É relativamente comum que muitas mulheres, ao receberem o resultado de uma mamografia, se deparam com a informação de que têm “mamas densas”. Apesar de parecer curioso a denominação à primeira vista, essa característica não representa, por si só, uma doença. Porém, ela exige atenção, pois pode interferir na detecção precoce do câncer de mama.
A densidade mamária é um aspecto natural do corpo e, em alguns casos, pode dificultar a visualização de alterações nos exames de imagem, especialmente na mamografia. Por isso, entender o que são mamas densas, seus impactos na saúde e quais cuidados devem ser adotados é essencial para manter um acompanhamento adequado e seguro.
Continue a leitura e tire suas dúvidas sobre esse importante tema da saúde da mulher.
O que são mamas densas?
As mamas são compostas por dois tipos principais de tecido: o tecido adiposo (gorduroso) e o tecido fibroglandular, que inclui glândulas e fibras responsáveis pela produção e pelo transporte do leite. Quando há mais tecido fibroglandular do que gordura, dizemos que as mamas são densas.
Essa característica não tem relação com o tamanho ou a firmeza dos seios e não pode ser percebida ao toque. Somente a mamografia pode identificar a densidade mamária. Ter mamas densas é comum, sobretudo em mulheres mais jovens, durante a gestação ou a lactação. Também pode ocorrer com o uso de terapia hormonal ou mesmo em pessoas com histórico de perda significativa de peso.
Cabe reforçar: ter mamas densas não é uma doença, mas sim uma variação normal da anatomia da mama. No entanto, essa condição pode tornar mais difícil a visualização de nódulos ou outras alterações nos exames de imagem, principalmente na mamografia tradicional.
Ter mamas densas significa ter mais risco de câncer de mama?
Ter mamas densas não significa que você terá câncer de mama, mas é um fator que merece atenção. Estudos mostram que mulheres com mamas densas têm um risco um pouco maior de desenvolver a doença. Isso pode estar relacionado à maior quantidade de tecido glandular — onde os tumores costumam surgir — e também à dificuldade de identificar alterações nos exames de imagem.
Na prática, significa que o câncer pode demorar mais a ser diagnosticado em mulheres com mamas densas, o que intensifica a importância do rastreamento correto e individualizado.
Se você descobriu que tem mamas densas, não se assuste! Converse com um médico de confiança, siga as orientações específicas para o seu caso e mantenha os exames de rastreamento em dia.
Como saber se tenho mamas densas?
A única maneira de saber se você tem mamas densas é por meio da mamografia. No laudo, o médico radiologista descreve a densidade mamária com base em quatro categorias do sistema BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System). Abaixo, apresentamos as categorias de classificação e o que elas indicam.
- Categoria A: predominantemente adiposas — a maior parte do tecido é gorduroso;
- Categoria B: densidade fibroglandular dispersa — há algumas áreas de tecido mais denso;
- Categoria C: heterogeneamente densas — grande parte da mama é densa, o que pode dificultar a visualização de nódulos;
- Categoria D: extremamente densas — a mama é quase toda composta por tecido fibroglandular, o que reduz bastante a sensibilidade da mamografia.
Se o seu exame apontar que você está nos grupos C ou D, o médico poderá recomendar exames adicionais para garantir uma investigação mais precisa.
Quais são os exames de rastreamento para quem tem mamas densas?
Mesmo que a mamografia continue sendo o principal exame para o rastreamento do câncer de mama, mulheres com mamas densas podem se beneficiar de exames complementares, que ajudam a identificar alterações que poderiam passar despercebidas. Conheça os principais métodos utilizados.
Mamografia digital
É o exame mais usual, indicado para todas as mulheres a partir dos 40 anos. Embora eficaz, sua capacidade de detectar alterações pode ser reduzida em mamas densas.
Tomossíntese mamária (mamografia 3D)
É uma versão mais moderna da mamografia tradicional. Ele cria imagens tridimensionais das mamas, o que facilita a identificação de alterações mesmo em tecidos mais densos. Ajuda a reduzir o problema da sobreposição de estruturas que podem esconder lesões.
Ultrassonografia mamária
A ultrassonografia pode ser indicada como complemento à mamografia, em particular quando o resultado do exame tradicional não é conclusivo. Esse método é capaz de detectar lesões não visíveis na mamografia, mas pode levar a mais falso-positivos, o que, às vezes, resulta em biópsias desnecessárias.
Ressonância magnética de mamas
É o exame mais sensível atualmente disponível para detectar alterações em mamas densas. Costuma ser indicado para mulheres com alto risco de câncer de mama, como aquelas com histórico familiar importante ou mutações genéticas conhecidas.
Mamografia com contraste
Combina a mamografia digital com a aplicação de contraste iodado pela veia. Isso permite uma avaliação mais detalhada da vascularização das lesões, podendo ser uma alternativa interessante para quem não pode realizar a ressonância magnética, como em casos de claustrofobia.
Importante: apenas o médico pode avaliar qual o melhor exame para o seu caso. Não é necessário fazer todos os exames, apenas aqueles mais indicados para o seu perfil de risco e características mamárias.
Quais são os cuidados necessários para quem tem mamas densas?
Ter mamas densas exige um pouco mais de atenção com os cuidados de saúde. Isso envolve manter a rotina de exames atualizada e adotar hábitos de vida saudáveis.
Realização periódica dos exames médicos
A mamografia deve ser feita anualmente a partir dos 40 anos. Para mulheres com mamas densas, o acompanhamento com ginecologista ou mastologista é ainda mais importante, pois permite um rastreamento mais individualizado.
O autoexame também pode ajudar, ainda que não substitua os exames clínicos ou de imagem. Conhecer o próprio corpo facilita a identificação de mudanças como nódulos, retrações, secreção anormal ou alterações no formato da mama. Diante de qualquer alteração, procure sempre um médico.
Estilo de vida saudável e fatores de risco modificáveis
Alguns hábitos podem ajudar a reduzir o risco de câncer de mama. Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente, evitar o tabagismo e o consumo de álcool em excesso, fazer o controle do peso, especialmente após a menopausa, são alguns desses exemplos.
Saber que se tem mamas densas não deve ser motivo de preocupação, mas de informação. Essa característica, comum em muitas mulheres, pode interferir nos exames de imagem; entretanto, com o acompanhamento médico correto e os exames adequados, é possível garantir um rastreamento eficiente e seguro.
Quer saber mais sobre exames que auxiliam na detecção precoce do câncer de mama? Acesse nosso conteúdo: Como funciona a tomossíntese mamária.
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
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