Sabin Por: Sabin
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A asma infantil é um problema de saúde de origem respiratória, ou seja, que acomete o sistema respiratório dos pequenos. Esse grupo de órgãos é composto por estruturas como os pulmões, a laringe, a faringe, os seios nasais e o nariz.

Mas, afinal, como esse problema é desencadeado? Crianças de todas as faixas etárias podem sofrer com esse mal? Quais são os sintomas mais comuns? Realmente, há muitas dúvidas sobre esse tema.

Então, para respondê-las, convidamos a Dra. Sara Habka, médica pneumologista pediatra, com título em área de atuação em pneumologia pediátrica pela SBPT/SBP, para um bate-papo esclarecedor sobre a asma infantil. Continue a leitura e tire as suas principais dúvidas sobre esse assunto!

O que é a asma?

A asma é uma alteração que faz com que as vias respiratórias do paciente fiquem inflamadas. Assim, elas incham, fazendo com que a passagem do ar fique “estreita”, dificultando a respiração. Ela é uma doença respiratória bem comum e pode surgir em qualquer momento da vida, sendo extremamente frequente durante a infância. Algumas vezes, inclusive, pode amenizar à medida que a pessoa cresce.

Ela acontece nos pulmões, mais especificamente nos brônquios (tubos e ramificações que fazem com que o ar que respiramos chegue até a área pulmonar). Por conta do estreitamento dessa passagem, causa crises que, em casos extremos, podem até matar devido à falta de oxigenação necessária nos tecidos.

A asma está catalogada como uma doença crônica, ou seja, que muitas vezes não tem cura. No entanto, não se preocupe: ela tem controle e tratamento, ambos muito eficazes. Assim, um paciente asmático pode viver uma vida normal e com muita qualidade.

Como ela se manifesta?

Alguns dos sintomas mais frequentes entre os asmáticos são:

  • respiração pesada e difícil;
  • cansaço aparente, seja em repouso ou após praticar exercícios;
  • lábios e dedos arroxeados (processo conhecido como cianose);
  • tosse frequente, ocasionada sempre que a pessoa puxa o ar;
  • respiração sonora, ou seja, que produz chiados quando o ar é solto;
  • dificuldade para se alimentar;
  • sono insuficiente, já que a pessoa acorda muitas vezes durante a noite para tossir e não descansa o bastante;
  • cansaço, devido à má qualidade do sono.

Qual é a diferença entre a manifestação da asma em crianças e adultos?

De modo geral, o problema se apresenta de maneiras semelhantes. Ambos os tipos de asma são caracterizados por uma inflamação nos brônquios, que deixa a passagem do ar mais estreita e dificulta a sua chegada aos pulmões. No entanto, há uma diferença importante a ser considerada: o tamanho dessas passagens de ar.

As crianças ainda estão desenvolvendo o seu sistema respiratório — então, as estruturas são menores e compatíveis com o seu tamanho corporal. Sendo assim, qualquer situação de inflamação pode fazer com que as vias se fechem parcial ou totalmente, gerando uma situação emergencial.

Quais são as principais causas da asma infantil?

As principais causas da asma são:

Hereditariedade

Uma das razões pelas quais crianças desenvolvem asma é a genética. O fato de ter pais ou avós com o mesmo problema ou outros quadros alérgicos e respiratórios (como eczema, rinite, entre outros) aumenta o risco de os pequenos desenvolverem essa questão.

Alergias

Outra causa bem comum é a ocorrência de um processo alérgico. A alergia é, por natureza, uma inflamação, ou seja, uma situação que gera uma resposta de defesa do nosso organismo. Sendo assim, é possível que crises alérgicas façam com que os brônquios fiquem inflamados e desencadeiem a asma.

Alimentação

Por incrível que pareça, alguns alimentos também podem contribuir para a ocorrência da asma. Isso pode acontecer tanto por intolerâncias ou alergias alimentares, quanto pela natural composição de alguns ingredientes. É preciso ficar de olho e relacionar as crises com a ingestão de certos compostos.

Prematuridade no nascimento

Bebês prematuros também têm uma chance maior de desenvolverem asma em algum momento de suas vidas. Isso acontece porque eles nascem com o sistema respiratório bem imaturo e, muitas vezes, não conseguem desenvolvê-lo 100% fora do útero. É claro que ele será uma criança funcional e saudável, mas é possível que a prematuridade deixe algumas sequelas leves no desenvolvimento.

Fumantes no núcleo familiar

Por fim, crianças que são filhas de mães que fumam durante a gestação também têm maiores chances de ter diferenças no desenvolvimento das estruturas pulmonares, nascendo com algumas sequelas estruturais. Além disso, crianças que convivem com fumantes estão em alto risco de desenvolver doenças respiratórias variadas, incluindo a asma.

Quais são os gatilhos da asma?

A asma não é um problema primário, mas sim secundário. Ou seja: algo precisa acontecer para que ela se manifeste no organismo. Confira a seguir quais são esses gatilhos!

Exposição a alérgenos

Como vimos, as alergias podem ser responsáveis por fazer com que uma criança desenvolva a asma. São, portanto, uma causa também frequente de ativação do problema. Crises alérgicas geram inflamação e trazem consequências para a saúde respiratória de crianças e adultos.

Alimentação

Alguns alimentos, como o leite, podem fazer com que crises de asma apareçam. No entanto, ele não é o grande vilão da respiração. Cada pessoa é única, e é fundamental que os pais e responsáveis possam identificar as relações entre o consumo e as crises. Manter um diário alimentar (que pode ser feito no bloco de notas do celular) é uma boa ideia para não se perder nessa investigação.

Infecções respiratórias

Vírus respiratórios são grandes gatilhos para as crises de asma. É comum que gripes, resfriados ou outras doenças, como a covid-19, façam com que os sintomas desse problema surjam. Lembrando que pessoas asmáticas fazem parte do grupo de risco para a infecção pelo coronavírus. Então, atenção e cuidado redobrados!

Exposição ao cigarro

Esse é outro tema que já mencionamos, mas é importante relembrar. Pessoas com asma não devem ser expostas ao cigarro, seja ativa ou passivamente (ou seja, com um fumante no ambiente). Esse pode ser um gatilho para crises bem graves, gerando uma resposta inflamatória potente no corpo da criança ou adulto asmático.

Mudanças de temperatura

Mudanças no clima também são comumente associadas às crises de asma, tanto do calor para o frio, quanto o inverso. Outro problema relacionado ao tempo está na mudança de estação. Épocas como a primavera costumam trazer muitos casos de crise asmática, especialmente devido à forte presença de pólen de flores no ambiente (que pode desencadear um processo alérgico).

Posso dizer que meu bebê tem asma?

Não, a asma em bebês não é um diagnóstico preciso. O que eles realmente apresentam é algo conhecido como bronquiolite viral aguda, um problema que causa a sibilância, nome dado ao chiado associado aos sintomas de gripes e resfriados.

Bebês que apresentam chiados frequentes após algum resfriado são considerados como “lactentes sibilantes”. Eles demandam um acompanhamento médico frequente para tratar os sintomas dessas inflamações, mas pode ser que nunca mais apresentem qualquer tipo de problema à medida em que forem crescendo.

No entanto, caso os sintomas permaneçam mesmo com o crescimento, o bebê (que agora será uma criança) será considerado como um paciente asmático. Esse é, portanto, um processo que pode ou não terminar no diagnóstico da asma.

O que pode significar se o bebê apresentar sintomas de asma?

Significa que há um processo inflamatório nos brônquios, algo tecnicamente conhecido como aumento da responsividade brônquica. Ou seja: algo fez com que essas estruturas ficassem mais estreitas, como uma alergia, um resfriado ou qualquer gatilho externo.

O que pode provocar esse tipo de desconforto?

O gatilho mais comum é a infecção viral, causada por vírus como o vírus sincicial respiratório, o influenza (que causa a gripe). Outros possíveis são exposição ao cigarro, alergias, presença de mofo no ambiente em que o bebê fica, entre outros.

O que fazer ao identificar esses problemas e como aliviar os sintomas?

O acompanhamento médico nesse caso é imprescindível, o bebê precisará de consultas frequentes para acompanhar a evolução da condição.

De modo geral, os sintomas são aliviados com o uso controlado de medicamentos do tipo corticoides, que ajudam a reduzir a inflamação. Além disso, há os broncodilatadores, que ajudam a expandir o espaço nos brônquios e facilitam a passagem do ar.

Como lidar com a asma infantil?

Lidar com a asma infantil é um desafio para os pais. No entanto, não se engane: a retratação da criança asmática em séries, filmes e novelas não é igual à realidade. Os pequenos que sofrem com esse problema não terão uma vida limitada, não precisarão deixar de brincar com os amigos, nem serão privados de nada ao longo de suas vidas.

A palavra-chave é: cuidado.

Os pais e responsáveis devem estar atentos aos gatilhos, identificando quais são as causas das crises. Assim, poderão evitá-los na rotina das crianças, mantendo-as o mais saudável possível.

Além disso, é importante dialogar com os pequenos sobre a própria segurança. Manter a bombinha sempre por perto é uma medida importante, que deve ser informada à escola e a todos que convivem com a criança.

Quais são os passos para o diagnóstico desse problema respiratório?

Diagnosticar a asma nem sempre é um processo muito simples, especialmente em crianças que não conseguem verbalizar muito bem o que estão sentindo. No entanto, profissionais atentos enfrentarão esse desafio e serão bem-sucedidos ao fechar esse diagnóstico. Confira, a seguir, algumas etapas desse processo!

Exame físico

O primeiro passo para o diagnóstico é o exame físico, no qual o médico examinará a criança e coletará informações dos pais ou responsáveis a partir de uma série de perguntas (anamnese).

Exames de imagem

Os exames de imagem, como a radiografia de tórax, podem ser realizados para descartar outros possíveis diagnósticos.

Exames complementares

Além disso, há testes complementares que podem ser úteis no tratamento e no diagnóstico da asma. Veja alguns a seguir:

  • testes para verificar a presença de alergias — fundamentais para ajudar na identificação de gatilhos;
  • gasometria — pode ser útil para verificar questões como a oxigenação e outros;
  • hemograma completo (exame de sangue) — importante para verificar se há uma infecção presente no organismo;
  • pesquisa de vírus respiratórios — para verificar se há alguma infecção e, então, instituir o melhor tratamento para o caso;
  • pesquisa de tuberculose e covid-19 — para excluir as doenças das possíveis causas dos sintomas;
  • espirometria — teste que avalia a função pulmonar, mas que só pode ser feito por crianças acima de 5 anos (e que não tenham suspeita de estar com covid-19).

Como podemos ver, o diagnóstico também passa por uma série de exclusões, que é o processo de garantir que o médico não está lidando com outras doenças além da asma. Assim, um diagnóstico certeiro pode ser fechado e a doença pode ser melhor compreendida a partir de outros exames (como a espirometria e o teste alérgico).

Como é feito o tratamento da asma infantil?

O tratamento é feito com a administração de medicamentos. Em alguns casos, eles só são utilizados durante as crises. Em outros, podem ser prescritos mais vezes nos intervalos, a fim de prevenir ou, até mesmo, minimizar sintomas que permaneçam nesse período.

Os medicamentos mais comuns são os corticoides, sobre os quais já falamos, e os broncodilatadores. Eles são normalmente administrados por meio de nebulizadores ou até mesmo inaladores (a bombinha) .

Cada tratamento é único, com remédios e doses personalizados para cada caso. Além disso, ele pode ser atualizado com frequência, de acordo com os sintomas e espaçamento das crises do paciente. Por isso, o acompanhamento frequente é imprescindível.

Como prevenir as crises asmáticas nas crianças?

As crises são prevenidas a partir da redução da exposição das crianças aos gatilhos que mencionamos ao longo do artigo. Por isso:

  • mantenha o ambiente sempre limpo e higienizado;
  • deixe janelas abertas sempre que possível, para evitar a presença do mofo dentro de casa;
  • evite alimentos que gerem uma resposta imunológica na criança;
  • evite fumar próximo à criança;
  • mantenha o calendário de vacinação atualizado, a fim de evitar infecções que podem desencadear as crises.

E, mais importante de tudo, conheça os gatilhos que afetam o seu filho. Assim, será possível evitá-los de forma eficiente.

Agora que você já sabe o que é asma infantil, como ela se manifesta e quais são as suas principais causas, fique atento e procure auxílio médico caso note quaisquer sintomas em seus filhos. Lembrando que, em alguns casos, os exames complementares são fundamentais para o diagnóstico preciso. Por isso, conte também com o apoio de um bom laboratório!

Quer saber ainda mais sobre a saúde infantil? Separamos, então, uma postagem que fala sobre o autismo, uma questão muito frequente entre as crianças, mas que também gera muitas dúvidas entre os pais e responsáveis. Boa leitura!

One thought on “Asma infantil: o que é e quais as possíveis causas?

  1. Gostei e foi mto boa está matéria. Estou com uma paciente de microarea com esses sintomas e na bisca p avaliação precisa (sou ACS), e foi de mto valia.

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Asma infantil: o que é e quais as possíveis causas?; A asma infantil é um problema de saúde de origem respiratória, ou seja, que acomete o sistema respiratório dos pequenos. Esse grupo de órgãos é composto por estruturas como os pulmões, a laringe, a faringe, os seios nasais e o nariz. Mas, afinal, como esse problema é desencadeado? Crianças de todas as faixas etárias podem sofrer com esse mal? Quais são os sintomas mais comuns? Realmente, há muitas dúvidas sobre esse tema. Então, para respondê-las, convidamos a Dra. Sara Habka, médica pneumologista pediatra, com título em área de atuação em pneumologia pediátrica pela SBPT/SBP, para um bate-papo esclarecedor sobre a asma infantil. Continue a leitura e tire as suas principais dúvidas sobre esse assunto! O que é a asma? A asma é uma alteração que faz com que as vias respiratórias do paciente fiquem inflamadas. Assim, elas incham, fazendo com que a passagem do ar fique "estreita", dificultando a respiração. Ela é uma doença respiratória bem comum e pode surgir em qualquer momento da vida, sendo extremamente frequente durante a infância. Algumas vezes, inclusive, pode amenizar à medida que a pessoa cresce. Ela acontece nos pulmões, mais especificamente nos brônquios (tubos e ramificações que fazem com que o ar que respiramos chegue até a área pulmonar). Por conta do estreitamento dessa passagem, causa crises que, em casos extremos, podem até matar devido à falta de oxigenação necessária nos tecidos. A asma está catalogada como uma doença crônica, ou seja, que muitas vezes não tem cura. No entanto, não se preocupe: ela tem controle e tratamento, ambos muito eficazes. Assim, um paciente asmático pode viver uma vida normal e com muita qualidade. Como ela se manifesta? Alguns dos sintomas mais frequentes entre os asmáticos são: respiração pesada e difícil; cansaço aparente, seja em repouso ou após praticar exercícios; lábios e dedos arroxeados (processo conhecido como cianose); tosse frequente, ocasionada sempre que a pessoa puxa o ar; respiração sonora, ou seja, que produz chiados quando o ar é solto; dificuldade para se alimentar; sono insuficiente, já que a pessoa acorda muitas vezes durante a noite para tossir e não descansa o bastante; cansaço, devido à má qualidade do sono. Qual é a diferença entre a manifestação da asma em crianças e adultos? De modo geral, o problema se apresenta de maneiras semelhantes. Ambos os tipos de asma são caracterizados por uma inflamação nos brônquios, que deixa a passagem do ar mais estreita e dificulta a sua chegada aos pulmões. No entanto, há uma diferença importante a ser considerada: o tamanho dessas passagens de ar. As crianças ainda estão desenvolvendo o seu sistema respiratório — então, as estruturas são menores e compatíveis com o seu tamanho corporal. Sendo assim, qualquer situação de inflamação pode fazer com que as vias se fechem parcial ou totalmente, gerando uma situação emergencial. Quais são as principais causas da asma infantil? As principais causas da asma são: Hereditariedade Uma das razões pelas quais crianças desenvolvem asma é a genética. O fato de ter pais ou avós com o mesmo problema ou outros quadros alérgicos e respiratórios (como eczema, rinite, entre outros) aumenta o risco de os pequenos desenvolverem essa questão. Alergias Outra causa bem comum é a ocorrência de um processo alérgico. A alergia é, por natureza, uma inflamação, ou seja, uma situação que gera uma resposta de defesa do nosso organismo. Sendo assim, é possível que crises alérgicas façam com que os brônquios fiquem inflamados e desencadeiem a asma. Alimentação Por incrível que pareça, alguns alimentos também podem contribuir para a ocorrência da asma. Isso pode acontecer tanto por intolerâncias ou alergias alimentares, quanto pela natural composição de alguns ingredientes. É preciso ficar de olho e relacionar as crises com a ingestão de certos compostos. Prematuridade no nascimento Bebês prematuros também têm uma chance maior de desenvolverem asma em algum momento de suas vidas. Isso acontece porque eles nascem com o sistema respiratório bem imaturo e, muitas vezes, não conseguem desenvolvê-lo 100% fora do útero. É claro que ele será uma criança funcional e saudável, mas é possível que a prematuridade deixe algumas sequelas leves no desenvolvimento. Fumantes no núcleo familiar Por fim, crianças que são filhas de mães que fumam durante a gestação também têm maiores chances de ter diferenças no desenvolvimento das estruturas pulmonares, nascendo com algumas sequelas estruturais. Além disso, crianças que convivem com fumantes estão em alto risco de desenvolver doenças respiratórias variadas, incluindo a asma. Quais são os gatilhos da asma? A asma não é um problema primário, mas sim secundário. Ou seja: algo precisa acontecer para que ela se manifeste no organismo. Confira a seguir quais são esses gatilhos! Exposição a alérgenos Como vimos, as alergias podem ser responsáveis por fazer com que uma criança desenvolva a asma. São, portanto, uma causa também frequente de ativação do problema. Crises alérgicas geram inflamação e trazem consequências para a saúde respiratória de crianças e adultos. Alimentação Alguns alimentos, como o leite, podem fazer com que crises de asma apareçam. No entanto, ele não é o grande vilão da respiração. Cada pessoa é única, e é fundamental que os pais e responsáveis possam identificar as relações entre o consumo e as crises. Manter um diário alimentar (que pode ser feito no bloco de notas do celular) é uma boa ideia para não se perder nessa investigação. Infecções respiratórias Vírus respiratórios são grandes gatilhos para as crises de asma. É comum que gripes, resfriados ou outras doenças, como a covid-19, façam com que os sintomas desse problema surjam. Lembrando que pessoas asmáticas fazem parte do grupo de risco para a infecção pelo coronavírus. Então, atenção e cuidado redobrados! Exposição ao cigarro Esse é outro tema que já mencionamos, mas é importante relembrar. Pessoas com asma não devem ser expostas ao cigarro, seja ativa ou passivamente (ou seja, com um fumante no ambiente). Esse pode ser um gatilho para crises bem graves, gerando uma resposta inflamatória potente no corpo da criança ou adulto asmático. Mudanças de temperatura Mudanças no clima também são comumente associadas às crises de asma, tanto do calor para o frio, quanto o inverso. Outro problema relacionado ao tempo está na mudança de estação. Épocas como a primavera costumam trazer muitos casos de crise asmática, especialmente devido à forte presença de pólen de flores no ambiente (que pode desencadear um processo alérgico). Posso dizer que meu bebê tem asma? Não, a asma em bebês não é um diagnóstico preciso. O que eles realmente apresentam é algo conhecido como bronquiolite viral aguda, um problema que causa a sibilância, nome dado ao chiado associado aos sintomas de gripes e resfriados. Bebês que apresentam chiados frequentes após algum resfriado são considerados como “lactentes sibilantes”. Eles demandam um acompanhamento médico frequente para tratar os sintomas dessas inflamações, mas pode ser que nunca mais apresentem qualquer tipo de problema à medida em que forem crescendo. No entanto, caso os sintomas permaneçam mesmo com o crescimento, o bebê (que agora será uma criança) será considerado como um paciente asmático. Esse é, portanto, um processo que pode ou não terminar no diagnóstico da asma. O que pode significar se o bebê apresentar sintomas de asma? Significa que há um processo inflamatório nos brônquios, algo tecnicamente conhecido como aumento da responsividade brônquica. Ou seja: algo fez com que essas estruturas ficassem mais estreitas, como uma alergia, um resfriado ou qualquer gatilho externo. O que pode provocar esse tipo de desconforto? O gatilho mais comum é a infecção viral, causada por vírus como o vírus sincicial respiratório, o influenza (que causa a gripe). Outros possíveis são exposição ao cigarro, alergias, presença de mofo no ambiente em que o bebê fica, entre outros. O que fazer ao identificar esses problemas e como aliviar os sintomas? O acompanhamento médico nesse caso é imprescindível, o bebê precisará de consultas frequentes para acompanhar a evolução da condição. De modo geral, os sintomas são aliviados com o uso controlado de medicamentos do tipo corticoides, que ajudam a reduzir a inflamação. Além disso, há os broncodilatadores, que ajudam a expandir o espaço nos brônquios e facilitam a passagem do ar. Como lidar com a asma infantil? Lidar com a asma infantil é um desafio para os pais. No entanto, não se engane: a retratação da criança asmática em séries, filmes e novelas não é igual à realidade. Os pequenos que sofrem com esse problema não terão uma vida limitada, não precisarão deixar de brincar com os amigos, nem serão privados de nada ao longo de suas vidas. A palavra-chave é: cuidado. Os pais e responsáveis devem estar atentos aos gatilhos, identificando quais são as causas das crises. Assim, poderão evitá-los na rotina das crianças, mantendo-as o mais saudável possível. Além disso, é importante dialogar com os pequenos sobre a própria segurança. Manter a bombinha sempre por perto é uma medida importante, que deve ser informada à escola e a todos que convivem com a criança. Quais são os passos para o diagnóstico desse problema respiratório? Diagnosticar a asma nem sempre é um processo muito simples, especialmente em crianças que não conseguem verbalizar muito bem o que estão sentindo. No entanto, profissionais atentos enfrentarão esse desafio e serão bem-sucedidos ao fechar esse diagnóstico. Confira, a seguir, algumas etapas desse processo! Exame físico O primeiro passo para o diagnóstico é o exame físico, no qual o médico examinará a criança e coletará informações dos pais ou responsáveis a partir de uma série de perguntas (anamnese). Exames de imagem Os exames de imagem, como a radiografia de tórax, podem ser realizados para descartar outros possíveis diagnósticos. Exames complementares Além disso, há testes complementares que podem ser úteis no tratamento e no diagnóstico da asma. Veja alguns a seguir: testes para verificar a presença de alergias — fundamentais para ajudar na identificação de gatilhos; gasometria — pode ser útil para verificar questões como a oxigenação e outros; hemograma completo (exame de sangue) — importante para verificar se há uma infecção presente no organismo; pesquisa de vírus respiratórios — para verificar se há alguma infecção e, então, instituir o melhor tratamento para o caso; pesquisa de tuberculose e covid-19 — para excluir as doenças das possíveis causas dos sintomas; espirometria — teste que avalia a função pulmonar, mas que só pode ser feito por crianças acima de 5 anos (e que não tenham suspeita de estar com covid-19). Como podemos ver, o diagnóstico também passa por uma série de exclusões, que é o processo de garantir que o médico não está lidando com outras doenças além da asma. Assim, um diagnóstico certeiro pode ser fechado e a doença pode ser melhor compreendida a partir de outros exames (como a espirometria e o teste alérgico). Como é feito o tratamento da asma infantil? O tratamento é feito com a administração de medicamentos. Em alguns casos, eles só são utilizados durante as crises. Em outros, podem ser prescritos mais vezes nos intervalos, a fim de prevenir ou, até mesmo, minimizar sintomas que permaneçam nesse período. Os medicamentos mais comuns são os corticoides, sobre os quais já falamos, e os broncodilatadores. Eles são normalmente administrados por meio de nebulizadores ou até mesmo inaladores (a bombinha) . Cada tratamento é único, com remédios e doses personalizados para cada caso. Além disso, ele pode ser atualizado com frequência, de acordo com os sintomas e espaçamento das crises do paciente. Por isso, o acompanhamento frequente é imprescindível. Como prevenir as crises asmáticas nas crianças? As crises são prevenidas a partir da redução da exposição das crianças aos gatilhos que mencionamos ao longo do artigo. Por isso: mantenha o ambiente sempre limpo e higienizado; deixe janelas abertas sempre que possível, para evitar a presença do mofo dentro de casa; evite alimentos que gerem uma resposta imunológica na criança; evite fumar próximo à criança; mantenha o calendário de vacinação atualizado, a fim de evitar infecções que podem desencadear as crises. E, mais importante de tudo, conheça os gatilhos que afetam o seu filho. Assim, será possível evitá-los de forma eficiente. Agora que você já sabe o que é asma infantil, como ela se manifesta e quais são as suas principais causas, fique atento e procure auxílio médico caso note quaisquer sintomas em seus filhos. Lembrando que, em alguns casos, os exames complementares são fundamentais para o diagnóstico preciso. Por isso, conte também com o apoio de um bom laboratório! Quer saber ainda mais sobre a saúde infantil? Separamos, então, uma postagem que fala sobre o autismo, uma questão muito frequente entre as crianças, mas que também gera muitas dúvidas entre os pais e responsáveis. Boa leitura!