A leucemia é um tipo de câncer que afeta o sangue e a medula óssea, podendo se manifestar de diferentes maneiras. Muitas vezes, os sintomas iniciais se assemelham aos de doenças comuns, como gripes e viroses, o que pode atrasar o diagnóstico. Por isso, estar atento aos sinais é importante.
No conteúdo de hoje, trazemos atualizações sobre o que é a leucemia, os seus tipos mais comuns, quais sintomas merecem atenção e como o diagnóstico pode ser realizado com exames cada vez mais modernos e precisos. Continue a leitura para saber mais!
O que é a leucemia?
A leucemia é um câncer que se origina na medula óssea, tecido localizado dentro dos ossos, onde são produzidos elementos do sangue periférico, tais como: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. A doença ocorre quando as células passam a se multiplicar de maneira desordenada e deixam de amadurecer adequadamente.
Esse crescimento descontrolado compromete a produção normal das células saudáveis, o que pode causar diversos sintomas e enfraquecer o sistema imunológico. A leucemia pode afetar tanto adultos quanto crianças, e sua gravidade varia conforme o tipo e a evolução da doença.
Quais são os tipos mais comuns de leucemia?
A classificação da leucemia considera dois critérios principais: a velocidade de progressão (aguda ou crônica) e o tipo de célula afetada (linfoide ou mieloide). A seguir, explicamos os tipos mais comuns.
Leucemias agudas: LLA e LMA
As leucemias agudas se caracterizam pela evolução rápida da doença e exigem início imediato do tratamento. As duas formas mais conhecidas são a leucemia linfoblástica aguda (LLA), mais frequente em crianças, e a leucemia mieloide aguda (LMA), mais comum em adultos. Ambas compartilham diversos sintomas, como fadiga intensa, palidez, febre persistente, perda de peso e apetite, infecções recorrentes e sangramentos espontâneos.
Apesar das semelhanças, alguns sinais podem ajudar na diferenciação clínica. Na LLA, são mais habituais a presença de linfonodos aumentados (ínguas) e o aumento de órgãos como fígado e baço, além de maior frequência de sintomas como dor óssea. Já na LMA, observa-se com mais frequência: infiltração gengival, que provoca aumento das gengivas; manifestações orais como ulcerações e sangramentos na boca; e petéquias, referidas como pequenas manchas roxas na pele decorrentes da baixa contagem de plaquetas.
Leucemia mieloide crônica (LMC)
A LMC tem progressão lenta e pode ser assintomática nos estágios iniciais. É usualmente descoberta em exames de rotina. Quando surgem, os sintomas incluem cansaço extremo, febre leve, perda de peso e aumento do baço, que pode causar desconforto abdominal.
Leucemia linfocítica crônica (LLC)
Com maior ocorrência em pessoas idosas, a LLC pode evoluir lentamente ao longo dos anos. Os principais sinais são aumento dos gânglios linfáticos (ínguas), infecções repetidas e perda de peso. Na maioria das vezes, é diagnosticada em um hemograma realizado de forma rotineira.
Quais são os principais sintomas da leucemia?
Os sintomas da leucemia podem variar bastante entre os diferentes tipos da doença, porém, em geral, manifestam-se progressivamente e muitas vezes inespecífica, o que dificulta o reconhecimento imediato.
Um dos primeiros sinais percebidos por muitos pacientes é a sensação de cansaço constante e fraqueza, mesmo após atividades simples do dia a dia. Esse sintoma está relacionado à diminuição dos glóbulos vermelhos, responsáveis por transportar oxigênio pelo corpo. Outro sintoma bastante relatado é a febre persistente, que não tem causa aparente e pode vir acompanhada de suores noturnos.
A perda de peso sem explicação também é comum, assim como a palidez e a sensação de mal-estar geral. Em alguns casos, a pessoa começa a notar sangramentos espontâneos, principalmente no nariz ou na gengiva, além do surgimento de manchas roxas na pele, chamadas petéquias, que sugerem baixa contagem de plaquetas.
As infecções recorrentes são outro sinal importante, uma vez que a leucemia compromete a produção de glóbulos brancos saudáveis, enfraquecendo o sistema imunológico. Dores nos ossos ou articulações, especialmente nas pernas e braços, também podem aparecer, resultado do acúmulo de células doentes na medula óssea.
Em determinadas formas da doença, como a leucemia linfocítica crônica, é possível observar aumento dos gânglios linfáticos, perceptível por inchaços na região do pescoço, das axilas ou da virilha. Na leucemia mieloide aguda, manifestações orais, como inchaço gengival, ulcerações e sangramentos bucais, são características regulares que merecem atenção.
Vale ressaltar que muitos desses sinais podem ser confundidos com quadros menos graves, como viroses ou anemias de outras causas. Portanto, a persistência ou a combinação desses sintomas deve ser investigada por um profissional de saúde.
Como é feito o diagnóstico da leucemia?
O diagnóstico da leucemia envolve uma combinação de exames laboratoriais e, em alguns casos, exames de imagem. O processo costuma ser dividido em etapas.
Exames iniciais
O primeiro exame que costuma indicar a presença de leucemia é o hemograma completo, que pode mostrar alterações nas contagens e no aspecto das células sanguíneas. Quando há suspeita, o principal exame para confirmação é o mielograma, que analisa o aspirado da medula óssea e permite avaliar a quantidade e as características das células formadoras do sangue. A biópsia da medula óssea (BMO) é geralmente reservada para situações especiais, como quando o mielograma não fornece informações suficientes.
Exames complementares e genéticos
Após a confirmação da doença, exames complementares ajudam a definir o subtipo da leucemia com precisão. A citometria de fluxo é um exame essencial nesse processo, pois identifica a linhagem das células leucêmicas (mieloide ou linfoide), além de avaliar marcadores específicos que orientam o diagnóstico. Em contrapartida, o cariótipo investiga alterações cromossômicas, e os exames moleculares detectam mutações genéticas relevantes para o prognóstico e para a escolha do tratamento mais adequado.
Detecção de fusões cromossômicas para diagnóstico de LMA
Entre os exames moleculares, destaca-se a detecção de fusões gênicas associadas à leucemia mieloide aguda (LMA), como BCR::ABL, PML::RARA e RUNX1::RUNX1T1. Esses rearranjos genéticos são identificados por meio da técnica de RT-PCR, utilizando amostras de sangue periférico ou aspirado de medula óssea, com resultado disponível em cerca de três dias úteis. Esse exame é importante não só para confirmar o diagnóstico, mas também para orientar a escolha do tratamento e prever a resposta terapêutica.
Qual é a situação da leucemia no Brasil?
No Brasil, a leucemia apresenta diferentes perfis conforme a faixa etária e a região. A LLA é a forma mais comum entre crianças, com maior incidência na Região Sudeste. Já a LMA é mais prevalente em adultos e apresenta maiores índices de mortalidade.
Em estados como o Amazonas, o diagnóstico ainda enfrenta desafios, devido à escassez de serviços especializados. A taxa de sobrevida varia significativamente de acordo com o tipo de leucemia e a estrutura do atendimento ofertado. Dessa maneira, é crucial ampliar o acesso aos exames e tratamentos, sobretudo nas regiões mais vulneráveis.
Quais são os tratamentos disponíveis para a leucemia?
O tratamento da leucemia depende do tipo, da idade do paciente, do estado geral de saúde e das características genéticas da doença. Veja alguns exemplos a seguir.
Quimioterapia
É o tratamento mais utilizado para destruir as células cancerosas. Na LLA e na LMA, o protocolo costuma ser dividido em várias fases e pode durar meses. É uma etapa indispensável para controlar a progressão da doença.
Transplante de medula óssea
Indicado em situações específicas, o transplante oferece a possibilidade de cura. No entanto, exige compatibilidade entre doador e receptor e depende do estado clínico do paciente.
Terapias-alvo e biológicas
Alguns medicamentos atuam de forma direcionada sobre alterações genéticas das células doentes, aumentando a resposta ao tratamento e, em muitos casos, permitindo o uso de terapias menos agressivas.
Outro avanço significativo é a terapia com células CAR-T, que modifica as células de defesa do paciente para combater o câncer de forma precisa. Embora promissora, particularmente em casos refratários, essa abordagem ainda enfrenta barreiras no Brasil, em razão do alto custo e da necessidade de infraestrutura especializada.
Cuidados básicos após o diagnóstico
Receber o diagnóstico de leucemia requer uma mudança na rotina do paciente e da família. Entre os principais cuidados, estão:
- manter acompanhamento médico frequente;
- seguir corretamente o tratamento indicado;
- adotar medidas para prevenir infecções;
- buscar apoio psicológico e emocional;
- cuidar da alimentação e da saúde bucal.
Esses cuidados ajudam a garantir melhor qualidade de vida durante o tratamento e podem impactar positivamente a resposta clínica.
Quando procurar ajuda médica?
Estar atento aos sintomas, como febre persistente, fadiga injustificada, presença de sangramentos, perda de peso sem explicação, é primordial para a busca precoce de atendimento médico. Quanto mais cedo a leucemia for identificada, maiores são as chances de tratamento eficaz e cura.
Os avanços na qualidade dos exames laboratoriais têm permitido diagnósticos cada vez mais precisos e tratamentos personalizados, o que representa um grande passo na luta contra a leucemia. Cuidar da saúde exige atenção aos sinais do corpo e acompanhamento médico regular. Para seguir ampliando seu conhecimento e entender a importância dos exames de rotina, convidamos você a ler o conteúdo: Por que é importante fazer exames de check-up médico?.
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
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