Sabin Por: Sabin
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Embora muito antiga, a tuberculose é uma doença que ainda está bastante presente em diferentes populações do mundo todo. É uma condição infecciosa transmitida por uma bactéria que, geralmente, afeta os pulmões e pode se tornar fatal se não tratada adequadamente.

Quando identificada de forma precoce, a tuberculose tem grandes chances de cura. Mesmo assim, seus números são preocupantes, e a doença faz parte dos critérios de priorização de agravo em saúde pública.

Para tratar do tema, conversamos com a Dra. Luciana Rodrigues Pires de Campos, médica infectologista e responsável técnica pela área de vacinas do Grupo Sabin em São José dos Campos/SP, a fim de esclarecer algumas das principais questões sobre a tuberculose.

O que é tuberculose?

Trata-se de uma doença infectocontagiosa causada pela Mycobacterium tuberculosis, bactéria também conhecida como bacilo de Koch. O comprometimento pulmonar é seu desdobramento mais frequente e de maior relevância, mas a doença pode afetar outras partes do corpo, como olhos, rins, intestino, pleura — formas conhecidas como tuberculose extrapulmonar.

No Brasil, em 2022, foram registrados 38 casos por 100 mil habitantes, totalizando mais de 81 mil novos casos, e mais de 5 mil pessoas foram a óbito. No ano seguinte, observou-se uma ligeira redução na incidência e no risco de adoecimento, com a taxa caindo para 37 casos por 100 mil habitantes e um total de 80.012 novos casos.

Em 2023, a maioria das pessoas diagnosticadas com tuberculose no Brasil eram homens, representando 69,2% dos casos, e 33,8% dos diagnosticados estavam na faixa etária entre 20 e 34 anos. Apesar do alto volume de casos, a tuberculose apresenta boas chances de cura, sendo oferecido tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Quais as formas da tuberculose?

A forma pulmonar da tuberculose, além de ser a mais comum, é também a de maior impacto para a saúde pública, considerando que é a principal responsável pela manutenção da cadeia de transmissão. A doença acomete os pulmões, onde o bacilo se instala, provocando os sintomas característicos da doença.

No caso da forma extrapulmonar, a tuberculose atinge outros órgãos e pode ser fatal em indivíduos que apresentam comprometimento do sistema imunológico. Conheça os principais subtipos.

  • Tuberculose ganglionar: ocorre quando a bactéria se instala nos gânglios, regiões onde as células de defesa se concentram. Os principais sintomas incluem inflamação, inchaço dos gânglios, dor e vermelhidão;
  • Tuberculose óssea: os ossos são afetados, principalmente nas vértebras, e metáfises dos ossos longos. Entre os principais sintomas, podemos destacar emagrecimento, febre e dor óssea;
  • Tuberculose pleural: atinge a pleura, membrana responsável por revestir os pulmões. Os sintomas mais comuns são astenia (perda ou redução da força física), tosse, dor torácica, febre e emagrecimento.

Quais os principais sintomas da tuberculose?

Entre os principais sintomas da tuberculose pulmonar, está a tosse com expectoração, que permanece por mais de duas semanas e pode evoluir para tosse seca, com ou sem sangue, febre no período vespertino (final da tarde), perda de peso e sudorese noturna.

Ao identificar alguns dos sintomas, busque por atendimento médico para se submeter a uma avaliação especializada e realizar os exames apropriados. Caso o resultado seja positivo, é necessário iniciar o tratamento imediatamente e cumprir rigorosamente o seu ciclo.

É preciso ressaltar que a doença tem maior probabilidade de se manifestar em pacientes renais crônicos, portadores de HIV e imunodeprimidos.

Como é feito o diagnóstico?

O exame de baciloscopia do escarro, desde que realizado corretamente em todas as suas etapas, possibilita a detecção da maioria dos casos de tuberculose pulmonar. É feito em duas amostras coletadas em dias diferentes, preferencialmente em jejum. O paciente deve seguir as orientações do médico, para evitar coletas de saliva inadequadas e garantir a precisão dos resultados.

A pesquisa da micobactéria no escarro também pode ser feita através da técnica de PCR, que possibilita tanto a identificação da bactéria, como também a identificação da resistência à rifampicina, uma das principais drogas utilizadas para o tratamento. Esse exame também está disponível na rede pública.

A requisição do exame de cultura de escarro é necessária para pacientes que reativam a doença, para pacientes que não terminaram o tratamento e pacientes imunodeprimidos. A grande desvantagem do exame é o tempo prolongado para o resultado, ao redor de 40 dias.

Em função da caracterização da tuberculose como uma doença pulmonar, o diagnóstico é dificultado quando outras regiões do corpo são comprometidas, sendo necessário um índice de suspeita seguido de biópsia.

Teste Quantiferon-TB Gold®

Pessoas infectadas pela bactéria, apresentando ou não a doença em atividade, possuem células imunes de memória (linfócitos T) específicos para os antígenos ESAT-6, CFP-10 e T87.7, proteínas expressas durante o processo de interação entre as células de defesa do organismo e a bactéria M. tuberculosis.

O Teste Quantiferon-TB Gold® fundamenta-se justamente na detecção dos linfócitos T de memória. O exame permite a detecção de infecção latente (sem manifestação sintomatológica) por M. tuberculosis, M. bovis não BCG, M. africanum, M. microti e M. conetti, principais tipos de Mycobacterium responsáveis pela tuberculose.

Como o teste não detecta a M. bovis BCG, principal componente da vacina BCG, utilizada para prevenção da doença, os resultados não são afetados pela vacinação prévia com o imunizante.

O exame é realizado a partir da coleta de amostra de sangue do paciente, com jejum obrigatório de quatro horas. Os resultados do teste ficam prontos em até 10 dias úteis.

Como a tuberculose é transmitida?

A tuberculose é transmitida pelo ar, pela inalação de aerossóis originários das vias aéreas do indivíduo infectado com doença ativa — através de espirro, tosse ou fala — ou pelo lançamento de partículas contendo bacilos.

Quanto maior o período de contato entre a pessoa com tuberculose e indivíduos próximos (que vivem na mesma casa, que trabalham ou compartilham o mesmo espaço), e quanto menor for a ventilação do ambiente, maior é a chance de infecção.

Qualquer pessoa pode ser contaminada e contrair tuberculose. No entanto, como foi dito, existem alguns grupos que, em determinadas condições sociais e de saúde, estão mais propensos a adoecer — pessoas que vivem com HIV, diabéticas, indígenas, privadas de liberdade e aquelas que se encontram em situação de rua. Essa contaminação também depende do tempo de exposição à doença e da imunidade de cada um.

“Há pessoas que entram em contato com alguém contaminado, fazendo com que o pulmão tenha um contágio inicial, mas o organismo realiza uma reação anti-inflamatória e consegue combater o bacilo. Já em outros casos, a doença se estabelece, reforçando a influência da resposta imunológica de cada indivíduo”, explica a médica infectologista.

Todo paciente com tuberculose pode transmitir a doença?

Nem todo paciente com tuberculose transmite a doença. Isso acontece somente com os bacilíferos, ou seja, portadores de bacilos presentes nos pulmões que eliminam esses microrganismos no ar. Os indivíduos que apresentam a enfermidade em outras partes do corpo não transmitem tuberculose, tendo em vista que os bacilos não são dispersados pela tosse.

Os doentes que já estão em tratamento também podem não oferecer perigo de contágio, considerando que, a partir do começo da terapia, o risco de transmissão é reduzido com o decorrer do tempo. A partir de 15 dias da administração correta de todas as medicações indicadas, é provável que o paciente não esteja eliminando os bacilos responsáveis pela doença.

Pessoas que moram com um indivíduo com tuberculose podem “pegar” a doença?

Sim. Afinal, a dinâmica de transmissão da tuberculose se dá quando o indivíduo contaminado e com a doença estabelecida em seus pulmões elimina bacilos por meio de espirros, tosse e fala. Por esse motivo, as pessoas que convivem com o paciente na mesma casa, antes de ele iniciar o tratamento, são as que apresentam maiores riscos de serem contaminadas.

“Contato de tuberculose” é o nome dado àqueles indivíduos que convivem no mesmo espaço que o paciente doente na data do diagnóstico — que pode ser residência, local de trabalho, escola, instituições de longa permanência, entre outros. Dessa forma, esses contatos precisam ser investigados para averiguar se houve ou não infecção.

Como se proteger da tuberculose?

“Não existe um protocolo de proteção e devemos ficar atentos a quaisquer sintomas. Contatos breves não são suficientes para a contaminação, sendo que a transmissão é mais comum entre os contatos domiciliares”, pondera Dra. Luciana.

A principal vacina usada para a prevenção da tuberculose é a BCG (Bacillus Calmette-Guérin), que se encontra disponível gratuitamente no SUS e deve ser administrada em crianças logo após o nascimento ou até completarem 5 anos. “A BCG protege contra os casos graves da doença, como tuberculose do sistema nervoso central. E ela não faz efeito prolongado em adultos”, alerta.

“A maioria das crianças deixa a maternidade vacinada com a BCG. Contudo, em pacientes como bebês prematuros ou com peso menor que 2 quilos, a aplicação não deve ser feita. Nesses casos, o adequado é esperar algum tempo antes de administrá-la para evitar qualquer tipo de reação adversa”, detalha Campos. 

É importante manter os ambientes arejados e iluminados, com uma boa circulação do ar, permitindo a dispersão de partículas infectantes. Evitar a visitação de pessoas infectadas ou suspeitas de terem adquirido a doença também é uma medida de prevenção.

É necessário salientar a importância de uma vida saudável na prevenção de diferentes condições. Uma alimentação balanceada, livre de álcool ou tabagismo, bem como uma higiene correta, a prática de atividades físicas e boas noites de sono reforçam a proteção contra a tuberculose e outras doenças.

Qual o tratamento da doença?

A tuberculose tem cura e seu tratamento é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para o sucesso das ações empregadas, é indispensável que o paciente use os medicamentos de maneira regular, isto é, diariamente e nas horas prescritas, bem como pelo período necessário, sendo de 6 meses, no mínimo, dependendo da forma da doença.

“Usamos, há cerca de dez anos, o mesmo protocolo, um esquema fornecido pelo Ministério da Saúde. A duração do tratamento e a quantidade de medicações vão variar conforme a forma da doença, o peso e as condições de saúde do paciente”, afirma a especialista.

Pacientes diagnosticados devem seguir as práticas de controle até que ocorra o resultado negativo da baciloscopia ou da cultura para micobactéria. Isso inclui cobrir a boca com o antebraço ou com um lenço descartável ao tossir ou espirrar, manter o ambiente ventilado e com entrada de luz natural.

Apesar da eficácia do tratamento, manter o paciente comprometido pelo período de seis meses pode ser bastante desafiador. Por esse motivo, o risco de abandono antes do tempo necessário para considerar o caso curado requer atenção especial.

“É um tratamento longo, e o paciente pode relaxar após apresentar melhora. Há uma série de riscos quando isso acontece, inclusive o de estimular resistência da bactéria à medicação”, revela Dra. Luciana.

A médica explica que os pacientes que abandonam os seus tratamentos desencadeiam o risco de tuberculose resistente, mantendo a cadeia de transmissão frequente e, muitas vezes, os bacilos resistentes às terapias habituais. Vale destacar que a resistência da bactéria às medicações usadas no tratamento pode levar ao aumento da transmissão de tuberculose para outras pessoas, à resistência aos antibióticos, ao surgimento de casos graves ou, até mesmo, à morte.

Em função da importância de um tratamento diário e contínuo para a cura da doença, é recomendado pelo Ministério da Saúde (MS) que o protocolo seja monitorado por profissionais da unidade de saúde mais próxima do paciente e, com isso, favoreça sua adesão e comprometimento.

Esse acompanhamento é conhecido como Tratamento Diretamente Observado (TDO), que estabelece a supervisão de um colaborador de saúde qualificado, com o intuito de verificar se os medicamentos estão sendo tomados corretamente. Além disso, ele oferece orientações claras e objetivas referentes às características da tuberculose e aos riscos que a interrupção das terapias implementadas pode causar para o indivíduo, familiares e sociedade em geral.

Outro desafio encontrado durante o combate à doença é a falta de conhecimento sobre o assunto. Sendo assim, é fundamental conscientizar e sensibilizar a sociedade. A tuberculose impõe aos pacientes uma sobrecarga relacionada ao impacto da doença na saúde, ao tratamento prolongado e difícil e à exclusão das pessoas ao redor, principalmente devido aos mitos sobre a enfermidade e o medo que ela provoca.

Para combater a desinformação, é primordial reforçar junto à população que a doença tem cura e o tratamento é gratuito, disponibilizado pela rede SUS e com altas chances de sucesso. É igualmente importante que todos saibam como se proteger e evitar a sua contaminação, além de apoiar pacientes em fase de tratamento.

“Não podemos ter preconceito com a doença, precisamos desmistificá-la”, reflete. Ela destaca, ainda, que a cura não impede que ocorra uma nova infecção. Por essa razão, adotar medidas de precaução, observar se teve contato com uma pessoa contaminada e estar atento aos sintomas devem ser práticas constantes.

Onde ocorre a maior prevalência da doença?

Em 2022, foram estimadas 10,6 milhões de pessoas ao redor do mundo adoecidas com tuberculose, número equivalente a 133 casos por 100 mil habitantes. A maioria dos casos de tuberculose em 2022 foi registrada nas regiões do Sudeste Asiático (46%), África (23%) e Pacífico Ocidental (18%), com menores percentuais no Mediterrâneo Oriental (8,1%), nas Américas (3,1%) e na Europa (2,2%).

Em relação ao predomínio da doença, um perfil mais comum de quem é acometido pela tuberculose está relacionado a indivíduos que enfrentam vulnerabilidades sociais, biológicas e econômicas. Podemos citar como exemplos: pessoas que exercem atividades laborais informais; que realizam grandes trajetos ao se deslocar para o local de trabalho; que residem às margens dos grandes centros urbanos, entre outros.

“Devemos dedicar atenção especial também aos próprios profissionais de saúde. É um dos grupos de maior risco para a contaminação por tuberculose, devido ao contato com casos da doença”, alerta Dra. Luciana. “O problema é bastante comum, ainda, entre pacientes etilistas, pneumopatas, por exemplo, além de transplantados renais, por terem a imunidade celular diminuída”, complementa.

Conseguiu entender melhor quais são os sintomas da tuberculose, como a doença é transmitida e como se proteger? Pelo fato de algumas doenças do trato respiratório apresentarem sintomas parecidos, o ideal é consultar um médico para avaliação e diagnóstico correto diante de qualquer suspeita. Aproveite sua visita no blog para entender o que é asma infantil e quais são as suas possíveis causas!

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Ministério da Saúde. Tuberculose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/tuberculose. Acesso em: 04/06/2024. 

Ministério da Saúde. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico – Tuberculose (2024). Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2024/boletim-epidemiologico-tuberculose-2024/view. Acesso em: 04/06/2024.

Organização Mundial da Saúde. Incidência da Tuberculose. Disponível em: https://www.who.int/teams/global-tuberculosis-programme/tb-reports/global-tuberculosis-report-2023/tb-disease-burden/1-1-tb-incidence. Acesso em: 04/06/2024.

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Conheça os sintomas de tuberculose e saiba como a doença é transmitida; Embora muito antiga, a tuberculose é uma doença que ainda está bastante presente em diferentes populações do mundo todo. É uma condição infecciosa transmitida por uma bactéria que, geralmente, afeta os pulmões e pode se tornar fatal se não tratada adequadamente. Quando identificada de forma precoce, a tuberculose tem grandes chances de cura. Mesmo assim, seus números são preocupantes, e a doença faz parte dos critérios de priorização de agravo em saúde pública. Para tratar do tema, conversamos com a Dra. Luciana Rodrigues Pires de Campos, médica infectologista e responsável técnica pela área de vacinas do Grupo Sabin em São José dos Campos/SP, a fim de esclarecer algumas das principais questões sobre a tuberculose. O que é tuberculose? Trata-se de uma doença infectocontagiosa causada pela Mycobacterium tuberculosis, bactéria também conhecida como bacilo de Koch. O comprometimento pulmonar é seu desdobramento mais frequente e de maior relevância, mas a doença pode afetar outras partes do corpo, como olhos, rins, intestino, pleura — formas conhecidas como tuberculose extrapulmonar. No Brasil, em 2022, foram registrados 38 casos por 100 mil habitantes, totalizando mais de 81 mil novos casos, e mais de 5 mil pessoas foram a óbito. No ano seguinte, observou-se uma ligeira redução na incidência e no risco de adoecimento, com a taxa caindo para 37 casos por 100 mil habitantes e um total de 80.012 novos casos. Em 2023, a maioria das pessoas diagnosticadas com tuberculose no Brasil eram homens, representando 69,2% dos casos, e 33,8% dos diagnosticados estavam na faixa etária entre 20 e 34 anos. Apesar do alto volume de casos, a tuberculose apresenta boas chances de cura, sendo oferecido tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Quais as formas da tuberculose? A forma pulmonar da tuberculose, além de ser a mais comum, é também a de maior impacto para a saúde pública, considerando que é a principal responsável pela manutenção da cadeia de transmissão. A doença acomete os pulmões, onde o bacilo se instala, provocando os sintomas característicos da doença. No caso da forma extrapulmonar, a tuberculose atinge outros órgãos e pode ser fatal em indivíduos que apresentam comprometimento do sistema imunológico. Conheça os principais subtipos. Tuberculose ganglionar: ocorre quando a bactéria se instala nos gânglios, regiões onde as células de defesa se concentram. Os principais sintomas incluem inflamação, inchaço dos gânglios, dor e vermelhidão; Tuberculose óssea: os ossos são afetados, principalmente nas vértebras, e metáfises dos ossos longos. Entre os principais sintomas, podemos destacar emagrecimento, febre e dor óssea; Tuberculose pleural: atinge a pleura, membrana responsável por revestir os pulmões. Os sintomas mais comuns são astenia (perda ou redução da força física), tosse, dor torácica, febre e emagrecimento. Quais os principais sintomas da tuberculose? Entre os principais sintomas da tuberculose pulmonar, está a tosse com expectoração, que permanece por mais de duas semanas e pode evoluir para tosse seca, com ou sem sangue, febre no período vespertino (final da tarde), perda de peso e sudorese noturna. Ao identificar alguns dos sintomas, busque por atendimento médico para se submeter a uma avaliação especializada e realizar os exames apropriados. Caso o resultado seja positivo, é necessário iniciar o tratamento imediatamente e cumprir rigorosamente o seu ciclo. É preciso ressaltar que a doença tem maior probabilidade de se manifestar em pacientes renais crônicos, portadores de HIV e imunodeprimidos. Como é feito o diagnóstico? O exame de baciloscopia do escarro, desde que realizado corretamente em todas as suas etapas, possibilita a detecção da maioria dos casos de tuberculose pulmonar. É feito em duas amostras coletadas em dias diferentes, preferencialmente em jejum. O paciente deve seguir as orientações do médico, para evitar coletas de saliva inadequadas e garantir a precisão dos resultados. A pesquisa da micobactéria no escarro também pode ser feita através da técnica de PCR, que possibilita tanto a identificação da bactéria, como também a identificação da resistência à rifampicina, uma das principais drogas utilizadas para o tratamento. Esse exame também está disponível na rede pública. A requisição do exame de cultura de escarro é necessária para pacientes que reativam a doença, para pacientes que não terminaram o tratamento e pacientes imunodeprimidos. A grande desvantagem do exame é o tempo prolongado para o resultado, ao redor de 40 dias. Em função da caracterização da tuberculose como uma doença pulmonar, o diagnóstico é dificultado quando outras regiões do corpo são comprometidas, sendo necessário um índice de suspeita seguido de biópsia. Teste Quantiferon-TB Gold® Pessoas infectadas pela bactéria, apresentando ou não a doença em atividade, possuem células imunes de memória (linfócitos T) específicos para os antígenos ESAT-6, CFP-10 e T87.7, proteínas expressas durante o processo de interação entre as células de defesa do organismo e a bactéria M. tuberculosis. O Teste Quantiferon-TB Gold® fundamenta-se justamente na detecção dos linfócitos T de memória. O exame permite a detecção de infecção latente (sem manifestação sintomatológica) por M. tuberculosis, M. bovis não BCG, M. africanum, M. microti e M. conetti, principais tipos de Mycobacterium responsáveis pela tuberculose. Como o teste não detecta a M. bovis BCG, principal componente da vacina BCG, utilizada para prevenção da doença, os resultados não são afetados pela vacinação prévia com o imunizante. O exame é realizado a partir da coleta de amostra de sangue do paciente, com jejum obrigatório de quatro horas. Os resultados do teste ficam prontos em até 10 dias úteis. Como a tuberculose é transmitida? A tuberculose é transmitida pelo ar, pela inalação de aerossóis originários das vias aéreas do indivíduo infectado com doença ativa — através de espirro, tosse ou fala — ou pelo lançamento de partículas contendo bacilos. Quanto maior o período de contato entre a pessoa com tuberculose e indivíduos próximos (que vivem na mesma casa, que trabalham ou compartilham o mesmo espaço), e quanto menor for a ventilação do ambiente, maior é a chance de infecção. Qualquer pessoa pode ser contaminada e contrair tuberculose. No entanto, como foi dito, existem alguns grupos que, em determinadas condições sociais e de saúde, estão mais propensos a adoecer — pessoas que vivem com HIV, diabéticas, indígenas, privadas de liberdade e aquelas que se encontram em situação de rua. Essa contaminação também depende do tempo de exposição à doença e da imunidade de cada um. “Há pessoas que entram em contato com alguém contaminado, fazendo com que o pulmão tenha um contágio inicial, mas o organismo realiza uma reação anti-inflamatória e consegue combater o bacilo. Já em outros casos, a doença se estabelece, reforçando a influência da resposta imunológica de cada indivíduo”, explica a médica infectologista. Todo paciente com tuberculose pode transmitir a doença? Nem todo paciente com tuberculose transmite a doença. Isso acontece somente com os bacilíferos, ou seja, portadores de bacilos presentes nos pulmões que eliminam esses microrganismos no ar. Os indivíduos que apresentam a enfermidade em outras partes do corpo não transmitem tuberculose, tendo em vista que os bacilos não são dispersados pela tosse. Os doentes que já estão em tratamento também podem não oferecer perigo de contágio, considerando que, a partir do começo da terapia, o risco de transmissão é reduzido com o decorrer do tempo. A partir de 15 dias da administração correta de todas as medicações indicadas, é provável que o paciente não esteja eliminando os bacilos responsáveis pela doença. Pessoas que moram com um indivíduo com tuberculose podem “pegar” a doença? Sim. Afinal, a dinâmica de transmissão da tuberculose se dá quando o indivíduo contaminado e com a doença estabelecida em seus pulmões elimina bacilos por meio de espirros, tosse e fala. Por esse motivo, as pessoas que convivem com o paciente na mesma casa, antes de ele iniciar o tratamento, são as que apresentam maiores riscos de serem contaminadas. “Contato de tuberculose” é o nome dado àqueles indivíduos que convivem no mesmo espaço que o paciente doente na data do diagnóstico — que pode ser residência, local de trabalho, escola, instituições de longa permanência, entre outros. Dessa forma, esses contatos precisam ser investigados para averiguar se houve ou não infecção. Como se proteger da tuberculose? “Não existe um protocolo de proteção e devemos ficar atentos a quaisquer sintomas. Contatos breves não são suficientes para a contaminação, sendo que a transmissão é mais comum entre os contatos domiciliares”, pondera Dra. Luciana. A principal vacina usada para a prevenção da tuberculose é a BCG (Bacillus Calmette-Guérin), que se encontra disponível gratuitamente no SUS e deve ser administrada em crianças logo após o nascimento ou até completarem 5 anos. “A BCG protege contra os casos graves da doença, como tuberculose do sistema nervoso central. E ela não faz efeito prolongado em adultos”, alerta. “A maioria das crianças deixa a maternidade vacinada com a BCG. Contudo, em pacientes como bebês prematuros ou com peso menor que 2 quilos, a aplicação não deve ser feita. Nesses casos, o adequado é esperar algum tempo antes de administrá-la para evitar qualquer tipo de reação adversa”, detalha Campos.  É importante manter os ambientes arejados e iluminados, com uma boa circulação do ar, permitindo a dispersão de partículas infectantes. Evitar a visitação de pessoas infectadas ou suspeitas de terem adquirido a doença também é uma medida de prevenção. É necessário salientar a importância de uma vida saudável na prevenção de diferentes condições. Uma alimentação balanceada, livre de álcool ou tabagismo, bem como uma higiene correta, a prática de atividades físicas e boas noites de sono reforçam a proteção contra a tuberculose e outras doenças. Qual o tratamento da doença? A tuberculose tem cura e seu tratamento é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para o sucesso das ações empregadas, é indispensável que o paciente use os medicamentos de maneira regular, isto é, diariamente e nas horas prescritas, bem como pelo período necessário, sendo de 6 meses, no mínimo, dependendo da forma da doença. “Usamos, há cerca de dez anos, o mesmo protocolo, um esquema fornecido pelo Ministério da Saúde. A duração do tratamento e a quantidade de medicações vão variar conforme a forma da doença, o peso e as condições de saúde do paciente”, afirma a especialista. Pacientes diagnosticados devem seguir as práticas de controle até que ocorra o resultado negativo da baciloscopia ou da cultura para micobactéria. Isso inclui cobrir a boca com o antebraço ou com um lenço descartável ao tossir ou espirrar, manter o ambiente ventilado e com entrada de luz natural. Apesar da eficácia do tratamento, manter o paciente comprometido pelo período de seis meses pode ser bastante desafiador. Por esse motivo, o risco de abandono antes do tempo necessário para considerar o caso curado requer atenção especial. “É um tratamento longo, e o paciente pode relaxar após apresentar melhora. Há uma série de riscos quando isso acontece, inclusive o de estimular resistência da bactéria à medicação”, revela Dra. Luciana. A médica explica que os pacientes que abandonam os seus tratamentos desencadeiam o risco de tuberculose resistente, mantendo a cadeia de transmissão frequente e, muitas vezes, os bacilos resistentes às terapias habituais. Vale destacar que a resistência da bactéria às medicações usadas no tratamento pode levar ao aumento da transmissão de tuberculose para outras pessoas, à resistência aos antibióticos, ao surgimento de casos graves ou, até mesmo, à morte. Em função da importância de um tratamento diário e contínuo para a cura da doença, é recomendado pelo Ministério da Saúde (MS) que o protocolo seja monitorado por profissionais da unidade de saúde mais próxima do paciente e, com isso, favoreça sua adesão e comprometimento. Esse acompanhamento é conhecido como Tratamento Diretamente Observado (TDO), que estabelece a supervisão de um colaborador de saúde qualificado, com o intuito de verificar se os medicamentos estão sendo tomados corretamente. Além disso, ele oferece orientações claras e objetivas referentes às características da tuberculose e aos riscos que a interrupção das terapias implementadas pode causar para o indivíduo, familiares e sociedade em geral. Outro desafio encontrado durante o combate à doença é a falta de conhecimento sobre o assunto. Sendo assim, é fundamental conscientizar e sensibilizar a sociedade. A tuberculose impõe aos pacientes uma sobrecarga relacionada ao impacto da doença na saúde, ao tratamento prolongado e difícil e à exclusão das pessoas ao redor, principalmente devido aos mitos sobre a enfermidade e o medo que ela provoca. Para combater a desinformação, é primordial reforçar junto à população que a doença tem cura e o tratamento é gratuito, disponibilizado pela rede SUS e com altas chances de sucesso. É igualmente importante que todos saibam como se proteger e evitar a sua contaminação, além de apoiar pacientes em fase de tratamento. “Não podemos ter preconceito com a doença, precisamos desmistificá-la”, reflete. Ela destaca, ainda, que a cura não impede que ocorra uma nova infecção. Por essa razão, adotar medidas de precaução, observar se teve contato com uma pessoa contaminada e estar atento aos sintomas devem ser práticas constantes. Onde ocorre a maior prevalência da doença? Em 2022, foram estimadas 10,6 milhões de pessoas ao redor do mundo adoecidas com tuberculose, número equivalente a 133 casos por 100 mil habitantes. A maioria dos casos de tuberculose em 2022 foi registrada nas regiões do Sudeste Asiático (46%), África (23%) e Pacífico Ocidental (18%), com menores percentuais no Mediterrâneo Oriental (8,1%), nas Américas (3,1%) e na Europa (2,2%). Em relação ao predomínio da doença, um perfil mais comum de quem é acometido pela tuberculose está relacionado a indivíduos que enfrentam vulnerabilidades sociais, biológicas e econômicas. Podemos citar como exemplos: pessoas que exercem atividades laborais informais; que realizam grandes trajetos ao se deslocar para o local de trabalho; que residem às margens dos grandes centros urbanos, entre outros. “Devemos dedicar atenção especial também aos próprios profissionais de saúde. É um dos grupos de maior risco para a contaminação por tuberculose, devido ao contato com casos da doença”, alerta Dra. Luciana. “O problema é bastante comum, ainda, entre pacientes etilistas, pneumopatas, por exemplo, além de transplantados renais, por terem a imunidade celular diminuída”, complementa. Conseguiu entender melhor quais são os sintomas da tuberculose, como a doença é transmitida e como se proteger? Pelo fato de algumas doenças do trato respiratório apresentarem sintomas parecidos, o ideal é consultar um médico para avaliação e diagnóstico correto diante de qualquer suspeita. Aproveite sua visita no blog para entender o que é asma infantil e quais são as suas possíveis causas! Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: Ministério da Saúde. Tuberculose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/tuberculose. Acesso em: 04/06/2024.  Ministério da Saúde. Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico - Tuberculose (2024). Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2024/boletim-epidemiologico-tuberculose-2024/view. Acesso em: 04/06/2024. Organização Mundial da Saúde. Incidência da Tuberculose. Disponível em: https://www.who.int/teams/global-tuberculosis-programme/tb-reports/global-tuberculosis-report-2023/tb-disease-burden/1-1-tb-incidence. Acesso em: 04/06/2024.