Saúde Archives | Blog Sabin https://blog.sabin.com.br/categoria/saude/ Conhecimento aliado ao bem-estar Wed, 08 Oct 2025 20:08:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://blog.sabin.com.br/wp-content/uploads/2025/10/cropped-03_simbolo-vermelho-1-32x32.png Saúde Archives | Blog Sabin https://blog.sabin.com.br/categoria/saude/ 32 32 Doença de Chagas e cuidados com a saúde https://blog.sabin.com.br/saude/entenda-o-que-e-a-doenca-de-chagas/ https://blog.sabin.com.br/saude/entenda-o-que-e-a-doenca-de-chagas/#respond Tue, 07 Oct 2025 18:25:29 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4714 A doença de Chagas é uma infecção potencialmente grave, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, e transmitida principalmente por um inseto conhecido popularmente como barbeiro. Embora seja uma condição antiga e amplamente associada a áreas rurais, ela continua sendo uma importante preocupação de saúde pública no Brasil e em diversos países da América Latina. Nos últimos […]

The post Doença de Chagas e cuidados com a saúde appeared first on Blog Sabin.

]]>
A doença de Chagas é uma infecção potencialmente grave, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, e transmitida principalmente por um inseto conhecido popularmente como barbeiro. Embora seja uma condição antiga e amplamente associada a áreas rurais, ela continua sendo uma importante preocupação de saúde pública no Brasil e em diversos países da América Latina.

Nos últimos anos, o tema voltou a ganhar relevância devido ao aumento da transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho durante a gestação e pela ocorrência de surtos por transmissão oral, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, o combate à doença ainda enfrenta desafios relacionados a fatores como desigualdade social, diagnóstico tardio e falta de acesso ao tratamento.

Avanços em políticas públicas e estratégias diagnósticas têm contribuído para o controle da doença em algumas regiões, mas a continuidade desses esforços é essencial para evitar retrocessos e proteger as populações mais vulneráveis. 

Neste conteúdo, você vai entender como ocorre a infecção, quais são os sintomas, quem está mais exposto e o que fazer para prevenir e tratar a doença. Continue a leitura e informe-se!

O que é a doença de Chagas?

A doença de Chagas pode afetar principalmente o coração e o sistema digestivo, trazendo consequências graves quando não tratada adequadamente. Essa doença foi identificada no início do século XX, pelo médico brasileiro Carlos Chagas, e permanece como um problema de saúde pública em países da América Latina, como Brasil, Argentina, Bolívia e Colômbia.

Apesar de ser considerada uma doença negligenciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 6 milhões de pessoas estejam infectadas atualmente — a maioria vivendo em condições de vulnerabilidade social. A doença pode evoluir de forma silenciosa durante anos, o que dificulta o diagnóstico precoce e favorece a progressão para formas graves.

Como a doença de Chagas é transmitida?

A principal forma de transmissão ocorre por meio das fezes do barbeiro, um inseto que, após picar a pele da pessoa, defeca próximo ao local da picada. Ao coçar a área, a pessoa facilita a entrada do parasita no organismo. No entanto, essa não é a única via de infecção.

A doença também pode ser transmitida de forma congênita, isto é, de mãe para filho durante a gravidez. Transfusões de sangue e transplantes de órgãos com material contaminado também representam risco, embora existam hoje protocolos rigorosos para triagem desses procedimentos. Outra forma de transmissão é a oral, que ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com o parasita, como sucos ou frutas mal higienizados. Nesse sentido, o açaí, por exemplo, já esteve no centro de surtos relacionados.

Nos últimos anos, o Brasil tem observado um aumento da transmissão oral, sobretudo na Região Norte, onde o preparo inadequado de alimentos tem sido um desafio. Diante desse cenário, o diagnóstico precoce, particularmente em gestantes, é crucial para evitar novas infecções e garantir tratamento eficaz desde os primeiros dias de vida do bebê.

Quais os sintomas da doença de Chagas?

A doença apresenta três fases distintas: aguda, indeterminada e crônica

Na fase aguda, que pode durar de semanas a meses, muitos pacientes não apresentam sintomas. Quando surgem, os sinais mais comuns incluem febre persistente, mal-estar, inchaço nos olhos (sinal de Romaña), inflamação nos gânglios linfáticos e aumento do fígado ou baço. Em casos mais graves, pode ocorrer inflamação no músculo cardíaco (miocardite).

Com o tempo, o organismo entra na fase indeterminada, caracterizada pela ausência de sintomas, porém com o parasita ainda presente no corpo. Nessa etapa, o risco de transmissão por transfusão ou de mãe para filho permanece. A fase pode durar anos ou décadas, e a pessoa infectada pode não suspeitar da doença.

A fase crônica atinge cerca de 30% dos pacientes e pode comprometer o coração, levando a arritmias, insuficiência cardíaca e risco de morte súbita. Também pode afetar o sistema digestivo, provocando alterações graves como megacólon e megaesôfago, que dificultam a evacuação e a deglutição, respectivamente. 

Quem tem maior risco de contrair a doença?

A doença acomete, principalmente, pessoas que vivem em áreas rurais e moradias precárias, onde o barbeiro encontra abrigo com mais facilidade. Além disso, populações do Norte e Nordeste do Brasil enfrentam risco aumentado por conta da transmissão oral, que tem crescido nos últimos anos.

Outros grupos em situação de maior vulnerabilidade incluem gestantes não testadas durante o pré-natal, idosos, pessoas com baixa escolaridade, trabalhadores rurais e populações que frequentemente têm menor acesso a serviços de saúde. Tais fatores evidenciam como os determinantes sociais da saúde — como pobreza, exclusão e desigualdade — contribuem para a persistência da doença em determinadas regiões do país.

Como é feito o diagnóstico da doença de Chagas?

O diagnóstico varia conforme a fase da infecção. Na fase aguda, o parasita pode ser visualizado diretamente no sangue por meio da microscopia. Já na fase crônica, o diagnóstico é feito por meio de testes sorológicos, como ELISA e imunofluorescência indireta, que detectam a presença de anticorpos contra o Trypanosoma cruzi. A recomendação é que o diagnóstico seja confirmado por dois testes distintos, já que nenhum deles, isoladamente, é totalmente preciso.

Apesar dos avanços, ainda existem desafios, como a falta de acesso a exames em regiões remotas ou a limitação de recursos em centros de saúde. Assim, iniciativas recentes têm buscado implementar testes rápidos, especialmente em gestantes, para garantir o diagnóstico precoce e oportuno.

Qual é o tratamento para a doença de Chagas?

Atualmente, dois medicamentos estão disponíveis para o tratamento: benznidazol e nifurtimox. Ambos são mais eficazes quando utilizados nas fases iniciais da doença ou em crianças, mas também podem trazer benefícios na fase crônica, ao evitar a progressão e reduzir o risco de complicações.

O tratamento pode causar efeitos colaterais, como reações na pele, dores musculares e desconfortos gastrointestinais, o que exige acompanhamento médico rigoroso durante todo o processo. Embora não exista uma cura definitiva, os medicamentos ajudam a controlar a infecção e reduzir o impacto da doença a longo prazo.

Em pacientes que desenvolvem complicações cardíacas ou digestivas, oriundas da doença, devem seguir acompanhamento especializado, com uso de medicamentos específicos e, em alguns casos, cirurgias ou dispositivos cardíacos.

A transmissão vertical pode ser evitada?

Sim. A triagem de gestantes durante o pré-natal e a testagem dos recém-nascidos são medidas indispensáveis para evitar a transmissão vertical. Quando diagnosticado precocemente, o tratamento em bebês pode ter eficácia de até 100%, impedindo que a doença avance.

Contudo, ainda existem obstáculos, como a exigência de dois exames para a confirmação e a falta de estrutura laboratorial em muitas áreas. Para enfrentar esse desafio, iniciativas como a estratégia ETMI Plus, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), têm reforçado a testagem de gestantes e o tratamento precoce de recém-nascidos, com foco em eliminar a transmissão de doenças como Chagas, HIV, hepatite B e sífilis.

Como prevenir a doença de Chagas?

A prevenção da doença de Chagas envolve uma série de medidas. O controle do inseto vetor é uma das mais importantes, o que inclui ações como dedetização, melhorias nas condições de moradia e instalação de telas protetoras em portas e janelas. 

Outra frente significativa de prevenção é a segurança alimentar. Alimentos como o açaí, quando processados sem os devidos cuidados, podem se tornar veículos de transmissão do parasita. Por isso, é indicado consumir produtos de origem segura, com boas práticas de higiene.

Mais um ponto relevante diz respeito à triagem em bancos de sangue e órgãos, que já é realizada como parte dos protocolos de segurança, mas a inclusão de testes para gestantes em áreas endêmicas precisa ser reforçada. 

Vale ressaltar que a informação correta e o combate ao estigma são formas de prevenção, pois incentivam o diagnóstico e o tratamento precoce.

Qual a relação entre a doença de Chagas e o açaí?

É preciso esclarecer que o açaí em si não transmite a doença de Chagas. O problema está na possibilidade de contaminação durante o preparo do fruto, com destaque para os locais onde há presença do barbeiro. 

O que acontece nesses casos é que, se o inseto infectado entra em contato com o alimento e suas fezes contaminam a polpa, o consumo pode levar à infecção. Essa é a chamada transmissão oral. Dessa forma, recomenda-se sempre consumir açaí industrializado, pasteurizado e com certificação sanitária, garantindo a segurança alimentar da população.

O papel das políticas públicas e da informação

O controle da doença de Chagas depende diretamente da continuidade de políticas públicas consistentes. Investimentos em vigilância epidemiológica, capacitação de profissionais de saúde e ampliação da testagem em gestantes são ações imprescindíveis. 

A estratégia ETMI Plus, por exemplo, busca eliminar a transmissão vertical não apenas da doença de Chagas, como também do HIV e da hepatite B. O acesso à informação de qualidade permite que as pessoas conheçam seus direitos, superem o medo do diagnóstico e busquem tratamento com segurança. 

Quer entender mais sobre outras doenças transmitidas por vetores? Acesse nosso conteúdo sobre as diferenças de dengue, zika e chikungunya

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

de Sousa, A. S., Vermeij, D., Ramos, A. N., Jr, & Luquetti, A. O. (2024). Chagas disease. Lancet (London, England), 403(10422), 203–218. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(23)01787-7

J Michael Miller, Matthew J Binnicker, Sheldon Campbell, et al., Guide to Utilization of the Microbiology Laboratory for Diagnosis of Infectious Diseases: 2024 Update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM) , Clinical Infectious Diseases, 2024;, ciae104, https://doi.org/10.1093/cid/ciae104

da Silva, M. R. O. B., Nascimento, B. E. G. D., Santos, C. G. S., de Magalhães, J. J. F., Costa, R. M. P. B., da Silva, S. F. F., de Lorena, V. M. B., & Viana Marques, D. A. (2025). Scenario of Acute Chagas Disease in Brazil: A spatio-temporal analysis. Diagnostic microbiology and infectious disease, 113(3), 116998. https://doi.org/10.1016/j.diagmicrobio.2025.116998

Martins-Melo, F. R., Castro, M. C., Ribeiro, A. L. P., Heukelbach, J., & Werneck, G. L. (2022). Deaths Related to Chagas Disease and COVID-19 Co-Infection, Brazil, March-December 2020. Emerging infectious diseases, 28(11), 2285–2289. https://doi.org/10.3201/eid2811.212158

García, G. S. M., da Cunha Leite, A. H. M., de Souza, E. A., et al., (2025). High burden of hospital morbidity and mortality due to Chagas disease in Bahia state, Northeast Brazil, 2000-2022. Tropical medicine & international health : TM & IH, 30(5), 368–381. https://doi.org/10.1111/tmi.14085

The post Doença de Chagas e cuidados com a saúde appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/entenda-o-que-e-a-doenca-de-chagas/feed/ 0 4714
Saúde de jovens e adolescentes: os impactos da adultização https://blog.sabin.com.br/saude/efeitos-da-adultizacao-na-saude-de-jovens-e-adolescentes/ https://blog.sabin.com.br/saude/efeitos-da-adultizacao-na-saude-de-jovens-e-adolescentes/#respond Tue, 30 Sep 2025 15:12:17 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4707 A adultização precoce de crianças e adolescentes é um fenômeno que tem gerado crescente atenção por parte de especialistas, educadores, famílias e instituições públicas. Esse processo, impulsionado em grande parte pelas redes sociais e pela exposição midiática, antecipa experiências e comportamentos adultos em indivíduos que ainda estão em formação, muitas vezes os privando de vivências […]

The post Saúde de jovens e adolescentes: os impactos da adultização appeared first on Blog Sabin.

]]>
A adultização precoce de crianças e adolescentes é um fenômeno que tem gerado crescente atenção por parte de especialistas, educadores, famílias e instituições públicas. Esse processo, impulsionado em grande parte pelas redes sociais e pela exposição midiática, antecipa experiências e comportamentos adultos em indivíduos que ainda estão em formação, muitas vezes os privando de vivências fundamentais da infância.

Entre os principais sinais, estão a sexualização precoce, a imposição de responsabilidades emocionais e sociais incompatíveis com a idade e o incentivo ao consumo e à estética adulta. Esse cenário afeta diretamente o desenvolvimento emocional e psicológico de jovens, podendo resultar em transtornos de saúde mental e dificuldades na construção da identidade.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem se posicionado ativamente sobre o tema e foi uma das entidades que apoiou a aprovação do PL 2628/2022, também conhecido como o “PL da adultização”, que busca regulamentar o ambiente digital e proteger crianças e adolescentes de exposições indevidas. A campanha de tolerância zero contra crimes virtuais é outro exemplo da urgência desse debate.

No conteúdo de hoje, traremos atualizações importantes sobre o tema para pais, cuidadores e todos que se preocupam com a infância. Continue a leitura para saber mais!

O que é adultização e como ela se manifesta?

A adultização é o processo em que crianças e adolescentes passam a ser tratados, percebidos ou se comportam como adultos antes do tempo. No ambiente digital, esse fenômeno é amplificado pela superexposição em redes sociais, onde meninas são frequentemente sexualizadas ou cobradas por atitudes e aparências adultas.

Esse tipo de antecipação inclui não apenas questões estéticas, mas também emocionais e comportamentais. Crianças passam a ter responsabilidades que não condizem com sua idade ou são expostas a temas e experiências adultas, como relacionamentos, consumo de moda, padrões corporais e até debates políticos e sociais complexos.

A literatura científica destaca que, nas redes sociais, o processo é ainda mais acelerado, dado o contato constante com conteúdos voltados para adultos e a ausência de filtros eficazes por parte das plataformas. 

Nesse sentido, a SBP e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) alertam para os riscos dessa exposição, reforçando que a infância é uma fase protegida por lei e que deve ser preservada com prioridade absoluta.

Quais são os impactos da adultização na saúde mental e no desenvolvimento?

Os efeitos da adultização precoce podem ser amplos e profundos, atingindo diretamente a saúde mental e o desenvolvimento neurocognitivo. 

Crianças e adolescentes expostos a esse tipo de experiência estão mais propensos a desenvolver sintomas de ansiedade, depressão, baixa autoestima, transtornos de comportamento e dificuldades na formação da identidade.

Alguns estudos apontam que experiências precoces de sexualização, exposição a padrões estéticos irreais e responsabilidades emocionais intensas podem levar a traumas psicológicos. O fenômeno está associado a um aumento na vulnerabilidade social e à dificuldade de adaptação em ambientes educacionais, familiares e sociais.

Esses efeitos podem ser explicados pela maior sensibilidade do cérebro infantil a estímulos ambientais adversos, como indica o conceito de “exposome”. Durante a infância e a adolescência, o sistema neurológico está em fase de amadurecimento, sendo especialmente vulnerável a pressões externas e sobrecargas emocionais. Assim, a convivência com situações de adultização pode prejudicar conexões neurais, impactar habilidades cognitivas e comprometer a saúde mental ao longo da vida.

Redes sociais e a exposição precoce: quais os riscos?

As redes sociais têm se tornado um dos principais vetores da adultização precoce. O fácil acesso a conteúdos impróprios, a busca incessante por validação, por meio de curtidas e seguidores, e a presença em plataformas que priorizam a imagem e o engajamento podem distorcer a percepção que crianças e adolescentes têm de si mesmos e do mundo.

Os riscos mais graves envolvem o contato com práticas como grooming (aliciamento), sexting, sextorsão, pornografia infantil, manipulação de imagens com deep fakes e exposição a discursos de ódio ou violência. A presença de crianças em redes antes da idade permitida, incentivada pelos próprios responsáveis por diversas ocasiões, amplia essa vulnerabilidade.

O componente parental é, em diversos casos, falho ou inexistente, e as plataformas digitais não têm adotado medidas eficazes para impedir o acesso a conteúdos inadequados. Dessa forma, o ambiente digital, sem regulamentação rígida, torna-se terreno fértil para práticas que desrespeitam os direitos essenciais da infância.

O papel da legislação: o que muda com o PL 2628/2022?

O PL 2628/2022 surge como uma resposta legislativa à crescente preocupação com a exposição digital de crianças e adolescentes. Aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto propõe regras claras para a atuação das plataformas digitais, obrigando-as a adotar mecanismos de verificação de idade, limitar a publicidade voltada a menores e prevenir o acesso a conteúdos nocivos.

Entre os pontos centrais, destacam-se a responsabilização das empresas em casos de violação, a criação de uma autoridade autônoma de fiscalização e a previsão de sanções que incluem advertências, multas, suspensão e até proibição de atuação em território nacional.

Importante ressaltar que o projeto não busca censurar conteúdos, mas proteger os direitos de crianças e adolescentes, reforçando o que já está previsto no ECA. Trata-se de garantir que o ambiente digital seja seguro, respeitoso e adequado ao desenvolvimento das novas gerações.

Adultização além das telas

Embora o foco atual esteja na internet, a adultização de crianças e adolescentes também ocorre em contextos offline. A inserção precoce no mercado de trabalho, a necessidade de cuidar de irmãos ou assumir tarefas domésticas em excesso e a ausência de uma rede de apoio familiar configuram formas silenciosas de antecipar a vida adulta.

Esses casos, geralmemente associados à pobreza, negligência e desigualdade social, retiram das crianças o direito de viver a infância em plenitude. A chamada parentificação, quando a criança assume o papel de cuidadora, pode gerar sobrecargas emocionais, prejuízos na formação da identidade e dificuldades em estabelecer relações saudáveis na vida adulta.

Por isso, é crucial reconhecer e combater a naturalização desses cenários, invisibilizados, na maioria das vezes, sob o argumento de “maturidade precoce” ou de “ajuda necessária em casa”.

Quem são os mais vulneráveis à adultização?

Dados apontam que meninas negras, entre oito e 18 anos, são as principais vítimas do processo de adultização. O cruzamento entre racismo estrutural, sexismo e vulnerabilidade social faz com que esse grupo receba menos proteção institucional, além de serem alvo recorrente de hipersexualização, punições mais severas em contextos escolares e ausência de reconhecimento de sua infância.

Não raramente, essas meninas são vistas como “mais velhas” do que realmente são, tanto por adultos quanto por pares, o que contribui para sua exclusão de ambientes seguros e aumento da exposição a situações de violência, exploração e negligência.

Como prevenir a adultização e proteger crianças e adolescentes?

É preciso que as políticas públicas, os serviços de saúde e educação e a sociedade como um todo adotem uma abordagem interseccional para proteger esses grupos e garantir que seus direitos sejam plenamente respeitados.

Papel das famílias e escolas

A mediação ativa do uso da internet é um dos primeiros pontos para reduzir os riscos da adultização. Famílias e escolas devem promover o diálogo sobre limites, privacidade e uso consciente das redes. Também é relevante que ambientes escolares valorizem a infância, incentivando a autoestima, a expressão emocional e a convivência respeitosa.

Ações do poder público e da sociedade

A regulamentação das plataformas digitais, como propõe o PL 2628/2022, é um passo para garantir ambientes seguros. Além disso, campanhas educativas, fiscalização efetiva e suporte às famílias em situação de vulnerabilidade são medidas urgentes para prevenir a adultização.

Entidades e canais, como o Disque 100 e a SaferNet, são ferramentas significativas para denúncias de violação de direitos.

Cuidados com a saúde mental

O acompanhamento psicológico pode fazer diferença substancial para jovens que vivenciaram situações de adultização. A escuta qualificada, o acolhimento e o cuidado especializado são vitais para prevenir agravamentos e favorecer o desenvolvimento emocional saudável.

É de suma importância que os serviços públicos e as escolas estejam preparados para identificar sinais de sofrimento psíquico e oferecer encaminhamento adequado.

A adultização é um fenômeno cada vez mais presente, e seu enfrentamento exige a participação ativa de famílias, escolas, profissionais de saúde, plataformas digitais e do poder público. Preservar a infância é garantir que crianças e adolescentes cresçam com saúde, segurança e dignidade. 

Para continuar refletindo sobre esse tema e aprender a proteger melhor os jovens na era digital, acesse nosso conteúdo: Redes sociais e adolescentes: como garantir um ambiente saudável.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

KEESHIN, B.; FORKEY, H. C.; FOURAS, G.; MACMILLAN, H. L. et al. Children exposed to maltreatment: assessment and the role of psychotropic medication. Pediatrics, [S. l.], v. 145, n. 2, p. e20193751, fev. 2020. DOI: 10.1542/peds.2019-3751. 

Fernández, C et al. “Absorption of wireless radiation in the child versus adult brain and eye from cell phone conversation or virtual reality.” Environmental research vol. 167 (2018): 694-699. doi:10.1016/j.envres.2018.05.013

Brissett, Daniela et al. “Adultification of Young Black Females on Their Health and Well-being: A Qualitative Study.” Pediatrics vol. 155,6 (2025): e2024069110. doi:10.1542/peds.2024-069110

Quayle, Ethel, and Terry Jones. “Sexualized images of children on the Internet.” Sexual abuse : a journal of research and treatment vol. 23,1 (2011): 7-21. doi:10.1177/1079063210392596

Rimer, Jonah R. “”In the street they’re real, in a picture they’re not”: Constructions of children and childhood among users of online child sexual exploitation material.” Child abuse & neglect vol. 90 (2019): 160-173. doi:10.1016/j.chiabu.2018.12.008

Robinson, Heather et al. “The effect of the “exposome” on developmental brain health and cognitive outcomes.” Neuropsychopharmacology : official publication of the American College of Neuropsychopharmacology, 10.1038/s41386-025-02180-6. 5 Aug. 2025, doi:10.1038/s41386-025-02180-6

The post Saúde de jovens e adolescentes: os impactos da adultização appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/efeitos-da-adultizacao-na-saude-de-jovens-e-adolescentes/feed/ 0 4707
Síndrome respiratória aguda grave: causas, sintomas e como se proteger https://blog.sabin.com.br/saude/prevencao-da-sindrome-respiratoria-aguda-grave/ https://blog.sabin.com.br/saude/prevencao-da-sindrome-respiratoria-aguda-grave/#respond Tue, 23 Sep 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4679 A síndrome respiratória aguda grave (SRAG) é uma condição clínica que exige atenção e pode colocar a vida em risco, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. Ela costuma surgir a partir de infecções respiratórias que evoluem de forma acelerada, provocando dificuldade para respirar e comprometimento dos pulmões.  Os principais agentes envolvidos incluem vírus respiratórios, como […]

The post Síndrome respiratória aguda grave: causas, sintomas e como se proteger appeared first on Blog Sabin.

]]>
A síndrome respiratória aguda grave (SRAG) é uma condição clínica que exige atenção e pode colocar a vida em risco, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. Ela costuma surgir a partir de infecções respiratórias que evoluem de forma acelerada, provocando dificuldade para respirar e comprometimento dos pulmões. 

Os principais agentes envolvidos incluem vírus respiratórios, como o da gripe (influenza), o da covid-19 (SARS-CoV-2) e o vírus sincicial respiratório (VSR). Algumas bactérias também podem desencadear a síndrome, especialmente em pacientes que já estão fragilizados.

No Brasil, a SRAG está entre as principais causas de internação por doenças respiratórias. Os casos aumentam prioritariamente no outono e no inverno, períodos em que a circulação de vírus respiratórios se intensifica. Nessas épocas, é comum o agravamento dos quadros em idosos, crianças pequenas e pessoas com doenças crônicas.

Diante disso, é importante reconhecer os sintomas, entender os fatores de risco, saber como o diagnóstico é feito e, sobretudo, adotar medidas de prevenção. A vacinação continua sendo uma das formas mais eficazes de evitar complicações e proteger a saúde. Continue a leitura para saber mais!

O que é a síndrome respiratória aguda grave?

A síndrome respiratória aguda grave é definida como uma infecção respiratória que evolui de maneira severa, provocando dificuldade para respirar e queda na saturação de oxigênio, geralmente abaixo de 93%. Pode afetar pessoas de todas as idades, mas representa maior risco para os extremos de idade e pacientes com condições de saúde preexistentes.

O Ministério da Saúde (MS) considera SRAG todo caso de síndrome gripal que apresenta, ao menos, um sinal de agravamento, como dispneia (falta de ar), desconforto respiratório ou saturação de oxigênio abaixo do normal. Por isso, é um evento de notificação compulsória: casos suspeitos devem ser informados às autoridades de saúde para monitoramento e controle epidemiológico.

O que pode causar a SRAG?

As causas mais frequentes da SRAG são infecções virais, com destaque para o SARS-CoV-2 (vírus da covid-19), influenza A (vírus da gripe) e o vírus sincicial respiratório (VSR). Essas infecções costumam começar como um quadro respiratório comum, porém, em algumas pessoas, evoluem rapidamente para um comprometimento pulmonar grave

Além dos vírus, algumas bactérias também podem estar por trás da SRAG, particularmente quando há infecções secundárias em pacientes já debilitados. A coinfecção por mais de um agente também pode agravar os sintomas, aumentando o risco de complicações. 

Vale lembrar que a circulação desses agentes varia de ano para ano, o que exige atenção constante dos serviços de vigilância epidemiológica e da população.

Quais são os sintomas da SRAG?

Os sintomas da síndrome respiratória aguda grave normalmente começam como um quadro gripal comum, mas rapidamente evoluem com sinais de agravamento respiratório. 

A febre costuma ser persistente, acompanhada por tosse intensa e sensação de cansaço extremo. Alguns pacientes relatam dor no peito e dificuldade para respirar, o que é um indicativo de dispneia. O desconforto respiratório pode se intensificar em poucas horas ou dias, levando à redução da saturação de oxigênio, frequentemente abaixo de 93%. Essa queda na oxigenação do sangue é um dos sinais mais críticos e precisa ser acompanhada de perto. 

Por apresentarem sintomas semelhantes aos de outras infecções respiratórias, os casos de SRAG exigem atenção especial para que sejam identificados e tratados rapidamente, evitando o agravamento do quadro clínico.

Quem tem mais risco de desenvolver formas graves?

Embora qualquer pessoa possa desenvolver SRAG, alguns grupos apresentam maior vulnerabilidade, tais como:

  • idosos, principalmente acima dos 75 anos;
  • pessoas com doenças crônicas (como diabetes, doenças cardíacas, renais ou pulmonares);
  • gestantes e mulheres no pós-parto;
  • pacientes imunossuprimidos (como em tratamento de câncer ou HIV);
  • crianças pequenas, especialmente menores de dois anos.

Esses indivíduos, ao serem infectados por vírus respiratórios, têm maior risco de evoluir para quadros mais graves, necessitando, muitas vezes, de hospitalização e suporte respiratório. Dessa forma, é importante que estejam com a vacinação em dia e adotem medidas adicionais de prevenção.

Como a SRAG é diagnosticada?

O diagnóstico da SRAG começa com uma avaliação clínica detalhada, baseada nos sintomas relatados pelo paciente e em sinais como a frequência respiratória e a saturação de oxigênio. A partir dessa triagem inicial, o médico pode solicitar exames complementares. 

Exames clínicos e laboratoriais

A radiografia ou a tomografia de tórax são frequentemente utilizadas para identificar inflamações nos pulmões, como a presença de infiltrados ou consolidações. 

Exames laboratoriais específicos, como o RT-PCR ou testes rápidos, ajudam a detectar a presença de vírus respiratórios, como o influenza ou o SARS-CoV-2. 

Alguns exames complementares (ureia, creatinina, gasometria arterial em casos mais graves) auxiliam na tomada de decisão médica.

Quando procurar atendimento médico?

Diante de qualquer sintoma respiratório com sinais de agravamento, a recomendação é procurar um serviço de saúde imediatamente. O atendimento precoce pode evitar a progressão do quadro e salvar vidas.

Quais são as possíveis complicações?

Entre as principais complicações da síndrome respiratória aguda grave, está a insuficiência respiratória aguda, que pode exigir o uso de ventilação mecânica para manter a oxigenação do corpo. 

Em casos mais graves, o quadro pode evoluir com a necessidade de internação em unidades de terapia intensiva, além do desenvolvimento de pneumonias extensas, comprometimento de múltiplos órgãos e, infelizmente, risco de morte. Mesmo com o suporte médico adequado, a SRAG pode ter desfechos graves, primordialmente entre pessoas com doenças crônicas, idosos e indivíduos com o sistema imunológico fragilizado. 

O fato é que a evolução do quadro costuma ser rápida, o que reforça a importância do diagnóstico precoce e da adoção de medidas preventivas.

SRAG e covid-19: qual a relação?

Desde o início da pandemia, a covid-19 se tornou a principal causa de SRAG no Brasil. Estudos indicam que aproximadamente 30% dos pacientes hospitalizados com SRAG por covid-19 evoluíram para óbito. Esse dado colocou a SRAG e a covid-19 como um dos maiores desafios de saúde pública nos últimos anos.

Apesar da redução de casos críticos após a vacinação em massa, a covid-19 ainda é responsável por internações por SRAG, especialmente entre não vacinados, idosos ou pessoas com imunidade comprometida. Por essa razão, a vigilância permanece essencial para identificar novas variantes e proteger os grupos de maior risco.

Prevenção da SRAG com a vacinação

A vacinação é uma das principais estratégias para prevenir a SRAG. A vacina contra influenza é recomendada anualmente e reduz significativamente o risco de hospitalizações por complicações da gripe. Já a vacinação contra a covid-19 continua sendo crucial, com doses de reforço indicadas conforme orientação.

A vacina contra a covid-19 encontra-se disponível apenas na rede pública, e a vacina contra influenza encontra-se tanto na rede pública como privada. A imunização contribui para reduzir a circulação viral e proteger os mais vulneráveis.

Conheça nossa loja virtual e o portfólio de vacinas do Grupo Sabin

Cuidados no dia a dia

Além da vacinação, outras medidas ajudam a prevenir a infecção por agentes causadores da SRAG. Confira:

  • lavar as mãos com frequência;
  • usar máscaras em locais fechados ou com aglomeração, caso apresente sintomas;
  • ventilar os ambientes;
  • evitar contato com pessoas gripadas;
  • buscar atendimento médico aos primeiros sinais de agravamento.

Pessoas que convivem com indivíduos de risco devem redobrar os cuidados para evitar a transmissão domiciliar.

O papel da informação e da vigilância em saúde

Manter-se informado é uma forma de se proteger. Conhecer os sintomas, saber quando procurar ajuda e aderir às campanhas de vacinação são atitudes que fazem a diferença. A vigilância epidemiológica e o diagnóstico rápido também são fundamentais para que o sistema de saúde responda com agilidade em surtos respiratórios.

Investir em saúde pública e promover campanhas de conscientização também ajudam a reduzir o impacto da SRAG, salvando vidas. Para saber mais sobre a vacinação contra a gripe e seus benefícios, acesse “Vacina anual da gripe: por que tomar?”.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

de Carvalho, Felipe Cotrim et al. “Clinical and epidemiological aspects of severe acute respiratory infection: before and during the first year of the COVID-19 pandemic in Brazil.” Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene vol. 117,3 (2023): 161-173. doi:10.1093/trstmh/trac074

Castro, André Peres Barbosa de et al. “Mortality and Years of Potential Life Lost Due to COVID-19 in Brazil.” International journal of environmental research and public health vol. 18,14 7626. 18 Jul. 2021, doi:10.3390/ijerph18147626

Gonçalves, Nelson Veiga et al. “The territorialization of Severe Acute Respiratory Syndrome and its socioeconomic, demographic and public health policy risk factors in Belém, state of Pará, Eastern Amazon, Brazil: a cross-sectional and ecological study.” PloS one vol. 20,3 e0318607. 12 Mar. 2025, doi:10.1371/journal.pone.0318607

Ministério da Saúde (Brasil). Situação nacional da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a cobertura vacinal. Brasília, 2025. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/apresentacoes/2025/situacao-nacional-da-sindrome-respiratoria-aguda-grave-srag-e-a-cobertura-vacinal.pdf/view

The post Síndrome respiratória aguda grave: causas, sintomas e como se proteger appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/prevencao-da-sindrome-respiratoria-aguda-grave/feed/ 0 4679
Uveíte: entenda causas, sintomas e tratamento https://blog.sabin.com.br/saude/diagnostico-e-tratamento-da-uveite/ https://blog.sabin.com.br/saude/diagnostico-e-tratamento-da-uveite/#respond Tue, 16 Sep 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4676 A uveíte é uma inflamação que atinge a parte interna dos olhos e pode comprometer seriamente a visão, especialmente se não for diagnosticada e tratada de forma correta. Embora não seja muito conhecida pelo grande público, a condição pode se manifestar em qualquer fase da vida, com maior incidência entre 20 e 50 anos de […]

The post Uveíte: entenda causas, sintomas e tratamento appeared first on Blog Sabin.

]]>
A uveíte é uma inflamação que atinge a parte interna dos olhos e pode comprometer seriamente a visão, especialmente se não for diagnosticada e tratada de forma correta. Embora não seja muito conhecida pelo grande público, a condição pode se manifestar em qualquer fase da vida, com maior incidência entre 20 e 50 anos de idade.

No conteúdo de hoje, abordaremos os principais tópicos da uveíte, para que você possa se atualizar e também buscar um oftalmologista ao primeiro sinal de alerta. Continue a leitura para saber mais!

O que é a uveíte?

A uveíte é uma inflamação que afeta a úvea, uma das camadas internas do olho, formada pela íris, pelo corpo ciliar e pela coroide. Essa região é responsável por nutrir estruturas importantes do olho e, por ser altamente vascularizada, é também mais vulnerável a processos inflamatórios.

A inflamação pode se restringir a uma dessas estruturas ou se espalhar para outras partes, como a retina e o vítreo. Quando isso ocorre, os danos podem ser mais severos. 

A uveíte é classificada de acordo com a região afetada, podendo ser chamada de uveíte anterior (íris), intermediária (corpo ciliar), posterior (coroide e retina) ou panuveíte (inflamação difusa em todas as partes).

Quais são os sintomas da uveíte?

Os sintomas variam conforme a área do olho afetada e a gravidade da inflamação. Em geral, os sinais mais frequentes incluem dor ocular, vermelhidão, sensibilidade à luz (fotofobia), visão embaçada e a presença de pontos escuros que flutuam no campo visual. Os sintomas podem aparecer subitamente ou se desenvolver de maneira progressiva.

Cabe ressaltar que, por vezes, os sinais são confundidos com outras doenças menos graves, como conjuntivite. No entanto, a uveíte exige atenção especializada, pois seu potencial de causar danos permanentes à visão é elevado.

O que causa a uveíte?

A uveíte pode ter várias origens, entre as quais, as de natureza infecciosa e parasitária, tais como: toxoplasmose ocular, herpesvírus, sífilis e citomegalovírus figuram entre as mais importantes. As outras são de origem não infecciosa, em particular as ligadas a doenças autoimunes, como artrite idiopática juvenil, espondilite anquilosante, lúpus e doenças inflamatórias intestinais.

Traumas oculares e reações adversas a medicamentos também podem desencadear o quadro. Em muitos pacientes, mesmo após investigação detalhada, não se encontra uma causa definida, sendo, então, chamada de uveíte idiopática.

A uveíte pode afetar a visão?

Quando não é tratada corretamente, a uveíte pode comprometer a visão de forma significativa. De modo geral, as uveítes estão entre as principais causas de perda irreversível da visão, inclusive nos países desenvolvidos.

Entre as complicações mais comuns, estão o desenvolvimento precoce de catarata, o aumento da pressão intraocular levando ao glaucoma, o inchaço da retina (edema macular) e, em casos graves, a perda irreversível da visão.

Além disso, processos inflamatórios contínuos podem lesionar estruturas delicadas do olho, como o nervo óptico ou a mácula, área central da retina responsável pela visão detalhada. Por isso, o diagnóstico precoce e o acompanhamento com oftalmologista são fundamentais para evitar esses desfechos.

Como é feito o diagnóstico da uveíte?

O diagnóstico da uveíte começa com um exame oftalmológico completo, no qual o médico avalia a parte interna do olho e identifica sinais de inflamação. A partir dessa avaliação inicial, exames complementares podem ser solicitados para entender a causa da uveíte.

Entre os exames, destacam-se: a tomografia de coerência óptica (OCT), que permite uma visualização detalhada da retina; a angiografia ocular, que analisa a circulação sanguínea na retina; exames laboratoriais de sangue; e, em casos selecionados, exames moleculares como a PCR, que detecta a presença de agentes infecciosos diretamente em amostras oculares.

Essas ferramentas auxiliam o oftalmologista a diferenciar as causas infecciosas das autoimunes e definir o tratamento mais adequado para cada situação.

Qual é o tratamento da uveíte?

O tratamento da uveíte depende da causa, localização e gravidade. Em casos mais simples, como nas uveítes anteriores, o uso de colírios com corticoides e anti-inflamatórios pode ser suficiente. Já nos casos mais graves ou persistentes, pode ser necessário o uso de medicamentos por via oral ou injetável, como corticoides sistêmicos, imunossupressores ou imunobiológicos.

Quando a causa é infecciosa, como em quadros causados por toxoplasmose ou herpes, o tratamento específico com antibióticos ou antivirais é indicado. Também é importante tratar a doença de base em casos relacionados a condições autoimunes.

Cada caso requer avaliação individualizada, e o acompanhamento médico contínuo é necessário para evitar recaídas e controlar a inflamação com segurança.

Uveíte tem cura? Como prevenir complicações?

A resposta varia de acordo com a causa. Algumas uveítes podem ser completamente resolvidas com o tratamento adequado. Outras, sobretudo aquelas relacionadas a doenças autoimunes, podem apresentar recorrências ao longo da vida, exigindo controle a longo prazo.

Para evitar complicações, é essencial iniciar o tratamento o mais cedo possível, manter as consultas oftalmológicas em dia e seguir rigorosamente as orientações médicas. O uso correto dos colírios, a adesão ao esquema de medicamentos e o acompanhamento laboratorial são peças-chave para preservar a saúde ocular e prevenir a perda da visão.

Quando procurar um oftalmologista?

Alterações na visão, como embaçamento, dor nos olhos, aumento da sensibilidade à luz ou percepção de manchas flutuantes no campo visual, devem ser investigadas o quanto antes. Esses sintomas não devem ser ignorados, principalmente se persistirem por mais de um ou dois dias.

Mesmo em casos leves, procure avaliação especializada. A uveíte pode evoluir silenciosamente e ser diagnosticada somente quando a inflamação já causou danos importantes. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de evitar complicações graves.

Quer saber mais sobre como cuidar da sua saúde ocular? Acesse também nosso conteúdo sobre glaucoma no Blog do Sabin! 

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Burkholder, Bryn M, and Douglas A Jabs. “Uveitis for the non-ophthalmologist.” BMJ (Clinical research ed.) vol. 372 m4979. 3 Feb. 2021, doi:10.1136/bmj.m4979

Sève, Pascal et al. “Uveitis: Diagnostic work-up. A literature review and recommendations from an expert committee.” Autoimmunity reviews vol. 16,12 (2017): 1254-1264. doi:10.1016/j.autrev.2017.10.010

Wu, Xue et al. “Pathogenesis and current therapies for non-infectious uveitis.” Clinical and experimental medicine vol. 23,4 (2023): 1089-1106. doi:10.1007/s10238-022-00954-6

CONITEC – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Uveítes não infecciosas. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. Disponível em: relatorio_pcdt_uvetesnaoinfecciosas_cp29_2019.pdf

The post Uveíte: entenda causas, sintomas e tratamento appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/diagnostico-e-tratamento-da-uveite/feed/ 0 4676
Raiva humana: entenda os riscos e saiba como se proteger https://blog.sabin.com.br/saude/prevencao-da-raiva-humana/ https://blog.sabin.com.br/saude/prevencao-da-raiva-humana/#respond Tue, 09 Sep 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4643 A raiva humana é uma infecção viral extremamente grave que ainda causa mortes todos os anos, apesar de ser totalmente evitável. Classificada como uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida de animais para seres humanos, a raiva afeta o sistema nervoso central e tem evolução rápida e letal em praticamente todos os casos sintomáticos. Compreender […]

The post Raiva humana: entenda os riscos e saiba como se proteger appeared first on Blog Sabin.

]]>
A raiva humana é uma infecção viral extremamente grave que ainda causa mortes todos os anos, apesar de ser totalmente evitável. Classificada como uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida de animais para seres humanos, a raiva afeta o sistema nervoso central e tem evolução rápida e letal em praticamente todos os casos sintomáticos.

Compreender mais sobre como ela ocorre e seus sintomas mais frequentes, reconhecer os grupos mais vulneráveis e, sobretudo, conhecer as formas mais eficazes de prevenção é importante para proteger a própria saúde e de toda a comunidade. Continue a leitura para saber mais!

O que é a raiva humana?

A raiva humana é uma encefalite viral aguda causada pelo vírus do gênero Lyssavirus. Esse vírus ataca o sistema nervoso central, provocando alterações neurológicas graves e irreversíveis. 

Uma das principais características da raiva é a sua rápida evolução após o aparecimento dos primeiros sintomas. Quando isso ocorre, a doença torna-se quase sempre fatal. A taxa de letalidade ultrapassa 99%, o que a torna uma das doenças infecciosas mais letais conhecidas.

Apesar disso, trata-se de uma doença completamente evitável. Com estratégias adequadas de prevenção, como a vacinação de animais e a administração imediata da profilaxia pós-exposição, é possível eliminar o risco de morte.

Como a raiva em humanos é transmitida?

A transmissão da raiva ocorre quando a saliva de um animal infectado entra em contato com a pele humana lesionada ou com mucosas. Isso pode acontecer através de mordidas, arranhões profundos ou lambidas em feridas abertas. 

Em áreas urbanas, os cães são os principais responsáveis pela transmissão da doença. Já em regiões rurais e florestais, os morcegos hematófagos têm ganhado destaque como fontes relevantes de infecção, em particular no Brasil. Também há registros de contaminação por meio de outros animais silvestres, como raposas, gambás e macacos.

Quais são os sintomas da raiva humana?

Os sintomas da raiva humana surgem em fases distintas. Na fase inicial, conhecida como pródromo, o paciente pode apresentar febre, mal-estar, dor de cabeça, náuseas e coceira ou dormência no local da mordida. Esses sinais são inespecíficos e costumam passar despercebidos.

À medida que a infecção avança, surgem os sintomas neurológicos. Nessa fase, é comum o paciente apresentar ansiedade, agitação, espasmos musculares, dificuldade para engolir, aversão à água (hidrofobia), alucinações e paralisia. Sem tratamento adequado antes do início dessa fase, a progressão para o coma e a morte é quase inevitável.

Quem está em maior risco?

A raiva humana pode acometer qualquer pessoa que tenha contato com um animal infectado. No entanto, certos grupos estão mais vulneráveis à exposição ao vírus. Profissionais que atuam diretamente com animais, como médicos veterinários, zootecnistas, biólogos, tratadores e trabalhadores do campo, fazem parte da população de risco devido à natureza de sua atividade diária.

Mas o risco não se limita ao ambiente profissional. Moradores de áreas rurais ou regiões com baixa cobertura vacinal em cães e gatos também estão mais suscetíveis, especialmente quando há circulação de animais silvestres. As crianças merecem atenção especial, já que, muitas vezes, interagem com animais sem supervisão e podem não relatar pequenos arranhões, mordidas e lambidas, o que dificulta a detecção precoce de uma possível exposição ao vírus.

O que fazer em caso de exposição?

Em qualquer situação de possível exposição ao vírus da raiva, é preciso agir imediatamente. O primeiro passo é lavar o local da mordida ou do arranhão com água e sabão por, no mínimo, quinze minutos. Essa medida simples ajuda a reduzir a carga viral no lugar da lesão. 

Em seguida, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível. O profissional avaliará a necessidade de iniciar a profilaxia pós-exposição, procedimento fundamental para impedir a instalação do vírus no organismo.

Como funciona a profilaxia pós-exposição (PEP)?

A profilaxia pós-exposição é o nome dado ao conjunto de medidas adotadas após o contato com o vírus da raiva. Ela pode incluir a aplicação da vacina antirrábica humana e, em casos mais graves, a administração da imunoglobulina antirrábica. A indicação depende da gravidade da exposição, do local da lesão e do histórico vacinal da pessoa. 

Independentemente da situação, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maior a chance de evitar a evolução para a forma clínica da doença. Por isso, toda exposição potencial deve ser tratada como uma emergência médica.

Panorama da raiva humana no Brasil e no mundo

No Brasil, os casos de raiva humana diminuíram significativamente nas últimas décadas, graças a campanhas de vacinação e ações de vigilância epidemiológica. Ainda assim, há registros da doença, principalmente na região amazônica, onde o contato com morcegos hematófagos é mais frequente. O sistema SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) é a principal ferramenta do Ministério da Saúde (MS) para monitorar os casos.

No cenário internacional, a raiva continua sendo um grave problema de saúde pública em países da África e da Ásia. Nessas regiões, a combinação de baixa cobertura vacinal em cães, acesso limitado à profilaxia e falta de informação contribui para a alta mortalidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como meta eliminar todas as mortes humanas por raiva canina até 2030, por meio da iniciativa “Zero by 30”.

A importância da vacinação animal

A vacinação de cães e gatos é a estratégia mais eficaz para interromper o ciclo de transmissão da raiva aos seres humanos. No Brasil, essa vacinação é gratuita e promovida por campanhas anuais do MS. 

Todos os cães e gatos com mais de três meses de idade devem ser vacinados anualmente. Cabe ressaltar que a criação de animais silvestres como pets é ilegal e representa um risco elevado para a transmissão de diversas zoonoses, incluindo a raiva.

Diagnóstico e tratamento da raiva humana

O diagnóstico da raiva em seres humanos é complexo e exige exames laboratoriais específicos, como RT-PCR, imunofluorescência direta e testes imuno-histoquímicos. Esses exames geralmente são realizados apenas em laboratórios de referência. 

Infelizmente, a eficácia do tratamento para a raiva após o início dos sintomas é limitada, o que reforça ainda mais a importância da prevenção e da resposta rápida à exposição.

Prevenção da raiva humana

Prevenir a raiva humana requer um conjunto de ações coordenadas que envolvem tanto medidas individuais quanto políticas públicas. A seguir, pontuamos algumas das ações que podem auxiliar na prevenção da ocorrência da raiva humana.

Vacinação pré-exposição

Indicada para pessoas em profissões de risco ou que planejam visitar áreas onde a raiva é endêmica. Essa estratégia inclui a aplicação de três doses da vacina, com reforços periódicos conforme recomendação médica.

Educação comunitária

Campanhas informativas que orientam a população sobre a doença, formas de transmissão e cuidados com os animais ajudam a reduzir a incidência de casos. O envolvimento de escolas, postos de saúde e veículos de mídia é essencial nesse processo.

Vigilância e controle

Ações coordenadas de vigilância, vacinação em massa de animais e controle de cães errantes são cruciais para diminuir a circulação do vírus.

De modo geral, a raiva humana pode ser evitada. Compartilhar informações corretas e estimular a conscientização também são atitudes que salvam vidas.

Se você deseja se aprofundar no tema e conhecer outras doenças que também são transmitidas entre animais e seres humanos, acesse o conteúdo exclusivo no Blog Sabin: Quais as principais zoonoses?.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Ministério da Saúde. Raiva humana. Portal gov.br. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva/raiva-humana 

Fooks, Anthony R et al. “Rabies.” Nature reviews. Disease primers vol. 3 17091. 30 Nov. 2017, doi:10.1038/nrdp.2017.91

Haradanhalli, Ravish S et al. “Safety and clinical efficacy of human rabies immunoglobulin in post exposure prophylaxis for category III animal exposures.” Human vaccines & immunotherapeutics vol. 18,5 (2022): 2081024. doi:10.1080/21645515.2022.2081024

Benavides, Julio A et al. “An evaluation of Brazil’s surveillance and prophylaxis of canine rabies between 2008 and 2017.” PLoS neglected tropical diseases vol. 13,8 e0007564. 5 Aug. 2019, doi:10.1371/journal.pntd.0007564

Undurraga, Eduardo A et al. “Costs and effectiveness of alternative dog vaccination strategies to improve dog population coverage in rural and urban settings during a rabies outbreak.” Vaccine vol. 38,39 (2020): 6162-6173. doi:10.1016/j.vaccine.2020.06.006

CRMV-SP – Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo. Profilaxia pré-exposição contra a raiva para médicos-veterinários e zootecnistas se torna ainda mais importante.https://crmvsp.gov.br/profilaxia-pre-exposicao-contra-a-raiva-para-medicos-veterinarios-e-zootecnistas-se-torna-ainda-mais-importante/

The post Raiva humana: entenda os riscos e saiba como se proteger appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/prevencao-da-raiva-humana/feed/ 0 4643
Ácido fólico: entenda a importância na gestação https://blog.sabin.com.br/saude/acido-folico-e-saude-fetal/ https://blog.sabin.com.br/saude/acido-folico-e-saude-fetal/#respond Tue, 02 Sep 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4640 A gravidez é um momento de intensas transformações fisiológicas, e a nutrição adequada é importante para o desenvolvimento saudável do bebê. Entre os nutrientes essenciais nesse período, o ácido fólico, que é a forma sintética da vitamina B9, ocupa posição de destaque.  A suplementação dessa vitamina é amplamente reconhecida por sua capacidade de reduzir o […]

The post Ácido fólico: entenda a importância na gestação appeared first on Blog Sabin.

]]>
A gravidez é um momento de intensas transformações fisiológicas, e a nutrição adequada é importante para o desenvolvimento saudável do bebê. Entre os nutrientes essenciais nesse período, o ácido fólico, que é a forma sintética da vitamina B9, ocupa posição de destaque. 

A suplementação dessa vitamina é amplamente reconhecida por sua capacidade de reduzir o risco de malformações congênitas, especialmente os defeitos de fechamento do tubo neural (DFTN), como a espinha bífida e a anencefalia. No entanto, mesmo com o avanço da genética, que vem identificando mutações espontâneas envolvidas na formação de DFTNs, o ácido fólico permanece como uma das estratégias preventivas mais eficazes e seguras recomendadas atualmente. 

Continue a leitura para saber mais!

O que é ácido fólico e qual sua função no organismo?

O ácido fólico é a versão sintética da vitamina B9, utilizada em suplementos e alimentos fortificados, devido à sua estabilidade e eficácia na prevenção de deficiências nutricionais. Já o folato é a forma natural da vitamina, encontrado em diversos alimentos.

Essa vitamina desempenha um papel importante na formação do DNA, na divisão celular, na formação das células sanguíneas e no funcionamento do sistema nervoso. No contexto da gestação, sua presença é determinante nas primeiras semanas, período crítico para o fechamento adequado do tubo neural — estrutura embrionária que dará origem ao cérebro e à medula espinhal.

Estudos recentes demonstram que alterações genéticas podem afetar o metabolismo do folato, dificultando sua ativação e função. Nesses casos, a presença adequada da vitamina no organismo pode compensar possíveis falhas metabólicas e reduzir os riscos associados.

Por que o ácido fólico é tão importante durante a gestação?

A importância do ácido fólico na gestação está diretamente relacionada à prevenção de defeitos do tubo neural. O tubo neural é uma estrutura formada bem precocemente no feto e é responsável pela formação do cérebro, do crânio, da medula espinhal e da coluna do bebê. O tubo neural se forma entre o décimo oitavo e o vigésimo oitavo dia após a fecundação, normalmente antes mesmo de a mulher saber que está grávida. Entre os principais DFTNs estão a espinha bífida, a mielomeningocele, a encefalocele e a anencefalia, que podem ter impacto severo e permanente sobre a vida da criança.

Os defeitos de fechamento do tubo neural têm etiologia multifatorial, ou seja, tanto fatores ambientais quanto genéticos podem contribuir para a ocorrência. Na parte genética, o que se acredita é que vários genes contribuem, conjuntamente, para o aparecimento de um DFTN. Na parte ambiental, o fator mais relevante é o nutricional. Isso reforça a necessidade de estratégias preventivas amplas, como a suplementação universal com ácido fólico em mulheres em idade fértil. 

De modo geral, a recomendação é iniciar a suplementação com pelo menos 400 microgramas por dia, no mínimo 30 dias antes da concepção, e mantê-la até o final do primeiro trimestre.

Diferenças entre ácido fólico e folato: o que você precisa saber

Embora os termos ácido fólico e folato sejam frequentemente usados como sinônimos, existem diferenças importantes entre eles. O folato é a forma natural da vitamina B9 presente em alimentos, enquanto o ácido fólico é uma forma sintética mais estável, utilizada em suplementos e na fortificação de alimentos processados.

Existe, ainda, uma outra forma sintética: o 5-metiltetrahidrofolato (5-MTHF), que é a forma ativa da vitamina B9, diretamente utilizada pelo organismo. Essa alternativa tem se mostrado útil para pessoas com variações genéticas que dificultam a conversão do ácido fólico em sua forma ativa. Nesses casos, a suplementação com 5-MTHF pode oferecer melhor aproveitamento metabólico e reduzir a presença de ácido fólico não metabolizado no sangue.

Fontes naturais de folato: como incluir na alimentação

O folato pode ser encontrado em diversos alimentos, principalmente em vegetais de folhas verdes escuras, como espinafre, couve e alface. Também está presente em leguminosas, como feijões e lentilhas, frutas cítricas, abacate, brócolis, beterraba e aspargos

Apesar da presença do nutriente na dieta, a ingestão alimentar isolada dificilmente atinge os níveis recomendados para a prevenção de DFTNs. Isso ocorre por fatores como perdas no cozimento, absorção limitada e aumento da necessidade no início da gestação. Assim, mesmo com uma alimentação saudável, a suplementação é recomendada.

Quem mais se beneficia da suplementação de ácido fólico?

Além das mulheres grávidas ou que planejam engravidar, a suplementação de ácido fólico pode ser benéfica sobretudo para mulheres com histórico familiar de defeitos do tubo neural, usuárias de anticonvulsivantes e medicamentos que interferem no metabolismo do folato, mulheres com diabetes ou obesidade, tabagistas, pessoas com dietas restritivas, má absorção intestinal ou mutações genéticas como as do gene MTHFR. 

Ainda que não haja histórico familiar, estudos indicam que mutações aleatórias podem aumentar o risco de malformações, justificando a recomendação de suplementação em mulheres em idade fértil.

Riscos da deficiência de ácido fólico na gravidez

Além dos riscos comentados anteriormente, a deficiência de ácido fólico durante a gestação está associada a diversas complicações que também comprometem a saúde materna. Entre elas, estão o aumento do risco de parto prematuro, abortos espontâneos, pré-eclâmpsia e anemia megaloblástica. 

Evidências epidemiológicas confirmam que a suplementação no período adequado diminui significativamente esses riscos. Mesmo considerando fatores genéticos envolvidos, garantir níveis suficientes de ácido fólico no organismo é uma forma comprovada de proteção.

O ácido fólico é, de maneira geral, seguro. Entretanto, o uso de doses muito elevadas, como acima de 1.000 microgramas por dia, pode prejudicar e mascarar deficiências de vitamina B12, dificultando o diagnóstico de anemias graves. 

Há estudos em andamento que investigam se o excesso de ácido fólico não metabolizado pode ter impacto no neurodesenvolvimento fetal. Por isso, a suplementação deve ser feita de forma responsável, com base em orientação médica. A dose padrão de 400 microgramas por dia é considerada segura e eficaz para a maioria das mulheres em idade reprodutiva.

Fortificação de alimentos com ácido fólico: uma medida de saúde pública

Desde 2004, o Brasil adota a fortificação obrigatória de farinhas com ácido fólico, uma política pública que contribuiu consideravelmente para a redução dos casos de alterações no fechamento do tubo neural. Essa medida é considerada uma das mais eficazes estratégias de prevenção de malformações congênitas em larga escala.

Cabe ressaltar que a fortificação sozinha não garante níveis ideais da vitamina, em particular nas primeiras semanas da gestação, quando muitas mulheres ainda não sabem que estão grávidas. Por esse motivo, a suplementação individualizada continua sendo fundamental, mesmo para aquelas que não estão planejando engravidar de imediato.

Iniciar a gestação com níveis adequados de ácido fólico é uma ação simples, segura e acessível. Para isso, é importante contar com a orientação de profissionais de saúde, que indicarão a forma e a dose mais adequada para cada mulher.

Quer entender melhor como as vitaminas e os minerais atuam na sua saúde? Acesse nosso conteúdo no Blog Sabin: Importância da suplementação

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Viswanathan, Meera et al. “Folic Acid Supplementation to Prevent Neural Tube Defects: Updated Evidence Report and Systematic Review for the US Preventive Services Task Force.” JAMA vol. 330,5 (2023): 460-466. doi:10.1001/jama.2023.9864

Cochrane, Kelsey M et al. “Supplementation with (6S)-5-methyltetrahydrofolic acid appears as effective as folic acid in maintaining maternal folate status while reducing unmetabolised folic acid in maternal plasma: a randomised trial of pregnant women in Canada.” The British journal of nutrition vol. 131,1 (2024): 92-102. doi:10.1017/S0007114523001733

Crider, Krista S et al. “Folic Acid and the Prevention of Birth Defects: 30 Years of Opportunity and Controversies.” Annual review of nutrition vol. 42 (2022): 423-452. doi:10.1146/annurev-nutr-043020-091647

Ministério da Saúde (BR). Atenção Primária à Saúde. Como deve ser a prescrição de ácido fólico e sulfato ferroso durante a gestação? [Internet]. Brasília: BVS APS; 2023

Ha, YJ., Nisal, A., Tang, I. et al. The contribution of de novo coding mutations to meningomyelocele. Nature 641, 419–426 (2025). https://doi.org/10.1038/s41586-025-08676-x

The post Ácido fólico: entenda a importância na gestação appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/acido-folico-e-saude-fetal/feed/ 0 4640
O que é toxoplasmose congênita e como evitar complicações no bebê https://blog.sabin.com.br/saude/toxoplasmose-congenita-e-a-saude-do-bebe/ https://blog.sabin.com.br/saude/toxoplasmose-congenita-e-a-saude-do-bebe/#respond Tue, 26 Aug 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4619 A toxoplasmose congênita é uma infecção que pode trazer consequências sérias ao bebê ainda dentro do útero. Ela é causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, que é transmitido quando a mãe adquire a infecção durante a gravidez. O problema é que muitas mulheres não apresentam sintomas durante a infecção, o que torna o diagnóstico […]

The post O que é toxoplasmose congênita e como evitar complicações no bebê appeared first on Blog Sabin.

]]>
A toxoplasmose congênita é uma infecção que pode trazer consequências sérias ao bebê ainda dentro do útero. Ela é causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, que é transmitido quando a mãe adquire a infecção durante a gravidez. O problema é que muitas mulheres não apresentam sintomas durante a infecção, o que torna o diagnóstico mais difícil e aumenta as chances de complicações.

No Brasil, a incidência dessa infecção é mais alta do que em muitos outros países, o que reforça a importância de orientar gestantes sobre os cuidados necessários. A boa notícia é que, com medidas preventivas e acompanhamento adequado durante o pré-natal, é possível reduzir significativamente os riscos de transmissão.

Continue a leitura para compreender como é feito o diagnóstico e em que momento da gestação deve ter mais cuidado.

Entenda o que é toxoplasmose congênita

A toxoplasmose é uma infecção causada por um parasita que pode estar presente nas fezes de gatos infectados, em alimentos contaminados — como carnes malcozidas, frutas e vegetais mal lavados — e até mesmo no solo

Quando uma mulher adquire a infecção pela primeira vez durante a gravidez, existe a possibilidade de o parasita atravessar a placenta e atingir o bebê, caracterizando a toxoplasmose congênita.

É importante destacar que, muitas vezes, a mãe não apresenta sinais evidentes da doença. Mesmo assim, o bebê pode sofrer consequências graves, entre elas, alterações do sistema nervoso central e dos olhos. 

De modo geral, a prevalência elevada no Brasil reforça a necessidade de disseminar informações sobre prevenção entre gestantes e profissionais de saúde.

Por que o momento da gravidez influencia no risco?

O risco de transmissão da toxoplasmose para o bebê varia conforme a fase da gestação. No primeiro trimestre, a chance de o parasita atingir o feto é menor, mas, se a infecção acontecer, as complicações tendem a ser mais severas. Isso inclui desde abortos espontâneos até sequelas graves.

Já no segundo e principalmente no terceiro trimestre, a possibilidade de transmissão aumenta consideravelmente. Entretanto, as formas clínicas podem ser menos graves.

No Brasil, o perfil genético dos parasitas circulantes é mais agressivo, o que potencializa os riscos de quadros clínicos mais sérios, mesmo em infecções adquiridas em fases mais tardias da gestação.

Um aspecto importante a ser destacado é que, em países como a França, a implementação de exames regulares durante a gravidez contribuiu de forma relevante para a redução dos casos graves de toxoplasmose congênita. Essa experiência internacional corrobora o papel fundamental da triagem e do diagnóstico precoce. 

No Brasil, também avançamos com a criação de regulamentações voltadas ao acompanhamento das gestantes e triagem neonatal, o que representa um passo fundamental na prevenção e no cuidado com a saúde materno-infantil.

Quais os sinais de alerta nos bebês?

Muitos bebês com toxoplasmose congênita nascem sem sintomas aparentes. No entanto, em alguns casos, os sinais e sintomas da infecção podem ser perceptíveis logo nos primeiros dias de vida.

Sinais logo após o nascimento

Alguns recém-nascidos podem apresentar sinais aparentes da infecção ao nascer. Entre os primeiros sinais, estão o amarelamento da pele, conhecido como icterícia, o aumento do tamanho do fígado e do baço e a presença de manchas na pele

A anemia e outras alterações nos exames de sangue também podem chamar a atenção da equipe médica.

Complicações mais preocupantes

As complicações mais preocupantes envolvem o sistema nervoso central e os olhos. O bebê pode apresentar alterações no tamanho da cabeça, como aumento do perímetro cefálico por hidrocefalia ou mesmo microcefalia, além de episódios de convulsões

No campo oftalmológico, a toxoplasmose congênita pode causar inflamações na retina e na coroide, conhecidas como coriorretinite, que podem comprometer a visão e, em casos graves, levar à cegueira.

Efeitos tardios

Mesmo quando o bebê aparenta estar saudável ao nascer, é recomendável manter o acompanhamento com especialistas. Algumas consequências da infecção podem surgir ou se tornar perceptíveis com o passar do tempo, como atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo ou dificuldades de aprendizagem.

Como é feito o diagnóstico da toxoplasmose congênita?

O diagnóstico pode ser realizado durante a gravidez ou após o nascimento do bebê. No pré-natal, exames de sangue são solicitados para verificar se a gestante já teve contato com o parasita. 

Caso haja suspeita de infecção recente, o médico pode indicar exames mais detalhados, como a análise do líquido amniótico por meio da amniocentese, que permite verificar se o bebê foi infectado ainda no útero.

Após o nascimento, o bebê também deve ser avaliado. O Teste do Pezinho é utilizado como ferramenta de triagem, sendo crucial na identificação de bebês infectados, porém assintomáticos, cujas mães não foram diagnosticadas na gestação. Adicionalmente, exames de sangue específicos conseguem detectar a presença de anticorpos produzidos pelo próprio organismo do recém-nascido. 

Exames de imagem como ultrassonografia, tomografia ou ressonância magnética são utilizados para investigar possíveis alterações no cérebro. Por fim, a avaliação oftalmológica e auditiva também é essencial, já que olhos e ouvidos são frequentemente afetados pela toxoplasmose congênita.

O que fazer se a toxoplasmose for confirmada?

Se a infecção for diagnosticada durante a gravidez, o tratamento pode ser iniciado ainda antes do nascimento. Em casos de infecção recente, a gestante pode ser tratada com um antibiótico chamado espiramicina, que reduz o risco de o parasita alcançar o bebê. 

Se o diagnóstico indicar que o bebê já foi infectado, uma combinação de medicamentos, incluindo sulfadiazina e pirimetamina, poderá ser prescrita. Todos os tratamentos devem ser realizados com rigoroso acompanhamento médico.

Após o nascimento, o bebê pode precisar continuar o tratamento por um ano. Essa medida tem como objetivo diminuir os riscos de complicações neurológicas e oculares. O acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, formada por pediatras, neurologistas, oftalmologistas e outros profissionais, é importante para garantir o melhor desenvolvimento possível da criança.

Como prevenir a toxoplasmose congênita?

A prevenção da toxoplasmose congênita passa por cuidados simples, mas que podem fazer toda a diferença. Um dos principais pontos é a atenção com a alimentação. Carnes devem ser sempre bem cozidas, evitando o consumo de preparações malpassadas ou cruas. Frutas, legumes e verduras precisam ser lavados adequadamente antes do consumo.

Além da alimentação, o contato com dejetos dos animais exige atenção. Evitar o manuseio direto das fezes de gatos é uma medida indispensável, especialmente durante a gravidez. Caso a gestante precise realizar a limpeza da caixa de areia, o uso de luvas e a higiene correta das mãos após o procedimento são determinantes.

Outro ponto importante é o cuidado ao lidar com a terra, como em atividades de jardinagem. Usar luvas e lavar bem as mãos após essas tarefas pode ajudar a reduzir o risco de infecção.

A realização de todos os exames recomendados durante o pré-natal também é uma das formas mais eficazes de prevenir complicações. Manter o pré-natal em dia e realizar todos os exames solicitados pelo obstetra são passos importantíssimos para proteger a saúde do bebê. Por isso, em caso de dúvidas ou suspeitas, o melhor caminho é buscar orientação médica qualificada.

A saúde do bebê também depende da alimentação da mãe após o parto. Aproveite para conhecer nosso conteúdo sobre o tema: Alimentação materna durante a amamentação.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Olariu, Tudor Rares et al. “Severe congenital toxoplasmosis in the United States: clinical and serologic findings in untreated infants.” The Pediatric infectious disease journal vol. 30,12 (2011): 1056-61. doi:10.1097/INF.0b013e3182343096

Avignon, Marine et al. “Diagnosis of Congenital Toxoplasmosis: Performance of Four IgG and IgM Automated Assays at Birth in a Tricentric Evaluation.” Journal of clinical microbiology vol. 60,5 (2022): e0011522. doi:10.1128/jcm.00115-22

Denis, Julie et al. “Contribution of serology in congenital toxoplasmosis diagnosis: results from a 10-year French retrospective study.” Journal of clinical microbiology vol. 61,10 (2023): e0035423. doi:10.1128/jcm.00354-23

Kahan, Yaara et al. “Characterization of Congenital Toxoplasmosis in Israel: A 17-year Nationwide Study Experience.” The Pediatric infectious disease journal vol. 39,6 (2020): 553-559. doi:10.1097/INF.0000000000002598Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Toxoplasmose congênita: diagnóstico, tratamento e prevenção. Departamento Científico de Infectologia. 2020. Disponível em: 22620c-DC – Toxoplasmose congênita.indd

The post O que é toxoplasmose congênita e como evitar complicações no bebê appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/toxoplasmose-congenita-e-a-saude-do-bebe/feed/ 0 4619
Mucopolissacaridose: o que é, quais os sintomas e a importância do diagnóstico precoce https://blog.sabin.com.br/saude/diagnostico-de-mucopolissacaridose/ https://blog.sabin.com.br/saude/diagnostico-de-mucopolissacaridose/#respond Tue, 19 Aug 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4616 A mucopolissacaridose, também conhecida pela sigla MPS, é um grupo de doenças genéticas raras que comprometem gradualmente a saúde de crianças e adultos.  Causada por uma falha no funcionamento de enzimas que atuam na degradação de certas substâncias do organismo, essa condição pode atingir diferentes órgãos e sistemas, provocando desde alterações físicas e motoras até […]

The post Mucopolissacaridose: o que é, quais os sintomas e a importância do diagnóstico precoce appeared first on Blog Sabin.

]]>
A mucopolissacaridose, também conhecida pela sigla MPS, é um grupo de doenças genéticas raras que comprometem gradualmente a saúde de crianças e adultos. 

Causada por uma falha no funcionamento de enzimas que atuam na degradação de certas substâncias do organismo, essa condição pode atingir diferentes órgãos e sistemas, provocando desde alterações físicas e motoras até dificuldades respiratórias, visuais e cognitivas. 

Embora o nome ainda seja desconhecido por muitas famílias, conhecer a mucopolissacaridose e identificar os primeiros sinais pode transformar o futuro de quem convive com ela. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de melhorar a qualidade de vida e retardar o avanço da doença.

O que é mucopolissacaridose?

A mucopolissacaridose é uma doença hereditária causada pela deficiência de enzimas responsáveis por quebrar substâncias chamadas glicosaminoglicanos (GAGs), que fazem parte da estrutura de várias células do nosso corpo. Quando essas enzimas estão ausentes ou não funcionam corretamente, os GAGs se acumulam dentro das células, levando a um funcionamento inadequado dos órgãos e tecidos. 

Na maioria dos casos, a doença é de herança autossômica recessiva, o que significa que ambos os pais são portadores de uma mutação genética que não os afeta diretamente, mas pode ser transmitida aos filhos. No entanto, há exceções, como a MPS tipo II (síndrome de Hunter), que tem herança ligada ao cromossomo X e afeta principalmente meninos. Nas formas ligadas ao X, é possível que a mutação seja herdada da mãe ou que surja espontaneamente, mesmo sem histórico familiar conhecido. 

Como resultado do acúmulo, a mucopolissacaridose pode acometer o esqueleto, o sistema respiratório, o coração, os olhos e o sistema nervoso central, com consequências que se agravam ao longo do tempo.

Quais os tipos de mucopolissacaridose?

Existem sete tipos principais de mucopolissacaridose, reconhecidos pelas siglas MPS I, II, III, IV, VI, VII e IX. Cada tipo está relacionado a uma enzima específica e apresenta manifestações clínicas distintas. A seguir, compartilhamos um pouco sobre cada um.

MPS I (síndromes de Hurler, Hurler-Scheie e Scheie)

A MPS I pode se apresentar em três formas: Hurler (a mais grave), Hurler-Scheie (intermediária) e Scheie (a mais branda). Os sintomas variam de acordo com a forma da doença, geralmente incluindo alterações físicas marcantes, dificuldades respiratórias, problemas de visão e atraso no desenvolvimento.

MPS II (síndrome de Hunter)

Conhecida como síndrome de Hunter, a MPS II afeta predominantemente meninos, pois está ligada ao cromossomo X. Pode causar sintomas físicos semelhantes aos da MPS I, além de comprometimento neurológico em alguns casos.

MPS III (síndrome de Sanfilippo)

A MPS III é chamada de síndrome de Sanfilippo e se destaca pelo comprometimento neurológico progressivo, com poucas alterações em outros órgãos. Crianças com esse tipo costumam apresentar atraso no desenvolvimento, perda de habilidades cognitivas e alterações de comportamento, sendo comum a regressão de capacidades já adquiridas.

MPS IV (síndrome de Morquio)

Na MPS IV, conhecida como síndrome de Morquio, os principais impactos ocorrem no esqueleto. Usualmente, os pacientes têm estatura baixa, alterações na coluna e nas articulações; em alguns casos, comprometimento intelectual. Esse tipo é dividido em MPS IV-A e MPS IV-B, a depender da enzima envolvida. 

MPS VI (síndrome de Maroteaux-Lamy)

A MPS VI, ou síndrome de Maroteaux-Lamy, pode afetar de forma intensa os sistemas físicos do corpo, como ossos, olhos e pulmões, mas há casos mais leves, só diagnosticados na idade adulta. Apesar das limitações físicas, o desenvolvimento intelectual costuma ser preservado.

MPS VII (síndrome de Sly)

A MPS VII, também chamada de síndrome de Sly, é extremamente rara e pode se manifestar ainda na gestação, provocando um quadro grave chamado hidropsia fetal. Os sintomas variam de leves a graves, conforme a mutação genética envolvida.

MPS IX

A MPS IX é considerada a forma mais rara entre todas as mucopolissacaridoses. Foram registrados poucos casos no mundo, normalmente associados a inflamações articulares. Por sua raridade, muitas características clínicas ainda estão sendo estudadas.

A gravidade da doença varia muito, mesmo entre pacientes com o mesmo tipo, o que exige uma abordagem individualizada para o diagnóstico e o tratamento.

Quais são os sintomas da mucopolissacaridose?

Os sinais da mucopolissacaridose costumam surgir na infância e variam com o tipo da doença. Entre os sintomas mais comuns, estão: atraso no crescimento, alterações nos ossos e nas articulações, rigidez corporal e deformações na coluna vertebral — o que pode impactar diretamente a mobilidade da criança.

Além dessas alterações físicas, é comum o surgimento de traços faciais característicos, como cabeça aumentada, língua grande, lábios grossos e ponte nasal achatada. Essas mudanças costumam se tornar mais evidentes com o avanço da doença.

Algumas manifestações também afetam órgãos e estruturas internas. É possível observar a presença de hérnias, aumento do fígado e do baço, perda auditiva e alterações na visão. Infecções respiratórias recorrentes, dificuldades para respirar e apneia do sono também estão entre os sinais de alerta.

Em determinados tipos de MPS, pode haver comprometimento cognitivo, com prejuízos no desenvolvimento intelectual e alterações de comportamento. Esses sintomas tendem a se agravar com o tempo, tornando indispensável o acompanhamento médico contínuo para preservar a funcionalidade e a autonomia do paciente.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da mucopolissacaridose pode ser realizado de duas formas. A primeira é por meio da triagem neonatal, ainda nos primeiros dias de vida do bebê, mesmo antes que os sintomas apareçam. Alguns estados brasileiros já incluem a MPS em versões ampliadas do Teste do Pezinho e do Teste da Bochechinha, que identificam alterações genéticas relacionadas à doença. 

A segunda forma ocorre a partir da observação de sinais clínicos. Quando há suspeita, o médico pode solicitar exames específicos, como a análise de urina e sangue para detectar o acúmulo de glicosaminoglicanos, testes enzimáticos para confirmar a deficiência da enzima e testes genéticos para identificar a mutação causadora. Esse conjunto de exames permite determinar o tipo de MPS, definir a melhor abordagem terapêutica e orientar os familiares quanto ao aconselhamento genético.

Qual o tratamento para a mucopolissacaridose?

Embora ainda não exista cura para a mucopolissacaridose, o tratamento pode retardar o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Entre as abordagens terapêuticas, existem as terapias complementares, como fisioterapia, fonoaudiologia, acompanhamento psicológico e suporte educacional. Essas intervenções ajudam a manter as funcionalidades física e cognitiva, promovendo maior autonomia no dia a dia. 

A terapia de reposição enzimática, aplicada regularmente por infusão, fornece a enzima ausente no organismo. Esse tratamento, disponível para os tipos I, II, IV-A, VI e VII, contribui para a melhora das funções respiratória, cardíaca e motora, mesmo não atuando diretamente sobre o sistema nervoso central devido à barreira hematoencefálica. Já a terapia gênica, ainda em desenvolvimento, surge como uma alternativa promissora para o futuro, com potencial de corrigir a causa genética da doença. 

Em alguns casos, o transplante de células-tronco hematopoiéticas pode ser indicado, especialmente quando realizado na infância, com o objetivo de reduzir os danos neurológicos e estabilizar a progressão da doença.

Independentemente da abordagem terapêutica adotada, é essencial que o tratamento seja conduzido por uma equipe multidisciplinar. Diferentes profissionais devem atuar de forma integrada para atender às necessidades específicas de cada paciente, oferecendo suporte contínuo e humanizado.

Por que o diagnóstico precoce é tão importante?

Por ser uma doença que avança progressivamente e, se não tratada, pode causar prejuízos irreversíveis à saúde. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de iniciar um tratamento eficaz, antes que os danos se tornem graves. 

O início precoce das terapias possibilita preservar as funções motoras e cognitivas, controlar os sintomas e oferecer mais qualidade de vida ao paciente e sua família. Contribui, ainda, para o planejamento familiar, sobretudo em famílias que já têm um caso confirmado, permitindo o acesso ao aconselhamento genético.

Como a triagem neonatal pode ajudar?

A triagem neonatal é uma ferramenta importante para identificar precocemente doenças genéticas como a mucopolissacaridose. Como dito anteriormente, o Teste do Pezinho, realizado nos primeiros dias de vida, já é capaz de detectar diversos problemas de saúde e, em versões ampliadas, pode incluir a MPS. O Teste da Bochechinha, por sua vez, também permite identificar alterações genéticas de forma rápida e indolor. 

Quando feita precocemente, essa triagem abre caminho para o acompanhamento imediato, aumentando as chances de sucesso do tratamento e oferecendo ao bebê uma perspectiva de vida mais saudável.

A importância da conscientização sobre doenças raras

Por serem raras, doenças como a mucopolissacaridose ainda enfrentam barreiras no diagnóstico e no acesso ao tratamento. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com outras condições, e o diagnóstico é adiado, comprometendo o resultado das intervenções. 

Por esse motivo, campanhas de conscientização ajudam a informar a população, pais ou responsáveis e profissionais de saúde sobre os sinais da doença, incentivando a busca por diagnóstico e acompanhamento especializado. Associações de pacientes também desempenham um papel fundamental na difusão de informações, no suporte emocional às famílias e na mobilização por políticas públicas que garantam acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado.

Com o diagnóstico precoce, o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar e o envolvimento da família, é possível controlar os sintomas, preservar habilidades e promover mais bem-estar para quem convive com a condição.

Falar sobre MPS é uma forma de dar visibilidade às doenças raras e de ampliar o acesso à informação para que mais famílias tenham a oportunidade de agir a tempo. Entenda mais sobre a importância da investigação de doenças raras, clicando aqui.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Ago, Yasuhiko et al. “Molecular Mechanisms in Pathophysiology of Mucopolysaccharidosis and Prospects for Innovative Therapy.” International journal of molecular sciences vol. 25,2 1113. 17 Jan. 2024, doi:10.3390/ijms25021113

Costa-Motta, Fabiana Moura et al. “A community-based study of mucopolysaccharidosis type VI in Brazil: the influence of founder effect, endogamy and consanguinity.” Human heredity vol. 77,1-4 (2014): 189-96. doi:10.1159/000358404

Federhen, Andressa et al. “Estimated birth prevalence of mucopolysaccharidoses in Brazil.” American journal of medical genetics. Part A vol. 182,3 (2020): 469-483. doi:10.1002/ajmg.a.61456

The post Mucopolissacaridose: o que é, quais os sintomas e a importância do diagnóstico precoce appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/diagnostico-de-mucopolissacaridose/feed/ 0 4616
Exame antes da quimioterapia: mais cuidado e saúde para você https://blog.sabin.com.br/saude/exame-genetico-antes-da-quimioterapia/ https://blog.sabin.com.br/saude/exame-genetico-antes-da-quimioterapia/#respond Tue, 12 Aug 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4610 A quimioterapia é um dos principais tratamentos contra o câncer. No entanto, devido à sua ação intensa no organismo, pode provocar reações adversas que afetam a qualidade de vida do paciente. Mas você sabia que existe um exame que pode ajudar a prevenir os efeitos colaterais mais graves, mesmo antes de o tratamento começar? Neste […]

The post Exame antes da quimioterapia: mais cuidado e saúde para você appeared first on Blog Sabin.

]]>
A quimioterapia é um dos principais tratamentos contra o câncer. No entanto, devido à sua ação intensa no organismo, pode provocar reações adversas que afetam a qualidade de vida do paciente. Mas você sabia que existe um exame que pode ajudar a prevenir os efeitos colaterais mais graves, mesmo antes de o tratamento começar?

Neste conteúdo, vamos explicar de forma simples o que é o exame genético conhecido como DPYD, por que ele é importante e como traz mais segurança para quem vai iniciar a quimioterapia com medicamentos como o 5-fluorouracil (5-FU) e a capecitabina

O exame permite que o médico conheça melhor o perfil genético do paciente e escolha a dose mais adequada, evitando riscos desnecessários. Se você vai começar a quimioterapia ou conhece alguém nessa situação, vale a pena entender como a ferramenta pode fazer a diferença.

O que é quimioterapia e por que exige tanto cuidado?

A quimioterapia é um tratamento utilizado para combater o câncer, agindo diretamente sobre as células que se multiplicam rapidamente, como as células tumorais. Ela pode ser usada sozinha ou em conjunto com cirurgia, radioterapia ou terapias-alvo, dependendo do tipo e estágio da doença.

Por ser um tratamento bastante eficaz, a quimioterapia é amplamente recomendada por médicos em diversos casos. Entretanto, os medicamentos utilizados podem afetar não apenas as células doentes, mas também as células saudáveis, especialmente aquelas que se dividem de maneira rápida, como as do sistema digestivo, do sangue e dos folículos capilares. É justamente por isso que a quimioterapia pode causar efeitos colaterais.

Cada organismo reage de uma forma, e o que funciona bem para uma pessoa pode causar reações graves em outra. Assim, é fundamental que o tratamento seja acompanhado cuidadosamente e, quando possível, adaptado ao perfil individual do paciente. 

Diante desse cenário, alguns exames genéticos já permitem prever como o corpo vai reagir a determinados quimioterápicos, sendo um deles o exame do gene DPYD.

Quais são os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia?

Os efeitos colaterais da quimioterapia podem variar bastante entre os pacientes. Enquanto algumas pessoas apresentam sintomas leves, outras podem enfrentar complicações mais sérias, que chegam a exigir internações ou até a interrupção do tratamento.

Entre os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia, estão: náuseas, vômitos, diarreia, feridas na boca, queda da imunidade (neutropenia), cansaço intenso e alterações na pele ou no apetite. Em alguns casos, podem surgir inflamações mais graves no trato digestivo ou infecções pela baixa contagem de glóbulos brancos.

O que muita gente ainda não sabe é que algumas dessas reações podem estar ligadas ao funcionamento de uma enzima do organismo denominada diidropirimidina desidrogenase (DPD). Ela é responsável por metabolizar medicamentos como o 5-FU e a capecitabina. Quando seu funcionamento não está adequado, o corpo pode ter dificuldade para eliminar os quimioterápicos, o que aumenta o risco de toxicidade. E é justamente aqui que entra o exame DPYD.

O que o exame DPYD tem a ver com tudo isso?

O exame DPYD é um teste genético que detecta variantes no gene DPYD, responsável por produzir a enzima DPD. Algumas pessoas nascem com alterações nesse gene, que diminuem ou anulam a atividade da enzima. Isso significa que, ao receber certos medicamentos quimioterápicos, os pacientes têm um risco muito maior de apresentar efeitos colaterais graves.

O oncologista pode solicitar o exame antes de iniciar a quimioterapia como uma medida de precaução. Com o resultado em mãos, o médico consegue avaliar se a pessoa tem alguma dessas variantes genéticas e, portanto, ajustar a dose do medicamento ou até escolher outra estratégia de tratamento, garantindo mais segurança.

Esse exame é particularmente relevante para pacientes com câncer colorretal, gástrico ou de mama, que são os tipos mais frequentemente tratados com medicamentos que dependem da ação da enzima DPD.

Por que esse exame é importante para a sua saúde?

Cada pessoa responde de maneira diferente aos medicamentos. Por essa razão, entender como o seu corpo metaboliza os quimioterápicos pode prevenir problemas sérios antes mesmo que eles aconteçam.

O exame DPYD ajuda a identificar quem tem risco aumentado de toxicidade, permitindo que o tratamento seja personalizado. Em vez de receber a dose padrão, o paciente pode começar com uma dose reduzida ou seguir outro protocolo, de acordo com a sua constituição genética. Isso evita reações inesperadas, reduz a chance de hospitalizações e torna a quimioterapia mais eficaz e segura.

Além disso, saber dessa informação antecipadamente evita atrasos no tratamento, já que os efeitos colaterais graves podem levar à suspensão da quimioterapia. Ao adaptar o esquema desde o início, o tratamento tem mais chances de seguir conforme o planejado.

Esse exame já está disponível no Sabin, com tecnologia moderna e uma equipe qualificada. O procedimento é simples: utiliza uma amostra de sangue e tem resultados disponíveis em poucos dias. Se você está prestes a iniciar um tratamento oncológico, converse com seu médico sobre a possibilidade de realizar o exame e tire todas as suas dúvidas. A prevenção começa com informação.

Quer saber mais sobre como os exames genéticos podem ajudar na prevenção e no tratamento do câncer? Acesse: Dicas do Sabin: saiba mais sobre os exames genéticos para câncer.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

de Moraes, Francisco Cezar Aquino et al. “Pharmacogenetics of DPYD and treatment-related mortality on fluoropyrimidine chemotherapy for cancer patients: a meta-analysis and trial sequential analysis.” BMC cancer vol. 24,1 1210. 30 Sep. 2024, doi:10.1186/s12885-024-12981-5

Chan, Tsun Ho et al. “DPYD genetic polymorphisms in non-European patients with severe fluoropyrimidine-related toxicity: a systematic review.” British journal of cancer vol. 131,3 (2024): 498-514. doi:10.1038/s41416-024-02754-z

Botton, Mariana Rodrigues et al. “Frequency of DPYD gene variants and phenotype inference in a Southern Brazilian population.” Annals of human genetics vol. 86,2 (2022): 102-107. doi:10.1111/ahg.12453

de Baco, Lucas Silva et al. “Evaluation of chemotherapy toxicities in patients receiving treatment for gastrointestinal cancers and therapeutic monitoring of 5-fluorouracil as a clinical support tool.” Fundamental & clinical pharmacology vol. 38,6 (2024): 1190-1202. doi:10.1111/fcp.13037

Pratt, Victoria M. et al. DPYD Genotyping Recommendations. The Journal of Molecular Diagnostics, Volume 26, Issue 10, 851 – 863

The post Exame antes da quimioterapia: mais cuidado e saúde para você appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/exame-genetico-antes-da-quimioterapia/feed/ 0 4610
Mamas densas: entenda o que isso significa https://blog.sabin.com.br/saude/mamas-densas-e-quais-cuidados-tomar/ https://blog.sabin.com.br/saude/mamas-densas-e-quais-cuidados-tomar/#respond Tue, 05 Aug 2025 11:00:00 +0000 https://blog.sabin.com.br/?p=4607 É relativamente comum que muitas mulheres, ao receberem o resultado de uma mamografia, se deparam com a informação de que têm “mamas densas”. Apesar de parecer curioso a denominação à primeira vista, essa característica não representa, por si só, uma doença. Porém, ela exige atenção, pois pode interferir na detecção precoce do câncer de mama. […]

The post Mamas densas: entenda o que isso significa appeared first on Blog Sabin.

]]>
É relativamente comum que muitas mulheres, ao receberem o resultado de uma mamografia, se deparam com a informação de que têm “mamas densas”. Apesar de parecer curioso a denominação à primeira vista, essa característica não representa, por si só, uma doença. Porém, ela exige atenção, pois pode interferir na detecção precoce do câncer de mama.

A densidade mamária é um aspecto natural do corpo e, em alguns casos, pode dificultar a visualização de alterações nos exames de imagem, especialmente na mamografia. Por isso, entender o que são mamas densas, seus impactos na saúde e quais cuidados devem ser adotados é essencial para manter um acompanhamento adequado e seguro.

Continue a leitura e tire suas dúvidas sobre esse importante tema da saúde da mulher.

O que são mamas densas?

As mamas são compostas por dois tipos principais de tecido: o tecido adiposo (gorduroso) e o tecido fibroglandular, que inclui glândulas e fibras responsáveis pela produção e pelo transporte do leite. Quando há mais tecido fibroglandular do que gordura, dizemos que as mamas são densas.

Essa característica não tem relação com o tamanho ou a firmeza dos seios e não pode ser percebida ao toque. Somente a mamografia pode identificar a densidade mamária. Ter mamas densas é comum, sobretudo em mulheres mais jovens, durante a gestação ou a lactação. Também pode ocorrer com o uso de terapia hormonal ou mesmo em pessoas com histórico de perda significativa de peso.

Cabe reforçar: ter mamas densas não é uma doença, mas sim uma variação normal da anatomia da mama. No entanto, essa condição pode tornar mais difícil a visualização de nódulos ou outras alterações nos exames de imagem, principalmente na mamografia tradicional.

Ter mamas densas significa ter mais risco de câncer de mama?

Ter mamas densas não significa que você terá câncer de mama, mas é um fator que merece atenção. Estudos mostram que mulheres com mamas densas têm um risco um pouco maior de desenvolver a doença. Isso pode estar relacionado à maior quantidade de tecido glandular — onde os tumores costumam surgir — e também à dificuldade de identificar alterações nos exames de imagem.

Na prática, significa que o câncer pode demorar mais a ser diagnosticado em mulheres com mamas densas, o que intensifica a importância do rastreamento correto e individualizado.

Se você descobriu que tem mamas densas, não se assuste! Converse com um médico de confiança, siga as orientações específicas para o seu caso e mantenha os exames de rastreamento em dia.

Como saber se tenho mamas densas?

A única maneira de saber se você tem mamas densas é por meio da mamografia. No laudo, o médico radiologista descreve a densidade mamária com base em quatro categorias do sistema BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System). Abaixo, apresentamos as categorias de classificação e o que elas indicam.

  • Categoria A:  predominantemente adiposas — a maior parte do tecido é gorduroso;
  • Categoria B: densidade fibroglandular dispersa — há algumas áreas de tecido mais denso;
  • Categoria C:  heterogeneamente densas — grande parte da mama é densa, o que pode dificultar a visualização de nódulos;
  • Categoria D: extremamente densas — a mama é quase toda composta por tecido fibroglandular, o que reduz bastante a sensibilidade da mamografia.

Se o seu exame apontar que você está nos grupos C ou D, o médico poderá recomendar exames adicionais para garantir uma investigação mais precisa.

Quais são os exames de rastreamento para quem tem mamas densas?

Mesmo que a mamografia continue sendo o principal exame para o rastreamento do câncer de mama, mulheres com mamas densas podem se beneficiar de exames complementares, que ajudam a identificar alterações que poderiam passar despercebidas. Conheça os principais métodos utilizados.

Mamografia digital

É o exame mais usual, indicado para todas as mulheres a partir dos 40 anos. Embora eficaz, sua capacidade de detectar alterações pode ser reduzida em mamas densas.

Tomossíntese mamária (mamografia 3D)

É uma versão mais moderna da mamografia tradicional. Ele cria imagens tridimensionais das mamas, o que facilita a identificação de alterações mesmo em tecidos mais densos. Ajuda a reduzir o problema da sobreposição de estruturas que podem esconder lesões.

Ultrassonografia mamária

A ultrassonografia pode ser indicada como complemento à mamografia, em particular quando o resultado do exame tradicional não é conclusivo. Esse método é capaz de detectar lesões não visíveis na mamografia, mas pode levar a mais falso-positivos, o que, às vezes, resulta em biópsias desnecessárias.

Ressonância magnética de mamas

É o exame mais sensível atualmente disponível para detectar alterações em mamas densas. Costuma ser indicado para mulheres com alto risco de câncer de mama, como aquelas com histórico familiar importante ou mutações genéticas conhecidas.

Mamografia com contraste

Combina a mamografia digital com a aplicação de contraste iodado pela veia. Isso permite uma avaliação mais detalhada da vascularização das lesões, podendo ser uma alternativa interessante para quem não pode realizar a ressonância magnética, como em casos de claustrofobia.

Importante: apenas o médico pode avaliar qual o melhor exame para o seu caso. Não é necessário fazer todos os exames, apenas aqueles mais indicados para o seu perfil de risco e características mamárias.

Quais são os cuidados necessários para quem tem mamas densas?

Ter mamas densas exige um pouco mais de atenção com os cuidados de saúde. Isso envolve manter a rotina de exames atualizada e adotar hábitos de vida saudáveis.

Realização periódica dos exames médicos

A mamografia deve ser feita anualmente a partir dos 40 anos. Para mulheres com mamas densas, o acompanhamento com ginecologista ou mastologista é ainda mais importante, pois permite um rastreamento mais individualizado.

O autoexame também pode ajudar, ainda que não substitua os exames clínicos ou de imagem. Conhecer o próprio corpo facilita a identificação de mudanças como nódulos, retrações, secreção anormal ou alterações no formato da mama. Diante de qualquer alteração, procure sempre um médico.

Estilo de vida saudável e fatores de risco modificáveis

Alguns hábitos podem ajudar a reduzir o risco de câncer de mama. Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividades físicas regularmente, evitar o tabagismo e o consumo de álcool em excesso, fazer o controle do peso, especialmente após a menopausa, são alguns desses exemplos.

Saber que se tem mamas densas não deve ser motivo de preocupação, mas de informação. Essa característica, comum em muitas mulheres, pode interferir nos exames de imagem; entretanto, com o acompanhamento médico correto e os exames adequados, é possível garantir um rastreamento eficiente e seguro. 

Quer saber mais sobre exames que auxiliam na detecção precoce do câncer de mama? Acesse nosso conteúdo: Como funciona a tomossíntese mamária.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Upadhyay N, Wolska J. Imaging the dense breast. J Surg Oncol. 2024;130(1):29-35. doi:10.1002/jso.27661

Tsuchida T, Negishi T, Takahashi Y, Nishimura R. Dense-breast classification using image similarity. Radiol Phys Technol. 2020;13(2):177-186. doi:10.1007/s12194-020-00566-3

Gegios AR, Peterson MS, Fowler AM. Breast Cancer Screening and Diagnosis: Recent Advances in Imaging and Current Limitations. PET Clin. 2023;18(4):459-471. doi:10.1016/j.cpet.2023.04.003

The post Mamas densas: entenda o que isso significa appeared first on Blog Sabin.

]]>
https://blog.sabin.com.br/saude/mamas-densas-e-quais-cuidados-tomar/feed/ 0 4607