Blog Sabin https://blog.sabin.com.br/ Conhecimento aliado ao bem-estar Wed, 17 Dec 2025 19:47:31 +0000 pt-BR hourly 1 https://blog.sabin.com.br/wp-content/uploads/2025/10/cropped-03_simbolo-vermelho-1-32x32.png Blog Sabin https://blog.sabin.com.br/ 32 32 Os benefícios da corrida de rua para viver com mais saúde https://blog.sabin.com.br/autocuidado/beneficios-da-corrida-de-rua/ https://blog.sabin.com.br/autocuidado/beneficios-da-corrida-de-rua/#respond Tue, 23 Dec 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4872 A corrida de rua é uma das práticas esportivas mais acessíveis, democráticas e completas da atualidade. De baixo custo e com alta adaptabilidade, ela se consolidou como um exercício popular por promover bem-estar físico, mental e social. Mais do que uma forma de se exercitar, a corrida é uma estratégia de autocuidado que impacta positivamente […]

The post Os benefícios da corrida de rua para viver com mais saúde appeared first on Blog Sabin.

]]>
A corrida de rua é uma das práticas esportivas mais acessíveis, democráticas e completas da atualidade. De baixo custo e com alta adaptabilidade, ela se consolidou como um exercício popular por promover bem-estar físico, mental e social. Mais do que uma forma de se exercitar, a corrida é uma estratégia de autocuidado que impacta positivamente a qualidade de vida, a produtividade e até a longevidade.

Estudos científicos mostram que corredores regulares apresentam menor risco de doenças crônicas, vivem mais e têm melhor desempenho cognitivo e emocional. No entanto, para aproveitar todos esses benefícios de forma segura, é fundamental seguir cuidados específicos antes e durante os treinos.

Confira a seguir os principais efeitos da corrida de rua na saúde e saiba como iniciar essa jornada com segurança.

Quais os principais benefícios da corrida de rua para o corpo?

Dados comprovam que corredores habituais apresentam uma redução de 25% a 40% no risco de mortalidade prematura, evidenciando a ligação direta da corrida de rua na promoção da longevidade. 

A prática também está associada à melhora significativa do condicionamento cardiovascular e da capacidade pulmonar, dois pilares da saúde física. Outro benefício é o fortalecimento de ossos e articulações. Contribui, ainda, para o aumento da força muscular, do equilíbrio e da resistência física, mesmo entre iniciantes, proporcionando maior funcionalidade no dia a dia.

Entre os ganhos metabólicos, destacam-se a prevenção de doenças como hipertensão arterial e diabetes tipo 2, além de auxiliar no controle do peso corporal e do perfil lipídico. Tanto a corrida em trilha quanto no asfalto oferecem estímulos neuromusculares relevantes, com determinadas diferenças que ampliam as melhorias físicas para o corpo como um todo. 

Como a corrida de rua melhora a saúde mental?

O impacto da corrida na saúde mental é cada vez mais reconhecido por especialistas. Logo após uma sessão de treino, já é possível notar mudanças no humor e na clareza mental, resultado da liberação de neurotransmissores como endorfina e serotonina. 

A corrida também tem se mostrado eficaz na redução de sintomas de depressão, estresse e ansiedade, mesmo em pessoas com condições crônicas como dor lombar. Quem pratica regularmente tende a ter um sono de melhor qualidade, pois o exercício regula o ritmo biológico e promove relaxamento mental.

Esses efeitos tornam a corrida uma aliada não apenas da saúde física, mas também do equilíbrio emocional, da concentração e da estabilidade psicológica.

A corrida de rua é para todas as idades?

A corrida de rua pode ser adaptada para todas as idades, embora os benefícios variem conforme a fase da vida. Adultos entre 25 e 50 anos costumam atingir o pico de desempenho e obter os melhores resultados físicos e metabólicos. Nessa faixa etária, a economia de corrida é mais eficiente e os ganhos cardiovasculares são especialmente pronunciados.

Para adultos mais velhos, a prática regular ajuda a preservar a capacidade funcional, manter a independência nas atividades do cotidiano e retardar os efeitos naturais do envelhecimento. Mesmo com a redução progressiva do desempenho, os resultados sobre a saúde global e a longevidade são expressivos.

Em crianças e adolescentes, a corrida deve ser introduzida com cuidado. A maturidade física e emocional precisa ser avaliada, principalmente para a participação em provas mais longas. Quando bem orientada, a prática pode contribuir para o desenvolvimento físico, autoestima e disciplina.

A corrida como cultura corporativa 

Cada vez mais, empresas têm adotado a corrida como parte de suas estratégias de promoção da saúde no ambiente corporativo. Iniciativas que incentivam a prática regular entre colaboradores demonstram efeitos positivos na saúde física, emocional e também no desempenho profissional.

Segundo Luís Carlos da Silva Pereira, coordenador de esporte do Sabin, “Quando o colaborador incorpora a corrida à rotina, não cuida apenas do corpo, ele aprimora concentração, resiliência emocional e capacidade de tomada de decisão. O treino aeróbico, como a corrida, fortalece o desempenho cardiovascular e eleva a produtividade no dia a dia. No Sabin, onde o incentivo ao esporte faz parte da cultura corporativa, vemos na prática como essa rotina fortalece times mais engajados, criativos e saudáveis”.

Esse exemplo mostra como a corrida ultrapassa os limites do bem-estar individual e se transforma em uma ferramenta de fortalecimento coletivo e cultura organizacional.

Quais cuidados são importantes para quem quer começar a correr?

Antes de iniciar a prática, é essencial passar por uma avaliação médica completa, sobretudo para pessoas com fatores de risco cardiovascular, histórico de lesões ou doenças crônicas. O check-up deve incluir exames laboratoriais, avaliação ortopédica e, se necessário, teste ergométrico.

O treino deve começar de forma leve, com progressão gradual de intensidade e distância. Aumentar o volume semanal em no máximo 10% é uma medida segura para evitar lesões e sobrecarga. O aquecimento antes e o desaquecimento após os treinos ajudam a prevenir danos musculares e cardiovasculares.

A escolha do calçado deve respeitar o tipo de pisada e as características do terreno. Superfícies mais regulares e menos rígidas são preferíveis para iniciantes. Exercícios de fortalecimento muscular, como de core, tornozelos e quadríceps, são indispensáveis para prevenir lesões.

Também é importante respeitar os períodos de descanso entre treinos, permitindo a recuperação adequada do corpo. Ignorar sinais como dor persistente, fadiga excessiva ou falta de motivação pode resultar em lesões por sobrecarga e esgotamento.

Quem tem mais risco de se lesionar na corrida de rua?

Alguns perfis de corredores exigem atenção especial. Iniciantes com menos de dois anos de experiência estão entre os mais propensos a sofrer lesões, principalmente por falta de adaptação biomecânica. Pessoas com histórico prévio de lesões, particularmente nos membros inferiores, também apresentam maior vulnerabilidade.

Indivíduos com sobrepeso, baixa frequência de treinos ou que participam de provas longas sem preparo adequado estão entre os grupos de risco mais recorrentes. Curiosamente, corredores muito experientes, também apresentam maior incidência de lesões, possivelmente pelo acúmulo de microtraumas.

Em algumas modalidades, estudos indicam maior prevalência de lesões entre mulheres, apesar de esses dados variarem conforme o tipo de prova e características individuais. O que importa é individualizar o plano de treino e sempre contar com orientação profissional.

A influência do ambiente na corrida de rua

O local onde se pratica a corrida influencia diretamente os benefícios percebidos. Ambientes com áreas verdes, como parques e trilhas arborizadas, são associados à maior sensação de bem-estar, prazer e segurança. Além disso, reduzem a percepção de esforço, o que aumenta a motivação e favorece a adesão ao hábito.

Mesmo em cidades grandes, é possível encontrar rotas urbanas que proporcionam boas experiências, desde que ofereçam estrutura adequada, segurança e iluminação, especialmente para treinos noturnos. Em todos os casos, o ambiente deve ser escolhido com base no conforto, segurança e preferências pessoais do praticante.

Benefícios sociais da corrida de rua

A corrida também é uma ferramenta de inclusão social e promoção da saúde coletiva. Grupos comunitários e iniciativas locais ampliam o acesso à atividade física, muitas vezes voltadas a pessoas sedentárias e de regiões vulneráveis. Isso fortalece os vínculos sociais, aumenta a autoestima e promove um sentimento de pertencimento.

A prática em grupo estimula a continuidade da atividade, pois envolve apoio mútuo, metas compartilhadas e incentivo coletivo.Assim, a corrida deixa de ser apenas um exercício e passa a integrar uma rede de cuidados e conexões sociais.

A importância do check-up esportivo

Correr com saúde começa com o autoconhecimento. Um check-up esportivo adequado identifica condições preexistentes, orienta sobre limitações e possibilita traçar um plano de treinos mais seguro e eficiente. Testes laboratoriais, ergometria, avaliação postural e de composição corporal são exemplos de exames que podem ser solicitados.

Com esse preparo, é possível correr com mais segurança, prevenir complicações e manter a motivação elevada por muito mais tempo. Quer saber se está pronto para começar? Veja os exames indicados para o seu check-up

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Lee DC, Brellenthin AG, Thompson PD, Sui X, Lee IM, Lavie CJ. Running as a Key Lifestyle Medicine for Longevity. Prog Cardiovasc Dis. 2017 Jun-Jul;60(1):45-55. doi: 10.1016/j.pcad.2017.03.005. Epub 2017 Mar 30. PMID: 28365296.

Damrongthai C, Kuwamizu R, Suwabe K, et al. Benefit of human moderate running boosting mood and executive function coinciding with bilateral prefrontal activation. iScience. 2021;24(12):103448.

Drum SN, Rappelt L, Held S, Donath L. Effects of Trail Running versus Road Running-Effects on Neuromuscular and Endurance Performance-A Two Arm Randomized Controlled Study. Int J Environ Res Public Health. 2023 Mar 3;20(5):4501. doi: 10.3390/ijerph20054501. PMID: 36901510; PMCID: PMC10002259.

Zavorsky GS, Tomko KA, Smoliga JM. Declines in marathon performance: Sex differences in elite and recreational athletes. PLoS One. 2017 Feb 10;12(2):e0172121. doi: 10.1371/journal.pone.0172121. PMID: 28187185; PMCID: PMC5302805.

Brenner JS, Watson A; COUNCIL ON SPORTS MEDICINE AND FITNESS. Overuse Injuries, Overtraining, and Burnout in Young Athletes. Pediatrics. 2024 Jan 1;153(2):e2023065129. doi: 10.1542/peds.2023-065129. PMID: 38247370.

Franklin BA, Thompson PD, Al-Zaiti SS, et al. Exercise-related acute cardiovascular events and potential deleterious adaptations following long-term exercise training: placing the risks into perspective—an update: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation. 2020;141(13):e705–e736. doi:10.1161/CIR.0000000000000749.

van der Worp MP, ten Haaf DS, van Cingel R, de Wijer A, Nijhuis-van der Sanden MW, Staal JB. Injuries in runners; a systematic review on risk factors and sex differences. PLoS One. 2015 Feb 23;10(2):e0114937. doi: 10.1371/journal.pone.0114937. PMID: 25706955; PMCID: PMC4338213.

Vincent HK, Vincent KR. Considerations for initiating and progressing running programs in obese individuals. PM R. 2013 Jun;5(6):513-9. doi: 10.1016/j.pmrj.2013.03.008. PMID: 23790819.

The post Os benefícios da corrida de rua para viver com mais saúde appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/autocuidado/beneficios-da-corrida-de-rua/feed/ 0 4872
Porfirias: triagem e interpretação bioquímica https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-bioquimico-das-porfirias/ https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-bioquimico-das-porfirias/#respond Fri, 19 Dec 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4867 As porfirias são doenças metabólicas hereditárias causadas por falhas enzimáticas na via de biossíntese do heme, molécula importante para o funcionamento da hemoglobina, mioglobina e citocromos. Essas condições pertencem ao grupo dos erros inatos do metabolismo e apresentam manifestações clínicas que variam desde crises neuroviscerais agudas até fotossensibilidade cutânea crônica. Por serem doenças raras, o […]

The post Porfirias: triagem e interpretação bioquímica appeared first on Blog Sabin.

]]>
As porfirias são doenças metabólicas hereditárias causadas por falhas enzimáticas na via de biossíntese do heme, molécula importante para o funcionamento da hemoglobina, mioglobina e citocromos. Essas condições pertencem ao grupo dos erros inatos do metabolismo e apresentam manifestações clínicas que variam desde crises neuroviscerais agudas até fotossensibilidade cutânea crônica.

Por serem doenças raras, o diagnóstico precoce é um grande desafio, porém relevante, para prevenir complicações como neuropatias, insuficiência renal e hepática, além de crises recorrentes que comprometem a qualidade de vida. 

Nesse sentido, a triagem bioquímica atua como a entrada para essa investigação e, quando bem realizada e interpretada, orienta o direcionamento clínico e laboratorial subsequente, incluindo a análise genética.

A seguir, discutiremos os principais marcadores bioquímicos utilizados, os métodos laboratoriais disponíveis, suas limitações e como interpretar corretamente os resultados no contexto clínico. Continue a leitura para se atualizar!

Diagnóstico bioquímico das porfirias

A investigação bioquímica é o primeiro passo diante da suspeita clínica de porfiria, sendo particularmente eficaz em contextos agudos. Diferentemente dos testes genéticos, que buscam mutações hereditárias, a triagem bioquímica permite avaliar a atividade metabólica em tempo real, evidenciando a presença de intermediários do heme que se acumulam em razão das falhas enzimáticas.

O diagnóstico inadequado ou tardio pode levar a abordagens terapêuticas equivocadas, uso de medicamentos contraindicados e piora dos sintomas. Por isso, o reconhecimento dos marcadores-chave e a adoção de uma rotina laboratorial estruturada são passos fundamentais para a condução efetiva do caso clínico.

Marcadores bioquímicos para diagnóstico

O porfobilinogênio (PBG) é considerado o principal marcador para crises agudas de porfiria, sobretudo nas formas hepáticas, como a porfiria aguda intermitente (AIP), porfiria variegata (VP) e coproporfiria hereditária (HCP). A dosagem na urina deve ser feita preferencialmente durante as crises sintomáticas, quando os níveis tendem a estar elevados. A análise pode ser feita por espectrofotometria, HPLC ou LC-MS, dependendo da estrutura laboratorial.

Outro marcador significativo é o ácido delta-aminolevulínico (ALA), precursor imediato do PBG. Apesar de ser útil como complemento diagnóstico nas porfirias agudas, sua elevação também pode ser observada em intoxicação por chumbo ou hepatopatias, exigindo cautela na interpretação. Como ambos os compostos são instáveis, o correto acondicionamento da urina refrigerada é indispensável para garantir a confiabilidade dos resultados.

Para os subtipos cutâneos, como a porfiria cutânea tarda (PCT), a protoporfiria eritropoiética (EPP) e a porfiria eritropoiética congênita (CEP), a análise de porfirinas totais e frações é essencial. O perfil das porfirinas na urina, fezes e plasma permite distinguir padrões específicos. Por exemplo, a PCT normalmente cursa com aumento de uroporfirinas urinárias, enquanto a EPP demonstra elevação de protoporfirina nos eritrócitos e plasma.

De modo geral, os métodos de análise incluem espectrofotometria de fluorescência, HPLC e, mais recentemente, cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS), que fornece alta sensibilidade e especificidade.

Interpretação dos resultados

Interpretar corretamente os resultados da triagem bioquímica exige conhecimento dos padrões metabólicos típicos das porfirias e de suas condições mimetizadoras. Por exemplo, elevações significativas de PBG e ALA indicam fortemente porfirias agudas, mas também podem ocorrer em outras condições, como doenças hepáticas crônicas e exposição a metais pesados.

A interpretação isolada de valores alterados pode levar a falsos diagnósticos. Assim, é preciso considerar a apresentação clínica, o histórico familiar e a coleta das amostras no momento adequado. As porfirias cutâneas mostram elevações mais discretas e progressivas de porfirinas totais e frações, sendo essas alterações influenciadas por variáveis como uso de álcool, estrógenos, infecções virais e sobreposição com doenças hepáticas.

Além disso, alguns pacientes podem revelar valores intermediários ou alterações não típicas em períodos intercríticos, o que torna ainda mais cruciais o seguimento e a repetição dos exames em momentos oportunos.

Limitações e o papel complementar dos testes genéticos na investigação das porfirias

Embora eficaz, a triagem bioquímica possui algumas limitações. Interferentes pré-analíticos, como coleta inadequada, armazenamento incorreto ou medicação em uso, podem gerar resultados falsamente normais ou alterados. Períodos intercríticos representam outro desafio, uma vez que os marcadores bioquímicos podem se normalizar mesmo diante de um quadro clínico compatível.

Nesse cenário, os testes genéticos fornecem recursos determinantes, pois possibilitam identificar mutações específicas associadas a cada subtipo de porfiria. Eles são especialmente úteis em familiares de pacientes diagnosticados, indivíduos com manifestações atípicas ou sintomas recorrentes sem alterações bioquímicas evidentes.

Contudo, é imprescindível ressaltar que o exame genético não substitui a triagem bioquímica, já que não avalia a expressão fenotípica da doença em curso. Dessa forma, a integração entre ambos os métodos é o que garante maior segurança diagnóstica.

Recomendações práticas para o diagnóstico das porfirias

O diagnóstico eficaz das porfirias começa pela suspeita clínica bem fundamentada e pela realização dos exames bioquímicos adequados no momento certo. Abaixo, compartilhamos algumas recomendações baseadas em boas práticas clínicas e laboratoriais:

  • Coleta durante crises ou momentos de sintomatologia ativa aumenta substancialmente a sensibilidade dos exames.
  • A urina para análise de ALA e PBG deve ser refrigerada ou congelada, protegida da luz e processada rapidamente.
  • Em casos com sintomas cutâneos, a análise de porfirinas totais e frações em plasma e fezes deve ser priorizada.
  • A confirmação diagnóstica deve ser realizada em laboratórios de referência, que disponham de metodologias especializadas e validação dos perfis metabólicos.

Como vimos, a triagem bioquímica permanece como estratégia inicial e necessária na investigação das porfirias. Sua sensibilidade permite detectar alterações metabólicas antes mesmo que o paciente tenha conhecimento da predisposição genética, favorecendo uma abordagem precoce e o manejo personalizado.

Ainda que apresente algumas limitações, é o método mais adequado na triagem, no diagnóstico inicial e na exclusão de diagnósticos diferenciais. Quando bem conduzida e complementada por exames genéticos e avaliação clínica, a triagem bioquímica oportuniza uma conduta precisa e melhora expressiva no prognóstico do paciente.

Continue se atualizando! Saiba mais sobre a importância da investigação genética com o conteúdo: Utilidade diagnóstica dos exames genéticos.

Referências:

Aarsand, Aasne K et al. “Practical recommendations for biochemical and genetic diagnosis of the porphyrias.” Liver international : official journal of the International Association for the Study of the Liver vol. 45,3 (2025): e16012. doi:10.1111/liv.16012

Yasuda, Makiko, and Robert J Desnick. “Murine models of the human porphyrias: Contributions toward understanding disease pathogenesis and the development of new therapies.” Molecular genetics and metabolism vol. 128,3 (2019): 332-341. doi:10.1016/j.ymgme.2019.01.007MACHADO, Roberto. A ordem do discurso. Revista Discurso, São Paulo, n. 1, p. 5-32, 1971. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/download/46282/49937/55422

The post Porfirias: triagem e interpretação bioquímica appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/medicos/diagnostico-bioquimico-das-porfirias/feed/ 0 4867
Diagnóstico e prevenção da bronquiolite https://blog.sabin.com.br/saude/bronquiolite-o-que-e-sintomas-e-como-prevenir/ https://blog.sabin.com.br/saude/bronquiolite-o-que-e-sintomas-e-como-prevenir/#respond Wed, 17 Dec 2025 19:28:17 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4859 A bronquiolite é uma das infecções respiratórias mais frequentes na infância, especialmente em bebês e crianças com menos de dois anos. Causada por vírus que atingem os pulmões, essa condição geralmente começa com sintomas leves, semelhantes a um resfriado, mas pode evoluir para um quadro com chiado no peito, dificuldade para respirar e, em casos […]

The post Diagnóstico e prevenção da bronquiolite appeared first on Blog Sabin.

]]>
A bronquiolite é uma das infecções respiratórias mais frequentes na infância, especialmente em bebês e crianças com menos de dois anos. Causada por vírus que atingem os pulmões, essa condição geralmente começa com sintomas leves, semelhantes a um resfriado, mas pode evoluir para um quadro com chiado no peito, dificuldade para respirar e, em casos mais graves, necessidade de hospitalização.

Durante o outono e o inverno, quando os vírus respiratórios circulam com maior intensidade em grande parte do país, aumenta também a ocorrência de bronquiolite. Embora afete principalmente lactentes, a doença pode trazer riscos também para idosos, como aqueles com comorbidades ou imunidade comprometida. Nessa população, o quadro pode ser inicialmente mais sutil, porém com potencial de evolução grave. Por isso, além de proteger os bebês, é crucial considerar medidas de prevenção em toda a rede de convivência.

Continue a leitura para saber mais!

O que é a bronquiolite?

A bronquiolite é uma infecção viral aguda que atinge os bronquíolos, pequenas ramificações dos pulmões responsáveis por conduzir o ar. Quando esses canais ficam inflamados e obstruídos por secreções, a passagem de ar se torna difícil, comprometendo a respiração.

A doença acomete particularmente bebês com menos de dois anos de idade, sendo mais comum nos primeiros seis meses de vida. O quadro começa com sintomas leves, como coriza e febre baixa; no entanto, tende a piorar entre o terceiro e o quinto dia, quando a inflamação pulmonar se intensifica. 

Após o período crítico, a maioria das crianças começa a melhorar gradualmente. A resolução dos sintomas costuma ocorrer após 10 a 14 dias. Em alguns casos, sintomas residuais (como tosse) podem durar mais tempo.

É importante entender que a bronquiolite é diferente de outras infecções respiratórias, como a bronquite, mais frequente em adultos, e a pneumonia, que pode ter causas bacterianas.

Quais são os sintomas da bronquiolite?

Como mencionamos, no início, a bronquiolite pode se parecer com um simples resfriado. Contudo, à medida que a infecção progride, podem surgir sinais mais preocupantes, como chiado no peito, respiração rápida, retrações nas costelas, gemência e dificuldade para mamar ou se alimentar.

Em casos mais graves, a criança pode ter pausas na respiração (apneia), coloração azulada nos lábios ou dedos (cianose), sonolência excessiva, desidratação e piora do estado geral. Esses sinais indicam comprometimento respiratório e exigem atendimento médico imediato. A piora clínica acontece usualmente entre o terceiro e o quinto dia de sintomas, representando o período de maior atenção e necessidade de vigilância constante.

Quais são as causas da bronquiolite?

O principal causador da bronquiolite é o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por grande parte dos casos, em especial durante as estações mais frias. Outros vírus também podem estar envolvidos, como o rinovírus, metapneumovírus, influenza, parainfluenza e bocavírus humano. Muitas vezes, dois ou mais vírus estão presentes simultaneamente, o que caracteriza uma coinfecção viral.

Além disso, a inflamação causada pelo vírus pode facilitar a ocorrência de infecções bacterianas secundárias, sobretudo em pacientes mais vulneráveis, o que pode aumentar a gravidade do quadro e demandar cuidados adicionais.

Como a bronquiolite é transmitida?

A transmissão ocorre por contato direto com secreções respiratórias, como espirros, tosse ou até mesmo pelo toque em superfícies contaminadas. Alguns vírus podem sobreviver por horas em objetos de uso comum, como brinquedos, roupas, talheres e móveis.

Ambientes fechados e com aglomeração, como creches e escolas, favorecem a disseminação da doença. Portanto, medidas como higienizar as mãos regularmente, evitar contato com pessoas gripadas e manter os espaços bem ventilados são essenciais para conter a transmissão.

Quem tem mais risco de desenvolver bronquiolite grave?

Apesar de qualquer bebê estar propenso a desenvolver bronquiolite, o risco de evolução grave é maior em lactentes com menos de três meses de vida, destacando-se aqueles que nasceram prematuros ou com baixo peso. Crianças com cardiopatias congênitas, doenças pulmonares crônicas, neuromusculares, síndromes genéticas como a síndrome de Down ou imunodeficiências também estão entre os grupos mais vulneráveis. 

Fatores ambientais e sociais, como exposição ao tabagismo passivo, ausência de aleitamento materno e condições socioeconômicas desfavoráveis, contribuem para o agravamento da doença. 

Um ponto interessante é que os meninos apresentam taxas mais elevadas de hospitalização por bronquiolite do que meninas, segundo dados epidemiológicos. 

Como é feito o diagnóstico da bronquiolite?

O diagnóstico é clínico e feito por um profissional de saúde com base na avaliação dos sintomas e no exame físico da criança. São observados sinais como respiração acelerada, chiado no peito, retrações torácicas, dificuldade para mamar e saturação (ou queda) de oxigênio. Normalmente, não é necessário realizar exames laboratoriais ou radiografias, a menos que o quadro fuja do padrão típico ou haja suspeita de complicações.

De modo geral, o acompanhamento periódico é determinante para avaliar a evolução da doença e identificar rapidamente qualquer sinal de piora, principalmente nos dias críticos de progressão do quadro.

Tratamento e prevenção da bronquiolite

Como não existe um medicamento específico para combater os vírus que causam bronquiolite, o tratamento é de suporte. Em casos leves, os cuidados podem ser feitos em casa, com foco na hidratação, alimentação e controle dos sintomas.Nos quadros moderados a graves, pode ser preciso internar a criança para garantir suporte adequado. 

O uso de oxigênio por cateter nasal de alto fluxo ou CPAP pode ser indicado para manter a oxigenação adequada. Já em casos de insuficiência respiratória grave, pode ser necessário utilizar estratégias de ventilação mecânica invasiva, em ambiente hospitalar, com acompanhamento intensivo.

Cabe ressaltar que broncodilatadores, corticosteroides, antibióticos, solução salina hipertônica e fisioterapia respiratória não são recomendados de forma rotineira, pois não apresentam benefícios comprovados nos casos típicos de bronquiolite viral. 

Cuidados preventivos

A melhor forma de prevenir a bronquiolite é adotar medidas simples no dia a dia. Lavar as mãos com frequência, manter os ambientes ventilados, evitar contato com pessoas gripadas e higienizar brinquedos e objetos compartilhados são práticas que fazem a diferença. Em períodos de maior circulação viral, o cuidado deve ser redobrado, especificamente com bebês pequenos.

Essas atitudes têm grande impacto na redução da transmissão, como ficou evidente durante a pandemia de covid-19, quando medidas de prevenção resultaram em uma queda significativa das internações por bronquiolite.

Imunização e estratégias de proteção passiva

Além dos cuidados comportamentais, o Brasil passou a contar recentemente com estratégias modernas de imunização contra o vírus sincicial respiratório. Uma delas é a vacinação da gestante com a vacina Abrysvo, indicada a partir da vigésima oitava semana de gestação. Essa medida promove a transferência de anticorpos da mãe para o bebê ainda na barriga, protegendo-o nos primeiros meses de vida.

Outra importante ferramenta é o anticorpo monoclonal Nirsevimabe (comercialmente conhecido como Beyfortus). Ele é indicado para todos os bebês com até oito meses de idade, durante o período de maior circulação do vírus, e também para crianças com fatores de risco até os dois anos de vida. O Nirsevimabe oferece proteção passiva imediata, com dose única e ação prolongada.

Com a chegada dessas novas tecnologias, o uso do Palivizumabe, que antes era utilizado em grupos restritos, está sendo substituído gradativamente, devido à maior eficácia e conveniência das novas alternativas.

Como a bronquiolite se manifesta no Brasil

A bronquiolite é uma das principais causas de hospitalização em bebês no Brasil, com impacto significativo sobre os serviços de saúde pública. Aproximadamente 10% dos casos evoluem para internação hospitalar, especialmente entre os menores de 12 meses. A média de permanência é de quatro a cinco dias, mas pode variar conforme a gravidade e as condições clínicas da criança.

Em virtude das dimensões continentais do país, a sazonalidade da bronquiolite varia entre as regiões. De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), no Sul e Sudeste, o pico de casos ocorre entre março e julho, enquanto no Norte e Nordeste, a maior incidência acontece entre janeiro e maio. Essa diferença tem impacto direto na definição das estratégias de imunização e no planejamento da assistência pediátrica em cada localidade.

Nos últimos anos, observou-se que medidas simples, como o distanciamento social durante a pandemia de covid-19, resultaram em uma expressiva redução nas internações por outras infecções respiratórias — entre elas, a bronquiolite. Esse dado reforça a importância da vacinação para proteger os bebês, principalmente nos períodos de maior circulação viral.

A chegada de novas vacinas e anticorpos monoclonais representa um avanço elementar no cuidado com os bebês. Cuidar da saúde respiratória das crianças é uma forma de garantir um início de vida mais seguro e saudável. E manter-se bem informado é o primeiro passo para isso. 

Quer saber mais sobre outras doenças respiratórias que afetam crianças e adultos? Leia nosso conteúdo: Entenda o que são e quais as principais doenças respiratórias.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Ralston SL, Lieberthal AS, Meissner HC, et al. Clinical practice guideline: the diagnosis, management, and prevention of bronchiolitis. Pediatrics. 2014;134(5):e1474-e1502. doi:10.1542/peds.2014-2742

Wollmeister E, Alvarez AE, Bastos JCS, et al. Respiratory syncytial virus in Brazilian infants – Ten years, two cohorts. J Clin Virol. 2018;98:33-36. doi:10.1016/j.jcv.2017.12.002

Freire G, Kuppermann N, Zemek R, et al. Predicting Escalated Care in Infants With Bronchiolitis. Pediatrics. 2018;142(3):e20174253. doi:10.1542/peds.2017-4253

Kirolos N, Mtaweh H, Datta RR, et al. Risk Factors for Severe Disease Among Children Hospitalized With Respiratory Syncytial Virus. JAMA Netw Open. 2025;8(4):e254666. doi:10.1001/jamanetworkopen.2025.4666

Meissner HC. Viral bronchiolitis in children. N Engl J Med. 2016 Jan 7;374(1):62–72. doi:10.1056/NEJMra1413456.

Pecenka C, Sparrow E, Feikin DR, et al. Respiratory syncytial virus vaccination and immunoprophylaxis: realising the potential for protection of young children. Lancet. 2024;404(10458):1157-1170. doi:10.1016/S0140-6736(24)01699-4

Patton ME, Moline HL, Whitaker M, et al. Interim Evaluation of Respiratory Syncytial Virus Hospitalization Rates Among Infants and Young Children After Introduction of Respiratory Syncytial Virus Prevention Products – United States, October 2024-February 2025. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2025;74(16):273-281. Published 2025 May 8. doi:10.15585/mmwr.mm7416a1

The post Diagnóstico e prevenção da bronquiolite appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/bronquiolite-o-que-e-sintomas-e-como-prevenir/feed/ 0 4859
Alimentos ultraprocessados e diabetes tipo 2: entenda a relação https://blog.sabin.com.br/saude/alimentos-ultraprocessados-aumentam-o-risco-de-diabetes/ https://blog.sabin.com.br/saude/alimentos-ultraprocessados-aumentam-o-risco-de-diabetes/#respond Tue, 09 Dec 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4804 O diabetes tipo 2 (DM2) é uma das doenças crônicas que mais crescem no mundo. No Brasil, o cenário não é diferente, e grande parte desse avanço está relacionado a fatores como sedentarismo, excesso de peso e, principalmente, má alimentação. Entre os vilões da dieta moderna, os alimentos ultraprocessados (AUP) ocupam posição de destaque. Esses […]

The post Alimentos ultraprocessados e diabetes tipo 2: entenda a relação appeared first on Blog Sabin.

]]>
O diabetes tipo 2 (DM2) é uma das doenças crônicas que mais crescem no mundo. No Brasil, o cenário não é diferente, e grande parte desse avanço está relacionado a fatores como sedentarismo, excesso de peso e, principalmente, má alimentação.

Entre os vilões da dieta moderna, os alimentos ultraprocessados (AUP) ocupam posição de destaque. Esses produtos estão cada vez mais presentes na rotina alimentar, especialmente entre crianças, adolescentes e adultos jovens. Práticos, acessíveis e com prazo de validade estendido, os ultraprocessados parecem ser soluções rápidas para a correria do dia a dia. No entanto, por trás da conveniência, existem riscos significativos para a saúde metabólica.

Neste conteúdo, trazemos atualizações sobre o que são esses alimentos, por que são prejudiciais e como o consumo excessivo se conecta ao risco de desenvolver diabetes tipo 2. Continue a leitura para saber mais!

O que são alimentos ultraprocessados?

Para entender os efeitos dos alimentos ultraprocessados na saúde, é fundamental compreender o que exatamente eles são. A definição mais aceita vem da classificação NOVA, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, que organizam os alimentos com base no grau e no propósito de processamento industrial. 

Segundo o sistema, os alimentos são divididos em quatro grupos, listados a seguir.

1- Alimentos in natura ou minimamente processados: frutas, legumes, verduras, grãos integrais, carnes frescas, ovos, leite, entre outros.

2- Ingredientes culinários processados: substâncias usadas no preparo, como sal, açúcar, óleos e gorduras.

3- Alimentos processados: produtos com poucos ingredientes, feitos com alimentos do grupo 1 e adicionados de sal, açúcar ou gordura, como conservas, queijos e pães artesanais.

4- Alimentos ultraprocessados (AUP): são formulações industriais feitas com ingredientes refinados, aditivos químicos (corantes, aromatizantes, emulsificantes) e pouco ou nenhum alimento in natura.

Outros exemplos de AUP incluem refrigerantes, sucos de caixinha, bolachas recheadas, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo, embutidos, cereais matinais açucarados e produtos prontos para consumo ou aquecimento.

Como os alimentos ultraprocessados afetam o organismo?

Os AUP exercem diversos efeitos nocivos, sobretudo quando consumidos regularmente. Eles apresentam um perfil nutricional desfavorável, sendo ricos em calorias, gorduras saturadas, açúcares adicionados e sódio e pobres em fibras, vitaminas e minerais

Esse desequilíbrio favorece o aumento da gordura corporal e afeta a saúde metabólica. Abaixo, entenda os principais mecanismos de prejuízo.

  • Consumo excessivo: o consumo frequente desses alimentos altera os mecanismos naturais de fome e saciedade, levando ao consumo excessivo de calorias.
  • Impacto hormonal: há evidências de que os aditivos (como emulsificantes e adoçantes artificiais) podem afetar negativamente o metabolismo da glicose e a resposta hormonal.
  • Inflamação intestinal: uma dieta rica em AUP prejudica a diversidade das bactérias do microbioma intestinal. Essa mudança favorece uma inflamação crônica de baixo grau, que é um fator de risco importante para a resistência à insulina, principal alteração metabólica associada ao DM2.

Qual a relação entre alimentos ultraprocessados e diabetes tipo 2?

A conexão entre o consumo de ultraprocessados e o DM2 já está bem documentada na literatura científica. Uma meta-análise mostrou que indivíduos com consumo moderado de AUP têm 12% mais risco de desenvolver a doença. Já os que consomem AUP em altas quantidades apresentam 31% mais risco, reforçando uma clara relação dose-resposta.

No contexto brasileiro, o estudo ELSA-Brasil demonstrou que o alto consumo de AUP está associado ao aumento de casos de síndrome metabólica, condição que inclui resistência à insulina, aumento da circunferência abdominal, dislipidemias e hipertensão arterial.

Adicionalmente, pesquisas com crianças e adolescentes brasileiros identificaram que dietas ricas em AUP estão ligadas ao aumento de colesterol LDL, níveis mais altos de triglicerídeos e maior prevalência de sobrepeso e obesidade, que são fatores de risco relevantes para o desenvolvimento futuro de DM2.

Outros impactos negativos do consumo de alimentos ultraprocessados

O risco associado aos ultraprocessados também inclui:

Estudos epidemiológicos indicam que os ultraprocessados são responsáveis por milhares de mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil todos os anos.

Por que os alimentos ultraprocessados são tão consumidos?

Apesar dos riscos conhecidos, os ultraprocessados continuam sendo consumidos em larga escala. Isso ocorre porque eles são fáceis de encontrar, prontos para o consumo, baratos, altamente palatáveis e intensamente divulgados por campanhas publicitárias, além de serem soluções práticas para a falta de tempo e a rotina corrida.

Essa transição nutricional, que substituiu alimentos frescos por produtos industrializados, impulsionada por mudanças sociais e econômicas, teve como consequência uma piora na qualidade da dieta, com impacto direto sobre os índices de obesidade, doenças cardíacas e DM2.

Como reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados?

Fazer substituições conscientes e escolhas alimentares mais saudáveis no cotidiano pode auxiliar na manutenção da saúde. Veja algumas dicas práticas:

  • preferir alimentos in natura ou minimamente processados;
  • trocar refrigerantes e sucos industrializados por água, água com limão ou sucos naturais;
  • planejar as refeições da semana e evitar compras por impulso;
  • ler rótulos e evitar produtos com listas extensas de ingredientes desconhecidos;
  • cozinhar mais em casa e envolver a família na preparação das refeições.

A importância do acompanhamento médico e da realização de exames regulares

A adoção de uma alimentação mais equilibrada é essencial, mas o cuidado com a saúde precisa vir acompanhado de monitoramento. Como o DM2 pode se desenvolver silenciosamente por muitos anos, a realização de exames de rotina — como a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada — é determinante para o diagnóstico precoce.

É importante estar ciente de que o acompanhamento com nutricionistas, endocrinologistas e outros profissionais de saúde pode servir de orientação sobre o melhor plano alimentar, exames necessários e metas de prevenção individualizadas.

Ao repensar seus hábitos alimentares e fazer escolhas inteligentes, você pode cuidar melhor da sua saúde e da sua qualidade de vida. Leia o nosso conteúdo sobre alimentação saudável e saiba como adotar uma dieta balanceada em sua rotina!

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Delpino FM, Figueiredo LM, Bielemann RM, et al. Ultra-processed food and risk of type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis of longitudinal studies. Int J Epidemiol. 2022;51(4):1120-1141. doi:10.1093/ije/dyab247

Lichtenstein AH, Appel LJ, Vadiveloo M, et al. 2021 Dietary Guidance to Improve Cardiovascular Health: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation. 2021;144(23):e472-e487. doi:10.1161/CIR.0000000000001031

Mendoza K, Barquera S, Tobias DK. Targeting ultra-processed foods for prevention of type 2 diabetes: state of the evidence and future directions. Diabetologia. 2025;68(3):495-506. doi:10.1007/s00125-025-06358-x

Li Y, Lai Y, Geng T, et al. Association of ultraprocessed food consumption with risk of microvascular complications among individuals with type 2 diabetes in the UK Biobank: a prospective cohort study. Am J Clin Nutr. 2024;120(3):674-684. doi:10.1016/j.ajcnut.2024.07.022

Madalosso MM, Martins NNF, Medeiros BM, et al. Consumption of ultra-processed foods and cardiometabolic risk factors in Brazilian adolescents: results from ERICA. Eur J Clin Nutr. 2023;77(11):1084-1092. doi:10.1038/s41430-023-01329-0

Nilson EAF, Ferrari G, Louzada MLC, Levy RB, Monteiro CA, Rezende LFM. Premature Deaths Attributable to the Consumption of Ultraprocessed Foods in Brazil. Am J Prev Med. 2023;64(1):129-136. doi:10.1016/j.amepre.2022.08.013

Steele EM, O’Connor LE, Juul F, et al. Identifying and Estimating Ultraprocessed Food Intake in the US NHANES According to the Nova Classification System of Food Processing. J Nutr. 2023;153(1):225-241. doi:10.1016/j.tjnut.2022.09.001

Canhada SL, Vigo Á, Luft VC, et al. Ultra-Processed Food Consumption and Increased Risk of Metabolic Syndrome in Adults: The ELSA-Brasil. Diabetes Care. 2023;46(2):369-376. doi:10.2337/dc22-1505

The post Alimentos ultraprocessados e diabetes tipo 2: entenda a relação appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/alimentos-ultraprocessados-aumentam-o-risco-de-diabetes/feed/ 0 4804
Hipovitaminose D em pediatria: novas diretrizes https://blog.sabin.com.br/medicos/novas-diretrizes-sobre-hipovitaminose-d/ https://blog.sabin.com.br/medicos/novas-diretrizes-sobre-hipovitaminose-d/#respond Fri, 05 Dec 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4801 A hipovitaminose D representa uma condição clínica de alta relevância na prática pediátrica, especialmente por sua associação com desfechos negativos no crescimento, na saúde óssea e na modulação da resposta imune durante a infância e a adolescência. Evidências apontam que a deficiência de vitamina D nessa população está diretamente relacionada a quadros como raquitismo, infecções […]

The post Hipovitaminose D em pediatria: novas diretrizes appeared first on Blog Sabin.

]]>
A hipovitaminose D representa uma condição clínica de alta relevância na prática pediátrica, especialmente por sua associação com desfechos negativos no crescimento, na saúde óssea e na modulação da resposta imune durante a infância e a adolescência. Evidências apontam que a deficiência de vitamina D nessa população está diretamente relacionada a quadros como raquitismo, infecções respiratórias de repetição, maior predisposição a doenças autoimunes, alergias e alterações no metabolismo mineral ósseo.

Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio do Departamento Científico de Endocrinologia, atualizou suas diretrizes para diagnóstico, prevenção e manejo da hipovitaminose D em crianças e adolescentes. O novo documento consiste em uma revisão crítica das práticas vigentes, propondo ajustes nos critérios laboratoriais e nas estratégias terapêuticas, com base na melhor evidência científica disponível.

A seguir, apresentamos os principais pontos da atualização e suas implicações para a prática médica.

Critérios para o rastreamento da hipovitaminose D 

Com foco na individualização da conduta e na segurança clínica, as novas recomendações da SBP visam reduzir o subdiagnóstico em populações vulneráveis, ao mesmo tempo em que alertam para os riscos do uso indiscriminado e não supervisionado de suplementos de vitamina D, uma prática ainda recorrente em diversas realidades assistenciais do país.

A diretriz abandona a recomendação de triagem universal dos níveis séricos de vitamina D em crianças e adolescentes saudáveis, optando por uma abordagem seletiva, centrada em indivíduos com sinais clínicos sugestivos de deficiência ou pertencentes a grupos de risco. Ainda, a decisão visa evitar a medicalização excessiva da infância, diminuindo a realização de exames laboratoriais desnecessários e o início de suplementações sem respaldo clínico.

Entre os grupos elegíveis para rastreamento com dosagem de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D], destacam-se crianças com doenças inflamatórias intestinais, obesidade, doenças renais e hepáticas crônicas, síndromes genéticas que afetam o metabolismo ósseo, bem como usuários crônicos de anticonvulsivantes, corticoides sistêmicos e antirretrovirais. Pacientes com suspeita clínica de raquitismo também devem ser investigados.

Novas recomendações para suplementação e interpretação laboratorial

A diretriz atual aponta para a suplementação empírica de vitamina D em grupos específicos, mesmo na ausência de exames laboratoriais prévios. Essa orientação aplica-se a lactentes, gestantes, adolescentes com fatores de risco, idosos com mais de 75 anos e pessoas em situações clínicas com impacto expressivo na morbidade pediátrica.

Outro aspecto importante diz respeito à interpretação laboratorial da vitamina D. A dosagem da fração ativa, 1,25-diidroxivitamina D [1,25(OH)₂D], não deve ser utilizada para diagnóstico, pois está sujeita à interferência de variáveis como paratormônio (PTH), cálcio e fósforo séricos, o que compromete sua confiabilidade como marcador de reserva corporal.

Quanto aos valores de referência, a SBP recomenda que crianças e adolescentes em grupos de risco mantenham níveis de 25(OH)D entre 30 e 60 ng/mL. Valores abaixo de 20 ng/mL indicam deficiência e exigem investigação complementar de raquitismo, com exames bioquímicos e, quando necessário, radiografia de ossos longos. Entre os achados sugestivos da doença, estão: alargamento metafisário; alterações costocondrais; fraturas em galho verde; e deformidades ósseas, principalmente em membros inferiores.

Estratégias terapêuticas para a prevenção da hipovitaminose D

No que se refere ao tratamento e à prevenção da hipovitaminose D, a nova diretriz da SBP mantém a preferência pelo colecalciferol (vitamina D3), que apresenta maior biodisponibilidade e meia-vida mais longa, em comparação ao ergocalciferol (vitamina D2). As doses recomendadas foram revisadas e seguem critérios de idade e risco clínico.

Para lactentes menores de um ano, a dose diária de 400 UI de vitamina D3 continua sendo a indicação padrão. Crianças e adolescentes entre um e 18 anos devem receber 600 UI/dia, desde que não estejam em grupos de risco. Para pacientes com condições clínicas que aumentam a suscetibilidade à deficiência, como os mencionados no rastreamento, as doses devem ser ajustadas entre 1.200 e 1.800 UI/dia, de forma individualizada e com acompanhamento laboratorial periódico.

A diretriz destaca, ainda, a importância de evitar o uso de megadoses de vitamina D em regimes prolongados. A prática, embora comum em anos anteriores, tem sido cada vez mais desaconselhada por causa do risco de hipervitaminose D, hipercalcemia, nefrocalcinose e outras manifestações tóxicas, que podem comprometer a saúde renal e óssea do paciente. O uso de doses elevadas deve ser reservado a situações específicas, com indicações claras e monitoramento rigoroso.

O consenso de 2024 da Endocrine Society também recomenda a suplementação rotineira com vitamina D até os 18 anos, com o objetivo de prevenir o raquitismo nutricional e reduzir o risco de infecções respiratórias. Entretanto, enfatiza que a dose deve ser segura, eficaz e baseada no perfil clínico do paciente, sem exceder os limites superiores de ingestão estabelecidos pelas agências reguladoras.

Racionalidade, segurança e personalização no manejo da vitamina D

As atualizações vistas são um avanço significativo no alinhamento das condutas clínicas com as evidências mais robustas disponíveis. A transição de uma abordagem de rastreamento universal para uma triagem seletiva — baseada em risco clínico e sintomas — demonstra preocupação ética com a racionalidade médica e a segurança do paciente.

Apesar de a suplementação preventiva com vitamina D continuar sendo uma estratégia válida, sobretudo em lactentes e populações de risco, sua condução deve ser feita com ainda mais cautela, evitando excessos que podem gerar efeitos adversos relevantes. Assim, a individualização do cuidado, associada ao uso criterioso de exames laboratoriais, é essencial para garantir que o benefício da suplementação supere qualquer risco potencial.

Por fim, cabe reforçar que a avaliação periódica dos níveis de vitamina D, quando indicada, deve ser integrada ao acompanhamento global da criança e do adolescente, considerando fatores ambientais, alimentares e genéticos. A educação médica contínua sobre o tema também é importantíssima para evitar a banalização da prescrição e para promover uma pediatria baseada em evidências, segurança e efetividade.

Continue aprofundando seu conhecimento! Acesse nosso conteúdo sobre medicina de precisão na investigação de baixa estatura e atualize-se sobre como as abordagens diagnósticas personalizadas podem melhorar o acompanhamento pediátrico.

Referências:

Demay MB, Pittas AG, Bikle DD, et al. Vitamin D for the Prevention of Disease: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2024;109(8):1907-1947. doi:10.1210/clinem/dgae290

Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Diretrizes clínicas para diagnóstico, tratamento e prevenção da hipovitaminose D em crianças e adolescentes – atualização. Departamento Científico de Endocrinologia. SBP; 2024. 24540j-DC HipovitD_diagn-tratam-prevenç Atualiz.indd 

The post Hipovitaminose D em pediatria: novas diretrizes appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/medicos/novas-diretrizes-sobre-hipovitaminose-d/feed/ 0 4801
Intoxicação por metanol: riscos do consumo de bebidas adulteradas https://blog.sabin.com.br/saude/riscos-de-intoxicacao-por-metanol/ https://blog.sabin.com.br/saude/riscos-de-intoxicacao-por-metanol/#respond Tue, 02 Dec 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4798 Dados de 2025 do Ministério da Saúde (MS) sobre os casos de intoxicação por metanol reacenderam um alerta importante à população. A situação tomou uma proporção inesperada para a saúde pública, de tal maneira que o órgão montou a Sala de Situação Nacional — Intoxicação por Metanol após Consumo de Bebida Alcoólica, na qual mantém […]

The post Intoxicação por metanol: riscos do consumo de bebidas adulteradas appeared first on Blog Sabin.

]]>
Dados de 2025 do Ministério da Saúde (MS) sobre os casos de intoxicação por metanol reacenderam um alerta importante à população. A situação tomou uma proporção inesperada para a saúde pública, de tal maneira que o órgão montou a Sala de Situação Nacional — Intoxicação por Metanol após Consumo de Bebida Alcoólica, na qual mantém atualizado o número de casos com esse composto altamente tóxico.

Esse cenário evidencia a urgência de ampliar a informação sobre os perigos do metanol. Muitas pessoas ainda desconhecem o risco que a substância representa para o organismo humano, principalmente quando ingerida de forma acidental ou por meio de bebidas ilegais.

O objetivo deste conteúdo é esclarecer o que é o metanol, quais os sintomas de intoxicação, as formas de tratamento e, sobretudo, como se proteger. Continue a leitura para entender como reduzir riscos e identificar sinais de alerta.

O que é o metanol e por que ele é tão perigoso?

O metanol é um tipo de álcool comumente utilizado na indústria, presente em solventes, combustíveis e produtos de limpeza. Embora tenha aparência semelhante ao etanol (álcool presente nas bebidas alcoólicas), o metanol é extremamente prejudicial para o organismo humano.

Quando ingerido, o metanol passa por um processo de metabolização no fígado, sendo convertido em formaldeído e, em seguida, em ácido fórmico. Essas substâncias são responsáveis por causar danos severos ao sistema nervoso central e ao nervo óptico, podendo levar à cegueira e até à morte.

Estudos indicam que a ingestão de apenas oito gramas de metanol já pode ser letal. Em bebidas produzidas de forma clandestina, como cachaças e destilados, sem registros sanitários, a concentração da substância pode ser muito superior ao limite considerado seguro, aumentando exponencialmente o risco de intoxicação.

Casos de intoxicação por metanol no Brasil

No final de outubro de 2025, 59 casos de intoxicação foram confirmados por metanol no país. No levantamento em questão, o estado de São Paulo liderava as estatísticas, com 46 casos confirmados e nove óbitos, seguido pelo Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.

Essas ocorrências estão diretamente relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, geralmente vendidas de maneira ilegal, sem rótulo ou registro nos órgãos de vigilância sanitária. Esse tipo de bebida é frequentemente mais barato, o que aumenta sua atratividade, mas também representa um risco extremo à saúde.

Quais os sintomas da intoxicação por metanol?

Os sintomas iniciais da intoxicação por metanol são, muitas vezes, inespecíficos, o que pode retardar o diagnóstico. Eles incluem:

  • náuseas;
  • vômitos;
  • dor abdominal;
  • dor de cabeça.

Com a evolução do quadro, surgem sinais mais graves:

  • visão turva ou perda total da visão (podendo ser irreversível);
  • respiração acelerada;
  • confusão mental;
  • diminuição do nível de consciência;
  • convulsões;
  • coma.

A manifestação dos sintomas visuais costuma ocorrer entre seis e 24 horas após a ingestão. No entanto, como o consumo normalmente é concomitante com outras bebidas contendo etanol, esse intervalo pode se prolongar, dificultando ainda mais o diagnóstico.

O que fazer em caso de suspeita de intoxicação?

Diante de qualquer suspeita de ingestão de bebida adulterada ou aparecimento dos sintomas citados, é necessário procurar imediatamente atendimento médico. O tratamento precoce é essencial para evitar complicações graves como cegueira permanente ou morte.

Em ambiente hospitalar, são realizados exames laboratoriais para avaliar a presença de metanol no sangue, além de testes que identificam acidose metabólica, uma das principais características laboratoriais da intoxicação.

Como é feito o tratamento da intoxicação por metanol?

Por se tratar de uma emergência médica grave, a rapidez no início do tratamento é determinante para a recuperação do paciente. Quanto mais cedo for feita a intervenção, menores as chances de sequelas neurológicas e oftalmológicas. O tratamento pode incluir algumas etapas, detalhadas a seguir.

Inibição da metabolização tóxica

O primeiro passo no tratamento é bloquear a metabolização do metanol em substâncias tóxicas. Isso é feito com medicamentos que inibem a enzima álcool desidrogenase, como o fomepizol, preferido por sua eficácia e segurança. O etanol também pode ser utilizado como alternativa, mas seu uso exige monitoramento intensivo devido aos efeitos colaterais.

Hemodiálise e suporte intensivo

Em casos graves, com sinais neurológicos ou visuais importantes, a hemodiálise é indicada para remover o metanol e seus metabólitos do organismo. Esse procedimento também corrige rapidamente a acidose metabólica e melhora a oxigenação dos tecidos.

Correção da acidose e suporte metabólico

A acidose metabólica é tratada com bicarbonato de sódio intravenoso, mantendo o pH sanguíneo em níveis seguros. Além disso, o uso de ácido folínico ou fólico ajuda a acelerar a eliminação do ácido fórmico, reduzindo a toxicidade.

Como evitar a intoxicação por metanol?

Confira dicas simples e valiosas que fazem toda a diferença na prevenção da intoxicação por metanol:

Evite bebidas de origem desconhecida

A principal medida preventiva é evitar bebidas sem procedência. Sempre verifique se o produto possui registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), rótulo original e lacre de segurança. Bebidas muito baratas ou vendidas em locais informais são mais propensas a conter substâncias ilegais.

Fique atento a adulterações

Mesmo quando a bebida aparenta estar em boas condições, a presença de metanol pode ser imperceptível. Alterações no sabor ou cheiro são pistas, porém nem sempre confiáveis. A única forma segura é consumir produtos regulamentados e fiscalizados.

Priorize hábitos saudáveis e reduza o consumo de álcool

Aproveite a oportunidade para refletir sobre o consumo de álcool em geral. Diminuir o uso, especialmente de bebidas destiladas, reduz não apenas o risco de intoxicação por metanol, como também outras complicações de saúde. 

Intoxicação por metanol é uma ameaça à saúde pública

O aumento dos casos de intoxicação ressalta um problema de saúde pública que exige ação imediata das autoridades e da população. A venda de bebidas adulteradas precisa ser denunciada e combatida com rigor, enquanto campanhas educativas devem reforçar os riscos associados ao consumo de produtos ilegais.

A intoxicação por metanol não é apenas um problema individual, mas coletivo. Quanto mais pessoas estiverem informadas, maior a chance de salvar vidas.

Atenção, informação e prevenção salvam vidas

O metanol, apesar de invisível ao olhar e ao paladar, representa um perigo real. Saber identificar os riscos, reconhecer os sintomas e agir com rapidez diante de uma suspeita são atitudes decisivas e eficazes. A prevenção começa com escolhas conscientes e informação de qualidade.

Se você conhece alguém que consome bebidas de procedência duvidosa, compartilhe este conteúdo. Prevenir intoxicações é um dever de todos. Para entender os impactos do consumo de álcool na saúde, recomendamos também a leitura do conteúdo: Alcoolismo: saiba quais os danos causados pelo consumo excessivo de álcool

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Kraut JA. Approach to the Treatment of Methanol Intoxication. Am J Kidney Dis. 2016 Jul;68(1):161-7. doi: 10.1053/j.ajkd.2016.02.058. Epub 2016 May 13. PMID: 27180631.

Desai T, Sudhalkar A, Vyas U, Khamar B. Methanol poisoning: predictors of visual outcomes. JAMA Ophthalmol. 2013 Mar;131(3):358-64. doi: 10.1001/jamaophthalmol.2013.1463. Erratum in: JAMA Ophthalmol. 2013 May;131(5):698. PMID: 23303293.

Mahdavi SA, Zamani N, McDonald R, et. al.,. A cross-sectional multicenter linkage study of hospital admissions and mortality due to methanol poisoning in Iranian adults during the COVID-19 pandemic. Sci Rep. 2022 Jun 13;12(1):9741. doi: 10.1038/s41598-022-14007-1. PMID: 35697919; PMCID: PMC9189800.

Kraut JA, Mullins ME. Toxic alcohols. N Engl J Med. 2018 Jan 17;378(3):270–280. doi:10.1056/NEJMra1615295.

Sadeghi M, Fakhar M, Hoseininejad SM, Zakariaei Z, Sadeghi A. The clinico-epidemiological, diagnostic and therapeutic aspects of methanol poisoning: A five-year retrospective study, northern Iran. Drug Alcohol Depend. 2023 Dec 1;253:111024. doi: 10.1016/j.drugalcdep.2023.111024. Epub 2023 Nov 11. PMID: 38006673.

Brent J, McMartin K, Phillips S, Aaron C, Kulig K; Methylpyrazole for Toxic Alcohols Study Group. Fomepizole for the treatment of methanol poisoning. N Engl J Med. 2001 Feb 8;344(6):424–429. doi:10.1056/NEJM200102083440605.

Pohanka M. Antidotes Against Methanol Poisoning: A Review. Mini Rev Med Chem. 2019;19(14):1126-1133. doi: 10.2174/1389557519666190312150407. PMID: 30864518.

The post Intoxicação por metanol: riscos do consumo de bebidas adulteradas appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/riscos-de-intoxicacao-por-metanol/feed/ 0 4798
Triagem neonatal para imunodeficiências: SCID e agamaglobulinemia https://blog.sabin.com.br/medicos/triagem-neonatal-para-scid-e-agamaglobulinemia-congenita/ https://blog.sabin.com.br/medicos/triagem-neonatal-para-scid-e-agamaglobulinemia-congenita/#respond Fri, 28 Nov 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4787 As imunodeficiências primárias graves, como a imunodeficiência combinada grave (SCID) e a agamaglobulinemia congênita (AGAMA), representam emergências pediátricas silenciosas que, quando não diagnosticadas precocemente, evoluem com infecções graves e risco elevado de óbito nos primeiros meses de vida. Essas condições genéticas comprometem a resposta imune do recém-nascido, mas, na maioria dos casos, os bebês são […]

The post Triagem neonatal para imunodeficiências: SCID e agamaglobulinemia appeared first on Blog Sabin.

]]>
As imunodeficiências primárias graves, como a imunodeficiência combinada grave (SCID) e a agamaglobulinemia congênita (AGAMA), representam emergências pediátricas silenciosas que, quando não diagnosticadas precocemente, evoluem com infecções graves e risco elevado de óbito nos primeiros meses de vida. Essas condições genéticas comprometem a resposta imune do recém-nascido, mas, na maioria dos casos, os bebês são assintomáticos ao nascimento.

A triagem neonatal baseada na quantificação de biomarcadores moleculares, como TRECs (T-cell Receptor Excision Circles) e KRECs (Kappa-deleting Recombination Excision Circles), permite a detecção pré-sintomática de linfopenias T e B graves, com alta sensibilidade e especificidade. Por isso, a implementação da metodologia em diversos países demonstrou impacto direto na sobrevida e qualidade de vida dos pacientes, ao possibilitar intervenções curativas, como o transplante de medula óssea, antes do início das manifestações clínicas.

No entanto, apesar do reconhecimento internacional, o Brasil ainda não possui um programa nacional estruturado para triagem neonatal de imunodeficiências primárias, sendo necessário ampliar a discussão sobre sua implementação.

Imunodeficiência combinada grave (SCID): fundamentos da triagem neonatal

A SCID é uma doença genética rara caracterizada por linfopenia T grave, frequentemente associada à deficiência de linfócitos B e/ou NK. Com comprometimento severo da imunidade celular e humoral, esses pacientes são altamente suscetíveis a infecções virais, bacterianas e fúngicas, geralmente fatais nos primeiros meses de vida se não tratados.

Os TRECs são subprodutos do rearranjo do gene do receptor de células T, formados durante a maturação tímica dos linfócitos T. A quantificação de TRECs por PCR em tempo real, a partir de amostras de sangue seco (Guthrie cards), possibilita identificar recém-nascidos com neogênese tímica deficiente.

Esse teste de triagem apresenta alta sensibilidade para SCID clássica, com capacidade também de detectar outras formas de linfopenias T significativas.

Agamaglobulinemia congênita e o papel dos KRECs

A agamaglobulinemia congênita, sendo a forma mais comum ligada ao X (XLA), é caracterizada pela ausência de linfócitos B maduros e níveis muito baixos ou ausentes de imunoglobulinas. Essas crianças são suscetíveis a infecções bacterianas recorrentes e graves, principalmente a partir do segundo semestre de vida.

De maneira resumida, os KRECs são derivados do rearranjo genético da cadeia leve kappa, durante a maturação dos linfócitos B na medula óssea. Sua quantificação oportuniza a detecção de agamaglobulinemias e outras linfopenias B, e a triagem precoce permite o início oportuno de terapias com imunoglobulina e medidas preventivas, reduzindo hospitalizações e morbidade.

A combinação de TRECs e KRECs: testes multiplex

A realização simultânea da quantificação de TRECs e KRECs em uma única reação de PCR em tempo real caracteriza os testes multiplex, que aumentam a eficiência da triagem e ampliam o espectro de imunodeficiências detectáveis. Essa metodologia facilita a identificação de casos de SCID, agamaglobulinemia e outras linfopenias combinadas, com uso racional de recursos laboratoriais.

Os ensaios utilizam genes de referência, como o ACTB ou RPP30, para controle de qualidade da amostra, por exemplo. É importante que cada centro defina valores de referência locais, considerando idade gestacional, sexo e características populacionais.

Avanços diagnósticos: o papel da citometria de fluxo e do sequenciamento genético (NGS)

Após a triagem positiva por PCR, a confirmação do diagnóstico segue um fluxo bem estabelecido. Primeiramente, realiza-se a imunofenotipagem por citometria de fluxo, que viabiliza a caracterização das populações linfocitárias T, B e NK.

Essa etapa é imprescindível, pois define o perfil imunofenotípico da SCID (T⁻B⁻NK⁺, T⁻B⁺NK⁺ ou T⁻B⁺NK⁻), além de promover a identificação de casos com SCID “leaky” (forme com escape imunológico parcial).

A imunofenotipagem de linfócitos T naive e de memória por citometria de fluxo é um passo confirmatório crítico, conforme os critérios clínicos internacionais para SCID. No Sabin, esse painel é o IMUNOSCID, exame específico desenvolvido para realizar a imunofenotipagem detalhada de linfócitos T naive (CD45RA⁺) e de memória (CD45RA-), além dos linfócitos B e NK. Sua aplicação é determinante para orientar o encaminhamento precoce ao transplante de medula óssea e estabelecer o manejo clínico individualizado de forma ágil e segura.

O Sequenciamento de Nova Geração (NGS) é indicado como terceira etapa, detectando mutações específicas associadas a SCID, XLA e outras imunodeficiências primárias. Conforme comentamos anteriormente, o tempo de resposta e a disponibilidade do NGS podem postergar a confirmação. Dessa forma, o encaminhamento ao transplante não deve aguardar o resultado.

No contexto brasileiro, considerando a limitação do acesso ao NGS e o tempo necessário para a obtenção do resultado, a recomendação clínica é de que o  transplante de medula óssea (TMO) seja realizado até os 3,5 meses de vida, após a confirmação por citometria de fluxo; mesmo na ausência de testes moleculares, dada a urgência terapêutica e o risco elevado de infecções graves nesse período. 

População-alvo e justificativa para triagem universal

Diferentemente de outras doenças rastreadas no Teste do Pezinho, as imunodeficiências primárias não apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento, tornando a triagem molecular uma ferramenta para a identificação precoce.

A experiência acumulada em triagens já consolidadas, como para hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria e hemoglobinopatias, demonstram a efetividade da triagem em massa na prevenção de complicações graves e irreversíveis.

Embora todos os recém-nascidos devam ser triados, alguns subgrupos requerem atenção especial para interpretação e possíveis repetições do exame, tais como:

  • prematuros;
  • recém-nascidos de baixo peso;
  • gemelares;
  • crianças submetidas à transfusão antes da coleta;
  • pacientes com síndromes genéticas conhecidas (trissomia 21, por exemplo).

É altamente recomendável que a coleta do exame seja feita nos primeiros dias de vida, idealmente junto ao Teste do Pezinho, e que o resultado esteja disponível antes da aplicação de vacinas com microrganismos vivos atenuados, como a BCG, para evitar complicações graves em imunocomprometidos ainda não identificados.

Desafios e perspectivas da triagem neonatal para SCID e XLA no Brasil

Apesar do reconhecimento científico, a triagem para imunodeficiências enfrenta barreiras relevantes no Brasil. Faltam diretrizes nacionais, padronização de protocolos e infraestrutura para testagem em larga escala.

Entre os principais entraves, estão: a escassez de centros com capacidade técnica para realizar os exames de imunofenotipagem específicos e análises moleculares de alta complexidade; a formação insuficiente de profissionais especializados; e a inexistência de financiamento governamental que proporcione a triagem como política pública estruturada.

Mesmo assim, alguns avanços vêm sendo observados. A previsão de ampliação do Teste do Pezinho, com inclusão progressiva de novas doenças genéticas e imunológicas, representa uma oportunidade para incorporar a triagem de SCID no painel oficial. A articulação entre sociedades médicas, centros de referência em imunologia clínica e pediátrica e gestores públicos é fundamental para transformar essa perspectiva em realidade.

Lembrando que o exame de triagem para SCID e agamaglobulinemia está no portfólio do Sabin. Aproveite e leia também nosso conteúdo: Teste do Pezinho ampliado.

Referências:

Dvorak CC, Haddad E, Heimall J, et al. The diagnosis of severe combined immunodeficiency (SCID): The Primary Immune Deficiency Treatment Consortium (PIDTC) 2022 Definitions. J Allergy Clin Immunol. 2023;151(2):539-546. doi:10.1016/j.jaci.2022.10.022

Borte S, von Döbeln U, Fasth A, et al. Neonatal screening for severe primary immunodeficiency diseases using high-throughput triplex real-time PCR. Blood. 2012;119(11):2552-2555. doi:10.1182/blood-2011-08-371021

Dasouki M, Jabr A, AlDakheel G, et al. TREC and KREC profiling as a representative of thymus and bone marrow output in patients with various inborn errors of immunity. Clin Exp Immunol. 2020;202(1):60-71. doi:10.1111/cei.13484

Kwok JSY, Cheung SKF, Ho JCY, et al. Establishing Simultaneous T Cell Receptor Excision Circles (TREC) and K-Deleting Recombination Excision Circles (KREC) Quantification Assays and Laboratory Reference Intervals in Healthy Individuals of Different Age Groups in Hong Kong. Front Immunol. 2020;11:1411. Published 2020 Jul 16. doi:10.3389/fimmu.2020.01411

Currier R, Puck JM. SCID newborn screening: What we’ve learned. J Allergy Clin Immunol. 2021;147(2):417-426. doi:10.1016/j.jaci.2020.10.020

Blom M, Bredius RGM, van der Burg M. Efficient screening strategies for severe combined immunodeficiencies in newborns. Expert Rev Mol Diagn. 2023;23(9):815-825. doi:10.1080/14737159.2023.2244879

Kobrynski LJ. Newborn Screening in the Diagnosis of Primary Immunodeficiency. Clin Rev Allergy Immunol. 2022;63(1):9-21. doi:10.1007/s12016-021-08876-z

The post Triagem neonatal para imunodeficiências: SCID e agamaglobulinemia appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/medicos/triagem-neonatal-para-scid-e-agamaglobulinemia-congenita/feed/ 0 4787
Pneumonia em idosos: sinais, riscos e como prevenir a doença https://blog.sabin.com.br/saude/sintomas-de-pneumonia-em-idosos/ https://blog.sabin.com.br/saude/sintomas-de-pneumonia-em-idosos/#respond Tue, 25 Nov 2025 20:27:18 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4793 Com a chegada das estações mais frias, como outono e inverno, é comum observarmos um aumento nos casos de doenças respiratórias. Entre elas, a pneumonia representa uma das mais perigosas, especialmente para a população idosa. O fato é que pessoas com 60 anos ou mais apresentam maior risco de complicações graves causadas pela pneumonia, o […]

The post Pneumonia em idosos: sinais, riscos e como prevenir a doença appeared first on Blog Sabin.

]]>
Com a chegada das estações mais frias, como outono e inverno, é comum observarmos um aumento nos casos de doenças respiratórias. Entre elas, a pneumonia representa uma das mais perigosas, especialmente para a população idosa. O fato é que pessoas com 60 anos ou mais apresentam maior risco de complicações graves causadas pela pneumonia, o que reforça a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. 

Felizmente, os métodos diagnósticos têm avançado nos últimos anos, possibilitando uma detecção mais precisa. Além disso, existem opções terapêuticas eficazes e estratégias preventivas seguras, com destaque para a vacinação, considerada a principal forma de proteção contra a doença.

O que é pneumonia e por que ela é mais grave em idosos?

A pneumonia é uma infecção que atinge os pulmões, mais precisamente os alvéolos pulmonares, que são pequenas estruturas responsáveis pela troca de oxigênio entre o ar e o sangue. Quando infectados por bactérias, vírus ou fungos, esses alvéolos podem ficar repletos de secreções, o que dificulta a respiração e reduz a oxigenação do organismo.

Em pessoas idosas, essa condição tende a se manifestar de forma mais grave, devido ao envelhecimento natural do sistema imunológico, que se torna menos eficiente na defesa contra agentes infecciosos. A presença de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca ou doenças pulmonares, também pode agravar o quadro clínico

De acordo com estudos recentes, a pneumonia é uma das principais causas de internação hospitalar e mortalidade em indivíduos com mais de 65 anos, o que indica a vigilância constante nessa fase da vida.

Quais são os sintomas da pneumonia em idosos?

Embora os sintomas clássicos da pneumonia incluam febre alta, tosse com secreção, dor no peito e dificuldade para respirar, em idosos a apresentação pode ser bem diferente. 

Muitas vezes, os sinais são atípicos, dificultando o diagnóstico precoce. Nessa população, é comum que a infecção se manifeste por meio de confusão mental, desorientação, sonolência excessiva, redução do apetite, prostração ou piora de condições clínicas já existentes.

Por isso, é muito importante que cuidadores, familiares e profissionais da saúde estejam atentos a qualquer mudança repentina no estado de saúde ou no comportamento do idoso. A atenção nos detalhes sutis pode ser crucial na identificação da doença em estágio inicial, permitindo um tratamento adequado e com menor risco de complicações.

Quais os riscos da pneumonia em pessoas idosas?

A pneumonia é mais arriscada em idosos por diversos motivos. O primeiro deles é a maior fragilidade imunológica, que compromete a capacidade de resposta do organismo à infecção. Além disso, doenças crônicas comuns nessa faixa etária, como cardiopatias e diabetes, aumentam a vulnerabilidade do paciente.

Outro fator de risco a ser considerado é a pneumonia aspirativa, que ocorre quando alimentos, saliva ou conteúdos gástricos são aspirados para os pulmões, algo relativamente frequente em idosos com dificuldade de deglutição. A infecção por microrganismos multirresistentes também é uma preocupação, sobretudo em casos de internação hospitalar prolongada.

Por fim, mesmo após o tratamento, muitos idosos apresentam perda funcional significativa, necessitando de reabilitação ou assistência prolongada, o que pode impactar diretamente a autonomia e a qualidade de vida.

Como é feito o diagnóstico da pneumonia?

O diagnóstico da pneumonia em idosos deve começar com uma avaliação clínica minuciosa, levando em conta tanto os sintomas típicos quanto os atípicos. A ausculta pulmonar pode revelar ruídos respiratórios anormais, como crepitações. 

Os exames complementares servem para confirmar a suspeita. Entre eles, estão os exames de imagem, como a radiografia de tórax, que continua sendo o exame padrão para visualizar inflamações nos pulmões. Em casos mais complexos, pode-se utilizar a tomografia computadorizada do tórax.

Já os exames laboratoriais, como hemograma, gasometria arterial e marcadores inflamatórios (PCR, por exemplo), ajudam a determinar a gravidade da infecção. 

O escore CURB-65 é uma abordagem clínica que ajuda a avaliar a gravidade da pneumonia, a partir de fatores como confusão mental, ureia elevada, frequência respiratória, pressão arterial e idade. Sua aplicação auxilia a estimar o risco do paciente e a decidir, com maior precisão, sobre a necessidade de hospitalização.

Qual o tratamento da pneumonia?

O tratamento da pneumonia em idosos é baseado no uso de antibióticos, cuja escolha depende da gravidade da infecção e da provável origem do agente infeccioso. Em casos leves, o uso oral pode ser suficiente, mas quadros mais graves requerem administração endovenosa, hospitalização e suporte respiratório.

Em alguns casos, pode ser indicado o uso de corticosteroides para reduzir a inflamação pulmonar, além de medicamentos para alívio de sintomas como dor e febre. Ainda, o suporte nutricional e a hidratação são aspectos relevantes do tratamento, assim como a prevenção de aspiração em pacientes com disfagia.

Vale ressaltar que o tratamento deve sempre ser individualizado, conforme as comorbidades e a capacidade funcional do paciente. Dessa forma, qualquer medida terapêutica deve ser tomada com orientação médica adequada, respeitando o histórico de saúde do idoso e monitorando de perto sua evolução clínica.

Como prevenir a pneumonia em idosos?

A prevenção da pneumonia em idosos começa principalmente com a vacinação e a adoção de hábitos saudáveis no dia a dia. Entre as vacinas disponíveis, estão a vacina pneumocócica, nas versões Pneumo 13, Pneumo 23 e, mais recentemente, Pneumo 20, que proporcionam proteção contra diferentes cepas da bactéria Streptococcus pneumoniae, uma das principais causadoras da doença.

Também é importante manter em dia a vacinação anual contra a gripe e a imunização contra a covid-19. Tais medidas reduzem expressivamente o risco de infecções respiratórias graves e suas possíveis complicações.

Práticas cotidianas de cuidado contribuem para a prevenção da doença, como higienizar as mãos com frequência, manter uma alimentação nutritiva e equilibrada, controlar doenças crônicas de forma adequada e incluir atividades físicas na rotina. Essas atitudes fortalecem o sistema imunológico e colaboram para a saúde geral.

O Sabin conta com a vacina Pneumo 20 em seu portfólio, oferecendo uma ampla proteção contra uma variedade maior de sorotipos pneumocócicos. Com a vacinação em dia, cuidados simples com a saúde e acompanhamento médico regular, a população idosa pode enfrentar os meses mais frios do ano com mais segurança e qualidade de vida.

Continue aprendendo sobre cuidados com a saúde respiratória em nosso blog post: O que pode causar dor no pulmão?.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Shi, Ting et al. “Global and Regional Burden of Hospital Admissions for Pneumonia in Older Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis.” The Journal of infectious diseases vol. 222,Suppl 7 (2020): S570-S576. doi:10.1093/infdis/jiz053

Thomas, Cindy Parks et al. “Incidence and cost of pneumonia in medicare beneficiaries.” Chest vol. 142,4 (2012): 973-981. doi:10.1378/chest.11-1160

Chong, Carol P, and Philip R Street. “Pneumonia in the elderly: a review of the epidemiology, pathogenesis, microbiology, and clinical features.” Southern medical journal vol. 101,11 (2008): 1141-5; quiz 1132, 1179. doi:10.1097/SMJ.0b013e318181d5b5

The post Pneumonia em idosos: sinais, riscos e como prevenir a doença appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/sintomas-de-pneumonia-em-idosos/feed/ 0 4793
Ataxias hereditárias: painel genético e avanços no diagnóstico https://blog.sabin.com.br/medicos/painel-genetico-para-ataxias-hereditarias/ https://blog.sabin.com.br/medicos/painel-genetico-para-ataxias-hereditarias/#respond Fri, 21 Nov 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4783 As ataxias hereditárias são condições neurológicas progressivas causadas por alterações genéticas, caracterizadas por disfunção cerebelar. Os sintomas incluem instabilidade da marcha, incoordenação dos membros, disartria e alterações oculares. Alguns subtipos também apresentam manifestações sistêmicas, o que reforça a importância de uma investigação clínica detalhada. A origem genética dessas condições é altamente variável, com herança autossômica […]

The post Ataxias hereditárias: painel genético e avanços no diagnóstico appeared first on Blog Sabin.

]]>
As ataxias hereditárias são condições neurológicas progressivas causadas por alterações genéticas, caracterizadas por disfunção cerebelar. Os sintomas incluem instabilidade da marcha, incoordenação dos membros, disartria e alterações oculares. Alguns subtipos também apresentam manifestações sistêmicas, o que reforça a importância de uma investigação clínica detalhada.

A origem genética dessas condições é altamente variável, com herança autossômica dominante, recessiva, ligada ao X ou mitocondrial. Identificar a causa genética tem impacto direto no prognóstico, manejo clínico e aconselhamento familiar, distinguindo essas formas das ataxias adquiridas, que exigem estratégias diagnósticas diferentes.

Diante da heterogeneidade dos subtipos, o Painel para Ataxias por NGS do Sabin surge como uma ferramenta diagnóstica robusta, com cobertura de 333 genes nucleares e mitocondriais.

Neste conteúdo, discutimos os desafios clínicos, as indicações do teste genético e as possibilidades diagnósticas atuais importantes para uma abordagem eficiente e personalizada. Continue a leitura para aprofundar-se nas recomendações práticas sobre o tema.

O que são as ataxias hereditárias e quais os principais subtipos?

As ataxias hereditárias apresentam-se em formas precoces, com início na infância ou adolescência, e formas tardias, de manifestação na vida adulta. Essa distinção temporal tem relevância clínica e pode orientar o raciocínio diagnóstico. 

Entre os subtipos dominantes, as ataxias espinocerebelares (SCAs) são amplamente conhecidas, embora majoritariamente causadas por expansões de repetições não detectáveis por NGS. Já entre as formas recessivas, a ataxia de Friedreich, também associada à expansão, é prevalente em diversas populações. 

No entanto, há formas hereditárias clinicamente e geneticamente bem definidas que podem ser identificadas por NGS, como a ataxia-telangiectasia, causada por variantes no gene ATM, e a ataxia com apraxia oculomotora, relacionada aos genes APTX e PNKP. 

A complexidade fenotípica é elevada, com ampla sobreposição entre manifestações cerebelares, piramidais, extrapiramidais e sistêmicas. Além da disfunção motora, os pacientes podem apresentar neuropatia periférica, sinais piramidais, comprometimento cognitivo, manifestações oftalmológicas e cardiológicas, entre outras. Essa complexidade fenotípica dificulta o diagnóstico exclusivamente clínico, justificando o uso de ferramentas moleculares amplas e sensíveis, como os painéis genéticos multigênicos por NGS.

Epidemiologia e perfis clínicos no Brasil

A prevalência global das ataxias hereditárias varia conforme subtipo, padrão de herança e características populacionais. Estima-se que as ataxias autossômicas dominantes, principalmente as SCAs, tenham uma prevalência geral que vai de um a cinco a cada 100 mil habitantes. 

No Brasil, a SCA3 (doença de Machado-Joseph) é a forma dominante mais frequente, especialmente em regiões com influência da ancestralidade portuguesa-açoriana, e é caracterizada por expansões no gene ATXN3. As ataxias recessivas são mais comuns em pacientes com início precoce ou histórico de consanguinidade, o que justifica a necessidade de uma avaliação genômica ampliada para elucidar os casos.

O perfil clínico nacional é, portanto, heterogêneo, exigindo ferramentas diagnósticas diversas, conforme a indicação clínica, com foco em precisão e custo-efetividade.

O que é o Painel para Ataxias por NGS e como ele funciona?

O Painel para Ataxias por NGS do Sabin utiliza a metodologia de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) para investigar alterações patogênicas em 333 genes nucleares e mitocondriais relacionados a diferentes formas de ataxia hereditária. O teste é indicado para auxiliar na elucidação de quadros clínicos compatíveis com ataxias de origem genética, sendo útil na identificação de causas tanto autossômicas dominantes, recessivas e ligadas ao X quanto mitocondriais.

A metodologia empregada permite a detecção de variantes do tipo SNV (substituições de nucleotídeo único), INDEL (inserções e deleções pequenas) e CNV (variações no número de cópias), com cobertura dos éxons — regiões intrônicas flanqueadoras — e dos 37 genes do DNA mitocondrial. O último grupo é analisado com sensibilidade para detectar heteroplasmia a partir de 15%, ampliando a abrangência diagnóstica, sobretudo em casos sindrômicos ou fenotipicamente complexos.

Contudo, o painel não é indicado para investigação de doenças causadas por expansões de repetições nucleotídicas, como a ataxia de Friedreich, doença de Huntington, doença de Machado-Joseph (SCA3) e outras ataxias espinocerebelares por expansão (SCA1, SCA2, SCA6, SCA7, SCA10). Nesses casos, recomenda-se a realização prévia de exames específicos voltados à detecção dessas alterações. Em caso de dúvidas, é recomendado o contato com o setor de Genômica do Sabin.

Vantagens clínicas do painel genético para investigação de ataxia

O painel tem rendimento diagnóstico de 30% a 35%, particularmente em pacientes com início precoce, manifestações sindrômicas ou ausência de história familiar clara. Essa abordagem aumenta a precisão diagnóstica e reduz o tempo até a definição etiológica.

O exame pode ajudar a definir o diagnóstico, considerando a sobreposição fenotípica a ser observada nas diferentes formas de ataxias hereditárias, bem como  orientar intervenções terapêuticas e reabilitação, além de orientar o aconselhamento genético individualizado. Reduz a necessidade de múltiplos exames isolados, minimizando custos e investigações inconclusivas.

Adicionalmente, possibilita a estratificação prognóstica e o rastreio de familiares em risco, o que o torna uma ferramenta relevante em contextos clínicos complexos e com histórico familiar incerto.

Limitações e considerações no uso do painel

Apesar da sua alta abrangência, o painel para ataxias apresenta limitações importantes. As ataxias causadas por expansões de repetições — como SCAs poliglutamínicas, ataxia de Friedreich e síndrome CANVAS — não são detectáveis por NGS convencional.

Quando a suspeita clínica é compatível, testes moleculares específicos devem ser priorizados. Em pacientes com resultado negativo, pode-se considerar a complementação por sequenciamento de exoma, genoma completo ou testes funcionais, conforme a indicação clínica.

Essas limitações não desqualificam o uso, mas reforçam a importância da interpretação clínica integrada e da atuação conjunta entre neurologistas e geneticistas, para garantir um diagnóstico eficiente e seguro.

O papel do aconselhamento genético e implicações reprodutivas

O aconselhamento genético pré e pós-teste é indicado para orientar pacientes e familiares quanto ao significado dos resultados, possíveis riscos de recorrência e estratégias de manejo, expressamente em condições progressivas e hereditárias.

A identificação da variante pode possibilitar discutir opções reprodutivas, como o diagnóstico pré-implantacional, com base em princípios éticos, genéticos e psicológicos. Isso promove escolhas informadas em famílias com histórico positivo.

Além do impacto clínico, é recomendado oferecer suporte emocional e social aos pacientes diagnosticados, considerando os efeitos na autonomia, funcionalidade e qualidade de vida. O acompanhamento deve ser multiprofissional e empático.

Perspectivas terapêuticas e avanços em pesquisa

A compreensão genética das ataxias tem impulsionado o desenvolvimento de terapias específicas. Entre as mais promissoras, estão as terapias gênicas, os oligonucleotídeos antisense e os moduladores da expressão gênica, com ensaios clínicos em andamento para SCAs e ataxia de Friedreich.

A ampliação do acesso a exames genéticos de qualidade e a integração entre genética clínica, neurologia e aconselhamento genético podem melhorar o cuidado aos pacientes com doenças neurodegenerativas de base genética. Para continuar acompanhando as atualizações sobre genética e doenças neurológicas, leia nosso conteúdo: Painel genético para doenças Neurodegenerativas.

Referências:

Montaut S, Tranchant C, Drouot N, et al. Assessment of a Targeted Gene Panel for Identification of Genes Associated With Movement Disorders. JAMA Neurol. 2018;75(10):1234–1245. doi:10.1001/jamaneurol.2018.1478

Coutelier M, Hammer MB, Stevanin G, et al. Efficacy of Exome-Targeted Capture Sequencing to Detect Mutations in Known Cerebellar Ataxia Genes. JAMA Neurol. 2018;75(5):591–599. doi:10.1001/jamaneurol.2017.5121

Perlman S. Hereditary Ataxia Overview. 1998 Oct 28 [Updated 2025 Feb 20]. In: Adam MP, Feldman J, Mirzaa GM, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2025. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1138/

Jayadev, Suman, and Thomas D Bird. “Hereditary ataxias: overview.” Genetics in medicine : official journal of the American College of Medical Genetics vol. 15,9 (2013): 673-83. doi:10.1038/gim.2013.28

Beaudin, M., Klein, C.J., Rouleau, G.A. et al. Systematic review of autosomal recessive ataxias and proposal for a classification. cerebellum ataxias 4, 3 (2017). https://doi.org/10.1186/s40673-017-0061-y

Bregant, Elisa et al. “The molecular landscape of hereditary ataxia: a single-center study.” Human genetics vol. 144,5 (2025): 545-557. doi:10.1007/s00439-025-02744-y

The post Ataxias hereditárias: painel genético e avanços no diagnóstico appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/medicos/painel-genetico-para-ataxias-hereditarias/feed/ 0 4783
Câncer e doença cardiovascular: qual a relação? https://blog.sabin.com.br/saude/saude-cardiaca-e-cancer/ https://blog.sabin.com.br/saude/saude-cardiaca-e-cancer/#respond Tue, 18 Nov 2025 20:40:41 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4780 Você sabia que cuidar da saúde do coração pode influenciar também na prevenção do câncer? Pesquisas recentes vêm apontando uma relação significativa entre doenças cardiovasculares (DCV) e o risco aumentado de desenvolver diferentes tipos de câncer. Essa conexão tem ganhado força com evidências científicas robustas e com o crescente interesse da comunidade médica. Acontece que […]

The post Câncer e doença cardiovascular: qual a relação? appeared first on Blog Sabin.

]]>
Você sabia que cuidar da saúde do coração pode influenciar também na prevenção do câncer? Pesquisas recentes vêm apontando uma relação significativa entre doenças cardiovasculares (DCV) e o risco aumentado de desenvolver diferentes tipos de câncer. Essa conexão tem ganhado força com evidências científicas robustas e com o crescente interesse da comunidade médica.

Acontece que ambas as doenças estão entre as principais causas de morte no mundo, e entender como elas se conectam é importante para promover ações de prevenção integradas. Continue a leitura para saber mais!

O que a ciência descobriu sobre essa associação?

Um dos maiores estudos já realizados sobre o tema foi publicado em 2024 na revista BMC Medicine. A pesquisa utilizou um banco de dados com base em grande parcela populacional do Reino Unido, e realizou também uma meta-análise de 47 estudos de coorte. 

O resultado foi interessante: pessoas com alguma doença cardiovascular apresentaram um risco maior de desenvolver câncer, independentemente de fatores como idade, tabagismo e obesidade.

O dado mais intrigante é que essa associação parece não ser explicada apenas por fatores de risco compartilhados, como estilo de vida. Os pesquisadores sugerem a existência de mecanismos biológicos comuns entre as duas doenças, como inflamação crônica e alterações no sistema imunológico. Houve, ainda, aumento de risco mesmo para diferentes tipos de DCV e cânceres variados, principalmente em indivíduos com menos de 65 anos.

As descobertas apontam para a importância da vigilância oncológica em pacientes com doenças cardiovasculares, sem, no entanto, gerar pânico. A ciência continua investigando essa ligação para identificar os caminhos que interligam coração e câncer.

Quais os fatores em comum entre doenças cardiovasculares e câncer?

Do ponto de vista clínico, câncer e DCV compartilham uma série de fatores de risco que ajudam a explicar, em parte, essa conexão

A obesidade, por exemplo, favorece inflamações crônicas e alterações hormonais que podem levar ao desenvolvimento de ambas as doenças. Já o sedentarismo está associado ao acúmulo de gordura visceral e à resistência à insulina, influenciando negativamente a saúde metabólica e cardiovascular. 

A má alimentação, especialmente com excesso de açúcares refinados, gorduras saturadas e ultraprocessados, pode ser prejudicial para o coração e favorecer a carcinogênese. Condições como hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes tipo 2 elevam o risco cardiovascular e, segundo estudos recentes, também estão associadas a maior incidência de cânceres específicos. 

Fatores como o estresse oxidativo, alterações hormonais e o envelhecimento precoce das células têm sido apontados como possíveis pontes biológicas entre as duas doenças, contribuindo para danos no DNA, crescimento celular descontrolado e desequilíbrios no sistema imunológico.

Existem tipos específicos de câncer mais relacionados a quem tem doença cardiovascular?

Sim. De acordo com as últimas pesquisas, existe uma maior incidência de alguns tipos específicos de câncer entre pessoas com doença cardiovascular, em particular os de pulmão, fígado, rim e cólon. Esses tipos de câncer são também fortemente influenciados por fatores ambientais, como exposição a poluentes, dieta inadequada e tabagismo

Em pessoas com DCV, esses fatores de risco muitas vezes estão mais presentes, o que pode potencializar os efeitos negativos. Um dado relevante é que o risco de câncer foi mais pronunciado em indivíduos com menos de 65 anos. Isso sugere que a manifestação precoce de uma DCV pode ser um marcador de que o organismo está sob maior estresse metabólico e inflamatório. Logo, mais vulnerável a outras doenças complexas como o câncer.

Cabe ressaltar que a associação é estatística e não determinística. Ou seja, ter uma doença cardiovascular não significa, obrigatoriamente, que a pessoa desenvolverá câncer. Entretanto, é um indicativo de que mais atenção deve ser dada à saúde de forma integral.

Como os hábitos de vida influenciam no risco de câncer?

A boa notícia é que muitos dos fatores associados ao aumento do risco de câncer e de doenças cardiovasculares são modificáveis. Em outras palavras, mudanças simples no estilo de vida podem reduzir consideravelmente os riscos combinados. 

Práticas como manter uma alimentação balanceada, praticar atividades físicas regularmente, não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool são algumas das mudanças que fazem a diferença.

Há casos notáveis que exemplificam o impacto positivo dos hábitos saudáveis na saúde do corpo. Um dos mais impressionantes é o do ultramaratonista norte-americano que completou 366 maratonas em 366 dias consecutivos. O desafio, além de extraordinário, despertou o interesse de instituições, como o Instituto do Coração (InCor), que acompanharam sua saúde durante esse período. 

Os exames clínicos realizados demonstraram que, mesmo submetido a uma exigência física extrema, seu sistema cardiovascular manteve-se em excelentes condições, com baixos níveis de inflamação e ótima função cardíaca. É evidente que o atleta possuía preparação e condicionamento para isso, mas o caso reforça que a atividade física regular e o movimento contínuo são fundamentais para a promoção da saúde global.

Populações com risco de câncer elevado

As desigualdades sociais e raciais também desempenham um papel expressivo no risco aumentado de câncer e DCV. As razões são múltiplas e complexas, envolvendo acesso limitado a serviços de saúde, atrasos no diagnóstico e início do tratamento, maior exposição a ambientes insalubres, alimentação precária e, sobretudo, impactos do racismo estrutural e da exclusão social.

Por isso, políticas públicas voltadas à equidade em saúde são essenciais. Garantir acesso a diagnóstico precoce, exames regulares, tratamento adequado e campanhas educativas é o primeiro passo para reverter esse cenário e oferecer melhores desfechos para populações historicamente vulnerabilizadas.

Cuidados com a saúde do coração e do corpo

Cuidar do coração é, também, uma forma inteligente de cuidar do corpo todo. Um organismo com boa saúde cardiovascular tem maior capacidade de resposta imunológica, menos inflamação sistêmica e metabolismo mais equilibrado, fatores que ajudam a prevenir o surgimento de tumores.

Dessa maneira, é importante manter a rotina de check-ups médicos, realizar exames laboratoriais periodicamente e manter o acompanhamento regular com profissionais de saúde. Além disso, estratégias preventivas como alimentação rica em fibras, vegetais e frutas, prática de exercícios físicos, abandono do tabagismo e gestão do estresse são medidas que protegem o organismo de forma global.

A informação de que pessoas com doenças cardiovasculares têm mais risco de câncer não deve ser vista com pânico. Ela deve servir como um convite à prevenção, ao autocuidado e à busca por hábitos de vida mais saudáveis.

Saiba como cuidar da saúde do coração em nosso blog e continue atualizado sobre sua saúde e bem-estar! 

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Shu, C., Han, H., Li, H. et al. Cancer risk subsequent to cardiovascular disease: a prospective population-based study and meta-analysis. BMC Med 23, 192 (2025). https://doi.org/10.1186/s12916-025-04013-1

Siegel RL, Kratzer TB, Giaquinto AN, Sung H, Jemal A. Cancer statistics, 2025. CA Cancer J Clin. 2025 Jan-Feb;75(1):10-45. doi: 10.3322/caac.21871. Epub 2025 Jan 16. PMID: 39817679; PMCID: PMC11745215.

Gudenkauf, Franciska J, and Aaron P Thrift. “Preventable causes of cancer in Texas by race/ethnicity: Major modifiable risk factors in the population.” PloS one vol. 17,10 e0274905. 13 Oct. 2022, doi:10.1371/journal.pone.0274905

The post Câncer e doença cardiovascular: qual a relação? appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/saude-cardiaca-e-cancer/feed/ 0 4780