O câncer é considerado umas das principais causas de morte no mundo. Segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados 20 milhões de novos casos de câncer e 9,7 milhões de mortes em 2022.
Ainda de acordo com a pesquisa, o número de pessoas vivas dentro de cinco anos após o diagnóstico da doença foi em torno de 53 milhões, e cerca de uma em cada cinco pessoas desenvolverá câncer durante a vida. Quando analisado por gênero, estima-se que cerca de uma em cada 12 mulheres e um em cada nove homens poderão morrer da doença.
No Brasil, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que, no triênio de 2023 a 2025, poderão ocorrer 704 mil casos novos de câncer no país, 483 mil casos se excluídos os casos de câncer de pele não melanoma, o mais frequente na população. O câncer de mama é o segundo mais incidente, com estimativa de 74 mil novos casos, seguido pelos cânceres de próstata (72 mil), cólon e reto (46 mil) e pulmão (32 mil).
Em conjunto, esses dados reforçam a importância da prevenção e do diagnóstico e tratamento precoces de qualquer tipo de câncer. Sem dúvidas, a detecção nos estágios iniciais da doença aumenta consideravelmente as chances de cura do paciente.
Neste conteúdo, você encontrará informações sobre o que é o câncer, suas causas, quais os tipos mais incidentes e o mais importante: como detectar precocemente a doença.
O que é o câncer?
Normalmente, as células do nosso corpo envelhecem e chegam ao fim de suas vidas, havendo a necessidade de substituição por outras recém-formadas. Esse é um ciclo natural e ocorre de forma controlada. No entanto, falhas podem ocorrer ao longo do processo, levando à desregulação desse ciclo e à proliferação exagerada e desordenada das células, formando uma massa celular conhecida como tumor. A depender de suas características, esse tumor pode ser considerado maligno, ou seja, um câncer.
O câncer é a denominação de um grande grupo de doenças que podem afetar qualquer parte do corpo. Ele ocorre quando as células de um órgão ou tecido crescem descontroladamente, causando o comprometimento da função do local de origem e do possível comprometimento de estruturas próximas, por continuidade, ou à distância (quando se espalha por via sanguínea ou linfática) — metástases.
Quais as causas do câncer?
O câncer é considerado uma doença multifatorial, o que significa dizer que seu desenvolvimento pode ser influenciado por diversos fatores (genéticos, ambientais ou até mesmo estilo de vida). Hábitos como o tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e uma má alimentação também estão relacionados com uma ampla variedade de tipos de câncer. Outras comorbidades também contribuem, especialmente a obesidade.
O grau de influência desses fatores varia de acordo com o tipo de câncer. Para o câncer de próstata, por exemplo, a genética e a idade são variáveis preponderantes. A incidência do câncer de próstata é significativamente maior em homens acima dos 50 anos, aumentando à medida que a idade avança. Por outro lado, o câncer infantil pode ter origem desconhecida ou estar relacionado a alterações genéticas predisponentes, sendo pouco provável que o câncer em crianças esteja correlacionado com hábitos de vida, por exemplo.
Quais os tipos de câncer mais incidentes?
Alguns tipos de câncer costumam ocorrer com maior frequência, considerando alguns fatores como a região geográfica e os hábitos de vida da população. A seguir, listamos em ordem decrescente os mais frequentes no Brasil, apresentando algumas características básicas de cada um deles.
Câncer de pele não melanoma
Esse é o tipo de câncer com maior incidência no Brasil. Apesar de ser o mais comum, é o que apresenta as maiores taxas de cura, desde que diagnosticado e tratado precocemente. Geralmente, pessoas de pele clara e sensíveis à ação dos raios solares, com histórico familiar da doença, são as mais atingidas pelo câncer de pele. A exposição desprotegida aos raios solares constitui o principal fator de risco.
Câncer de mama
O câncer de mama é caracterizado pela formação de nódulos (ou tumores) na região das mamas. Se não tratado precocemente, esses nódulos têm potencial suficiente para invadir outras partes do corpo.
A maior ou menor gravidade do câncer de mama e a consequente escolha da terapia baseiam-se no tipo do tumor, na sua agressividade e no seu estadiamento (se está localizado apenas na mama ou não).
As principais formas de prevenção são a realização periódica do exame de toque preventivo (autoexame) para a identificação de nódulos, o acompanhamento médico regular e a realização de exames de imagem, como ultrassom e mamografia.
Câncer de próstata
É um câncer que atinge as células da próstata, sendo considerado o segundo tipo mais comum de câncer em homens. O câncer de próstata é uma doença silenciosa e insidiosa, que nem sempre apresenta sinais característicos, podendo se agravar e se espalhar para outras partes do corpo. Suas principais causas estão relacionadas ao envelhecimento e à genética.
Uma das principais formas de prevenção desse tipo de câncer é a realização de exames para a detecção precoce. Dentre os exames, destacamos o exame de toque retal, no qual o médico avalia a presença de alterações na glândula através do toque, e o exame PSA, realizado em laboratório. Níveis sanguíneos elevados de PSA podem, em associação com outros dados, sugerir a presença do câncer.
Câncer colorretal
É um câncer que atinge as células do intestino, principalmente as porções do cólon (intestino grosso) e reto (parte final do intestino). Na grande maioria dos casos, é tratável e curável se detectado precocemente. Em geral, esse tipo de câncer tem origem em pólipos e lesões na parede intestinal.
Os protocolos de prevenção sugerem a realização de colonoscopia para todos os indivíduos acima de 45 anos. Abaixo dessa idade, a colonoscopia é indicada para pessoas com algumas queixas intestinais específicas ou, ainda, aquelas que apresentam histórico familiar para câncer colorretal ou doenças genéticas associadas a ele.
Câncer de pulmão
É o câncer que atinge as células pulmonares e tem o tabagismo como um dos principais fatores de risco. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. Dessa forma, é considerado uma das principais causas de morte evitáveis no mundo.
Qual a importância do diagnóstico precoce?
Diagnosticar precocemente uma doença ajuda muito para o sucesso do tratamento. Com o câncer, não é diferente.
No caso do câncer de colo de útero, por exemplo, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a incidência do câncer cervical invasivo com a adoção do exame preventivo Papanicolau.
Para o câncer de próstata, pesquisas realizadas pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostram que uma grande parcela dos homens (em torno de 70%) tem consciência da importância de realizar o exame preventivo de toque periodicamente. Em contrapartida, devido a tabus ainda existentes, estima-se que apenas 32% faça o exame regularmente.
Logo, fica evidente a necessidade de educar e incentivar a população sobre a importância de realizar consultas e exames de rotina, sobretudo os exames preventivos. Além de aumentar as chances de cura, o diagnóstico precoce ajuda o médico a selecionar o tratamento que permita os melhores resultados, sempre objetivando a saúde e o bem-estar do paciente.
Atente-se aos sinais e sintomas
Atente-se aos sinais que seu corpo fornece! Cada tipo de câncer apresenta sintomas característicos, entretanto, é importante observar sinais que sejam recorrentes e que não melhoram com o tempo, como uma dor persistente, sangramento, entre outros. A presença de nódulos (ou caroços) em regiões como as mamas também pode ser indicativo da doença.
A negligência ainda constitui um dos principais fatores de agravamento de doenças que poderiam ser facilmente tratadas. Como resultado, um problema simples de se resolver pode se tornar um problema sério. Assim, ao notar alterações no seu corpo, procure auxílio médico. Somente com a ajuda de um especialista, será possível identificar a origem do problema e a melhor forma de tratá-lo.
Combate ao câncer infantojuvenil
O câncer representa uma das principais causas de mortes infantis no mundo. A maioria dos casos de câncer infantil não tem uma causa conhecida ou é associada a alterações genéticas predisponentes. Diante disso, a prevenção do câncer infantil torna-se mais desafiadora pela pouca (ou quase nenhuma) influência de fatores ambientais ou de hábitos de vida.
Como prevenção, é indispensável que os familiares identifiquem sinais e sintomas de forma precoce na criança, para efetuar o tratamento o mais rapidamente possível. Caso seja identificado algum fator genético que indique determinado tipo de câncer, é necessário efetuar ações que minimizem seu desenvolvimento.
Veja os principais tipos de câncer que afetam a população infantojuvenil.
Leucemias
As leucemias são um tipo de câncer que afeta as células precursoras do sangue e que tem, na maioria dos casos, causa desconhecida.
A medula óssea é o local de fabricação das células sanguíneas, como os glóbulos brancos (sistema imune), glóbulos vermelhos (hemácias) e as plaquetas. Nas leucemias, ocorre uma proliferação de células imaturas — não funcionais — na medula óssea, as quais não conseguem se diferenciar em glóbulos brancos, vermelhos ou plaquetas.
Existem diferentes tipos de leucemia: aguda (mais frequente em crianças); e crônica, de acordo com a célula-origem da doença e da evolução clínica. O tratamento inclui quimioterapia, radioterapia e transplante de medula óssea, em alguns casos. O tipo mais frequente de leucemia em crianças (75% dos casos) apresenta grande chance de cura.
Tumores sólidos: câncer cerebral e linfomas
Além das leucemias, as crianças podem desenvolver outros tipos de câncer, como os chamados tumores sólidos — tumores cerebrais, retinoblastoma e linfomas.
Os meduloblastomas são tumores infantis do sistema nervoso central com características invasivas, que apresentam crescimento rápido e costumam atingir áreas que controlam o movimento e o equilíbrio da criança. Esse tipo de tumor representa de 10 a 15% dos tumores pediátricos do sistema nervoso central.
O linfoma infantil é um câncer do sistema linfoide, que apresenta sintomas semelhantes àqueles identificados em algumas doenças comuns na infância (febre, aparecimento de gânglios aumentados ou ínguas, perda de apetite), demandando bastante alerta aos pais. Na presença de qualquer aumento persistente de gânglio ou íngua, deve-se procurar o pediatra para avaliar a criança e ver a necessidade de realizar exames complementares.
Ainda dentro dos tumores sólidos, destaca-se o retinoblastoma, um tipo de tumor que acomete a retina da criança e ocorre em um a cada 18 mil nascidos vivos, sendo responsável por 3% dos casos de todos os cânceres infantis. O retinoblastoma pode afetar um ou os dois olhos, e 90% dos casos ocorrem antes dos três anos de idade. Se não tratada, a doença pode levar à perda da visão, além de se agravar e se espalhar para outras regiões do corpo.
É possível o diagnóstico precoce do retinoblastoma por meio do Teste do Olhinho (ou teste do reflexo vermelho), realizado pelo pediatra ainda na maternidade, e repetido nas consultas de puericultura pelo menos três vezes ao ano. Esse exame não substitui a avaliação oftalmológica que deve ser feita de seis a 12 meses de idade.
O que fazer para diminuir o risco de desenvolver câncer?
Que o diagnóstico precoce é fundamental, já sabemos, mas existem outras maneiras que auxiliam na prevenção do câncer, como o cultivo de hábitos de vida saudáveis. É inegável que o tabagismo, o consumo de álcool e a obesidade são fatores que, em conjunto com a genética e outras variáveis, influenciam no desenvolvimento de diversos tipos de câncer.
Portanto, fique longe do cigarro e consuma moderadamente bebidas alcoólicas. Além disso, mantenha uma rotina de vida saudável, incluindo alimentos naturais e sem conservantes. É importante ter uma dieta balanceada, que inclua frutas e verduras, e manter o peso corporal dentro de parâmetros saudáveis.
A atividade física tem demonstrado ser uma aliada significativa na prevenção de diversas doenças, incluindo doenças cardíacas e câncer. Por isso, mantenha-se ativo fisicamente, praticando exercícios, preferencialmente, de duas a três vezes por semana.
Agora que você entendeu o que é o câncer e quais os tipos mais comuns, que tal continuar se aprofundando no assunto e conhecer a utilidade de testes genéticos no diagnóstico do câncer?
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
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