngica que pode ocorrer em diversas partes da pele, incluindo dobras de pele, como axilas, virilhas e debaixo dos seios, bem como nas mãos, pés e unhas.

Os sintomas da candidíase cutânea englobam coceira intensa, vermelhidão, descamação da pele, pequenas lesões ou manchas brancas e sensação de queimação. Em casos mais graves, as lesões podem se tornar feridas abertas, e a infecção pode se espalhar para áreas adjacentes.

Candidíase sistêmica

A candidíase sistêmica refere-se a uma infecção invasiva que afeta a corrente sanguínea ou áreas do corpo normalmente estéreis, como os líquidos pleural (nos pulmões) e peritoneal (presente na região abdominal).

Essa condição é bastante séria e tem sido, cada vez mais, diagnosticada em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), em razão do aumento de pacientes com sistemas imunológicos enfraquecidos, como transplantados, diabéticos, pessoas que vivem com o vírus HIV e pacientes com doenças crônicas.

Candidíase peniana

Embora não seja tão comum quanto em mulheres, a candidíase também pode afetar a população masculina. Os sintomas típicos da candidíase no pênis incluem vermelhidão, inchaço e desconforto na glande. Também é comum a presença de placas brancas, semelhantes às que aparecem na língua durante episódios de “sapinho”. Essas lesões podem causar coceira intensa e, frequentemente, provocam ardência durante ou após a atividade sexual.

Quais as causas da candidíase?

Fatores como alterações hormonais, o uso de medicamentos ou modificações no sistema imunológico podem aumentar a probabilidade de desenvolver candidíase. 

Mais prevalente, a C. albicans representa cerca de 80% das infecções, embora as infecções causadas por outras espécies, como Candida glabrata, Candida tropicalis, Candida krusei e Candida dubliniensis, estejam se tornando mais frequentes.

A C. albicans é um microrganismo que normalmente coexiste em nosso corpo, mas pode causar infecções tanto em indivíduos saudáveis quanto em imunocomprometidos. Apesar de as infecções comuns serem facilmente tratadas, as infecções sistêmicas adquiridas em ambiente hospitalar podem ser bastante graves.

Entre as principais causas da candidíase por C. albicans, destacam-se os desequilíbrios no sistema imunológico ou na flora local, que permitem que o fungo se multiplique e desenvolva a doença, geralmente em regiões quentes e úmidas do corpo.

A transmissão da candidíase é rara, contudo, pode ocorrer em situações específicas, como durante o parto normal ou ocasionalmente durante relações sexuais. Ainda assim, a candidíase genital não é considerada uma infecção sexualmente transmissível e pessoas que não são sexualmente ativas também podem desenvolvê-la. A candidíase vaginal pode incluir causas como má higiene, além do uso de fraldas geriátricas e infantis por tempo prolongado.

Outros fatores de risco incluem o uso prolongado de antibióticos, que podem desequilibrar a flora intestinal e/ou vaginal, tornando o ambiente propício para o crescimento de microrganismos. Em casos mais graves, especialmente em pacientes imunossuprimidos, a Candida pode causar infecções generalizadas em várias partes do corpo.

Como é feito o diagnóstico da candidíase?

O diagnóstico da candidíase é feito por meio de avaliação clínica, dos sintomas e do histórico do paciente. Para confirmação, o médico poderá solicitar coleta de uma pequena amostra de secreções corporais, a ser examinada em microscópio, ou através da realização de uma cultura de fungos para identificar o agente causador.

No caso da candidíase sistêmica, o diagnóstico envolve o exame direto de amostras biológicas estéreis, como sangue, urina, líquor, líquido articular, líquido peritoneal e tecidos, com isolamento e identificação do fungo por cultura.

No entanto, a sensibilidade das hemoculturas é baixa, tornando o diagnóstico complexo, especialmente para determinar o momento de iniciar o tratamento. A presença de infecções bacterianas concomitantes também pode dificultar o isolamento da levedura nesses casos.

Candidíase recorrente

A candidíase recorrente é uma condição em que uma pessoa experimenta quatro ou mais episódios de candidíase vaginal por ano. Existem várias razões pelas quais alguém pode desenvolver candidíase recorrente, e muitas delas estão relacionadas a fatores que afetam o equilíbrio do ambiente vaginal.

  • Problemas de higiene genital: a higiene inadequada da área genital pode predispor uma pessoa a infecções fúngicas. O uso excessivo de sabonetes agressivos ou produtos perfumados na área genital pode perturbar o equilíbrio natural da flora vaginal, tornando-a mais suscetível a infecções por Candida.
  • Imunidade enfraquecida: um sistema imunológico enfraquecido pode permitir que o fungo se multiplique excessivamente. Isso pode ocorrer em virtude de condições médicas subjacentes, como HIV/aids ou diabetes descontrolado, além do uso de medicamentos que suprimem o sistema imunológico.
  • Uso frequente de antibióticos: os antibióticos são conhecidos por eliminar bactérias, inclusive as bactérias benéficas da vagina, que ajudam a manter sob controle o crescimento do fungo Candida. Dessa forma, o uso excessivo ou inadequado de antibióticos pode desequilibrar a flora vaginal e favorecer o crescimento da Candida.
  • Alterações hormonais: as mudanças hormonais, como aquelas que ocorrem durante a gravidez, podem aumentar a suscetibilidade à candidíase. A elevação dos níveis de estrogênio durante a gravidez pode favorecer o crescimento do fungo Candida. Além disso, o sistema imunológico da mulher pode estar um pouco enfraquecido durante a gravidez, o que também contribui para a candidíase.

A candidíase na gravidez pode ser desconfortável e, em alguns casos, ser um problema recorrente. Diante disso, é essencial que as mulheres grávidas recebam aconselhamento médico adequado e sigam as orientações de higiene e tratamento para gerenciar a candidíase durante a gestação.

Qual o tratamento para a candidíase?

O tratamento da candidíase varia conforme a gravidade. Para casos leves, médicos podem indicar a utilização de pomadas antifúngicas locais. Em infecções persistentes ou graves, medicamentos antifúngicos por via oral podem ser necessários. Vale destacar que somente um médico especialista saberá diagnosticar e indicar o tratamento correto para a candidíase.

Para prevenção, é essencial manter a higiene genital, bem como escolher roupas íntimas de algodão e evitar utilizar roupas molhadas ou apertadas. Deve ser evitado, ainda, o uso excessivo de antibióticos, uma vez que podem prejudicar as floras vaginal e intestinal, propiciando a multiplicação da Candida.

Adicionalmente, adotar um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, boas noites de sono e prática de exercícios físicos, pode contribuir para manter o sistema imune funcionando adequadamente, o que reflete na saúde e no bem-estar geral da pessoa.

Mantenha sempre suas consultas médicas e exames de rotina em dia e, caso note sinais e sintomas da candidíase, procure auxílio médico. Para continuar cuidando da sua saúde, sugerimos a leitura do conteúdo sobre quais os principais sintomas da vaginose bacteriana e entenda as principais diferenças entre as duas doenças.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Ciurea, CN; Kosovski, I.-B.; Égua, AD; Tomás, F.; Pintea-Simon, IA; Man, A. Candida e Candidíase – Oportunismo Versus Patogenicidade: Uma Revisão das Características de Virulência. Microrganismos 2020 , 8 , 857. https://doi.org/10.3390/microorganisms8060857.

Mayo Clinic. Yeast infection (vaginal). Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/yeast-infection/diagnosis-treatment/drc-20379004. Acesso em: 09/10/2023.

Ministério da Saúde. Candidíase Sistêmica. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/candidiase-sistemica. Acesso em: 09/10/2023.

R AN, Rafiq NB. Candidiasis. [Updated 2023 May 29]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK560624/.Spampinato C, Leonardi D. Candida infections, causes, targets, and resistance mechanisms: traditional and alternative antifungal agents. Biomed Res Int. 2013;2013:204237. doi: 10.1155/2013/204237. Epub 2013 Jun 26. PMID: 23878798; PMCID: PMC3708393.

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Candidíase: cuidados com a saúde íntima feminina; Cuidados com a saúde envolvem hábitos e comportamentos cotidianos que podem impactar a longevidade e a manutenção da saúde. Ter uma alimentação saudável, praticar exercícios com regularidade, manter um sono adequado e controlar o estresse são ações importantes para alcançar uma boa qualidade de vida.  Entretanto, outros parâmetros também devem ser considerados quando o assunto é a saúde íntima feminina. As mulheres possuem diferentes características biológicas e hormonais, fato que exige cuidados específicos e que pode torná-las mais suscetíveis a alguns tipos de doenças, como a candidíase.  Estima-se que 75% das mulheres terão, ao menos uma vez na vida, um episódio de candidíase. Assim, compreender a doença e adotar medidas preventivas é essencial para a manutenção da saúde feminina.  Neste conteúdo, você encontrará informações muito importantes sobre as principais causas da candidíase, quais os tipos da doença e como realizar o tratamento e a prevenção. Acompanhe! O que é a candidíase? A candidíase é uma infecção fúngica que pode ocorrer devido a diferentes espécies da levedura Candida, principalmente a C. albicans. O gênero Candida engloba aproximadamente 150 espécies, sendo que muitas delas estão presentes no microbioma humano. Muitos desses microrganismos são considerados microrganismos comensais, ou seja, que habitam normalmente determinadas regiões do corpo, como a boca, a garganta, o intestino, a vagina e a pele, sem causar doenças. A candidíase torna-se um problema caso as condições dentro da vagina sofram alterações que estimulem o crescimento desses microrganismos, ou devido a problemas no sistema imunológico, por exemplo, causando diversos sintomas, a depender da região afetada. Quais os principais sintomas da candidíase? Como mencionado, a sintomatologia pode variar de acordo com a região em que a doença está se manifestando. Pode ser divida em candidíase vaginal, oral, cutânea, sistêmica e peniana, conforme veremos a seguir. Candidíase vaginal Possui ocorrência frequente em mulheres em idade reprodutiva, mas também possui incidência após a menopausa, embora seja menos comum. Os sintomas mais característicos da candidíase vaginal são a coceira na região genital e ardência ou sensação de queimação na área ao redor da vulva, especialmente durante o período pré-menstrual ou durante a relação sexual. Outro indicativo frequente é a presença de corrimento vaginal, embora sua ausência não exclua a possibilidade de candidíase. Quando presente, o corrimento costuma ser branco, inodoro e em pequena quantidade. Os sintomas da candidíase assemelham-se bastante aos de outras formas de vaginite, como a vaginose bacteriana, porém as duas condições apresentam causas diferentes. Enquanto a candidíase é uma doença causada por fungos do tipo Candida, a vaginose é uma inflamação por bactérias, principalmente pela Gardnerella vaginalis. Uma das principais diferenças quanto aos sintomas é o mau odor, algo característico apenas na vaginose bacteriana. Candidíase oral Popularmente conhecida como “sapinho”, a candidíase oral está geralmente associada a algum comprometimento do sistema imunológico ou desequilíbrio na flora normal da boca. Essa condição se manifesta por meio de lesões brancas de aparência cremosa que podem aparecer na língua, parte interna das bochechas e no céu da boca (palato).  Os pacientes podem relatar desconforto, perda de paladar e uma sensação de boca seca. Quando o esôfago é afetado, pode haver dificuldade e dor para engolir. É uma condição que pode ser bastante comum em crianças com menos de um ano, devido à imaturidade do sistema imunológico. Candidíase cutânea A candidíase cutânea é uma infecção fúngica que pode ocorrer em diversas partes da pele, incluindo dobras de pele, como axilas, virilhas e debaixo dos seios, bem como nas mãos, pés e unhas. Os sintomas da candidíase cutânea englobam coceira intensa, vermelhidão, descamação da pele, pequenas lesões ou manchas brancas e sensação de queimação. Em casos mais graves, as lesões podem se tornar feridas abertas, e a infecção pode se espalhar para áreas adjacentes. Candidíase sistêmica A candidíase sistêmica refere-se a uma infecção invasiva que afeta a corrente sanguínea ou áreas do corpo normalmente estéreis, como os líquidos pleural (nos pulmões) e peritoneal (presente na região abdominal). Essa condição é bastante séria e tem sido, cada vez mais, diagnosticada em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), em razão do aumento de pacientes com sistemas imunológicos enfraquecidos, como transplantados, diabéticos, pessoas que vivem com o vírus HIV e pacientes com doenças crônicas. Candidíase peniana Embora não seja tão comum quanto em mulheres, a candidíase também pode afetar a população masculina. Os sintomas típicos da candidíase no pênis incluem vermelhidão, inchaço e desconforto na glande. Também é comum a presença de placas brancas, semelhantes às que aparecem na língua durante episódios de “sapinho". Essas lesões podem causar coceira intensa e, frequentemente, provocam ardência durante ou após a atividade sexual. Quais as causas da candidíase? Fatores como alterações hormonais, o uso de medicamentos ou modificações no sistema imunológico podem aumentar a probabilidade de desenvolver candidíase.  Mais prevalente, a C. albicans representa cerca de 80% das infecções, embora as infecções causadas por outras espécies, como Candida glabrata, Candida tropicalis, Candida krusei e Candida dubliniensis, estejam se tornando mais frequentes. A C. albicans é um microrganismo que normalmente coexiste em nosso corpo, mas pode causar infecções tanto em indivíduos saudáveis quanto em imunocomprometidos. Apesar de as infecções comuns serem facilmente tratadas, as infecções sistêmicas adquiridas em ambiente hospitalar podem ser bastante graves. Entre as principais causas da candidíase por C. albicans, destacam-se os desequilíbrios no sistema imunológico ou na flora local, que permitem que o fungo se multiplique e desenvolva a doença, geralmente em regiões quentes e úmidas do corpo. A transmissão da candidíase é rara, contudo, pode ocorrer em situações específicas, como durante o parto normal ou ocasionalmente durante relações sexuais. Ainda assim, a candidíase genital não é considerada uma infecção sexualmente transmissível e pessoas que não são sexualmente ativas também podem desenvolvê-la. A candidíase vaginal pode incluir causas como má higiene, além do uso de fraldas geriátricas e infantis por tempo prolongado. Outros fatores de risco incluem o uso prolongado de antibióticos, que podem desequilibrar a flora intestinal e/ou vaginal, tornando o ambiente propício para o crescimento de microrganismos. Em casos mais graves, especialmente em pacientes imunossuprimidos, a Candida pode causar infecções generalizadas em várias partes do corpo. Como é feito o diagnóstico da candidíase? O diagnóstico da candidíase é feito por meio de avaliação clínica, dos sintomas e do histórico do paciente. Para confirmação, o médico poderá solicitar coleta de uma pequena amostra de secreções corporais, a ser examinada em microscópio, ou através da realização de uma cultura de fungos para identificar o agente causador. No caso da candidíase sistêmica, o diagnóstico envolve o exame direto de amostras biológicas estéreis, como sangue, urina, líquor, líquido articular, líquido peritoneal e tecidos, com isolamento e identificação do fungo por cultura. No entanto, a sensibilidade das hemoculturas é baixa, tornando o diagnóstico complexo, especialmente para determinar o momento de iniciar o tratamento. A presença de infecções bacterianas concomitantes também pode dificultar o isolamento da levedura nesses casos. Candidíase recorrente A candidíase recorrente é uma condição em que uma pessoa experimenta quatro ou mais episódios de candidíase vaginal por ano. Existem várias razões pelas quais alguém pode desenvolver candidíase recorrente, e muitas delas estão relacionadas a fatores que afetam o equilíbrio do ambiente vaginal. Problemas de higiene genital: a higiene inadequada da área genital pode predispor uma pessoa a infecções fúngicas. O uso excessivo de sabonetes agressivos ou produtos perfumados na área genital pode perturbar o equilíbrio natural da flora vaginal, tornando-a mais suscetível a infecções por Candida. Imunidade enfraquecida: um sistema imunológico enfraquecido pode permitir que o fungo se multiplique excessivamente. Isso pode ocorrer em virtude de condições médicas subjacentes, como HIV/aids ou diabetes descontrolado, além do uso de medicamentos que suprimem o sistema imunológico. Uso frequente de antibióticos: os antibióticos são conhecidos por eliminar bactérias, inclusive as bactérias benéficas da vagina, que ajudam a manter sob controle o crescimento do fungo Candida. Dessa forma, o uso excessivo ou inadequado de antibióticos pode desequilibrar a flora vaginal e favorecer o crescimento da Candida. Alterações hormonais: as mudanças hormonais, como aquelas que ocorrem durante a gravidez, podem aumentar a suscetibilidade à candidíase. A elevação dos níveis de estrogênio durante a gravidez pode favorecer o crescimento do fungo Candida. Além disso, o sistema imunológico da mulher pode estar um pouco enfraquecido durante a gravidez, o que também contribui para a candidíase. A candidíase na gravidez pode ser desconfortável e, em alguns casos, ser um problema recorrente. Diante disso, é essencial que as mulheres grávidas recebam aconselhamento médico adequado e sigam as orientações de higiene e tratamento para gerenciar a candidíase durante a gestação. Qual o tratamento para a candidíase? O tratamento da candidíase varia conforme a gravidade. Para casos leves, médicos podem indicar a utilização de pomadas antifúngicas locais. Em infecções persistentes ou graves, medicamentos antifúngicos por via oral podem ser necessários. Vale destacar que somente um médico especialista saberá diagnosticar e indicar o tratamento correto para a candidíase. Para prevenção, é essencial manter a higiene genital, bem como escolher roupas íntimas de algodão e evitar utilizar roupas molhadas ou apertadas. Deve ser evitado, ainda, o uso excessivo de antibióticos, uma vez que podem prejudicar as floras vaginal e intestinal, propiciando a multiplicação da Candida. Adicionalmente, adotar um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, boas noites de sono e prática de exercícios físicos, pode contribuir para manter o sistema imune funcionando adequadamente, o que reflete na saúde e no bem-estar geral da pessoa. Mantenha sempre suas consultas médicas e exames de rotina em dia e, caso note sinais e sintomas da candidíase, procure auxílio médico. Para continuar cuidando da sua saúde, sugerimos a leitura do conteúdo sobre quais os principais sintomas da vaginose bacteriana e entenda as principais diferenças entre as duas doenças. Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: Ciurea, CN; Kosovski, I.-B.; Égua, AD; Tomás, F.; Pintea-Simon, IA; Man, A. Candida e Candidíase – Oportunismo Versus Patogenicidade: Uma Revisão das Características de Virulência. Microrganismos 2020 , 8 , 857. https://doi.org/10.3390/microorganisms8060857. Mayo Clinic. Yeast infection (vaginal). Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/yeast-infection/diagnosis-treatment/drc-20379004. Acesso em: 09/10/2023. Ministério da Saúde. Candidíase Sistêmica. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/candidiase-sistemica. Acesso em: 09/10/2023. R AN, Rafiq NB. Candidiasis. [Updated 2023 May 29]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK560624/.Spampinato C, Leonardi D. Candida infections, causes, targets, and resistance mechanisms: traditional and alternative antifungal agents. Biomed Res Int. 2013;2013:204237. doi: 10.1155/2013/204237. Epub 2013 Jun 26. PMID: 23878798; PMCID: PMC3708393.